A DIFERENÇA ENTRE A REDENÇÃO E A CRIAÇÃO

A maioria dos cristãos considera que a Bíblia fala unicamente de redenção. Graças a Deus que além da redenção, ela nos fala da criação. O desejo do coração de Deus é expresso na criação. A meta, o plano e a predestinação de Deus foram todos conhecidos em Sua criação. A criação revela o propósito eterno de Deus; ela nos mostra o que Deus realmente quer.

A posição da redenção não pode ser mais elevada que a criação. Que é redenção? Redenção é o que recupera o que Deus não obteve por meio da criação. A redenção não nos traz algo novo; ela apenas nos restitui o que já é nosso. Redimir significa restaurar e recuperar; criar significa determinar e iniciar algo. Que os filhos de Deus não desprezem a criação, pensando que a redenção é tudo.

A redenção está relacionada a nós; ela nos beneficia por salvar-nos e levar-nos à vida eterna. Mas a criação está relacionada a Deus e à Sua obra. Nosso relacionamento com a redenção é para benefício do homem, enquanto nosso relacionamento com a criação é para a economia de Deus. Possa Deus fazer algo nessa era, para que a igreja não apenas dê ênfase ao evangelho, mas vá além para cuidar da obra de Deus, dos assuntos de Deus, do plano de Deus.

Uma vez que nos tornamos cristãos, não mais vivemos para receber o benefício da redenção, mas também para alcançar o propósito de Deus na criação. Sem a redenção, nunca poderíamos estar relacionados com Deus. Mas, uma vez que fomos salvos, precisamos oferecer-nos a Deus para atingir a meta para a qual Ele criou o homem.

Se prestarmos atenção somente ao evangelho e à evangelização, isto é apenas a metade do problema. Deus exige a outra metade, que o homem possa reinar por Ele sobre a terra e não permitir que Satanás permaneça aqui por mais tempo. Essa metade é também exigida da Igreja. Hebreus 2 nos mostra que a redenção não é apenas para o perdão dos pecados, para que o homem seja salvo, mas é para restaurar o homem de volta ao propósito da criação.

Precisamos pedir a Deus que nos abra os olhos para ver o que Ele tem feito para que o nosso viver e obra possam ter uma verdadeira virada. Se todo nosso trabalho é apenas para salvar os outros, nós ainda somos um fracasso, não podemos satisfazer o coração de Deus. Tanto a redenção quanto a criação são para obter a glória e a vitória sobre todo o poder do diabo.

Vamos proclamar o amor de Deus e a Sua autoridade em relação ao pecado e a salvação do homem, mas ao mesmo tempo, devemos exercitar a autoridade espiritual para derrotar o poder do diabo. O comissionamento da Igreja é duplo: testificar a salvação de Cristo e testificar o triunfo de Cristo. Por um lado, a Igreja é para benefício do homem e, por outro lado, é para fazer com que Satanás sofra prejuízos. 

UM CARÁTER ÚTIL AO SENHOR

Que tipo de pessoa é útil ao Senhor? Há pelo menos quatro aspectos. Primeiro, ela tem de amar e desejar o Senhor. Nem mesmo fale sobre ser usado pelo Senhor se você não O ama nem O deseja. 

Segundo, ela tem de ter uma visão clara do Senhor e uma experiência real com Ele. Ela precisa ter a revelação de que o propósito eterno de Deus é produzir Cristo em nós e expressá-Lo por meio de nós. Isso é vital. A fim de ser útil nas mãos do Senhor, uma pessoa tem de ver a revelação acerca de Cristo.

Terceiro, o seu ego, a sua pessoa, tem de ter sido aniquilado pela cruz. Ela deve dar-se conta de que tudo o que tem e tudo o que provém dela não podem ser introduzidos no serviço do Senhor. O seu ser natural tem de ter sido aniquilado na cruz. Somente ao ver que você é carnal e não passa de uma sarça, um homem natural, é que você irá valorizar a experiência da cruz. Isso pode chamar-se de revelação do homem natural ou revelação da cruz.

Após sentir um desejo de amar o Senhor, você tem de ter pelo menos essas duas revelações: uma com respeito a Cristo, e outra com respeito a si mesmo, que também diz respeito à cruz. Não pode faltar nenhum destes três aspectos.

Entretanto, esses três aspectos não são suficientes. Em todos esses anos, temos observado a questão do serviço e chegamos à conclusão de que os três aspectos acima são indispensáveis. No entanto, há um quarto aspecto que não pode ser desprezado ou negligenciado: o aspecto do caráter.

Por exemplo, certo irmão pode ser distraído e esquecido. Mesmo que ele seja alguém que tem o Cristo em seu interior, o seu caráter afetará em muito o seu serviço. Ele tem de compensar essa deficiência se quiser ser adequado para o uso do Senhor. Ele tem de aprender a lembrar-se das coisas. Ele deve levar uma agenda de bolso para registrar as coisas que precisam ser feitas. Esse é apenas um pequeno exemplo.

Portanto, a fim de servir o Senhor, pregar o evangelho e estabelecer o reino dos céus, você têm de desenvolver um caráter que seja útil ao Senhor. Em sua vida diária, vocês devem atentar para todas as coisas relacionadas com o caráter e aprendê-las diligentemente, sejam elas grandes ou pequenas. Vocês não devem colocar as roupas ou livros em qualquer lugar, de maneira descuidada; todos os seus pertences devem ser colocados no devido lugar.

Isso os ajudará a desenvolver um caráter exato para que não façam coisas de maneira incerta e descuidada. Vocês precisam praticar ser exatos, nunca falando descuidadamente ou sem exatidão, e até mesmo recitar com precisão as palavras da Bíblia e a referência.

Vocês precisam cultivar o senso de responsabilidade e incuti-lo em seu caráter. Então, quando estiverem agindo em nome do Senhor, vocês não farão nada relaxadamente, visto que certa conscientização estará em vocês.

Vejamos o outro lado da questão. Embora o Senhor não queira o que temos como homens naturais, Ele quer que sejamos úteis a Ele. Após muita consideração diante do Senhor, cremos que a questão de ser “útil ao seu possuidor” tem muito a ver com o caráter de uma pessoa.

Nosso talento e habilidade não devem ser misturados com o serviço do Senhor. Entretanto, nosso caráter pode determinar se somos adequados para o Seu uso. O caráter de algumas pessoas é útil ao Senhor, mas o de outras não. Por essa razão, repetimos que, para que sejamos úteis ao Possuidor, temos de desenvolver um caráter que seja útil a Ele.  

Que o Senhor tenha misericórdia de nós para que tenhamos clareza a respeito do tipo de caráter que é útil a Ele.

O CARÁTER EXEMPLAR DE JESUS

Entre os quatro Evangelhos, o de Marcos nos mostra de maneira especial como o Senhor Jesus servia a Deus. Podemos perceber nesse Evangelho o caráter do Servo de Deus.

Na busca de um amigo, você geralmente procura alguém que tenha disposição agradável, e não necessariamente um caráter adequado. Por exemplo, uma pessoa não precisa ser alguém que levante cedo para qualificar-se como seu amigo. Ela pode ser alguém que habitualmente vá para a cama e se levante na hora certa, mas se a disposição dela não for agradável, você não vai querer fazer amizade com ela. Portanto, ao fazer amizade, você primeiramente presta atenção à disposição da pessoa.

Entretanto, quando você contrata alguém para fazer o serviço da casa, você se preocupa apenas com a sua personalidade? Certamente não. Ele pode ser muito gentil, paciente, amoroso e moderado, mas se for muito preguiçoso, desleixado, lento e esquecido, você o contrataria?  

Quando queremos empregar alguém, devemos considerar não apenas sua disposição, mas também seu caráter. Por isso queremos avaliar o caráter de Jesus revelado no Evangelho de Marcos. Por exemplo, Marcos indica, em pelo menos duas ocasiões que o Senhor Jesus não tinha tempo nem mesmo para comer (Mc. 3:20 e 6:31). Este fato não foi registrado nos outros Evangelhos, somente em Marcos.

No Evangelho de Marcos, há estas palavras: “Tendo-se levantado muito cedo, estando ainda escuro, saiu e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Mc. 1:35). O Senhor estava tão ocupado servindo os outros que não se preocupava em comer. O livro de Marcos nos mostra que Deus tinha achado uma Pessoa na terra cujo caráter era compatível com o serviço de Deus. Em outras palavras, esse livro demonstra-nos o caráter do Senhor Jesus como servo de Deus. Pelo fato de ter tal caráter, Ele foi útil nas mãos de Deus em Seu serviço a Ele e aos homens.

Pode-se observar o caráter do Senhor Jesus como servo de Deus em cada capítulo e parágrafo do livro de Marcos. Apesar de em certo dia ter curado muitos enfermos, expelido muitos demônios, trabalhado muito e ido dormir tarde, Ele ainda se levantou muito cedo na manhã seguinte para orar. É esse o caráter que alguém que serve o Senhor deve possuir.

Falta-nos hoje esse tipo de caráter. Isso é um problema sério. O Senhor treinou os discípulos e lhes serviu de exemplo para que eles também tivessem esse tipo de caráter. Precisamos ver que, na questão de servir o Senhor e ser servo de Deus, há uma coisa que é indispensável: um caráter adequado. Não podemos servir a Deus sem um bom caráter. Não importa o quanto saibamos a respeito de Cristo, não conseguiremos ministrar Cristo sem um caráter adequado.

            
            Um bom caráter desprovido de vida não tem valor nenhum. Mas vida sem um caráter adequado é igualmente inútil.

NADA PODE DERROTAR A VONTADE DE DEUS

“Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra! Puseste a tua glória sobre os céus”.

“Da boca das crianças e dos que mamam tu suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres calar o inimigo e o vingador” (Salmo 8:1-2).

A ênfase nestes versículos está sobre o fato de Deus usar o homem para tratar com o inimigo. O Senhor Jesus citou este versículo em Mateus 21:16. Estas palavras significam que mesmo que o inimigo faça tudo o que puder, não é necessário que o próprio Deus trate com ele; Deus usará pequeninos e crianças de peito para tratar com ele.

Que podem fazer pequeninos e crianças de peito? Foi dito por Jesus que: “da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor”. O desejo de Deus é obter homens capazes de louvar; os que conseguem louvar são aqueles que podem tratar com o inimigo.

Na visão de Deus, a terra ainda pode ser restaurada, a posição dada por Deus ao homem ainda existe e Seu comissionamento para o homem destruir o trabalho do diabo ainda permanece. Essa é a característica notável do Salmo 8. O propósito de Deus para o homem é que ele domine. O homem é digno de tal posição? Certamente não! Mas, uma vez que o propósito de Deus é que o homem domine, o homem certamente dominará.

Embora Adão tivesse pecado e Eva também, ainda assim eles não puderam contrariar o plano de Deus. O homem pode cair e pode pecar, mas o homem não pode derrotar a vontade de Deus. Mesmo após o homem ter caído, a vontade de Deus em relação ao homem permaneceu a mesma. Deus ainda exige que o homem derrote o poder de Satanás.

Devemos perceber que Deus nunca poderá ser derrotado. O que Deus era antes da queda do homem, assim Ele o é hoje. Sua decisão tomada antigamente ainda é a Sua decisão hoje, Ele nunca mudou. Deus resolveu ganhar um grupo de novos homens que tenham a semelhança e a imagem de Seu Filho.

O Senhor Jesus e todos nós, que somos o seu corpo místico na terra, nascemos de um mesmo Pai; todos originamo-nos da mesma fonte e temos a mesma vida. Temos o mesmo Espírito habitando interiormente e o mesmo Deus, que é o nosso Senhor e nosso Pai. Jesus pertence ao Pai e nós também! Somos os muitos filhos de Deus, o que resultará, por fim, em sermos conduzidos por Deus à glória.

O que Deus precisa é de um homem corporativo. Se o próprio Deus fosse tratar com Satanás, seria muito fácil; num momento, Satanás cairia. Mas Deus não fará isso por Si mesmo. Ele quer que um homem trate com Satanás. Ele pretende que a criatura trate com a criatura. Quando o Senhor Jesus se tornou um homem, Ele foi tentado como um homem e passou por todas as experiências do homem. Hoje, tal Pessoa ascendeu ao céu e está assentada à direita de Deus. Este homem está glorificado.

Hebreus 2 nos mostra que Ele não veio para receber glória como Deus, mas para obter glória como homem. Foi Jesus que foi feito um pouco menor do que os anjos pelo sofrimento da morte, que foi coroado com glória e honra. Hoje um homem está assentado no trono. Um dia, haverá muitos homens assentados no trono. Isso é garantido.

Quando o Senhor Jesus ressuscitou, Ele dispensou Sua vida para dentro de nós. Quando cremos n’Ele, recebemos Sua vida. Todos nos tornamos filhos de Deus e assim todos pertencemos a Deus. É por termos essa vida em nosso interior que como homens podemos ser comissionados por Deus para cumprir Seu propósito. Por essa razão, diz-se que Ele introduzirá muitos filhos na glória.

            
             Reinar é ser glorificado e ser glorificado é reinar. Quando os muitos filhos tiverem obtido autoridade e restaurado a terra, então eles serão triunfantemente introduzidos na glória. Devemos lembrar que Deus deseja obter um grupo de homens que farão seu trabalho aqui nesta terra, para que Deus possa reinar por meio do homem.

A IGREJA QUE SATISFAZ O DESEJO DE DEUS

Pedimos a Deus que Ele nos conceda luz para ver com clareza a posição que a igreja ocupa e a responsabilidade que ela tem no plano eterno de Deus.

Por que Deus criou o homem? Qual foi o seu propósito ao criar o homem? Deus nos deu a resposta para estas perguntas em Gênesis 1:26 e 27. Estes dois versículos são de grande significado. Eles nos revelam que a criação do homem por Deus foi algo extraordinário. Quando Deus criou a luz, Ele simplesmente disse: “Haja luz”. Quando Ele criou os grandes luminares no firmamento do céu disse: “Haja luminares...” e assim foi. Tudo veio a existir conforme Sua palavra.

Mas, ao criar o homem, não foi tão simples assim. Foi necessária uma conferência entre a Deidade. Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre os répteis que rastejam sobre a terra” (v. 26). Isso é o que Deus planejou em Sua conferência divina para a criação do homem. Isso nos mostra o projeto que Deus tinha para o homem que pretendia criar.

Vemos que Deus desejava um homem reinante, um homem que pudesse reinar sobre esta terra; assim Ele ficaria satisfeito. Este homem que Deus criou não tinha apenas Sua semelhança, mas também possuía Sua imagem. Semelhança é algo exterior e imagem é interior. Deus não queria um homem que fosse igual a Ele apenas exteriormente, mas também que tivesse Sua imagem interiormente, para que o homem pudesse partilhar com Ele do mesmo sentimento, do mesmo mover interior, do mesmo viver e da mesma natureza santa.

Deus queria que o homem parecesse com Ele, para que qualquer pessoa que tivesse contato com o homem pudesse sentir a natureza de Deus. Esta foi a decisão tomada na conferência da Deidade. Cabe aqui uma pergunta: qual seria a forma adotada por Deus para fazer esse homem? Em nossa língua a palavra “conforme” significa: Que tem a mesma forma; análogo, idêntico. Podemos ter a resposta analisando o texto da carta aos Romanos 8:29: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos”.

Deus deseja muitos filhos e deseja que todos eles sejam iguais àquele que é Seu Filho. Deus deseja ganhar tal grupo de pessoas. Se pudermos ver isso com clareza, perceberemos a preciosidade do homem. Como Deus valoriza o homem ao ponto de Ele mesmo tornar-se um homem! O plano de Deus é ganhar o homem. Quando o homem for ganho por Deus, o plano de Deus será cumprido.

Que, então, Deus exige do homem que Ele criou? Que o homem possa reinar. Talvez alguns possam perguntar por que Deus tem tal propósito. É porque um anjo de luz se rebelou contra Deus, antes da criação do homem, e se tornou o diabo: Satanás pecou e caiu; a estrela da alva tornou-se inimigo de Deus (Is 14:12-15). Deus, portanto, retirou Sua autoridade do inimigo e colocou-a na mão do homem. A razão de Deus criar o homem é para que o homem possa dominar em lugar de Satanás.

Vemos que a terra tornou-se o centro de todos os problemas. O que Deus disputa até hoje é a terra. A oração que o Senhor Jesus ensinou a orar é: “Santificado seja o teu nome, venha o teu reino, faça-se a tua vontade assim na terra como no céu”. Esta oração nos revela que não há problema com “o céu”; o problema é com “a terra”. A esfera de trabalho de Satanás não é o céu, mas a terra.

Se o reino de Deus deve vir, Satanás deve ser expulso; se a vontade de Deus deve ser feita, deve ser feita na terra; se o nome de Deus deve ser santificado, deve ser santificado na terra. Todos esses problemas, ainda sem solução até hoje, estão na terra. Alguém pode perguntar: “Por que o próprio Deus não lança Satanás no abismo profundo ou no lago de fogo?

Nossa resposta é: Deus pode fazê-lo, mas Ele não quer fazer isto por Si mesmo. Deus quer usar o homem para tratar com Seu inimigo, e Ele criou o homem para esse propósito. Deus quer que a criatura trate com a criatura. O homem que Ele criou está sendo usado por Ele para isso.

É preciso que a igreja perceba que há um trabalho a ser feito para Deus e Ele está esperando que isso aconteça. A igreja tem centrado sua ação nas necessidades dos homens como se ela existisse apenas para tratar disso. Amar mais ao Senhor, ser mais santos, mais zelosos e salvar mais almas. Todos esses propósitos são muito bons, mas eles são muito centralizados no homem. Essas coisas referem-se simplesmente ao benefício do homem; o trabalho de Deus e a necessidade de Deus são inteiramente negligenciados.

Devemos ver que Deus tem Sua necessidade. Estamos nessa terra não meramente pela necessidade do homem, mas muito mais pela necessidade de Deus. Se o homem não recobrar a terra das mãos de Satanás, ele ainda não alcançou o propósito de Deus ao criá-lo.

OS PERIGOS DA VIDA ESPIRITUAL

Nada é mais importante para a vida cristã do que andar diariamente segundo o espírito. É isso que mantém um cristão em constante estado de alerta espiritual, o livra do poder da carne, o ajuda a obedecer à vontade de Deus sempre e o protege do ataque de Satanás.

Agora que entendemos as diversas funções do nosso espírito, devemos imediatamente andar por ele. Esta é uma ocupação que não admite descanso. Isso significa tomar a cada dia a sua cruz e seguir o Senhor Jesus Cristo. Na realidade, tomar a cada dia a sua cruz significa nada mais do que andar pelo espírito, visto que para se andar deste modo é necessário entregar nossas idéias, desejos e pensamentos à morte. Seguir exclusivamente a intuição e revelação do espírito exige que tomemos nossa cruz diariamente.

Vimos que o nosso espírito é o ponto fundamental de uma vida espiritual. Diante da importância do nosso espírito, o qual é o lugar de comunhão entre o Espírito Santo e os crentes, precisamos estar alertas para o fato de que o nosso inimigo, Satanás, tentará persistentemente impedir os cristãos de conhecer as funções do espírito.

O inimigo tem como alvo confinar a nossa vida dentro da esfera da alma e com isso apagar a influência do espírito em nossas atitudes e decisões. Ele dará muitas sensações físicas estranhas aos crentes e encherá suas mentes com vários pensamentos. Seu objetivo é confundir a nossa consciência espiritual. Enquanto estiverem no estado de confusão, os filhos de Deus não terão condição de distinguir aquilo que é do espírito e o que procede da alma.

Satanás sabe muito bem que a vitória dos crentes depende do conhecimento que eles têm de como entender o sentido espiritual por meio da intuição, por isso é que ele reúne sua força total para atacar o espírito do crente. Os espirituais devem possuir discernimento espiritual, a fim de que todos os seus movimentos possam ser governados pelo raciocínio espiritual.

Não devemos agir impulsivamente segundo a emoção passageira ou pensamento repentino. Não devemos nunca estar com pressa. Cada ação deve ser examinada com percepção espiritual, a fim de que somente aquilo que for aprovado pelo conhecimento intuitivo do espírito seja permitido. Nada que seja impulsionado pelo sentimento agitado ou pensamento repentino deve ser feito. Sempre devemos dar tempo para que o Espírito Santo possa esclarecer o nosso espírito e nos guiar em toda a verdade e vontade de Deus.

Tudo deve ser examinado cuidadosa e tranquilamente antes de ser executado. Examinar e por à prova nosso caminhar é um elemento muito importante com respeito a seguir o espírito: “Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda espécie de mal” (I Ts. 5:21-22).

            
            O Espírito Santo concede propositalmente o poder de discernir todas as coisas para que os crentes o usem para examinar qualquer coisa que penetre em suas vidas. Dessa forma é que nós podemos evitar os enganos de Satanás e dos homens carnais. De outra forma seria muito difícil viver e andar pelo espírito.