segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O MOTIVO E O OBJETIVO DA DISCIPLINA

A Epístola aos Hebreus registra a questão da disciplina dos cristãos. Nosso objetivo ao analisar esse tema em Hebreus é entender quais os tipos de pessoas que Deus disciplina e qual a finalidade dessa disciplina.

Hebreus 12:5-6 diz: “E estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo filho a quem recebe”

Aqui vemos claramente que o motivo da disciplina é o amor de Deus. Aqueles que recebem a disciplina de Deus são os filhos de Deus.
Se uma pessoa não for filho de Deus, Ele não irá discipliná-la. Você nunca encontrará na Bíblia que Deus disciplina um incrédulo. Deus não iria gastar Seu tempo e energia para disciplinar todas as pessoas da terra. Ocorre o mesmo conosco. Nós não disciplinamos os filhos dos nossos vizinhos. Somente disciplinamos nossos próprios filhos.

Portanto, a esfera da disciplina limita-se somente aos cristãos, e o motivo da disciplina é o amor. Não é porque odeia o homem que Deus o disciplina. Ele disciplina o homem por amá-lo. Apocalipse 3:19 diz: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo. Portanto, sê zeloso, e arrepende-te”. Aqui também é dito que Deus disciplina por causa do amor.

Hebreus 12:7-8 diz: “É para disciplina que suportais a correção; Deus vos trata como a filhos. Pois que filho há a quem o pai não corrige? Mas, se estais sem disciplina,  de que todos se têm tornado participantes, logo sois bastardos, e não filhos”

Portanto, a esfera da disciplina limita-se somente aos filhos. O autor nos lembra que os nossos pais segundo a carne nos corrigiam e nós os respeitávamos; o autor diz que, se aceitamos a disciplina de nossos pais na carne, quanto mais devemos aceitar a disciplina de nosso Pai, o Pai dos espíritos!

O versículo 10 diz: “Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade”

Isso nos mostra o propósito da disciplina. Não é porque gosta de disciplinar-nos que Ele o faz. Tampouco é porque quer que soframos. Ele nos disciplina a fim de podermos participar da Sua santidade.

Seu propósito é ter a Sua santidade manifestada em nós. Portanto, percebemos que a disciplina não é prova que alguém não é do Senhor. Pelo contrário, ela prova que pertencemos ao Senhor. Somente aqueles que pertencem ao Senhor estão qualificados a ser disciplinados.

Há uma grande diferença entre punição e disciplina. A disciplina de Deus sobre Seus filhos não é a Sua punição sobre eles. Mesmo quando Deus castiga um filho, esse castigo não é uma punição, mas uma disciplina. A disciplina tem um objetivo definido, que é podermos participar da Sua santidade, para que não vivamos nesciamente dia a dia.

Nunca devemos dizer que um cristão pode fazer tudo o que quer após ser salvo; A Bíblia nos diz claramente que após um cristão ser salvo, mesmo que esteja derrotado e caído, ele não perecerá eternamente e não perderá a vida eterna. Entretanto, ele receberá a correção de Deus, hoje, na terra. Não devemos cometer o engano de pensar que por estarmos salvos eternamente, podemos viver relaxadamente nesta terra. .

Se um cristão dá vazão às suas concupiscências, comete pecados, cai em perversão e não tem a santidade de Deus, Deus estenderá Sua mão e o disciplinará por meio de seu ambiente, sua família, sua saúde e seus planos futuros. O propósito de Deus, ao permitir que essas coisas lhe sobrevenham, não é puni-lo; elas não sobrevêm para causar-lhe dificuldades, mas para fazê-lo participar da santidade de Deus e torná-lo merecedor da graça do Seu chamamento. Essa é a compreensão adequada da salvação.

Ninguém deve dizer que, se um cristão não fizer o bem, Deus negará que ele seja filho Seu e o expulsará como a um cachorro. Se alguém disser isso, ou é cego quanto à obra da cruz de Cristo, ou pensa que a obra de Cristo é uma questão leviana.

A Bíblia nos mostra que a salvação é eterna. Ao mesmo tempo, a Bíblia também nos mostra que existem punições seriíssimas entre os que crêem. Se falharmos, haverá muita disciplina para nós. Deus quer que participemos da Sua santidade. Nesta terra, Ele quer que vivamos como filhos de Deus. Ele não quer intimidar-nos com o inferno para que busquemos a santidade.

Ser salvo é algo totalmente da graça, mas Deus tem Sua maneira de conduzir-nos para a Sua santidade. Ele faz com que nos deparemos com muitas coisas em nossa família, em nosso corpo, em nossa carreira e em nosso ambiente, a fim de que nos voltemos a Ele. Esse é o propósito da disciplina.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A SALVAÇÃO DE DEUS É PARA TODOS MEDIANTE A FÉ

Como já mencionamos, de acordo com a Bíblia, há somente uma condição para a salvação: fé. Ao todo, as palavras fé e crer ocorrem na Bíblia cerca de quinhentas vezes. Entre esses muitos versículos, mais de cem deles nos dizem que a salvação é pelo crer, que justificação é pelo crer e que receber a vida eterna é pelo crer.

Em mais de trinta passagens, é-nos dito que pela fé recebemos de Deus isto ou aquilo. Essas passagens nos mostram que o homem é agraciado por Deus por meio da fé e nada mais.

Por que a Bíblia enfatiza sobremaneira a fé? Iremos analisar porque a fé tem de ser o caminho para a salvação, mas, primeiro, iremos fazer algumas perguntas: A salvação é obra de Deus ou do homem? Ela é um plano do homem ou plano de Deus? Origina-se no homem ou em Deus? Os que conhecem a Deus devem admitir que foi Deus que iniciou a salvação. Foi Deus que planejou e cumpriu esse plano. Daí dizermos que todas as coisas são feitas por Deus. Do nosso lado, nada temos a fazer, exceto crer.

“... do Senhor vem a salvação” (Jn 2:9).

Por que temos de crer? Porque a obra da redenção foi cumprida por Cristo. Deus tornou o método da salvação tão simples para que todos possam obtê-la. Eis porque Ele exige somente fé. Se a salvação vem de Deus, é necessário que seja universal. Se a salvação de Deus fosse apenas para determinado grupo de pessoas, Deus seria parcial. Se o caminho da salvação exigisse algo de nós, “esse algo” se tornaria um obstáculo para a nossa salvação.

Se houvesse a simples exigência de que o homem tivesse de esperar cinco minutos antes de ser salvo, até isso diminuiria grandemente o número de salvos no mundo. Muitas pessoas não têm nem mesmo cinco minutos para esperar. Deus não poderia exigir sequer justiça perfeita. Se Ele exigisse justiça em apenas uma coisa talvez alguns pudessem cumprir essa justiça, mas centenas de milhares de pessoas na terra poderiam não ser capazes de fazê-lo. Se esse fosse o caso, a salvação não seria tão simples.

Se há salvação, ela deve estar disponível a qualquer pessoa. Se você disser que deve ser batizado antes de ser salvo, então o ladrão na cruz não foi salvo, porque ele não foi batizado. Se você disser que alguém não pode ser salvo sem fazer restituição, então o ladrão na cruz não pôde ser salvo, porque suas mãos e pés estavam pregados na cruz. Não estamos dizendo que não devemos ser batizados ou fazer restituição. Mas a condição para ser salvo não é restituição, batismo, confissão ou arrependimento. Arrepender-se nada mais é que uma mudança de visão sobre algo do passado. Se a salvação fosse uma questão de lei ou de obra, quem poderia cumpri-las?

A única condição para a salvação é a fé. Fé é dizer que você deseja e anela a salvação de Deus. Em que um homem deve crer para a salvação? Primeiro, Deus cumpriu a redenção por meio da morte de Seu Filho Jesus Cristo na cruz. Sua obra na cruz foi completa. Por que foi completa? Eu não sei por quê. Nem você sabe. Somente Deus sabe. Como pode o sangue do Senhor Jesus redimir-nos de nossos pecados? Por que a redenção do Senhor Jesus é eficaz? Não precisamos fazer essas perguntas. Essas questões são para Deus. 

A obra do Senhor na cruz foi cumprida e o coração de Deus está satisfeito.
Se Deus sente que algo é suficiente para Ele, nós também devemos sentir que é suficiente. Deus é justo. Se Ele diz que a obra do Senhor é capaz de redimir-nos do pecado, ela certamente é capaz de redimir-nos. É irrelevante você pensar se tal obra é suficiente ou não. O que importa é que Deus acha que tal obra é suficiente.

A obra do Senhor Jesus não é para satisfazer nosso coração. A obra do Senhor é primeiramente para satisfazer o coração de Deus.  Embora não entendamos como a cruz satisfez o coração de Deus, sabemos que Jesus de Nazaré foi morto e ressuscitado e o fato de o Senhor ter ressuscitado prova que Sua morte glorificou a Deus. Ele ressuscitou porque Sua obra foi aceita diante de Deus.


Qual seria a parte do homem nessa obra? Nenhuma! Devemos somente crer que somos salvos e redimidos pelo sangue de Jesus derramado naquela cruz do Calvário. Graças a Deus, pois Ele nos deu uma prova de que nossa dívida foi quitada; seu Filho pagou o débito por todos os nossos pecados na cruz, e por meio da Sua ressurreição, Deus sinalizou que a questão foi totalmente cumprida. Você crê  nisso? 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A VIDA ETERNA E O REINO SÃO COISAS DIFERENTES

Há uma coisa que precisa estar clara para nós. Ter vida eterna é diferente de entrar no reino dos céus. Todos os que não conseguem ver essa diferença, jamais terão clareza acerca do caminho da salvação e do caminho da preservação. Sim, existe diferença entre a vida eterna e o reino dos céus.

A primeira diferença entre ambos é em relação ao tempo. A vida eterna é para a eternidade, mas o reino não é. Quando o novo céu e a nova terra vierem, o reino dos céus passará. Isso porque o reino dos céus é o governo de Deus, a soberania de Deus sobre a terra. Esta soberania de Deus na terra e Seu governo sobre a terra serão manifestados por somente mil anos. 

Quando Jesus vier reger a terra, aquele será o tempo em que os céus governarão. Hoje, o que temos é a política e a autoridade mundial de Satanás. Hoje quem governa a terra é o diabo, Satanás. O Senhor Jesus somente irá reinar no período do reino dos céus. Mas o período no qual a autoridade dos céus será efetuada é muito curto.   

Em I Coríntios 15: 24 podemos ver: “E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder”. O reino será entregue a Deus Pai. Portanto, há um limite temporal para o reino. Contudo, a vida eterna é para sempre. Segundo o capitulo 15 de I Coríntios, sabemos que no início do novo céu e nova terra, isto é, na conclusão do milênio, o reino será entregue. Portanto, há uma diferença temporal entre a vida eterna e o reino dos céus.

A segunda diferença reside no método pelo qual o homem entra no reino dos céus e na maneira pela qual ele obtém a vida eterna. O recebimento da vida eterna é assunto de todo o Evangelho de João. A maneira de se obter a vida eterna é por meio do crer. Uma vez que o homem crê, ele obtém a vida eterna. “Quem crê no Filho tem a vida eterna” (Jo 3:36). Nunca lemos de outra forma.

Contudo, entrar no reino dos céus não é uma questão simples. Todo o Evangelho de Mateus menciona o reino dos céus trinta e duas vezes. Nenhuma vez é dito que o reino dos céus é recebido pela fé. Como, então, um homem ganha o reino dos céus? Mateus 7:21 diz: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos céus”. Pode-se ver que a entrada no reino dos céus é mais uma questão de fazer do que de crer. É uma questão de obras e não de fé.  

Jesus disse: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus”. Jesus não diz vida eterna, mas o reino dos céus. Para ter o reino dos céus, a pessoa precisa ser pobre no espírito. O Senhor também diz: “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus” (v. 10). Não é necessário ser perseguido para receber a vida eterna, mas o reino é para os que têm sido perseguidos por causa da justiça. Mesmo que alguém tenha recebido a vida eterna, se ele não tiver sido perseguido por causa da justiça hoje e não é pobre no espírito, ele ainda pode não ter parte no reino.

Há uma terceira diferença. É quanto à atitude que os cristãos devem ter acerca da vida eterna e do reino dos céus. Com relação à vida terna, Deus nunca nos disse para procurarmos obtê-la. Pelo contrário, toda vez que é mencionada, Ele nos mostra que já a temos. Entretanto, com relação ao reino, a palavra da Bíblia diz que devemos procurar obtê-lo e buscá-lo diligentemente. Hoje, em se tratando do reino, estamos no estágio de busca; ainda não o obtivemos. Ainda temos de empregar esforço para buscar e persistir em obter o reino.

“Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos céus é tomado por força, e os que usam de força se apoderam dele” (Mt 11:12).

A quarta diferença reside na maneira como Deus considera o reino e a vida eterna. Deus considera a vida eterna como um presente, ela é dada a nós (Rm 6:23). Não se vê uma pessoa indo ao Senhor para buscar vida eterna. Nunca houve tal coisa, pois a vida eterna é uma graça gratuita, ela é dada por meio do Senhor Jesus para todos aqueles que crêem Nele.

Contudo, o mesmo não ocorre com o reino. O criminoso que foi crucificado juntamente com o Senhor disse a Ele: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no Teu reino”, (Lucas 23:42). O Senhor Jesus ouviu essa petição? Sem dúvida que sim. Mas Ele não concedeu o seu pedido. O Senhor não lhe respondeu que ele estaria com Ele no reino. O que Jesus respondeu-lhe foi: “Hoje estarás Comigo no Paraíso”, (v. 43). Note que a promessa de Jesus ao ladrão na cruz foi em relação ao paraíso e não em relação ao reino.

Uma vez que O invoquemos, podemos ir ao paraíso. Contudo, não é tão simples ir ao reino, isso porque há uma grande diferença aqui. A atitude de Deus para com a vida eterna e o reino dos céus é diferente: um é o presente de Deus e o outro é a recompensa de Deus. Existem outras passagens sobre o assunto na Bíblia que são muito interessantes.

Temos ainda uma quinta diferença. Apocalipse 20 mostra-nos que os mártires recebem o reino, embora não diga que sejam os únicos a receberem o reino (v. 4). A Bíblia, entretanto, nunca nos mostra que o homem deva ser martirizado a fim de receber a vida eterna. Se fosse o caso, o cristianismo se tornaria uma religião de morte, posto que o homem deveria morrer para conquistar a sua salvação eterna. Contudo, não se vê coisa semelhante.

Entretanto, o reino é diferente. O reino requer esforço. Até mesmo requer o martírio para obtê-lo. Por exemplo, a pobreza é uma condição para o reino dos céus. Para obter o reino, a pessoa precisa perder suas riquezas. Não podemos dizer que nenhum rico possa ser salvo. Não podemos dizer que ninguém pode entrar na vida eterna se não quiser perder suas riquezas.

No entanto, você já ouviu dizer que por ser difícil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, da mesma forma é difícil um rico entrar no reino dos céus (Mt 19:24). Todavia você já ouviu dizer que por ser impossível um camelo passar pelo fundo de uma agulha, da mesma forma é impossível que um rico seja salvo e tenha a vida eterna? Não, graças a Deus por isso. O pobre pode herdar a vida eterna e o rico também pode. Contudo, entrar no reino dos céus é um problema para o rico e para o pobre também.    

Se alguém ponderar um pouco, perceberá que na Bíblia, o reino e a vida eterna são duas coisas absolutamente diferentes. A condição para a salvação é a fé no Senhor. Além da fé, não há outra condição, pois todos os requisitos já foram cumpridos pelo Filho de Deus. A morte de Seu Filho satisfez todas as exigências de Deus. Mas entrar no reino dos céus é outra questão: requer obras.


Portanto, pode-se ver que a questão da vida eterna é completamente baseada no Senhor Jesus. Contudo, a questão do reino está baseada nos obras do homem. Não estou dizendo que o reino é melhor que vida eterna, mas Deus tem um lugar tanto para um como para o outro. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A SALVAÇÃO DE DEUS NÃO É UMA RECOMPENSA

O homem não é salvo por obras. Ninguém pode argumentar contra isso. Mas o homem é muito petulante. Por ter o seu coração obscurecido e cheio de pecado, por ser a sua carne má e cheia da lei, embora ele reconheça a fé, ele pressupõe que deva também adicionar obras. Muitos não vêem que é depois de ser salvo pela fé que alguém tem as obras.

A salvação nada tem a ver com obras. Não estou dizendo que não precisamos das obras. Nós damos atenção à obra. Contudo, essa não é a condição para a salvação. A salvação é um problema totalmente diferente. Não devemos esquecer que a Bíblia diz que se dermos mesmo uma pequena atenção a obras, a graça de Deus é anulada. Gálatas 2.21 diz: “Não anulo a graça de Deus, pois se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu em vão”. Uma vez que é graça, ele deve provir somente da fé e não das obras.

Prosseguindo no tema, vamos ao que diz em Romanos 4.4-5: “Ora, àquele que faz qualquer obra, o salário não é considerado como favor, e sim, como dívida. Mas ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”. Agora está claro. Se um homem pode ser salvo por suas obras, então a salvação torna-se uma recompensa. Não é mais a graça, mas torna-se algo que a pessoa merece.

Se a salvação é algo que alguém merece, então não é mais gratuito. A palavra gratuitamente na Bíblia (Rm 3.24) significa, na língua original, sem motivo. Em outras palavras, não existe razão para isso. Somos como o filho pródigo. Após tomarmos nossa herança, desperdiçamo-la com más companhias. Hoje estamos de volta à casa do Pai. A veste que usamos, os anéis, sandálias e o novilho cevado que comemos não são o que merecemos. Já gastamos o que nos era nosso por direito. Não merecemos o anel, não merecemos a veste, não merecemos comer o novilho cevado, e não merecemos usar as sandálias.

Que é, então, graça? Quando os que não merecem ser salvos são salvos, isso é graça. Graça é o que aqueles que não deviam obter, obtiveram. Aquilo que o filho mais novo levou da primeira vez não era graça. Ele já o gastou. O que ele recebeu da segunda vez foi totalmente graça. Sua própria porção foi gasta há muito tempo. Quando ele desfruta outra comida em casa, que não é aquela que ele merecia ter, isso é graça do Pai.

Portanto, se alguém trabalhou, a questão salarial passa a existir, e não é mais graça. A graça entra em conflito com o que alguém merece. Como, então, opera a fé? Quando não é obra ou labor, mas somente a fé no Deus que justifica o pecador, essa fé é imputada como justiça. Esta é a relação entre fé e graça. Se é pelas obras, então não é graça. Se é pela graça, então existe somente a fé. Crer é aceitar o que Deus realizou e não o quanto eu tenha feito.

Portanto, não apenas devemos dizer que a salvação é proveniente da fé, mas dizer que a salvação é proveniente unicamente da fé. Romanos 3.23-24 diz: 

“Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”

O texto nos diz que o Senhor Jesus se tornou um lugar de propiciação e que Deus justificou os que crêem Nele.
Não há maneira de nos vangloriarmos. Não há possibilidade de nos gabarmos, isso porque o versículo 27 continua: “Das obras? Não, pelo contrário, pela lei da fé”. Como o homem pode ficar livre de se gabar e como a jactância pode ser removida? Pelo principio da fé. Se alguém estiver no principio da fé, então ele não estará no principio das obras.

Agradeçamos a Deus porque temos o principio da fé. Portanto, não podemos gabar-nos. Podemos somente louvar e agradecer.