quarta-feira, 30 de novembro de 2011

SEGURA COM FIRMEZA O QUE TENS!

Ao estudarmos a Palavra de Deus encontramos algumas referências a respeito dos galardões, e constatamos que parece haver um número fixo de coroas. Apocalipse 3:11 diz: “Venho logo. Segura com firmeza o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”.

Alguns cristãos que não compreendem a Bíblia, não sabem qual a diferença entre uma recompensa e um dom. Tampouco sabem a diferença entre a coroa e a salvação de Deus. Eles acham que a salvação pode ser tirada deles. Note bem que a palavra “tome”, aqui, não se refere à salvação, mas à coroa. Daí entendemos que alguém pode estar salvo e, no entanto, poderá perder a coroa.

Se uma pessoa salva não segurar com firmeza o que tem, se não guardar as palavras da perseverança do Senhor Jesus, e se negar o nome do Senhor Jesus perderá a sua coroa. Se você for frouxo, e não segurar com firmeza perderá sua coroa. Alguma outra pessoa poderá tirá-la de você.

Apocalipse 2:10 tem uma palavra semelhante a essa: “Sê fiel até a morte, e te darei a coroa da vida”. Aqui Jesus não diz que nos dará a vida, mas que nos dará a “coroa da vida”. A vida de Deus é obtida pela fé; ela não é obtida pela fidelidade. Se uma pessoa não tiver fé, ela não poderá ter a vida divina. Mas se uma pessoa for infiel depois de ter obtido a vida divina, ela perderá a “coroa da vida”. Resumindo; Se um cristão não tiver as obras adequadas após ter sido salvo, isto é, em sua carreira como cristão nesse mundo, embora não vá perder a vida eterna, ele, contudo, perderá a coroa.   

EDIFICAR COM OURO, PRATA E PEDRAS PRECIOSAS

A passagem mais clara na Bíblia acerca da recompensa é I Coríntios 3:14 e 15: “Se aquilo que alguém construir em cima do alicerce (Cristo) resistir ao fogo, então o construtor receberá a recompensa. Mas, se o trabalho de alguém for destruído pelo fogo, então esse construtor perderá a recompensa. Porém ele mesmo será salvo, como se tivesse passado pelo fogo para se salvar”. Isso nos mostra claramente o que um cristão não pode perder e, também, o que ele pode perder.

Uma vez que uma pessoa seja salva, pela graça do Pai, certamente está salva para sempre. Contudo, se tal pessoa receberá ou não um galardão, não será decidido hoje. A salvação eterna de um cristão já está determinada, mas a recompensa futura é uma questão ainda pendente. Ela será decidida pela maneira como alguém edifica sobre o fundamento do Senhor Jesus.

A nossa salvação eterna é uma obra realizada por Deus e por Seu Cristo, sendo assim, a nossa salvação eterna independe de como edificamos. Ela depende apenas de como o Senhor edifica. Então, por ser uma obra perfeita, certamente estamos salvos. Entretanto, se receberemos ou não a recompensa, ou se sofreremos perda, depende da nossa própria obra de edificação. Se alguém edifica com ouro, prata e pedras preciosas, coisas com valor eterno, sobre o fundamento do Senhor Jesus, este certamente receberá um galardão. Contudo, se ele edifica com madeira, feno e palha, não receberá um galardão diante de Deus. Ele pode ter muito diante dos homens, contudo não terá muito diante de Deus. Isso nos mostra que é possível que um homem perca seu galardão e tenha sua obra queimada.

Permitam-me repetir isto: Graças a Deus que a questão da nossa salvação eterna foi decidida há mais de dois mil anos. Quando o Filho de Deus foi levado à cruz, a nossa salvação foi decidida. Mas, se vamos receber ou não a recompensa, depende de como nos conduzimos. A verdade do evangelho é muito equilibrada. O conceder a salvação depende totalmente do Senhor Jesus, porém, se alguém receberá uma recompensa ou não, depende da sua própria obra de edificação.

O homem deve crer e também trabalhar. Esse trabalho não é propriamente dele, mas é aquilo que o Espírito Santo tem trabalhado nele. Vimos aqui que é possível sermos reprovados para o Reino e privados da nossa coroa. Chegamos à conclusão de que a nossa posição no Reino não está definida; ela está sujeita a mudanças, portanto, não está assegurada.

Que fazer?

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O GRANDE DEUS ENTRETENIMENTO


De A.W.Tozer – Tozer era pastor de uma igreja da Aliança Cristã e Missionária no Canadá, até seu falecimento nos anos 60. Ele é conhecido como um dos mais famosos pregadores deste século e como “um profeta” da nossa geração.

Há muitos anos um filósofo alemão disse alguma coisa no sentido de que, quanto mais um homem tem no coração, menos precisará de fora; a excessiva necessidade de apoio externo é prova de falência do homem interior.

Se isso é verdade (e eu creio que é), então o desordenado apego atual a toda forma de entretenimento é prova de que a vida interior do homem moderno está em sério declínio. O homem comum não tem nenhum núcleo central de segurança moral, nenhum manancial em seu peito, nenhuma força interior para colocá-lo acima da necessidade de repetidas injeções psicológicas para dar-lhe coragem para continuar vivendo. Tornou-se um parasita no mundo, extraindo vida do seu ambiente, incapaz de viver um só dia sem o estímulo que a sociedade lhe fornece.

Schleiermacher afirmava que o sentimento de dependência está na raiz de todo culto religioso, e que por mais alto que a vida espiritual possa subir, sempre tem que começar com um profundo senso de uma grande necessidade que somente Deus poderia satisfazer. Se este senso de necessidade e um sentimento de dependência estão na raiz da religião natural, não é difícil ver por que o grande deus Entretenimento é tão ardentemente cultuado por tanta gente. Pois há milhões que não podem viver sem diversão. A vida para eles é simplesmente intolerável. Buscam, ansiosos, o bendito alívio dado por entretenimentos profissionais e outras formas de narcóticos psicológicos como um viciado em drogas busca sua injeção diária de heroína. Sem essas coisas eles não poderiam reunir coragem para encarar a existência.

Ninguém que seja dotado de sentimentos humanos normais fará objeção aos prazeres simples da vida, nem às formas inofensivas de entretenimento que podem ajudar a relaxar os nervos e revigorar a mente exausta de fadiga. Essas coisas, se usadas com discrição, podem ser uma benção ao longo do caminho. Isso é uma coisa. A exagerada dedicação ao entretenimento como atividade da maior importância para a qual e pela qual os homens vivem, é definitivamente outra coisa, muito diferente.

O abuso numa coisa inofensiva é a essência do pecado. O incremento do aspecto das diversões da vida humana em tão fantásticas proporções é um mau presságio, uma ameaça às almas dos homens modernos. Estruturou-se, chegando a constituir um empreendimento comercial multimilionário com maior poder sobre as mentes humanas e sobre o caráter humano do que qualquer outra influência educacional na terra. E o que é ominoso é que o seu poder é quase exclusivamente mau, deteriorando a vida interior, expelindo os pensamentos de alcance eterno que encheriam a alma dos homens, se tão-somente fossem dignos de abrigá-los. E a coisa toda desenvolveu-se dando numa verdadeira religião que retém os seus devotos com estranho fascínio, e, incidentalmente, uma religião contra a qual agora é perigoso falar.

Por séculos a igreja se manteve solidamente contra toda forma de entretenimento mundano, reconhecendo-o pelo que era – um meio de desperdiçar o tempo, um refúgio contra a perturbadora voz da consciência, um esquema para desviar a atenção da responsabilidade moral. Por isso a igreja sofreu rotundos abusos dos filhos deste mundo. Mas ultimamente ela cansou dos abusos e parou de lutar. Parece ter decidido que, se ela não consegue vencer o grande deus entretenimento, pode muito bem juntar suas forças às dele e fazer o uso que puder dos poderes dele. Assim, hoje temos o espantoso espetáculo de milhões de reais derramados sobre o trabalho profano de providenciar entretenimento terreno para os filhos do Céu, assim  chamados. Em muitos lugares o entretenimento religioso está eliminando rapidamente as coisas sérias de Deus. Muitas igrejas nestes dias têm-se transformado em pouco mais que pobres teatros onde “produtores” de quinta classe mascateiam as suas mercadorias falsificadas com total aprovação de líderes evangélicos conservadores que podem até citar um texto sagrado em defesa da sua delinqüência. E raramente alguém ousa levantar a voz contra isso.

O grande deus entretenimento diverte os seus devotos principalmente lhes contando estórias. O gosto por estórias, característico da meninice, depressa tomou conta das mentes dos santos retardados dos nossos dias, tanto que não poucas pessoas pelejam para construir um confortável modo de vida contando lorotas, servindo-as com vários disfarces ao povo da igreja. O que é natural e bonito numa criança pode ser chocante quando persiste no adulto, e mais chocante quando aparece no santuário e procura passar por religião verdadeira.

Não é uma coisa esquisita e um espanto que, com a sombra da destruição atômica pendendo sobre o mundo e com a vinda de Cristo estando próxima, os seguidores professos do Senhor se entreguem a divertimentos religiosos? Que numa hora em que há tão desesperada necessidade de santos amadurecidos, numerosos crentes voltem para a criancice espiritual e clamem por brinquedos religiosos?

"Lembra-te, Senhor, do que nos tem sucedido; considera, e olha para o nosso opróbrio... Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós porque pecamos! Por isso caiu doente o nosso coração; por isso se escureceram os nossos olhos.” Amém. Amém.




quinta-feira, 17 de novembro de 2011

SANTOS E IRREPREENSÍVEIS DIANTE DELE EM AMOR


“Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”
Efésios 1:4

Em sua epístola aos efésios, o apóstolo Paulo tem o cuidado de dizer-nos que “em Cristo” Deus nos separou; nos escolheu, da humanidade,  para sermos herdeiros de grandes bênçãos; e tudo isso no Senhor Jesus Cristo e por intermédio d’Ele. A melhor prova a respeito da passagem que estamos examinando se acha no capítulo 17 do Evangelho Segundo João, onde temos o que comumente se conhece como a oração sacerdotal do nosso Senhor. Ali vemos Jesus fazer declarações concernentes a Si mesmo, declarações como estas: “... lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste” (versículo 2).

O ensino aí é que o Pai deu essas pessoas ao Filho. Vejamos também o versículo 6: “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste: eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra”. Essas pessoas – pessoas cristãs, que incluem todos nós que cremos em Cristo -  pertenciam a Deus antes de pertencerem ao Filho. Primariamente, a nossa posição não depende de nada do que fazemos; nem primariamente da ação do Filho. A ação primária é a de Deus o Pai, que escolheu para Si um povo, de toda a humanidade, antes da fundação do mundo, e depois o presenteou, deu esse povo que Ele escolhera ao Filho, para que o Filho o redimisse e fizesse tudo quanto era necessário para reconciliá-lo com Ele. Esse é o ensino dado pessoalmente por Jesus Cristo.

Ele veio a este mundo e realizou a obra que Lhe competia realizar em favor de todas as pessoas que Lhe foram dadas pelo Pai. Assim, Ele prossegue e diz: “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (versículo 9). Mas é de vital importância que nos lembremos de que tudo isso é feito “n’Ele”. O apóstolo repete continuamente a verdade segundo a qual não há absolutamente nada que seja dado aos cristãos independentemente do Senhor Jesus Cristo; não há nenhuma relação com Deus que seja verdadeira e salvadora, exceto a que é no Filho de Deus e por meio d’Ele. “Há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (I Timóteo 2:5).

Tendo estabelecido estas verdades, podemos passar agora ao restante desta grande declaração: “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”. Aqui vemos que cada frase, quase cada palavra, requer a mais cuidadosa e séria consideração. Cada uma das declarações está carregada de verdade, de verdade vital, de verdade da máxima importância. Portanto, passar às pressas por estas grandes e momentosas declarações é tolice; é real e verdadeiramente pecaminoso.      

É nos dito que fomos escolhidos “para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”. Aqui, de novo, o apóstolo nos propicia uma das mais extraordinárias sinopses do evangelho todo. Ele quer dizer que é o propósito de Deus em Cristo para o Seu povo desfazer, remover e retificar completamente os efeitos do pecado e da queda do homem. O objetivo de Deus na salvação é retificar completamente os resultados e as conseqüências daquele evento terrível e sumamente desastroso. Isso está claro nas Escrituras.

O apóstolo Paulo diz em Efésios 5:27, que o propósito supremo de Cristo para a igreja é, não somente que ela seja santa, mas também esteja “sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante”. A igreja deve ser irrepreensível (ou sem culpa), como também pura; ela deve ser perfeita por fora e por dentro. Deus é absoluta luz e glória e perfeição; Ele é absolutamente puro, sem sequer qualquer suspeita da presença de uma liga redutora ou de qualquer mistura; o que é dito em Tiago 1:17 é que Ele é o “Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. E o assombroso que nos é dito é que Deus nos escolheu em Cristo para nos tornarmos como Ele. Esse é o propósito de Deus para nós; esse é o nosso destino, sermos semelhantes a Deus, “santos e irrepreensíveis”.

Pois bem, devemos passar à segunda expressão, “santos e irrepreensíveis diante dele” . Noutras palavras, diante dele, no sentido em que Paulo usa a expressão, significa que o objetivo e propósito da nossa vocação e eleição é que andemos com Deus; não somente que entremos numa consciente comunhão com Deus, mas que andemos e permaneçamos nessa comunhão, ou, como João o expressa, que andemos na luz com Deus.

“Eu sou o Deus Todo-poderoso, anda em minha presença e sê perfeito”. Foi um convite que Deus fez a Abraão. Naturalmente, para fazer isso o homem tem que ser perfeito porque Deus é perfeito. “Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Amós 3.3). Andar diante de Deus e ser perfeito estão inevitavelmente juntos por causa da natureza de Deus.

SANTOS E IRREPREENSÍVEIS EM AMOR

Para que fossemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”

Não há dúvida de que a essência da santidade é o amor. Na Epístola aos Romanos Paulo afirma que “o cumprimento da lei é o amor” (13.10). Só concebemos fielmente a santidade quando o fazemos em termos do amor. O amor é o oposto da inimizade, o oposto do ódio, o oposto da contenda.

O apóstolo está dizendo que, como resultado do fato de Deus ter nos escolhido, o que acontece é que o pecado é removido, o obstáculo entre nós e Deus é removido, e assim podemos comparecer perante Ele. E não somente isso, mas comparecemos à presença de Deus “em amor”. Só pensar em comparecer à presença de Deus como nosso juiz é algo terrível! A grandiosa realização feita a nosso favor, em nossa salvação, é que comparecemos perante Deus “em amor”.

Esse é o maior resultado da anulação dos efeitos da Queda. Como vimos, a condição do homem é por natureza exatamente o oposto desta santidade e amor. É inimizade contra Deus; sua mente não se sujeita à lei de Deus, e na verdade não pode sujeitar-se. O homem decaído tem um grande impedimento quando se trata de aceitar o Deus das escrituras. Tem facilidade em aceitar o deus da filosofia, um deus que eles idealizaram em suas mentes. Tiram de Deus, como Ele é revelado nas Escrituras, tudo o que não lhes agrada. Não acreditam na ira, não acreditam no juízo, não acreditam na justiça ou no ensino sobre o derramamento do sangue de Cristo, e na morte na cruz.

A mente “carnal” é inimizade contra Deus (Rm 8.7). Quando o homem caiu, começou a odiar a Deus e, como resultado da Queda, o homem se opõe a Deus e está em inimizade contra Ele. Contudo, como resultado da salvação em Cristo, o homem comparece perante Deus “em amor”. Gostamos da vida cristã? Queremos ser mais parecidos com Cristo, cada dia? Se respondermos sim, é porque o amamos.

Realmente, a lei de Deus nos chama para amarmos. O nosso Senhor ensinou isto em certa ocasião, quando foi interrogado por alguns homens que tentavam apanhá-Lo mediante perguntas. Perguntaram-Lhe: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos? Sua resposta foi que o primeiro de todos os mandamentos é: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes”. (Mc 12.28-31). Todo o objetivo da lei de Deus é primeiro o amor, sua relação com Deus, e depois sua relação com o seu semelhante. É tudo uma questão de amor.

Portanto, devemos ser “santos e irrepreensíveis diante dele em amor”, amando a Deus, amando nossos semelhantes, amando a lei de Deus, tendo prazer nela, e não meramente nos conformando mecanicamente com um padrão moral. O ensino do apóstolo Paulo é que o fim e objetivo supremo da nossa escolha por parte de Deus, da nossa eleição, é que nos tornemos pessoas com aquele caráter. Naturalmente, não alcançaremos essa perfeição nesta existência, neste mundo; essa é a nossa meta suprema.

A vontade de Deus quanto a nós é a perfeição absoluta, e nós, cristãos, finalmente estaremos diante d’Ele “sem defeitos e inculpáveis”, “sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante”. Então, não haverá quem possa lançar acusação contra nós. Seremos semelhantes ao nosso Senhor. Mas não nos esqueçamos de que, embora só atinjamos perfeitamente o alvo no mundo vindouro, o processo já começou neste mundo. O princípio está em nós, aqui e agora; a semente já foi implantada em nós.

O autor da Epístola aos Hebreus expressa esta verdade no capítulo 3 onde escreve: “Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial...” (Versículo 1). O cristão é participante da vocação celestial. Fomos santificados, o que significa que somos santos, e mesmo aqui e agora este princípio de santidade está em nós. Já somos “participantes da natureza divina”, e a natureza divina é santa. Esta santidade essencial está em nós, e crescerá e se desenvolverá até que finalmente estejamos em condições de perfeição absoluta, na presença de Deus. Este, diz-nos o apóstolo,é o objetivo supremo da escolha que Deus fez de nós.

Lembrem-se também de que nós estamos “em Cristo”. O que nos faz cristãos é que estamos em Cristo; não somente porque fomos perdoados, embora isso seja essencial. E se estamos “em Cristo”, só temos que ser santos porque Ele é “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores” (Hebreus 7.26). À luz disso tudo, há certas deduções essenciais que são da máxima importância. Primária e essencialmente, salvação significa estar na relação correta com Deus – nada menos que isso. Não se deve pensar na salvação em termos da felicidade nem em termos das leis, nem da moralidade. Não se deve pensar nela, unicamente em termos do perdão.

Salvação significa estar em uma correta relação com Deus. É preciso que seja assim porque a essência do pecado é a separação de Deus.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A CENTRALIDADE E A UNIVERSALIDADE DE CRISTO

Textos principais: ...Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. (Mt 16.16) - ...Cristo é tudo em todos. (Cl 3.11) - ...Para em todas as coisas ter a primazia. (Cl 1.18) - ...O mistério de Deus, Cristo. (Cl 2.2) -...pregamos a Cristo Jesus como Senhor. (II Co 4.5). 

O Significado da Centralidade

Por que existem todas as coisas? Por que os anjos? Deus criou todas estas coisas acidentalmente? Ou foram criadas de acordo com o plano de Deus? Por que Deus escolheu homens, enviou profetas, deu o Salvador, concedeu o Espírito Santo, edificou a igreja e estabeleceu o reino? Por que ordenou que a pregação do evangelho fosse feita até aos confins da terra para que os pecadores fossem salvos? Por que devemos alcançar os pecadores e edificar os crentes?

Alguns consideram que o batismo, o falar em línguas, o afastamento das seitas, a santidade, a guarda do sábado e outras coisas mais, são o ponto central. Mas qual é o ponto central de Deus? Deus opera tendo em mente um alvo definido, mas qual deve ser o alvo do nosso trabalho como igreja? Para responder a isso precisamos ter primeiro uma visão correta que possa servir de alvo para este trabalho. Se não percebermos a centralidade de Deus em nosso trabalho, ficaremos sempre errando o alvo.

As verdades divinas estão todas organicamente relacionadas. Todas as verdades convergem para um ponto central. Por ignorar esse aspecto é que muitos líderes decidem centralizar o seu trabalho segundo as inclinações pessoais ou necessidades circunstanciais. Mas a predeterminação e a necessidade de Deus é que deveriam constituir o nosso centro do alvo. Qual é a centralidade de Deus? Qual é a verdade global de Deus? Quem é o Senhor Jesus? Geralmente a resposta mais comum é: “Ele é o nosso Salvador”. Mas seria mais sábio de nossa parte responder como Pedro: “Tu és o Cristo de Deus” (Lc 9.20).

O centro das verdades divinas é Cristo. A centralidade de Deus está em Cristo – “O mistério de Deus, Cristo”, escreveu o apóstolo Paulo. Esse mistério é aquilo que estava escondido no coração de Deus. O Pai eterno nunca tinha contado a ninguém por que criou todas as coisas, inclusive a humanidade. Durante muito tempo isto permaneceu um mistério. Mais tarde, entretanto, Ele revelou este mistério a Paulo. E este mistério, explicou o apóstolo, é Cristo. Daí, ficamos sabendo que além de Filho, o senhor Jesus é O Cristo de Deus. Notemos que no momento da anunciação o anjo Gabriel disse a Maria que a criança que seria gerada em seu ventre era o Filho de Deus (Lc 1.35), e na hora do nascimento um anjo do Senhor anunciou aos pastores no campo que a criança recém-nascida era Cristo, o Senhor (Lc 2.11).

Pedro reconheceu, por divina revelação, que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus (Mt 16.16). E o mesmo Pedro assim afirmou em sua primeira pregação, no dia de Pentecostes: “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36). Quando alguém reconhece e crê que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, recebe vida em Seu nome (Jo 20.31).  O Senhor Jesus é o Cristo desde o momento em que o plano de Deus foi traçado. O propósito de Deus está centralizado em Seu Filho, “para que em todas as coisas tenha a primazia”; o plano de Deus também está centralizado em Seu Filho para que Cristo seja “tudo em todos” (Cl 1.18, 3.11).

Deus criou todas as coisas e a humanidade para a manifestação de sua glória. Hoje, no entanto, vemos que a cristandade está manifestando muito pouco de Cristo. Porém, um dia todas as coisas manifestarão Cristo porque todo o universo estará cheio dele. Ao criar todas as coisas Deus deseja que todas estas coisas manifestem Cristo. Quando Deus criou o homem, seu desejo era que esse homem fosse como o Seu Filho, tendo a vida do Seu Filho e possuindo a glória do Seu Filho, para que o Seu Filho unigênito seja o primogênito entre seus muitos filhos.
Podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que Deus criou e redimiu o homem por causa do Seu amor a Cristo. A redenção foi empreendida com o intuito de alcançar o alvo da criação. Cristo é o esposo e nós a noiva. Ele é a pedra de esquina e nós as muitas pedras vivas do edifício. Fomos criados para satisfazer o coração de Cristo. Quando percebemos o relacionamento de Cristo conosco, damos graças. Quando percebemos o relacionamento de Deus com Cristo, damos louvores. A centralidade de Deus é realmente Cristo, pois todos os propósitos divinos estão centralizados n’Ele.

Temos, pois, dois aspectos do propósito divino: 1) que todas as coisas possam manifestar a glória de Cristo e 2) que o homem possa ser igual a Cristo, tendo sua vida e sua glória.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

CONSIDERAÇÕES SOBRE A CARTA AOS EFÉSIOS


“Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus” – Efésios 1:1
O traço peculiar que caracteriza a Epístola aos Efésios é que nela o apóstolo parece estar, como ele mesmo diz, nos “lugares celestiais”, e dessa posição privilegiada ele está contemplando o grandioso panorama da salvação e da redenção. O resultado é que nesta Epístola há muito pouca controvérsia; e isso porque o seu grande interesse foi dar aos Efésios, e a outros fiéis a quem a carta é dirigida, uma visão panorâmica desta maravilhosa e gloriosa obra de Deus em Jesus Cristo nosso Senhor.
A Bíblia é o livro de Deus, é uma revelação de Deus, e o nosso pensamento sempre deve começar com Deus. Grande parte do problema da Igreja hoje deve-se ao fato de que somos muito interessados em nós mesmos, muito egocêntricos. Esse é o erro peculiar ao presente século. Tendo-nos esquecido de Deus, e havendo-nos tornado tão interessados em nós mesmos, tornamo-nos miseráveis e infelizes, e passamos o tempo em “frivolidades e misérias”. Do princípio ao fim, a mensagem da Bíblia tem o propósito de levar-nos de volta a Deus, humilhar-nos diante de Deus e habilitar-nos a ver a nossa verdadeira relação com Ele.
Esse é o grande tema desta Epístola; ela nos põe face a face com Deus, com o que Deus é e com o que Deus fez e faz; toda ela salienta a glória e a grandeza de Deus – Deus, o Eterno, Deus sempiterno, Deus sobre todos – e a indescritível glória de Deus; Deus auto-suficiente em Si mesmo, de eternidade a eternidade, que não necessita de ajuda de ninguém. Deus vivo que habita em Sua glória duradoura, absoluta e eterna, é o grande tema desta Epístola. Não devemos examiná-la pensando em nós mesmos e nas nossas necessidades; devemos começar com Deus, e esquecer-nos de nós.
Os nossos antepassados deleitavam-se com essas expressões; estas eram as expressões dos reformadores protestantes, dos puritanos e dos pactuários. Eles tinham prazer em passar o tempo contemplando os atributos de Deus. Note que o Apóstolo Paulo enfatiza esse ponto, “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus” – não por sua própria vontade! Paulo não se chamou a si mesmo, e a igreja não o chamou; foi Deus quem o chamou. Ele é o apóstolo pela vontade de Deus. Ele expõe isso muito explicitamente na Epístola aos Gálatas, onde diz: “...quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou”. Há sempre ênfase à soberania de Deus.
Foi Deus que escolheu em Cristo todo aquele que é cristão; foi Deus que nos predestinou. Faz parte de Seu propósito que sejamos salvos. Jamais haveria salvação alguma, se Deus não a planejasse e não a pusesse em execução. Foi Deus que “amou o mundo de tal maneira”: foi Deus que “enviou seu filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”. É tudo de Deus e de acordo com o Seu propósito. É “segundo o conselho da sua vontade” que todas estas coisas aconteceram.
Vemos claramente que, nesta Epístola, o apóstolo nos revela que é Deus quem decide o tempo em que tudo deve acontecer, e assim nos ensina que Ele é quem determina o tempo para que as coisas todas aconteçam. Deus é sobre todos, dominando sobre todos, e marcando o tempo de cada acontecimento, em Sua infinita sabedoria. Numa época como esta, não sei de nenhuma outra coisa que seja mais consoladora e que dê mais segurança do que saber que o Senhor continua reinando, que Ele continua sendo o soberano Senhor do universo, e que, apesar de que “se amotinam as gentes, e os povos imaginam coisas vãs”, Ele estabeleceu o seu Filho sobre o Seu santo monte de Sião (Salmo 2). Virá o dia em que todos os Seus inimigos lamberão o pó, virão a ser o estrado dos Seus pés e serão humilhados diante dEle, e Cristo será “tudo em todos”.
Dessa maneira a soberania de Deus é ressaltada na introdução desta Epístola e repetida até o fim dela, porque é uma das doutrinas cardinais, sem a qual realmente não entenderemos a nossa fé cristã. Ao caminhar através da Epístola, veremos que não somente a salvação é inteiramente de Deus em geral; também é de Deus em particular. Vejam, por exemplo, o grande tema que Paulo desenvolve no capítulo 3. A tarefa especial que lhe foi confiada como apóstolo é: “demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou” (“por Jesus Cristo”). O mistério é que os gentios sejam co-herdeiros com Jesus. Foi esse o “mistério” que noutras eras não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, e agora é revelado aos Seus santos apóstolos e profetas pelo Espírito.
Haverá algo mais maravilhoso, mais encantador, mais glorioso para o cristão do que contemplar os mistérios de Deus? Espero que ao aproximarmos destes grandes temas, você esteja cheio de um sentimento de divina expectação, e aspire aprofundar-se mais e mais. Um dos aspectos mais maravilhosos da vida cristã é que nela você está sempre avançando. Você pensa que já conhece Deus em sua totalidade, e então dobra uma esquina e de repente vê algo que não conhecia, e vai adiante, sempre adiante...













quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A DÉCADA DA COLHEITA


“Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como. A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa”. (Marcos 4: 26-29).

O povo judeu realizava uma grande festa anual para celebrar o final da colheita, com o propósito de louvar a Deus pelas bênçãos alcançadas. Era a Festa dos Tabernáculos. Os judeus, nesta festa, tinham e tem que expressar o seu regozijo dançando e cantando hinos de louvor, acompanhados de instrumentos musicais.

O objetivo principal da festa era, por habitarem em tabernáculos ou tendas, recordarem-se do tempo em que vagaram pelo deserto no período chamado de êxodo. Além disso, era uma festa de colheita, como se menciona em Êxodo 23: 16. Proféticamente falando, podemos extrair uma grande lição dos judeus em sua festa da Ceifa e da Colheita. Eles celebravam a Deus pelo fruto que o Senhor lhes dava. Eles confiavam em que seriam supridos de chuva, no tempo certo, a fim de garantir uma colheita abundante. O nosso Deus é o mesmo hoje e Ele também fará isso para nós neste terceiro milênio.

Deus deu para a igreja uma visão muito grande, tão grande que é impossível de se alcançar no mundo natural. Ele mostrou o Seu propósito que é realizar uma grande colheita. Deus está nos desafiando a alcançar todo o mundo, as pessoas ainda não alcançadas, as almas perdidas. A mensagem profética dada por Jesus no evangelho de Mateus foi:

“E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim” (Mt 24: 14).

Esta expressão terá o seu máximo cumprimento em nossos dias. Assim nós cremos. Os ministros ungidos e sérios no mundo todo, em sua grande maioria, sabem que o tempo que resta antes do retorno de Jesus Cristo à terra é muito curto. Isto implica em que devemos fazer o nosso maior esforço e dar tudo o que pudermos para alcançar os pecadores perdidos em todo o mundo.

Estamos por ver a explosão do maior movimento missionário e evangelístico da história do Cristianismo. A voz dos evangelistas voltará a ser ouvida por toda a parte. Mas a maior estratégia será tomar as novas gerações com uma nova visão evangelizadora e consolidadora dos frutos. Esse grupo está sendo mobilizado para esta tarefa. Em todos estes anos Deus tem preparado nas nações um grande exército de discípulos do último tempo. O Espírito Santo vem depositando uma unção poderosa nos crentes, dando-lhes o ministério profético, apostólico, de ensino e apascentamento das Suas ovelhas. Evangelistas jovens serão levantados neste tempo, por todo o mundo. Eles serão comissionados, mobilizados e desafiados a conduzir campanhas evangelísticas em várias partes do mundo ainda não alcançadas.

Devemos olhar, pela fé, com uma nova visão de colheita, a extraordinária obra de ceifa de almas que irão se render aos pés de Cristo antes do seu regresso em glória. Nos próximos anos, se o Senhor não tiver voltado ainda, a Igreja estará envolvida com a tarefa de cumprir a Grande Comissão. Nosso trabalho no tempo do fim será alcançar os menos evangelizados e aqueles que nunca ouviram a palavra da verdade.

A Igreja está comissionada, neste tempo do fim, para mobilizar os crentes em uma grande e maravilhosa colheita de frutos amadurecidos, onde cada crente deve ser um sacerdote a serviço do Pai. Alguém que coopera com seus talentos e dons para a expansão do reino de Deus.