O
MINISTÉRIO EXIGE INTEGRIDADE
A
Bíblia deixa claro que o ministério exige integridade e que não se deve separar
o mensageiro da mensagem. Quando tal coisa acontece, tanto o mensageiro quanto
a mensagem perdem a integridade.
Não
é suficiente pregar a mensagem correta; precisamos pregar com os motivos certos.
“Pois a nossa exortação não procede de... impureza” (1 Ts 2.3). Certa versão da
Bíblia diz “de motivos impuros”. Paulo não se fez perito em agradar homens a
fim de se tornar um pregador popular, nem explorou o povo a fim de se tornar um
pregador rico. O motivo básico do seu ministério era agradar a Deus, e foi isso
que lhe deu forças. Ele sabia que Deus testava o seu coração constantemente
para ver se os seus motivos eram puros.
Henry
David Thoreau escreveu: “Não há cheiro tão mau quanto o que exala da virtude
corrompida”. E poucas coisas corrompem a virtude como a ganância, o desejo de
ser popular e o sentimento que toma conta do nosso ser ao exercermos poder
sobre pessoas que nos oferecem a sua adoração idólatra. Quando nossos motivos são
errados, nosso ministério é errado; e as conseqüências são trágicas para nós,
para aqueles que nos seguem e para a igreja toda.
Talvez
seja impossível alguém sobre a terra ministrar com motivos absolutamente puros
mas, pela graça de Deus, podemos tentar. Quando percebermos que estamos
resistindo às críticas e cultivando os elogios, saberemos que algo está errado.
Quando começamos a acreditar em todas as coisas agradáveis que dizem a nosso
respeito, estamos em perigo. Se nosso coração está reto perante Deus, o elogio
deve tornar-nos humildes e não vaidosos.
Nos
últimos anos, a igreja tem tido celebridades demais e servos de menos, um
número demasiado grande de pessoas com muitas medalhas, mas sem cicatrizes. Observando suas vidas e ouvindo
as suas mensagens, jamais saberíamos que o evangelho se refere a um humilde judeu
que foi pobre, rejeitado e crucificado; nem tampouco suspeitaríamos que ele
disse: “Bem-aventurados vós os pobres, porque vosso é o reino de Deus” (Lc
6.20), ou “Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação” (Lc
6.24).
A
celebridade religiosa fabrica a mensagem que mais realce a sua popularidade e
talvez aumente a sua renda. O servo verdadeiro se preocupa tanto com a sua
integridade quanto com a da mensagem.
O
apóstolo Paulo estava interessado, também, em que os métodos estivessem
corretos. Não há lugar para a “fraude” no ministério do evangelho. A fraude não
tem lugar na promoção do evangelho. A fraude e a fé não andam de mãos dadas. Tenho
ouvido cristãos sinceros dizer: “Não me preocupo com os métodos, contanto que a
mensagem seja correta!” Essas pessoas deviam considerar o fato fundamental de
que a mensagem ajuda a determinar o método.
Alguns métodos do
ministério evangélico são indignos do evangelho. No seu relacionamento com as pessoas,
Paulo era franco e honesto. Não tentava seduzi-las com o evangelho. Se
perguntarmos por que os pregadores do evangelho do êxito raramente pregam sobre
pecado, arrependimento ou julgamento, provavelmente teremos a seguinte
resposta: “Porque sabem que a maioria das pessoas não dá ouvidos a esse tipo de
pregação”. Daí porque, eles seduzem as pessoas com seus sermões sobre o êxito,
e depois uma equipe tenta fazer um trabalho nos bastidores para que o povo
entenda o evangelho.
Não
encontro esse tipo de evangelização em lugar algum no ministério de Jesus, no
dos seus discípulos ou no da igreja primitiva. Às vezes Jesus usava paralelos
interessantes para conseguir a atenção dos seus ouvintes, mas depois fazia com
que enfrentassem seus pecados. Obteve a atenção da mulher junto ao poço falando
sobre “água viva”, mas depois ela teve de encarar os seus pecados. Jesus estava
longe de ser um pregador do êxito. Na realidade, algumas das suas mensagens
foram tão condenatórias que os ouvintes desejavam matá-lo!
Sermões
que adulam os pecadores jamais os salvam. A pregação do evangelho verdadeiro
exalta Deus e condena o pecador; não estimula o seu orgulho. O ego pecaminoso
do homem precisa ser esmagado perante um Deus santo; e é isso que a mensagem do
evangelho faz. Antes de aceitarmos as boas-novas a respeito de Jesus,
precisamos aceitar as más novas sobre nós mesmos.
Outro
artifício é oferecer respostas simples a
problemas complexos. O pregador que brada “Jesus é a resposta!” está
fazendo uma afirmação válida. Mas está beneficiando as pessoas tanto quanto o
médico que grita aos pacientes na sala de espera: “Cirurgia é a resposta!” É
pura demagogia, mesmo tendo o apoio de um versículo bíblico. A natureza humana
decaída deseja crer em mentiras, especialmente nas “mentiras religiosas”, o que
facilita o êxito dos demagogos.
James
Fenimore Cooper definiu demagogo como
“o indivíduo que promove seus próprios interesses simulando uma dedicação
profunda aos interesses dos outros”. De todos os demagogos, os religiosos são
os mais desprezíveis. Eles sabem como seduzir.
Agimos
de conformidade com o que cremos, e nosso comportamento e fé determinam o que
viremos a ser. Se crermos na verdade, ela nos santificará (Jo 17.17) e nos
libertará (Jo 8.31-32).
Se crermos em mentiras, aos poucos nos tornaremos uma
mentira à medida que perdemos a integridade e começamos a praticar a
duplicidade.
É
o princípio fundamental que nos tornaremos semelhantes ao deus que adoramos. Se
o deus é falso, seremos falsos. “Tornem-se semelhantes a eles (deuses falsos)
os que os fazem, e quantos neles confiam” (Salmo 115.8).
“Filhinhos,
guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5.21).
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