segunda-feira, 29 de julho de 2013

JACÓ E ESAÚ

Amei Jacó, e aborreci Esaú” (Rm 9.13)

Este tema é bastante polêmico, pois, muitos cristãos tem dificuldade em entender e mesmo em crer nos mistérios da predestinação de Deus. Spurgeon, considerado um dos maiores pregadores da Palavra de Deus diz a respeito deste tema:

Não sei por que Deus escolheu certas pessoas para serem Seu povo antes d’Ele ter formado o mundo. O homem que pensa que compreende o propósito da predestinação de Deus demonstra que conhece bem pouco a esse respeito”.

 O pregador tenta explicar o que a Bíblia ensina a respeito do fato de que Deus escolheu alguns para serem salvos e que Ele deixou outros para enfrentarem a punição de seus pecados, e, para isso, utiliza o texto “Amei Jacó, aborreci Esaú”. Ele considera que esse é um texto assustador, e reconhece que muitos cristãos não gostam da palavra “aborrecer” ou “odiar”, mas isso não tira o significado daquilo que a Bíblia diz; ela usa a palavra “odiei” e nós também usaremos.

Deus amava Jacó. Deus não amava Esaú. Deus abençoou Jacó. Ele não abençoou Esaú da mesma maneira. Deus escolheu Jacó e não escolheu Esaú. A misericórdia de Deus estava com Jacó, mas Deus permitiu que Esaú prosseguisse em seu caminho pecaminoso, e isso mostra que o texto “odiei Esaú” é verdadeiro.

Alguns alegam que Deus está se referindo aos filhos de Israel e aos filhos de Edom, no entanto, a Bíblia mostra que isso não é verdade. Romanos, capítulo 9, versículos 11-12 dizem: “Porque não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal, e para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme...disse: “o maior servirá o menor”. Estes versículos referem-se a Jacó e Esaú. Ele não se refere às nações de Israel e Edom.

Spurgeon enfatiza em sua pregação que: “Não devemos tentar alterar a Palavra de Deus. Não podemos reduzir a verdade de Deus até o nosso fraco entendimento. Devemos aceitá-la como ela é e pedir a Deus que nos dê graça para entendê-la. Devemos pedir a Deus que nos ajude a nos elevarmos mais e mais em nosso entendimento da verdade divina”.

O ensinamento é que Deus elegeu alguns e não elegeu a outros. Às pessoas não gostam desta doutrina da eleição, o pregador pergunta: “Acaso não é um fato que Deus tem elegido a alguns?” Devemos nos perguntar então, por que um homem é convertido e outro não é convertido? A resposta mais comum será que o Espírito Santo estava operando no coração do homem que se converteu. Portanto, até quem diz não gostar da doutrina da eleição admite que Deus trata com certos homens de maneira diferente do que Ele trata com os outros.  

Deus trata as pessoas de formas diferentes na vida diária. Ele faz um homem rico e o outro pobre. Ele faz um homem inteligente e o outro incapaz de ler um livro. Em matéria de religião, Deus dá a um homem a oportunidade de ouvir a Sua Palavra, e a outro Ele não dá essa oportunidade. Alguns ouvem a Palavra de Deus pregada poderosamente. Outros nem sequer ouvem a Palavra de Deus.

Dois homens podem ouvir a mesma pregação do Evangelho. Deus opera no coração de um deles, porém não opera no coração do outro. Essas coisas são fatos e temos de crer nos fatos. Uma verdade que não pode ser contestada deve ser acreditada. E o fato incontestável é que Deus trata diferenciadamente a uns e a outros.

Continua Spurgeon: “Não preciso pedir desculpas por Deus. Deus explicará Sua própria verdade e Seus caminhos. Mesmo se não gostarem do fato, é verdade inalterável que Deus amou Jacó e que não amou Esaú da mesma maneira”.

Por que Deus amou Jacó? Consultemos a Palavra de Deus para responder a pergunta. Não foi porque havia algo de bom em Jacó que Deus o amou, pelo contrário, Jacó era um enganador. A Bíblia nos diz em Romanos 9.11 que a razão de Deus ter amado Jacó foi a Sua graça soberana. Jacó não tinha nada em si que fizesse com que Deus o amasse.

Havia de tudo em Jacó que poderia fazer com que Deus o odiasse tanto quanto Ele odiou Esaú. Se estamos certos a respeito do tipo de pessoa que Jacó foi, nada justifica Deus tê-lo amado senão a graça de Deus. A única razão pela qual podemos ser salvos é somente através da graça soberana de Deus. Deus é misericordioso e Sua vontade é toda-poderosa; portanto podemos ter esperança de salvação. Segure firme este ensinamento e nunca o deixe escapar.   

Outra questão é: “Por que Deus odiou Esaú”? Spurgeon diz: “Observemos que tipo de homem era Esaú. Algumas pessoas perguntam se Esaú mereceu ser rejeitado. Sim, mereceu. O caráter de Esaú prova que ele mereceu a rejeição. Esaú perdeu seu direito de primogenitura. Ele o vendeu por um guisado de lentilhas. Ele fez uma barganha com Jacó. Ele fez isso por espontânea vontade. Escolheu assim fazer. Ninguém o influenciou. Todo homem que perde o reino dos céus, como Esaú perdeu sua primogenitura, abandona-o de livre vontade. A culpa está com o homem e não com Deus”.

Deus não recusa dar vida eterna ao homem. Pelo contrário, o homem é que não vai a Deus para que receba a vida eterna. Quando os homens são salvos, é Deus que os destina à salvação. Toda a glória pela salvação de qualquer homem pertence a Deus. Toda a culpa pela condenação de qualquer homem pertence àquele homem.

Por fim Spurgeon declara: “Tentei dar uma razão bíblia para o procedimento de Deus com os homens. Deus salva os homens através de Sua graça; se os homens perecerem é por sua própria falta”.


Concordamos que há muitas coisas na Palavra de Deus que são difíceis de se entender mas, mesmo se não possamos compreendê-las , ainda temos que crer nas coisas escritas na Palavra de Deus. Não se trata de ter fé mais do que entendimento. Deus não se contradiz; embora Ele ame alguns e outros não.   

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O CRISTIANISMO INSTANTÂNEO

O cristianismo instantâneo entrou em cena com a era da máquina. Os homens inventaram as máquinas com dois propósitos. Queriam obter trabalho importante com maior rapidez e facilidade do que se poderia conseguir manualmente, e queriam executar o trabalho de modo que pudessem dedicar tempo a objetivos mais de acordo com seus gostos, tais como o lazer ocioso e o gozo dos prazeres do mundo.

Ora, o cristianismo instantâneo serve aos mesmos propósitos, na religião. Dispensa o passado, garante o futuro e dá ao cristão a liberdade para seguir as mais refinadas inclinações da carne sem qualquer constrangimento e com um mínimo de restrição.

Com “cristianismo instantâneo” nos referimos ao tipo de cristianismo que se encontra em quase toda parte nos círculos evangélicos. Ele nasceu da noção equivocada de que podemos praticar um ou dois atos de fé e ficar aliviados de toda a ansiedade quanto à nossa condição espiritual. Somos santos por vocação, continuamos a ouvir as pregações da palavra, e daí inferimos que não há motivo para procurarmos ser santos pelo caráter. Essa é uma falsa conclusão, completamente fora do estilo da fé do Novo Testamento.

É verdade que a conversão a Cristo pode produzir alegria, principalmente quando percebemos que fomos perdoados dos pecados e agora somos filhos de Deus. Onde o fardo do pecado tem sido pesado, a percepção do perdão é normalmente clara e alegre. O verdadeiro cristão encontrou-se com Deus. Ele sabe que tem a vida eterna e provavelmente sabe onde e quando a recebeu. Também aqueles que foram cheios do Espírito Santo alegram-se pelo fato de sentir em seu coração a presença de Deus.

Mas o problema é que nós tendemos a pôr a nossa confiança em nossas experiências, e, em conseqüência, interpretamos mal todo o Novo Testamento. Não podemos esquecer de que há decisões a serem tomadas, questões a serem resolvidas imediatamente. Há decisões que podem e devem ser tomadas de uma vez para sempre. Há questões pessoais que deverão ser resolvidas por um determinado ato da vontade em resposta à fé alicerçada na Bíblia.

O cristianismo instantâneo tende a tornar a fé um ato terminal e assim abafa o desejo de progresso espiritual. Não entende a verdadeira natureza da vida cristã, que não é estática, mas dinâmica e tendente a expandir-se. Omite o fato de que o novo cristão é um organismo vivo, tal como um bebê, e precisa de nutrição e de exercício para crescer normalmente. Não leva em consideração que o ato de fé em Cristo ocasiona uma relação pessoal entre dois seres morais inteligentes, Deus e o homem reconciliado, e essa relação deve ser aprofundada pelo exercitar de uma amizade íntima entre eles.

Ao tentarem envolver tudo o que constitui a salvação numa só experiência, ou duas, os advogados do cristianismo instantâneo desprezam a lei de desenvolvimento vigente em toda a natureza. Ignoram os efeitos santificantes do sofrimento, de levar a cruz e da obediência prática. Passam de largo pela necessidade de treinamento espiritual, pela necessidade de formar hábitos religiosos corretos e pela necessidade de lutar contra o mundo, o diabo e a carne.

Uma exagerada preocupação com o ato inicial de crer tem criado em alguns uma sensação de contentamento, ou pelo menos de ausência de expectação. Isso infundiu certo desapontamento com a fé cristã. Deus parece estar demasiado longe, o mundo está perto demais, e a carne é poderosa demais para que se lhe possa resistir.

Outros se alegram ao aceitar a certeza de uma bem-aventurança automática. Esta sensação os exime da necessidade de vigiar, lutar e orar, e os deixa livres para gozarem este mundo enquanto esperam o mundo vindouro. O cristianismo instantâneo é uma ortodoxia do século vinte. Fico a indagar se o Senhor Jesus e seus discípulos reconheceriam tal cristianismo como aquele pelo qual morreram. Temo que não. 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A VONTADE E AS EMOÇÕES NA VIDA CRISTÃ

Emoção, diz o Dictionary of Psicology, de Drever, é um estado de excitação ou perturbação, caracterizado por um forte sentimento e, geralmente, por um impulso para uma definida forma de comportamento.

“Excitação, perturbação, sentimento”. São estados mentais com os quais todos estamos familiarizados. Num mundo violento e cheio de conflitos como é o nosso, esses estados mentais vêm e vão, resplandecem e fenecem no peito do homem comum cem vezes por dia. O homem e a mulher normais experimentam no transcurso de uns poucos meses, todos os graus de emoção, do êxtase, ou quase, ao desânimo ligeiro, sem que aparentemente melhore ou piore por isso. Naturalmente aqui só tenho em mente o homem e a mulher normais. A personalidade psicopática está fora do campo deste estudo.

As emoções não devem ser temidas nem desprezadas pois, em primeiro lugar, são uma parte normal de nós mesmos, como Deus nos fez. Na verdade, sem elas seria impossível a vida humana plena. A gente tende a afastar-se do homem a quem falta todo sentimento porque não sabemos se lidamos com alguém frio ou com um mero vegetal, como às vezes se acha nas enfermarias em nossos hospitais para doentes mentais.

Um sentimento de piedade nunca surgiria no coração humano se não fosse despertado por um quadro mental da aflição de outrem, e sem o golpe emocional para ativar a vontade, não haveria nenhum ato de misericórdia. O que estou dizendo aqui não é nada novo. Toda mãe, todo estadista, todo líder, todo pregador da Palavra de Deus sabe que é preciso apresentar um quadro mental ao ouvinte antes que se possa movê-lo a agir, mesmo quando a ação é em seu próprio benefício.

É da intenção de Deus que a verdade nos mova à ação moral. A mente recebe idéias, quadros mentais das coisas como elas são. As idéias ou quadros mentais provocam os sentimentos e, por sua vez, esses levam a vontade a agir de acordo com a verdade. Assim é que deveria ser, e seria, se o pecado não tivesse entrado. Por causa do pecado, a simples seqüência verdade-sentimento-ação pode romper-se em qualquer uma das suas três partes.

A mente, criada para receber a verdade, muitas vezes se inclina para a falsidade, e os sentimentos deste modo estimulados, podem incitar a vontade a uma ação má. A contemplação de um erro ou de uma coisa proibida só pode inflamar os sentimentos  levando-os a simpatizar com o mal.

Um lamentável exemplo disso é o de Davi a observar demoradamente a bela Bate-Seba a banhar-se. O rei foi movido pelo que viu e agiu de acordo, e as amargas e trágicas conseqüências o perseguiram até o fim dos seus dias. Ele viu, sentiu e agiu – para o mal. Note que, dependendo do olhar, podemos ter resultados diferentes. Davi olhou para uma mulher formosa; Jesus olhou para uma multidão sofredora. Um olhar levou ao pecado, o outro a um ato de misericórdia; mas ambos foram decorrentes da simples lei da sua estrutura interior.

Outro rompimento da seqüência verdade-sentimento-ato dá-se quando, por motivos egoísticos, o coração se endurece contra a Palavra de Deus. É este o estado de quantos amam as trevas mais do que a luz e, por essa razão, afastam-se de vez da luz ou, quando expostos à luz, recusam-se obstinadamente a lhe obedecer. O homem ganancioso vê a necessidade humana e duramente se recusa a deixar-se comover pelo que vê.

Render-se ao impulso da generosidade naturalmente despertada pela visão da pobreza exigiria que ele renunciasse a uma parte de seus amados bens, e isso ele não quer fazer. Assim a fonte da generosidade se congela em sua origem. O avarento conserva o seu tesouro, o pobre continua sofrendo em sua pobreza e todo o curso da natureza se transtorna. É de admirar que Deus odeie a cobiça?

O cristão que se demora contemplando os prazeres carnais deste mundo não pode fugir a um certo sentimento de simpatia por eles, e esse sentimento levará inevitavelmente a um comportamento mundano. Expor nossos corações à verdade e, persistentemente, recusar ou negligenciar obedecer aos impulsos por ela despertados é paralisar os movimentos da vida dentro de nós e, se continuarmos nisso, estaremos entristecendo e silenciando o Espírito Santo.


As escrituras e a nossa constituição humana concordam em ensinar-nos a amar a verdade e a obedecer aos amenos impulsos da justiça por ela despertados dentro de nós. Se amamos as nossas almas, não nos atreveremos a agir doutro modo.   

segunda-feira, 8 de julho de 2013

NOSSAS RIQUEZAS NÃO RECLAMADAS

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo”. (Ef. 1.3)

As bênçãos espirituais nos lugares celestiais, que em Cristo nos pertencem, podem ser divididas em três classes:

As bênçãos da primeira classe são as que nos vêm imediatamente depois de crermos para a salvação, tais como o perdão, a justificação, a regeneração, a filiação sob a paternidade de Deus e o batismo no Corpo de Cristo. Em Cristo possuímos estas bênçãos ainda antes de sabermos que são nossas, sendo que só ficamos sabendo disso depois, mediante o estudo das Escrituras Sagradas.

À segunda classe pertencem aquelas riquezas que temos por herança, mas não podemos desfrutar realmente enquanto o nosso Senhor não voltar. Estas incluem a perfeição mental e moral máximas, a glorificação dos nossos corpos, a consumação da imagem divina em nossas personalidades redimidas, e a admissão à própria presença de Deus para experimentarmos para sempre a Visão gloriosa.

Estes tesouros são tão seguramente nossos como se os possuíssemos agora, mas nos seria inútil orar pedindo-os enquanto peregrinamos na terra. Deus deixou bem claro que eles estão reservados para o tempo da manifestação dos filhos de Deus (Rom. 8.18-25).

A terceira classe de bênçãos consiste de tesouros que nos são dados graças ao sacrifício expiatório, mas que não virão a nós, a não ser que façamos algum esforço para possuí-los. São a nossa libertação dos pecados da carne, a vitória sobre o ego, o constante fluir do Espírito Santo através de nossas personalidades, a frutificação no serviço cristão, a consciência da presença de Deus, o crescimento na graça, uma crescente consciência da união com Deus e um ininterrupto espírito de adoração.

Estas bênçãos não nos vêm automaticamente, nem precisamos esperar o dia da vinda de Cristo para reclamá-las. São para nós o que a Terra Prometida foi para Israel: deverão ser tomadas por invasão quando a nossa fé e a nossa coragem estiverem prontas para isso. Para deixar as coisas mais claras, permita-me expor quatro condições para receber essa herança de alegria que Deus coloca diante de nós:

1.      Você nada conseguirá se não buscar. Deus não lhe imporá nada. Como Josué lutou em sua marcha para tomar posse da Terra prometida, você também terá de lutar em busca da perfeição, enfrentando a derrotando quaisquer inimigos que se levantem em seu caminho para questionar o seu direito de posse. A terra não virá a você; você terá de ir a ela e tomá-la pela abnegação e separação do mundo. “Os que viajam por esta estrada”, diz João da Cruz, “enfrentarão muitas ocasiões de alegrias e sofrimentos, esperanças e tristezas, algumas das quais resultantes do espírito de perfeição, outras de imperfeição.”  

2.    Você poderá ter, na medida em que insista em ter. “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé vo-lo tenho dado”, disse Deus a Josué, e este princípio percorre a Bíblia inteira. A história de Israel está pontilhada de exemplos de pessoas que reivindicaram ousadamente as suas possessões: como Calebe que, depois da conquista de Canaã, foi a Josué,  solicitou a montanha que Moisés lhe prometera, e a tomou. Outra vez, quando as filhas de Zelofaede se apresentaram a Moisés e pediram: “Dá-nos a possessão entre os irmãos de nosso pai” (Num 27.4), a sua petição foi deferida. Aquelas mulheres receberam a sua herança, não pela indulgência de Moisés, mas por ordem de Deus, cuja promessa estava envolvida. Quando nossos pedidos são de natureza que honrem a Deus, podemos fazê-los o tanto que quisermos. Quanto mais ousado for o pedido, maior glória será acrescentada a Deus quando vier a resposta.

3.    Você terá pouco, na medida em que se satisfaça com pouco. Deus dá a todos liberalmente, mas seria absurdo pensar que a liberalidade de Deus tornará o homem mais espiritual do que ele quer ser. Por exemplo, o homem que se satisfaz em viver uma vida derrotada, nunca será forçado a obter vitória. O homem que se contenta em seguir de longe a Cristo, jamais conhecerá a maravilha da Sua proximidade. O homem que se dispõe a acomodar-se a uma vida estéril e sombria, nunca experimentará a alegria do Espírito Santo, nem a profunda satisfação de um viver frutífero. É preocupante ver quantos cristãos que se contentam em acomodar-se ao mínimo, e não ao melhor. Pessoalmente tenho visto com tristeza os cristãos evangélicos que, nalgum ponto do seu passado desistiram dos anelos mais santos do seu coração e se rebaixaram a um tipo de cristianismo medíocre e morno, totalmente indigno deles mesmos e do Senhor que eles dizem que servem.


4.    Você tem agora o tanto que realmente quer ter. Todo homem acha-se tão perto de Deus quanto deseja achar-se; é tão santo e cheio do Espírito quanto deseja estar. Disse o Senhor: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mt 5.6). Se houvesse apenas um homem em qualquer ponto do globo que tivesse essa fome e não fosse saciado, a palavra de Cristo cairia por terra. Devemos, porém distinguir entre querer de fato e querer superficialmente. Querer de fato, de todo o coração, não é mero desejo superficial. Colocar Deus diante de Seus filhos redimidos um vasto mundo de tesouros espirituais, e eles o recusarem ou negligenciarem reclamá-lo, facilmente pode vir a ser a segunda maior tragédia da história da criação moral, sendo que a primeira foi a queda original.