segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

SINAIS DO HOMEM ESPIRITUAL

Por Aiden Wilson Tozer – 1897-1963
“Penso que minha filosofia é esta: Tudo está errado até que Deus endireite as coisas”.

O conceito de espiritualidade varia entre os diversos grupos cristãos. Em alguns círculos, a pessoa que fala incessantemente de religião é julgada como sendo muito espiritual. Outros aceitam a exuberância ruidosa como um sinal de espiritualidade, e em algumas igrejas, o homem que ora por mais tempo e mais alto consegue reputação de ser o mais espiritual na assembléia.

Um testemunho vigoroso, orações freqüentes e louvor em voz alta podem entrosar-se perfeitamente com a espiritualidade, mas é importante entendermos que em si mesmas tais atitudes não constituem nem provam a presença da espiritualidade.

A verdadeira espiritualidade manifesta-se em certos desejos dominantes. Eles são desejos sempre presentes, fixos, suficientemente poderosos para dominar e controlar a vida da pessoa. Para facilitar, vou mencioná-los, embora não me esforce para decidir sua ordem de importância.

1.                   Primeiro o desejo de ser santo em lugar de ser feliz. A busca da superior é prova suficiente de que tal santidade não se acha presente. O homem verdadeiramente espiritual sabe que Deus dará abundância de alegria no momento em que possamos recebê-la sem prejudicar nossa alma, mas não exige obtê-la imediatamente. John Wesley falou a respeito de uma das primeiras sociedades metodistas da qual duvidava terem seus membros sido aperfeiçoados em amor, pois iam à igreja para apreciar a religião em lugar de aprender como tornarem-se santos.

2.                  O indivíduo pode ser considerado espiritual quando quer que a honra de Deus avance por meio de sua vida, mesmo que isso signifique que ele mesmo tenha de sofrer desonra ou perda temporárias. Um homem assim ora: “Santificado seja o teu nome” e acrescenta baixinho: “Qualquer que seja o custo para mim, Senhor”. Ele vive para honrar a Deus, através de reflexo espiritual. Cada escolha envolvendo a glória de Deus, para ele já está feita antes de apresentar-se. Não é necessário que debata o assunto em seu íntimo, pois nada há a discutir. A glória de Deus é necessária para ele; ele a aspira como alguém sufocando-se aspira o ar.

3.                  O homem espiritual quer carregar a sua cruz. Muitos cristãos aceitam a adversidade ou a tribulação com um suspiro e as chamam de sua cruz, esquecendo de que tais coisas podem acontecer tanto a santos como a pecadores. A cruz é aquela adversidade extra que surge como resultado de nossa obediência a Cristo. Essa cruz não é forçada sobre nós; nós voluntariamente a tomamos com pleno conhecimento das conseqüências. Nós decidimos obedecer a Cristo e fazendo essa escolha, decidimos carregar a cruz. Carregar a cruz significa ligar-se à Pessoa de Cristo, ser fiel à soberania de Cristo e obediente aos seus mandamentos. O indivíduo espiritual é aquele que manifesta essas características.

4.                 O cristão espiritual é também aquele que tudo observa sob o ponto de vista de Deus. A capacidade de pesar tudo na balança divina e dar-lhes o mesmo valor dado por Deus é o sinal de uma vida cheia do Espírito.

 Deus olha para tudo e através de tudo ao mesmo tempo. Seu olhar não repousa sobre a superfície, mas penetra até o verdadeiro significado das coisas. O cristão carnal olha para um objeto ou uma situação, mas pelo fato de não ver através dela fica entusiasmado ou deprimido pelo que vê. O homem espiritual tem capacidade para ver através das coisas como Deus vê e pensar nelas como Ele pensa. Ele insiste em ver tudo como Deus vê, mesmo que isso o humilhe e exponha a sua ignorância até o extremo de fazê-lo sofrer.

5.                  Outro desejo do homem espiritual é morrer retamente em lugar de viver no erro. Um sinal seguro do homem de Deus amadurecido é de sua despreocupação com a vida. O cristão terreno, consciente do corpo, olha para a morte com terror no coração; mas à medida que continua vivendo no Espírito torna-se cada vez mais indiferente ao número de anos que vai viver aqui embaixo, e ao mesmo tempo cuida cada vez mais do modo como vive enquanto está aqui. Não irá negociar alguns dias extras de vida ao custo da perda da alma ou fracasso em entrar no reino. Quer acima de tudo ser reto, e fica feliz em deixar que Deus decida quanto tempo deve viver. Ele sabe que pode morrer agora que está em Cristo, mas sabe que não pode agir erradamente, e este conhecimento torna-se algo que dá estabilidade aos seus pensamentos e seus atos.

6.                 O desejo de ver os outros progredirem com sua ajuda é outro sinal do homem que possui espiritualidade. Ele quer ver outros cristãos acima de si e fica feliz quando estes são promovidos e ele negligenciado. Não existe inveja em seu coração; quando seus irmãos são honrados fica satisfeito, por ser esta a vontade de Deus e essa vontade é seu céu na terra. O que é agradável a Deus lhe dá também prazer, e se for do agrado de Deus exaltar outrem acima dele, mesmo assim fica satisfeito.

7.                  O homem espiritual faz no geral juízos eternos e não temporais. Pela fé supera o poder da atração da terra e o fluxo do tempo e aprende a pensar e sentir como alguém que já deixou o mundo e foi juntar-se à imensa companhia dos anjos e à assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus. Um homem assim preferiria ser útil e não ser famoso, servir em lugar de ser servido. Tudo isso se realiza pela operação do Espírito Santo que nele habita. Homem algum pode ser espiritual por si mesmo. Apenas o Espírito da liberdade pode tornar o homem espiritual.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

VENHA O TEU REINO

“Desde o início da criação Deus busca um grupo de cooperadores para que, juntamente com Ele, possa trazer Seu reino à terra”.

Por meio de invocarmos o Seu nome, santificando-O, o reino de Deus é trazido à terra, e a vontade de Deus é conhecida. Nesse modelo de oração que é o Pai nosso, há uma frase que diz: “Venha o Teu reino” (Mt 6:9-13). Por essa frase, podemos ver a importância que Deus dá a questão do reino. A expressão “vir o reino” diz respeito ao reino dos céus, que é o reino de Deus vindo à terra.

A segunda parte do versículo 10 diz: “Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”, mostrando que, quando o reino dos céus chega, a vontade de Deus é feita na terra. Essa oração, portanto, satisfaz a Deus, e é a maneira como Ele nos ensinou a orar.

O reino de Deus existe de eternidade a eternidade, e nele Deus é a autoridade. Nesse reino está o universo, que é administrado por Ele. A terra, no entanto, está sob o controle do inimigo de Deus e Ele quer reavê-la (I Jo 5:19). Há, desse modo, a necessidade de um grupo de pessoas que coopere com Ele. Com esses cooperadores, Deus pode vir para a terra, e uma vez que o Rei esteja na terra, o Seu reino também estará.

Deus tem um reino, e deseja que esse reino alcance também a terra e a governe, segundo Sua perfeita vontade. Para isso, Ele precisa de um grupo de pessoas constituídas com Sua própria vida, a fim de que cooperem com Ele. Desse modo, a Sua vontade pode ser feita tanto no céu, como na terra.

Deus começou por Adão, e continuou buscando cooperadores até obter a igreja, que é composta dos Seus redimidos, dos gerados mediante Sua própria vida. Com respeito a Adão, Deus o colocou no Éden e lhe ordenou que cuidasse do jardim. Esse jardim era, portanto, a esfera do reino de Deus que foi entregue para o homem cuidar e governar. Assim, Adão teria autoridade para impedir que entrasse ali tudo o que pudesse danificá-lo (Gn 2:15).

Infelizmente ocorreu um fato que é por demais conhecido; o homem transgrediu a ordem de Deus. A queda do homem é um processo que iniciou-se no momento em que Satanás conseguiu atrair a atenção do homem. Uma vez que Adão e Eva foram seduzidos e transgrediram a ordem divina, eles caíram, e a vontade de Deus não mais poderia ser cumprida por meio deles.

O desejo de que Seu reino viesse à terra, para que nela Sua vontade fosse feita continua a ser Seu alvo principal. Ele chamou homens que santificassem Seu nome, para que Seu reino fosse estabelecido aqui. Deus quer que esses homens se aproximem Dele, invoquem Seu nome e estejam para sempre em Sua presença, pois onde a presença de Deus está, ali está também o Seu reino, que é a esfera onde Ele exerce Sua autoridade e guarda Seu povo, para que este esteja em paz.  

A Igreja é o lugar onde essa realidade se torna viva. É na igreja que podemos invocar Seu nome e fazer a Sua vontade. Em nós, Deus está promovendo a implantação de Seu domínio eterno e ao mesmo tempo derrotando o usurpador. 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Quebrantamento do Homem Exterior

Antes que possamos prestar um serviço eficaz a Deus, temos que passar pela experiência do quebrantamento do homem exterior. Uma primeira dificuldade é que seu homem exterior nunca seja quebrado e seu espírito nunca seja despertado. Ele não consegue liberar o espírito e, por isso, do seu espírito não flui nenhum poder. Só sua mente e emoções serão ativas. Se ele for alguém sentimental, suas emoções serão ativas, se for alguém inteligente, sua mente será ativa. Uma obra assim não traz ninguém a Deus.

A outra dificuldade é que ele não consiga distinguir claramente seu homem exterior do homem interior. Nesse caso, quando seu espírito é liberado, ele vem envolto por sua mente ou emoções. O resultado é uma mistura impura. Esse tipo de obra produz, nos outros, experiências mistas e impuras. Essas duas condições estorvam o homem de servir adequadamente o Senhor.

O Espírito É O Que Dá Vida

Se quisermos realizar obras eficazes, precisamos reconhecer basicamente, pelo menos uma vez, que: “O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite” (Jo 6:63). Se não resolvermos essa questão este ano, teremos que fazê-lo no ano que vem. Se não estabelecermos um compromisso quanto a essa questão no primeiro dia da nossa conversão, teremos de fazê-lo mais cedo ou mais tarde, mesmo que dez anos se passem.

Será necessário reconhecer a inutilidade da sua obra carnal para que possa ver com clareza a futilidade de seus muitos pensamentos e sentimentos. Ainda que muitos sejam ganhos pelos nossos pensamentos e sentimentos, o resultado será vão. Mais cedo ou mais tarde teremos de confessar que “o Espírito é o que dá vida”. Somente o Espírito pode dar vida. Já que é somente o Espírito que dá vida, a regeneração dos pecadores e a edificação dos crentes ocorrem apenas quando o Espírito é liberado. Sem o Espírito não há regeneração, nem edificação.  

Quando o Espírito de Deus opera, Ele precisa fazê-lo por meio do espírito humano. Da mesma forma, a eletricidade, que faz funcionar os aparelhos elétricos, não pode se propagar através do ar como o relâmpago. Ela é conduzida através dos fios. Hoje temos energia elétrica porque temos os condutores, os fios transportam a eletricidade. Esse mesmo princípio se aplica ao Espírito de Deus. Ele precisa do espírito humano como meio de conduzir Seu Espírito. Por meio do espírito humano, o Espírito Santo é transportado e conduzido aos homens.

Depois que uma pessoa é salva, o Espírito Santo habita no seu espírito: “Acaso vocês não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vós, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos”?  (I Co 6:19). A utilidade de um cristão para Deus depende mais do seu homem exterior do que do seu espírito. Se o homem exterior não foi quebrado, isso se torna o seu problema. O resultado disso é que o Espírito de Deus está trancafiado em seu espírito e não consegue ser liberado. Por vezes o homem exterior se move, mas o homem interior não reage a esse mover. O homem exterior é liberado, mas o homem interior continua preso.

Nesses casos, o homem exterior e o homem interior não se harmonizam, não são unânimes. A condição de uma pessoa se torna desanimadora quando não há unidade entre o homem exterior e o homem interior. Enquanto o homem exterior trabalha e se esforça, o homem interior não sai do lugar: a mente e a emoção trabalham, mas o espírito não. É como se o homem interior fosse um expectador do desempenho do homem exterior, mas os dois não se harmonizam.

A descrição acima se encaixa na situação daqueles cujo homem exterior não foi quebrantado. Assim, o quebrantamento do homem exterior é a primeira lição pela qual todos os que desejam servir ao Senhor devem passar. Se não aprendermos essa lição, a nossa eficácia na obra será muito limitada. Que o Senhor nos leve ao ponto em que o nosso homem exterior seja quebrantado. Que Deus nos mostre a maneira de sermos quebrantados diante do Senhor.

Desejamos que todos sejam mais quebrantados para servirmos ao Senhor no espírito! 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O SIGNIFICADO DA CRUZ

Cremos não existir nenhum cristão que não tenha ouvido a respeito da cruz. Talvez, estejamos bem familiarizados com ela; porém, que é a cruz? O significado dela é o quebrantamento do homem exterior. Ela o leva à morte e rompe a casca. Ela destrói tudo o que é do homem exterior: opiniões, métodos, sabedoria, amor-próprio e tudo o mais. Uma vez que o homem exterior esteja quebrado, o homem interior é liberado e o espírito pode funcionar. Realmente está bem claro que caminho devemos seguir.

Suponha que certo irmão tenha uma mente privilegiada, e todos que o conhecem admitem isso. Além disso, a sua vontade é forte e as suas emoções são reservadas e profundas. Mas quando os outros irmãos o encontram percebem que estão tocando o seu espírito, e não a sua vontade forte, mente privilegiada e emoções reservadas e profundas. Sempre que têm comunhão com ele, tocam o seu espírito, um espírito puro, pois seu homem exterior está quebrantado. A sua própria pessoa foi quebrantada. Quebrar o homem exterior é fundamental. Não devemos ficar sempre agarrados às nossas fraquezas. Não podemos continuar tendo o mesmo sabor depois de o Senhor ter lidado conosco por cinco ou dez anos. Precisamos deixar que o Senhor tenha caminho através de nós. Essa é a exigência básica que o Senhor tem para nós.

Duas Razões Por Que Não Somos Quebrantados

Por que tantos cristãos permanecem os mesmos depois de o Senhor lidar com eles por vários anos? Alguns têm vontade forte, outros são geniosos, outros têm mente privilegiada; entretanto, apesar disso, o Senhor ainda consegue quebrá-los. Há duas razões principais pelas quais muitos cristãos não são quebrantados mesmo depois de passados muitos anos de vida na igreja.

Primeiro, eles vivem nas trevas e não vêem a mão de Deus. O Senhor opera o quebrantamento, entretanto eles não percebem que Ele está fazendo a obra. Falta-lhes luz e eles não vivem na luz. Só vêem os homens, ou então, só vêem o ambiente, e reclamam que ele é duro de mais. Põe toda a culpa no ambiente ou nos homens. Que Deus nos ajude a ver que é a Sua mão nos quebrando para fazer com que nosso homem interior possa prevalecer sobre o homem exterior. Se pelo menos os cristãos reconhecessem que não é o mundo, nem a família ou os irmãos da igreja que lidam conosco. Precisamos ver a mão de Deus. Ele é que lida conosco. Precisamos pedir a Deus que remova todo o nosso amor-próprio, pois o mesmo é um grande obstáculo ao quebrantamento. Todos os desentendimentos, queixas e insatisfações provém de uma única fonte: AMOR-PRÓPRIO SECRETO. Visto que nos amamos secretamente, procuramos preservar-nos. Esse é um grande problema. Muitas vezes os problemas surgem porque tentamos preservar-nos.

Que o Senhor fale conosco e possamos orar: “Deus meu! Vejo agora que tudo vem de Ti. As experiências dos últimos anos vieram todas de Ti. Tudo isso foi feito com um único objetivo: que a Tua vida se expresse através de mim. Tenho sido tolo por não ver isso. Pelo amor-próprio fiz muitas coisas para me livrar e desperdicei muito do Teu tempo. Hoje vejo a Tua mão e voluntariamente me consagro a Ti. Entrego-me às Tuas mãos uma vez mais” 

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A IMPORTÂNCIA DO QUEBRANTAMENTO

“Mas agora, morrendo para aquilo que antes nos prendia, fomos libertados da Lei, para que sirvamos conforme o novo modo do Espírito, e não segundo a velha forma da Lei escrita” (Rm 7:6).

Mais cedo ou mais tarde todo servo de Deus descobre que ele mesmo é o maior empecilho para a realização da obra de Deus. Mais cedo ou mais tarde ele descobrirá que seu homem exterior não combina com seu homem interior. O homem interior caminha numa direção, enquanto o homem exterior caminha em outra. Ele descobre que seu homem exterior não consegue submeter-se ao governo do espírito ou andar segundo as mais altas exigências de Deus. Descobre ainda que o grande obstáculo para seu serviço é seu homem exterior, que o impede de exercitar o espírito, para assegurar a presença de Deus em seu espírito, para conhecer a Palavra de Deus por meio do seu espírito, para transmitir a Palavra de Deus por meio de seu espírito e para perceber e receber revelação divina com o seu espírito.

 Muitos servos do Senhor são basicamente inaptos para a obra do Senhor, pois Deus nunca lidou com eles nas coisas fundamentais. Sem isso os servos estão basicamente desqualificados para qualquer obra. Todo entusiasmo, zelo e ardente súplica são vãos. Esse tipo de tratamento básico é o único meio de nos tornar vasos úteis para o Senhor.

O Homem Exterior e o Homem Interior

Em Romanos 7:22 lemos: “Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus”. Aqui diz claramente que nosso homem interior tem prazer na lei de Deus. Note também em Efésios 3:16: “Sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior”. Paulo diz também em II Coríntios 4:16: “Mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia”. Segundo os textos acima, vemos que a Bíblia divide nosso ser em homem exterior e homem interior. Deus habita o homem interior, e o que está fora desse “homem interior ocupado por Deus” é o homem exterior. Em outras palavras, o nosso espírito é o homem interior. Esse homem interior se veste do homem exterior como se fosse uma roupagem.

Deus colocou a Si mesmo, Seu Espírito, a Sua vida e o Seu poder em nós, isto é, no homem interior. Do lado de fora estão: a mente, emoção e vontade e por fora de tudo isso, na camada bem externa, se encontra o corpo, a carne. Para que alguém trabalhe para Deus é necessário que o seu homem interior seja liberado. O problema básico de muitos servos de Deus é que o seu homem interior não consegue irromper do homem exterior. Para que o homem interior possa ser liberado, é necessário que ele irrompa do homem exterior tal como uma borboleta irrompe do seu casulo.

Se nosso homem interior estiver aprisionado, confinado, então nosso espírito estará encoberto e não será fácil liberá-lo. Se nunca aprendermos a romper a barreira do homem exterior com o nosso espírito, não poderemos trabalhar para o Senhor de forma que Ele se agrade de nosso serviço. Nada pode nos atrapalhar mais do que o nosso homem exterior. Se a nossa obra terá eficácia ou não, depende de o Senhor ter quebrado o nosso homem exterior, de forma a possibilitar a liberação do homem interior. Isso é fundamental.

Entre todas as pessoas do mundo, alguns têm a vida do Senhor em seu interior. Entre eles encontramos duas situações. Uma na qual a vida está presa, circundada e trancada. Na outra o Senhor abriu um caminho e a vida pode ser liberada. O nosso problema hoje não é como podemos ter vida, e, sim, como ela pode fluir de nós. Se o homem exterior não for quebrado, nunca poderemos tornar-nos uma benção para a igreja nem esperar que o mundo receba a graça de Deus por nosso intermédio.

A Bíblia fala de um ungüento de nardo puro (Jo 12:3). A Palavra de Deus propositadamente usa o adjetivo puro: puro é sinal de algo verdadeiramente espiritual. Mas, a menos que o vaso de alabastro seja quebrado, o ungüento de nardo puro não pode ser liberado. Se o homem exterior não for quebrado, o homem interior nunca poderá ser liberado. 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A ECONOMIA DE DEUS

         “Embora eu seja o menor dos menores de todos os santos, foi-me concedida esta graça de anunciar aos gentios as insondáveis riquezas de Cristo e esclarecer a todos a administração deste mistério que, durante as épocas passadas, foi mantido oculto em Deus, que criou todas as coisas” (Ef 2:8-9).

Muitos cristãos já estão familiarizados com a palavra ‘economia’. Essa palavra é popularmente relacionada a assuntos financeiros. Mas ela tem, na verdade, um sentido mais amplo: Na administração de um país, por exemplo, a economia consiste no plano administrativo que o presidente daquele país pretende cumprir e concluir durante o seu período de governo. Esse tipo de economia é composto de vários itens, tais como finanças, segurança, educação, relações exteriores, saúde, e outros.

Deus também tem uma economia – a economia de Deus - que nada mais é que Seu plano de dispensar a Si mesmo para dentro do homem criado por Ele. Embora possa soar estranho dizer economia de Deus, é bom nos inteirarmos do seu significado, que é absolutamente bíblico. A palavra economia aparece algumas vezes no Novo Testamento.

Nas versões da Bíblia existentes em português, os tradutores do grego preferiram traduzir a palavra oikonomia por serviço ou dispensação. Todavia, literalmente, oikonomia(oikos=casa e nomos=lei) significa lei de uma casa ou administração doméstica. Em 1 Timóteo 1:4 oikonomia está traduzida por “serviço” e em Efésios 1:10 e 3:2, pela palavra “dispensação”. A palavra DISPENSAR é a forma verbal de oikonomia, que denota distribuir as riquezas divinas para o povo de Deus, isto é, distribuir a Si próprio como vida para dentro da humanidade. É importante sabermos que tudo o que Deus fez, faz ou fará tem em vista este objetivo.

                                     O Dispensar do Deus Triúno

Já sabemos que o objetivo de Deus é dispensar a Si mesmo para dentro dos homens. Agora precisamos saber como isso acontece. Afinal, como Deus pode ser dispensado para dentro de nós? No capítulo 1 do livro de Efésios vemos que para ocorrer tal dispensar para dentro de nós, há necessidade da participação de toda a Trindade. Os versículos 4, 5 e 6 mostram-nos o dispensar do Pai. A obra do Pai foi principalmente escolher-nos antes da fundação do mundo e predestinar-nos para a filiação, a fim de recebermos toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Isso vem comprovar que antes da fundação do mundo Deus já tinha um plano, e para esse fim nos escolheu e predestinou.

Mas, enganado por Satanás, o homem caiu em desobediência, entrando nele o pecado, e, pelo pecado, a morte (Rm 5:12). O homem não era mais um vaso adequado para conter o Deus Santo dentro de si. Havia então a necessidade da obra de redenção, executada pelo sangue de Jesus Cristo, o Filho. Assim, os versículos 6 a 12 falam da obra do Filho para que Deus Pai possa dispensar-nos todas as bênçãos espirituais. Não só isso, os versículos 9 e 10 falam do mistério da vontade de Deus referindo-se à Sua economia que será cumprida na plenitude dos tempos, quando então Cristo encabeçará todas as coisas.

Finalmente, vemos a obra do Espírito Santo nos versículos 12, 13 e 14. A obra do Espírito Santo é selar-nos, confirmando cada ato de justiça praticado por nós. Ele também é o penhor da nossa herança, a qual é nada mais nada menos que todas as riquezas de Deus. Hoje, quanto mais temos contato com o Espírito, mais o Deus Triúno é dispensado a nós. Quando tocamos o Espírito, alcançamos o Filho e também o Pai. Dessa maneira o Deus Triúno é dispensado a nós.

Antigamente, as grandes casas eram administradas por mordomos ou ecônomos (do grego oikonomos). Eles eram encarregados de dispensar todas as riquezas do dono da casa, para suprir as necessidades de toda a família. Do mesmo modo, Deus tem uma grande casa e há necessidade de mordomos ou ecônomos para distribuir Suas riquezas divinas aos da casa. Paulo era um ecônomo, conforme ele mesmo diz em Efésios 3:2: “Certamente vocês ouviram a respeito da dispensação (economato) da graça de Deus a mim confiada para distribuir a vós outros”, e em Colossenses 1:24, 25: “Agora me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor do seu corpo, que é a igreja; da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação (economato) da parte de Deus, que me foi confiada de apresentar-lhes plenamente a palavra de Deus.”

O resultado deste dispensar de Deus por meio de seus ecônomos ou mordomos é a produção da igreja. Este é o mistério da vontade de Deus (Ef 1:9), desde os séculos, oculto: “e esclarecer a todos a administração deste mistério que, durante as épocas passadas, foi mantido oculto em Deus que criou todas as coisas” (Ef 3: 8-9). Paulo segue dizendo que foi assim que o mistério de Deus foi revelado aos santos apóstolos e profetas (Ef 3:5). No versículo 10 ele diz que “pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torna conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais.”

Precisamos ver isso com clareza: o ensinamento saudável dos ecônomos produz a economia de Deus na fé. Por intermédio de Seus ecônomos, Deus é dispensado para dentro dos santos. Agora sabemos que Deus tem uma vontade que estava oculta. Se ninguém a revelasse, continuaria sendo um mistério e ninguém poderia conhecê-la. Agora, todavia, ela está acessível a nós por meio da revelação que é o dispensar da parte dos ecônomos, isto é, a igreja, para levar a cabo o mistério da vontade de Deus. Daí conclui-se que o ensinamento dos apóstolos é o modo de Deus para produzir Sua economia na fé. O ensinamento saudável dos apóstolos produz a economia de Deus na fé. Por meio das palavras desses Seus ecônomos, Deus é dispensado para dentro dos santos.

Que significa a economia de Deus na fé? Precisamos aclarar sucintamente esse assunto. Quando ouvimos a sã Palavra de Deus, a fé é produzida em nosso interior. Quanto mais palavras recebemos mais cresce a nossa fé. Daí podermos concluir que: Nossa fé cresce pelo contínuo dispensar das sãs palavras de Deus. A economia de Deus é muito grande e profunda. Não existe um meio de praticá-la na totalidade num repente; apesar disso, à medida que a nossa fé vai crescendo por meio da palavra de Deus, a qual procede do fundamento dos apóstolos, a economia de Deus pode ir sendo realizada pouco a pouco. É assim que ocorre nosso crescimento de vida espiritual, até chegar ao ponto em que todas as riquezas de Deus sejam depositadas em nossa fé. É assim que a economia de Deus é trabalhada totalmente dentro da nossa fé, até ser parte da nossa constituição.   

Graças ao Senhor que, por Sua misericórdia, Ele nos está revelando que a economia de Deus pode crescer dentro da nossa fé. E, à medida que a fé cresce, mais graça e paz teremos. Em II Pedro 1:2 Diz: “Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor.” Quanto mais conhecemos a Deus, mais a fé cresce e graça e paz nos são multiplicadas. Precisamos conhecer mais a Deus! Não devemos satisfazer-nos somente com a salvação! Precisamos prosseguir e também ajudar aos que foram salvos a conhecer a Deus, qual o Seu plano e como Ele o realizará, para que assim eles também possam cumprir a economia de Deus.

Hoje, na era da igreja, nós estamos aprendendo a viver dentro da economia de Deus, por isso, não aceitaremos o suborno das coisas temporárias, antes aspiraremos o reino de Deus, à nossa pátria definitiva, a cidade que tem fundamentos, a qual é o resultado do dispensar do Deus Triúno e é o cumprimento da economia de Deus. Pela fé cremos que o universo foi formado pela palavra de Deus. É dessa maneira que descobriremos a maravilhosa economia de Deus na Sua criação.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

DEUS NOS DEU O ESPÍRITO DA VERDADE


          “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos. Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós”, (palavras de Jesus Cristo em Jo 14:5-17).

Esse Espírito da verdade está relacionado somente aos crentes em Jesus. Ele nada tem a ver com o mundo. O Senhor revelou que o Espírito Santo está constantemente com os que crêem. Isso é um fato. Mas note a frase que vem a seguir: “E estará em vós”. O “estará” indica o futuro. O que o Senhor tentou esclarecer foi: “Este Espírito Santo está hoje com vocês, mas virá um dia quando Ele entrará em vocês”. Vamos continuar a ler, para que possamos ver mais a respeito.

O versículo 18 diz: “Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros.” Que é um órfão? É uma criança deixada sem o cuidado de um pai. Um filho cujo pai está com ele tem todo o seu viver, alimentação, roupas, etc., fornecidos pelo pai. O pai prepara tudo e faz tudo por ele. Uma criança sem pai, por outro lado, deve preparar tudo por si mesma. O Senhor está dizendo aqui que Ele não nos deixaria órfãos para administrarmos sozinhos todos os assuntos espirituais. Em vez disso, Ele voltaria para ser o nosso pai, para cuidar de nós. O significado dessa passagem é muito claro: O Senhor pedirá ao Pai, e o Pai enviará um Consolador para o meio de vós. Esse Consolador, que é o Espírito Santo, é simplesmente o Cristo que irá habitar no interior de vocês. É dessa maneira que os discípulos não se tornariam órfãos.   

Prossigamos em nossa leitura. Os versículos 19 e 20 dizem: “Dentro de pouco tempo o mundo não me verá mais; vocês, porém, me verão; porque eu vivo, vocês também viverão. Naquele dia compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim e eu em vocês.” O Senhor nos fala aqui do propósito que está por trás de Seu despojar da carne e entrar no Espírito. O objetivo disso é que nós, os que cremos, possamos conhecer a realidade do que Ele disse: “eu estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós”, para que possa haver uma união perfeita e plena. Esse fato ocorreria somente “naquele dia”, o dia em que Cristo, no Espírito, veio para dentro de nós. Somente naquele dia é que conheceríamos a unidade de ter Cristo no Pai, nós em Cristo e Cristo em nós. Essa união perfeita transmite a nós tudo o que Deus fez em Cristo e tudo o que Deus é por meio de Cristo. Tudo o que é Dele torna-se nosso. Deus e o homem, o homem e Deus tornam-se absolutamente mesclados.

                                          Um Espírito Com Cristo

Cristo morreu e ressuscitou por nós. Se Ele não tivesse vindo a nós no Espírito Santo, a nossa salvação orgânica não poderia ser consumada. Cristo ainda não poderia ter se unido a nós. Mas agora Cristo tomou uma forma espiritual. Agora Ele pode facilmente entrar em nós. Pelo fato de Ele estar no Espírito, temos a possibilidade de recebê-Lo. A Bíblia também diz que “todo aquele que se une ao Senhor é um espírito com Ele.” Cristo está no Espírito, e nós também temos um espírito. Quando nosso espírito recebe esse Cristo, que está no Espírito, os dois se tornam um espírito. Essa é a preciosidade da nossa fé. Sem isso, nossa crença é uma religião comum sem qualquer relevância para nossa vida. Sem isso não pode haver uma salvação interior.

                                                      Vida Pela Fé

Chegamos ao ponto crucial da fé cristã, o ápice da salvação de Deus. Agora queremos ver como Cristo pode ser nossa vida de maneira subjetiva. Para que possamos conhecê-Lo e contatá-Lo, Deus, em determinado tempo, encarnou-se a fim de se tornar um homem. Esse homem é ninguém mais que Jesus de Nazaré. Ele é Deus revestido de humanidade. Fisicamente falando, o corpo de Jesus não era diferente do nosso. Mas a vida em Seu interior era de outra categoria totalmente diferente. Sua vida é puramente a vida de Deus; ela tem as características de Deus. Agora, o que Deus dá aos que estão em Cristo nada mais é que essa mesma vida que estava corporificada em Jesus de Nazaré: “Deus nos deu a vida, e essa vida está em seu Filho. Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida” (I Jo 5:11-12).

O que Deus deseja fazer é dar-nos Seu Filho unigênito para que possamos receber vida eterna. Esse é o ponto máximo da salvação de Deus. Deus não apenas está restaurando o que perdemos em Adão; Ele está nos dando o que Adão nunca recebeu. Mesmo que Adão não tivesse pecado, ele ainda seria meramente um ser humano; não teria nenhum relacionamento com a vida de Deus. Mas o que herdamos em Cristo é algo muito mais excelente. Além da vida humana, temos uma nova vida adicional, uma vida da parte de Deus, que é o próprio Filho de Deus. E isso é vida eterna.

Aqui nos é dito que essa vida eterna está no Filho. Ela não é encontrada em nenhum outro lugar. Quem não tiver essa vida no Filho é meramente humano; pode existir apenas na terra, mas não pode sobreviver na eternidade, pois não tem aquela vida que o qualifica para a eternidade. Deus pregou nosso velho homem na cruz com Cristo; daí por diante, ele está terminado. Agora estamos vivos juntamente com Cristo; Ele se tornou nossa vida. Somos um novo homem; temos um novo começo e podemos viver uma nova maneira de vida. Tudo isso são obras de Deus realizadas em Cristo a favor de todos os que crêem.