segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O REINO É O TEMPO DA PUNIÇÃO FUTURA

“O Senhor daquele servo virá num dia em que ele não o espera e numa hora que não sabe. Ele o punirá severamente e lhe dará lugar com os hipócritas, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 24.50,51).

Exatamente quando ocorrerá a punição futura? Está claro que haverá punição no futuro após o Senhor voltar; mas em que momento após a volta de Jesus isso ocorrerá?

Para obter uma resposta baseada na Palavra de Deus precisamos considerar três eras na Bíblia. A era presente, que pode ser chamada de era da graça ou, também de era da igreja. A era vindoura pode ser chamada de era do reino ou era do milênio, pois tal era durará somente mil anos (Ap 20:6). Após a era vindoura, ainda há outra era, que é uma era eterna. É a era do novo céu e nova terra.

A Bíblia apresenta-nos essas três eras. A era da igreja é a era da graça, porque a graça e o amor de Deus são manifestados nela. Nesta era Deus salva os injustos e leva o homem a receber a graça do Senhor Jesus. Tudo nesta era é proveniente da graça, mas a era vindoura será a era de justiça. A era eterna também será uma era de graça. Vemos, então, que a era da igreja e a era do novo céu e nova terra serão eras onde a graça será manifestada. Contudo, a era do reino é totalmente de justiça.

Se você não tiver clareza sobre essas eras, sua leitura da Bíblia, sua teologia e sua compreensão bíblica estarão incorretas. Vamos focar a era do milênio. Essa era é uma era parentética, especialmente preparada por Deus, para recompensar os fiéis e punir os pecaminosos. Aquele período será um período especial Podemos citar pelo menos duzentos versículos do Antigo e do Novo Testamento acerca do julgamento justo no reino.

Na língua original, a palavra justiça tem o sentido de ações praticadas. Portanto, entendemos que a justiça será feita aos nossos próprios atos justos.

 “Alegremo-nos, exultemos, e demos-lhe glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma se ataviou, pois foi-lhe dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos”. O linho finíssimo é a justiça nos atos dos que crêem. Portanto referem-se aos nossos próprios atos justos.  

Há muitas evidências de que a era do reino será um tempo de recompensas dadas por Deus a todos os que apresentaram suas obras, seus atos de justiça, e foram aprovados diante do trono de julgamento de Cristo.

“Vi também tronos, e nesses tronos sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade para julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quanto não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e nem receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos” (Ap 20:6).
Esses versículos nos dizem quais serão os reis que reinarão com Cristo mil anos. O reino não é para todos. O reino é apenas para os mártires de todos tempos da era da igreja. É somente para os que rejeitaram Satanás e o Anticristo.

Isso prova que o reino milenar não é dado como um dom gratuito, mas é obtido por meio de obras diante de Deus. Apesar de vermos em outras passagens outros tipos de pessoas reinando, em Apocalipse vemos que deve haver justiça específica antes que possa haver participação nas bodas do Cordeiro. Nos versículos acima, somente os que são mártires podem ser reis. Sem ter a justiça específica e sem ser martirizado, nem um sequer pode ter parte no reinado. Assim é o milênio.

Segundo o ensino de Apocalipse, podemos dizer que no novo céu e nova terra Deus lida com o homem baseado na graça. No reino, entretanto, Ele lida com os cristãos com base na justiça. Portanto, devemos admitir que é no reino que Deus irá nos disciplinar. No novo céu e nova terra tudo é recebido gratuitamente.

Nisso vemos a relação entre o presente e o futuro. Se hoje amarmos o mundo, andarmos segundo a carne, e tivermos um viver desleixado, na era por vir seremos disciplinados por Deus. Mas, se amarmos o Senhor hoje e abandonarmos tudo por causa do Senhor, receberemos a graça de Deus e o Seu galardão. Esse é o ensinamento bíblico acerca destas três eras. Estamos falando o que a Palavra de Deus nos ensina.


É verdade que o homem pode desfrutar a vida eterna hoje. Mas o reino é o tempo no qual Deus lidará com Seus filhos. Se você tiver um viver desleixado hoje, será disciplinado na era vindoura. 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A DISCIPLINA DE DEUS NA ERA VINDOURA

"Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama e castiga todo aquele a quem aceita como filho" (Hebreus 12:6)

A Bíblia diz que o Senhor nos disciplina porque nos ama. O homem quando ama, é tolerante, mas Deus quando ama, disciplina. Quando o homem ama, ele é negligente, mas quando Deus ama, Ele é sério. Se Deus não nos tivesse amado, Ele não teria enviado Seu Filho para morrer pelos nossos pecados na cruz. Da mesma forma, se Deus não nos amasse, Ele não nos disciplinaria.

Todo cristão deveria saber que não há contradição entre a disciplina de Deus e a graça de Deus. Pelo contrário, a disciplina de Deus manifesta a graça de Deus. Apesar de crermos que uma pessoa não pode perecer após ser salva, jamais poderemos dizer que essa pessoa nunca sofrerá a disciplina de Deus. 

A questão é se a disciplina de Deus restringe-se a esta era ou se ela se estende à era vindoura também. Essa é uma questão que muitos jamais consideraram. Então vamos examiná-la.

A Bíblia nos mostra que a disciplina de Deus não se restringe somente a esta era. Ela também pode ser vista na próxima era, ainda que muitos tentem defender que a mesma está restrita a esta era. Entretanto, você não conseguirá encontrar na Bíblia nenhuma base para tal ensinamento. Em se tratando de experiência cristã, certamente existe a possibilidade de disciplina na era vindoura.

Muitos não têm sido disciplinados nesta era. Embora sejam filhos de Deus, eles não têm um viver consagrado nesta era. Fazem o que querem e em muitas coisas são desobedientes por toda a vida, até a morte. Alguns têm até mesmo pecados evidentes e transgressões específicas. Não vemos muita disciplina neles. Pelo contrário, vivem tranqüilamente e em paz partem desse mundo. Entretanto, essas pessoas, além de perderem a recompensa, serão disciplinadas no reino. Elas experimentarão uma disciplina específica de Deus.

Portanto, de acordo com a experiência, se um cristão viver na terra, hoje, sem controlar suas paixões, amando o mundo e andando nos seus próprios caminhos, ele será disciplinado na era vindoura. Temos ampla evidência disso na Bíblia.

Em João 15:2 o Senhor diz: “Todo ramo em mim que não dá fruto, Ele o corta; e todo o que dá fruto, Ele o limpa, para que produza mais fruto”

O limpar aqui é uma purificação. Deus poda os elementos desnecessários, supérfluos que são obstáculos para que os ramos produzam mais fruto. Isso é um “tipo” da disciplina de Deus. Portanto, o propósito da disciplina de Deus não é destruir-nos, mas aperfeiçoar-nos a fim de que nos tornemos mais dignos da glória de Deus, da santidade de Deus, e da justiça que é posta diante de nós. 

Portanto, na Palavra de Deus existem dois tipos de purificação: Uma é a purificação pelo sangue do Senhor Jesus; a outra é a purificação que Deus faz por meio do nosso ambiente, família, saúde e trabalho. Se formos displicentes naquilo que não devemos ser, ou se nos recusarmos a eliminar o que for preciso, a mão disciplinadora de Deus recairá sobre nós em nosso ambiente.

Pela Bíblia sabemos que a morte jamais muda alguém. Nenhuma passagem na Bíblia mostra o caso de uma pessoa que tenha sido mudada pela morte. Como, então, se cumprirá o propósito de Deus de estarmos com Ele eternamente? Na eternidade seremos como o Senhor; seremos santos, assim como o Senhor é santo. Mas será que podemos dizer que hoje somos tão santos como o Senhor é? Que somos dignos de estar com o Senhor pela eternidade?

É verdade que o sangue do Senhor Jesus nos limpou e o registro dos nossos pecados foi apagado. Isso é um fato consumado. Mas falando sinceramente, temos Cristo vivendo em nós de forma prática? Temos permitido o Cristo ressurreto expressar-se em nós? Nosso andar hoje ainda é muito diferente daquele que deverá ser na eternidade; hoje estamos muito aquém da santidade, justiça e glória de Deus. Muitos cristãos ainda estão cheios de pecados e imundícies.

Sendo assim, aqui temos um problema. Se as coisas hoje estão tão ruins, mas serão tão boas no futuro, se são tão imperfeitas hoje, mas serão tão perfeitas no futuro, quando ocorrerá a mudança? Deve haver uma mudança em algum lugar ao longo do caminho. Na eternidade , quando estivermos com Deus e o Cordeiro na Nova Jerusalém, estaremos na luz assim como Deus está na luz. Mas quando nos tornaremos esses tais?


O conceito humano é que ao morrer mudaremos, mas a Bíblia nunca afirma que a morte física fará uma pessoa ser santa. Se a morte pudesse mudar um cristão, então ela também poderia mudar uma pessoa não-salva. Contudo, a morte jamais muda alguém.

 Se uma pessoa não muda nesta era, mas estará diferente no novo céu e nova terra, e se a morte não muda as pessoas, então, quando ocorrerá a mudança? A Bíblia nos mostra claramente que na era vindoura haverá disciplina, e essa disciplina nos podará e purificará. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

EDIFICAR COM OURO, PRATA E PEDRAS PRECIOSAS

A passagem mais clara na Bíblia acerca da recompensa é 1 Coríntios 3:14-15:

“Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo”.

Esses versículos e também o seu contexto, nos mostram claramente o que um cristão não pode perder e o que ele pode perder.
Desde que uma pessoa seja salva, certamente está salva para sempre. Contudo, se tal pessoa receberá ou não um galardão, isso não pode ser decidido hoje. A salvação eterna de um cristão já está determinada, mas a recompensa futura é uma questão ainda pendente. Ela é decidida pela maneira como alguém edifica sobre o fundamento do Senhor Jesus.

A nossa salvação independe de como edificamos. Ela depende apenas de como o Senhor edifica. Se a Sua obra é perfeita, certamente estamos salvos. Entretanto, se receberemos ou não a recompensa, ou se sofreremos perda, depende da nossa própria obra de edificação. Se alguém edifica com ouro, prata e pedras preciosas, coisas com valor eterno, sobre o fundamento do Senhor Jesus, certamente receberá galardão. Contudo, se edifica com madeira, feno e palha, não receberá galardão diante de Deus. Ele pode ter muito diante do homem, contudo não terá muito diante de Deus. Isso mostra que é possível uma pessoa perder seu galardão e ter sua obra queimada.

Nunca é demais repetir isto: Graças a Deus que a questão da nossa salvação eterna foi decidida a mais de dois mil anos. Quando o Filho de Deus foi levado à cruz, nossa salvação foi decidida. A verdade do evangelho é muito equilibrada. A salvação depende totalmente do Senhor Jesus. Conceder a salvação depende totalmente do Senhor Jesus. Entretanto, se alguém pode obter sua recompensa ou não, depende da sua própria obra de edificação.

O homem deve crer, e também deve trabalhar. Esse trabalho não é propriamente dele, mas é aquilo que o Espírito Santo tem trabalhado nele. Aqui vimos que é possível perdermos nosso galardão. É igualmente possível sermos reprovados para o reino e privados da nossa coroa. Baseados no ensinamento do Evangelho a respeito do assunto recompensa, entendemos que a nossa posição no reino não está decidida; ela está sujeita a mudanças e não está assegurada.

A Bíblia mostra-nos que o reino de Cristo é eterno. Contudo, alguns entrarão nele somente na eternidade futura, enquanto outros entrarão nele no milênio. O reinado de Cristo começa com o reino milenar. Apocalipse 11:15 diz:

 “O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do Seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos”.

 Esse versículo nos mostra que o reino de Cristo está ligado à eternidade futura; ele perdura para todo o sempre. Entretanto, ele começa com o toque da trombeta do sétimo anjo. Isso será durante a grande tribulação.
Mesmo sabendo nós que a questão de vida ou morte eternas já está decidida, é bom que saibamos que, após alguém crer, há experiências diante dele; ele ainda tem uma caminhada até o reino que está adiante, juntamente com a glória futura que o aguarda. Alguns obterão estas coisas: o reino, a coroa e o galardão; enquanto outros não. É o que diz a Bíblia.

Alguns entrarão no reino de Cristo; outros não estarão aptos para entrar. Isso não significa que aqueles que não puderem entrar no reino de Cristo não sejam salvos. Mas significa que serão retiradas a recompensa e a glória deles. Portanto, precisamos correr e nos esforçar. Se estaremos aptos para reinar com Jesus, no futuro, dependerá de como nos esforçamos hoje.   

 O reino será o tempo no qual Cristo e os cristãos receberão glória juntos. O reino será o tempo no qual Deus recompensará o Seu Filho. Naquele tempo, nós também teremos uma porção. Se vamos ser achados dignos de receber a glória do Senhor, dependerá totalmente do resultado de nosso andar e trabalho pessoais. Não existe questão de mérito no novo céu e nova terra. Mas no reino, somente os que tiverem mérito receberão glória.

O Senhor sofreu perseguição, dificuldades e humilhação. Se somos participantes das aflições de Cristo nessa era da igreja, com certeza nós partilharemos uma porção de glória, com Ele, no reino vindouro:

“Se somos filhos, logo somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Romanos 8: 17).







segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

 A PERDA DO REINO É A PERDA DA RECOMPENSA

“Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”
(1ª aos Coríntios 9: 25-27).

De acordo com o contexto, o assunto é a preocupação do apóstolo não com a sua salvação eterna e sim com o risco que ele corria de ser reprovado. Paulo temia que, tendo pregado a outros, ele mesmo fosse reprovado. Ele está dizendo que também poderia ser reprovado apesar de tudo.

No versículo 24, Paulo se compara a alguém que está participando de uma corrida, na qual somente um levará o prêmio. Portanto, o problema aqui não é uma questão de salvação, mas de receber o prêmio. Paulo está falando sobre como uma pessoa salva pode receber o prêmio; ele não está falando de como alguém não-salvo pode ser salvo.

Somente os que são salvos, os que creram no Senhor Jesus, nasceram de novo e tornaram-se filhos de Deus estão qualificados para entrar nessa corrida. Somente os filhos de Deus podem participar e perseguir o prêmio que Deus deseja que ganhemos. Se alguém não é um filho de Deus, não está sequer qualificado para entrar na corrida.   

Em lugar nenhum na Bíblia é dito que a salvação é ganha por corrermos uma carreira. A Bíblia nunca diz que se alguém for capaz de correr mais rápido, então será salvo. Se assim fosse, poucos seriam salvos, e a salvação dependeria de obras. A Bíblia, no entanto, diz que o prêmio vem pelo correr; 
Deus colocou-nos em uma pista de corrida para corrermos uma carreira.

Qual é o prêmio? O versículo 25 diz: “Todo atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível”.

 Aqui é dito que o prêmio é uma coroa. Portanto, a palavra “desqualificado” não se refere à perda da salvação. A palavra “desqualificado”  no versículo 27, significa fracassar em receber a coroa, o prêmio. Se Paulo podia ser desqualificado, então todos nós temos a possibilidade de sermos desqualificados. Se Paulo podia perder seu prêmio, sua coroa, então cada um de nós também tem a possibilidade de perder o prêmio, a coroa.

Pelo que muito desejamos ser-lhe agradáveis, quer presentes, quer ausentes. Pois todos devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Co 5:9-10). 

Paulo anelava ser agradável ao Senhor. Quer vivesse ou morresse nesta terra, o seu desejo era agradar ao Senhor. Como ele correu a carreira? Ele não a correu desleixadamente. Ele tinha uma direção certa e um alvo definido. 
Como ele disse certa vez: 

“Prossigo para o alvo pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Se quisermos receber o prêmio, que devemos fazer? “Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão” (v. 27).

Muitos estimam seu próprio corpo acima da vontade de Deus. Se um cristão pode ou não agradar ao Senhor, dependerá do quanto ele pode controlar seu corpo. Muitos não conseguem controlar seu próprio corpo. Sempre que um pequeno estímulo chega ao corpo, toda sorte de pecados acontece. Devemos ver que todos os que não conseguem controlar seu próprio corpo perderão seu prêmio, a sua coroa. Embora possam pregar o evangelho a outros, eles mesmos serão desqualificados.

Nós, cristãos, somos salvos uma vez por todas e jamais perderemos nossa salvação. Mas quando o Senhor Jesus voltar na Sua glória para governar a terra, Ele não dará coroas para todos. No novo céu e nova terra, embora cada pessoa salva receba a mesma glória, não será assim quando o Senhor Jesus vier governar sobre a terra por mil anos, alguns perderão seu prêmio, sua autoridade e sua glória. Alguns não estarão aptos para entrar no reino e não estarão aptos para receber uma coroa.

A palavra do Senhor é muito clara acerca da salvação e da vida eterna: ambas são totalmente provenientes da graça. No entanto, se alguém irá ou não entrar no reino dos céus, dependerá de suas obras. Acabamos de ver que temos de “fazer” a vontade de Deus. Aqui vemos que é necessário esmurrar nosso próprio corpo. 

Exteriormente, podemos realizar muitas obras, mas enquanto não pudermos restringir o nosso corpo, não teremos qualquer chance de entrar no reino e reinar com Cristo. Essa é a verdade revelada na Palavra de Deus.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

DEUS NOS DISCIPLINA PARA SALVAR-NOS DA CONDENAÇÃO

“Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor para não sermos condenados com o mundo” (I Coríntios 11:32).

Há um objetivo na disciplina de Deus. Ela visa salvar-nos da condenação no futuro. Deus nos disciplina para que não caiamos na condenação que o mundo receberá. Em outras palavras, a disciplina prova que somos salvos. A disciplina preserva nossa salvação.

A maneira como Deus faz as coisas e a nossa maneira são totalmente diferentes. Nós achamos que se dissermos às pessoas que elas estão salvas, elas se tornarão levianas e sem restrição quanto ao pecado. Deus não é assim. Ele proclama claramente, absolutamente e sem limitação para todos os que crêem Nele que todo aquele que crê tem a vida eterna e não perecerá. 
Contudo, Ele tem a sua maneira de guardar-nos de pecar e de guardar-nos de ser cristãos libertinos e frouxos. Deus tem a Sua disciplina.

A doutrina paulina a respeito da disciplina de Deus nos afirma que um cristão pode ter disciplina temporária nesta era, mas não irá perecer eternamente. Podemos precisar de disciplina, mas ainda estaremos salvos na eternidade, isso porque as questões do espírito e da salvação eterna já foram decididas quando cremos no Senhor Jesus.

Reconheço que precisamos aprofundar o entendimento a respeito do objetivo da disciplina de Deus. O que pode acontecer, então, aos cristãos que forem disciplinados nessa era da igreja, e que mesmo assim, não mudaram seu proceder? A resposta a essa questão é clara no Novo Testamento, principalmente nos escritos de Paulo.

Antes de tratar sobre este aspecto quero lembrar que o reino é o tempo em que Deus recompensará os cristãos conforme as suas obras. No reino, os cristãos fiéis serão recompensados e os infiéis serão punidos. Muitas pessoas pensam que se um cristão for infiel, mesmo tendo uma posição inferior, ele estará dentro do reino. Muitos que não compreendem a Palavra de Deus e a obra de Deus, pensam que lhes está garantida a entrada no reino dos céus.

Eles acham que, quando o Senhor Jesus vier para reinar, haverá simplesmente uma distinção entre as mais altas e as mais baixas posições no reino; que ninguém perderá totalmente a oportunidade de reinar juntamente com Cristo. Entretanto, no reino dos céus, haverá não só distinção entre as posições mais altas e as mais baixas, como também haverá distinção entre ter a entrada permitida e ser deixado de fora do reino.

A Bíblia revela-nos uma verdade muito séria. Apesar de uma pessoa ter a vida eterna, ela ainda pode ser rejeitada para o reino dos céus. Mateus 7:21 é um versículo que fala disso: 

“Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos céus”

Nesse versículo, todas as pessoas se dirigem a Jesus como “Senhor”. Porém, o próprio Senhor fará uma distinção entre os discípulos que podem entrar no reino dos céus e os que não podem.

O Senhor mostra-nos claramente que a condição para entrar no reino dos céus é fazer a vontade de Deus. Embora alguns tenham sido salvos e tenham-No chamado de Senhor, e realizado algumas obras, todavia, sem fazer a vontade de Deus, eles não poderão entrar no reino dos céus. A recompensa do reino dos céus tem por base a obediência do homem. Quem não for fiel enquanto viver na terra, não perderá a vida eterna, mas perderá o reino dos céus.

Quando chegar o tempo dos céus reinarem, isto é, quando o Senhor Jesus vier pela segunda vez, alguns não poderão entrar no reino, mas irão perdê-lo. Primeiramente, o Senhor mencionou esse assunto no versículo 21. A seguir, nos versículos 22 e 23, Ele explicou-nos a questão em forma de profecia. Haverá muitos, não apenas um ou dois, que não farão a vontade de Deus. 

“Muitos, naquele dia, Me dirão: Senhor, Senhor! não foi em Teu nome que profetizamos, e em Teu nome expulsamos demônios, e em Teu nome fizemos muitos milagres? Então lhes declararei: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”.

Aqui o senhor Jesus nos diz o que ocorrerá diante do trono de julgamento. Ele diz: “Naquele dia”; portanto, isso não se refere a hoje, mas ao futuro. Há muitos que labutam, mas não vêem a luz de Deus em sua vida. Quando o tempo do julgamento vier, e quando Cristo começar a julgar a partir da casa de Deus, esses cristãos terão luz pela primeira vez. Eles verão que estiveram errados em sua posição e em seu viver.

Devemos lembrar-nos não somente de chamá-Lo de Senhor com a nossa boca, mas também de fazer a vontade do Pai em nosso andar. O que o Senhor Jesus está dizendo é isso: 

“Muitas pessoas são filhos de Deus. Elas são salvas, elas me chamam de “Senhor” e tem realizado muitas obras. Mas apesar disso, elas serão excluídas do reino. Por essa razão vocês devem ser cuidadosos e fazer a vontade de Deus”.

Se alguém vir a questão do reino, perceberá que no reino a questão não é se uma pessoa é salva ou não, se é filho de Deus ou não; o que realmente conta é se a sua obra, depois de tornar-se cristão, será suficiente para proporcionar-lhe a entrada no Reino dos céus.   








   

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O MOTIVO E O OBJETIVO DA DISCIPLINA

A Epístola aos Hebreus registra a questão da disciplina dos cristãos. Nosso objetivo ao analisar esse tema em Hebreus é entender quais os tipos de pessoas que Deus disciplina e qual a finalidade dessa disciplina.

Hebreus 12:5-6 diz: “E estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo filho a quem recebe”

Aqui vemos claramente que o motivo da disciplina é o amor de Deus. Aqueles que recebem a disciplina de Deus são os filhos de Deus.
Se uma pessoa não for filho de Deus, Ele não irá discipliná-la. Você nunca encontrará na Bíblia que Deus disciplina um incrédulo. Deus não iria gastar Seu tempo e energia para disciplinar todas as pessoas da terra. Ocorre o mesmo conosco. Nós não disciplinamos os filhos dos nossos vizinhos. Somente disciplinamos nossos próprios filhos.

Portanto, a esfera da disciplina limita-se somente aos cristãos, e o motivo da disciplina é o amor. Não é porque odeia o homem que Deus o disciplina. Ele disciplina o homem por amá-lo. Apocalipse 3:19 diz: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo. Portanto, sê zeloso, e arrepende-te”. Aqui também é dito que Deus disciplina por causa do amor.

Hebreus 12:7-8 diz: “É para disciplina que suportais a correção; Deus vos trata como a filhos. Pois que filho há a quem o pai não corrige? Mas, se estais sem disciplina,  de que todos se têm tornado participantes, logo sois bastardos, e não filhos”

Portanto, a esfera da disciplina limita-se somente aos filhos. O autor nos lembra que os nossos pais segundo a carne nos corrigiam e nós os respeitávamos; o autor diz que, se aceitamos a disciplina de nossos pais na carne, quanto mais devemos aceitar a disciplina de nosso Pai, o Pai dos espíritos!

O versículo 10 diz: “Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade”

Isso nos mostra o propósito da disciplina. Não é porque gosta de disciplinar-nos que Ele o faz. Tampouco é porque quer que soframos. Ele nos disciplina a fim de podermos participar da Sua santidade.

Seu propósito é ter a Sua santidade manifestada em nós. Portanto, percebemos que a disciplina não é prova que alguém não é do Senhor. Pelo contrário, ela prova que pertencemos ao Senhor. Somente aqueles que pertencem ao Senhor estão qualificados a ser disciplinados.

Há uma grande diferença entre punição e disciplina. A disciplina de Deus sobre Seus filhos não é a Sua punição sobre eles. Mesmo quando Deus castiga um filho, esse castigo não é uma punição, mas uma disciplina. A disciplina tem um objetivo definido, que é podermos participar da Sua santidade, para que não vivamos nesciamente dia a dia.

Nunca devemos dizer que um cristão pode fazer tudo o que quer após ser salvo; A Bíblia nos diz claramente que após um cristão ser salvo, mesmo que esteja derrotado e caído, ele não perecerá eternamente e não perderá a vida eterna. Entretanto, ele receberá a correção de Deus, hoje, na terra. Não devemos cometer o engano de pensar que por estarmos salvos eternamente, podemos viver relaxadamente nesta terra. .

Se um cristão dá vazão às suas concupiscências, comete pecados, cai em perversão e não tem a santidade de Deus, Deus estenderá Sua mão e o disciplinará por meio de seu ambiente, sua família, sua saúde e seus planos futuros. O propósito de Deus, ao permitir que essas coisas lhe sobrevenham, não é puni-lo; elas não sobrevêm para causar-lhe dificuldades, mas para fazê-lo participar da santidade de Deus e torná-lo merecedor da graça do Seu chamamento. Essa é a compreensão adequada da salvação.

Ninguém deve dizer que, se um cristão não fizer o bem, Deus negará que ele seja filho Seu e o expulsará como a um cachorro. Se alguém disser isso, ou é cego quanto à obra da cruz de Cristo, ou pensa que a obra de Cristo é uma questão leviana.

A Bíblia nos mostra que a salvação é eterna. Ao mesmo tempo, a Bíblia também nos mostra que existem punições seriíssimas entre os que crêem. Se falharmos, haverá muita disciplina para nós. Deus quer que participemos da Sua santidade. Nesta terra, Ele quer que vivamos como filhos de Deus. Ele não quer intimidar-nos com o inferno para que busquemos a santidade.

Ser salvo é algo totalmente da graça, mas Deus tem Sua maneira de conduzir-nos para a Sua santidade. Ele faz com que nos deparemos com muitas coisas em nossa família, em nosso corpo, em nossa carreira e em nosso ambiente, a fim de que nos voltemos a Ele. Esse é o propósito da disciplina.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A SALVAÇÃO DE DEUS É PARA TODOS MEDIANTE A FÉ

Como já mencionamos, de acordo com a Bíblia, há somente uma condição para a salvação: fé. Ao todo, as palavras fé e crer ocorrem na Bíblia cerca de quinhentas vezes. Entre esses muitos versículos, mais de cem deles nos dizem que a salvação é pelo crer, que justificação é pelo crer e que receber a vida eterna é pelo crer.

Em mais de trinta passagens, é-nos dito que pela fé recebemos de Deus isto ou aquilo. Essas passagens nos mostram que o homem é agraciado por Deus por meio da fé e nada mais.

Por que a Bíblia enfatiza sobremaneira a fé? Iremos analisar porque a fé tem de ser o caminho para a salvação, mas, primeiro, iremos fazer algumas perguntas: A salvação é obra de Deus ou do homem? Ela é um plano do homem ou plano de Deus? Origina-se no homem ou em Deus? Os que conhecem a Deus devem admitir que foi Deus que iniciou a salvação. Foi Deus que planejou e cumpriu esse plano. Daí dizermos que todas as coisas são feitas por Deus. Do nosso lado, nada temos a fazer, exceto crer.

“... do Senhor vem a salvação” (Jn 2:9).

Por que temos de crer? Porque a obra da redenção foi cumprida por Cristo. Deus tornou o método da salvação tão simples para que todos possam obtê-la. Eis porque Ele exige somente fé. Se a salvação vem de Deus, é necessário que seja universal. Se a salvação de Deus fosse apenas para determinado grupo de pessoas, Deus seria parcial. Se o caminho da salvação exigisse algo de nós, “esse algo” se tornaria um obstáculo para a nossa salvação.

Se houvesse a simples exigência de que o homem tivesse de esperar cinco minutos antes de ser salvo, até isso diminuiria grandemente o número de salvos no mundo. Muitas pessoas não têm nem mesmo cinco minutos para esperar. Deus não poderia exigir sequer justiça perfeita. Se Ele exigisse justiça em apenas uma coisa talvez alguns pudessem cumprir essa justiça, mas centenas de milhares de pessoas na terra poderiam não ser capazes de fazê-lo. Se esse fosse o caso, a salvação não seria tão simples.

Se há salvação, ela deve estar disponível a qualquer pessoa. Se você disser que deve ser batizado antes de ser salvo, então o ladrão na cruz não foi salvo, porque ele não foi batizado. Se você disser que alguém não pode ser salvo sem fazer restituição, então o ladrão na cruz não pôde ser salvo, porque suas mãos e pés estavam pregados na cruz. Não estamos dizendo que não devemos ser batizados ou fazer restituição. Mas a condição para ser salvo não é restituição, batismo, confissão ou arrependimento. Arrepender-se nada mais é que uma mudança de visão sobre algo do passado. Se a salvação fosse uma questão de lei ou de obra, quem poderia cumpri-las?

A única condição para a salvação é a fé. Fé é dizer que você deseja e anela a salvação de Deus. Em que um homem deve crer para a salvação? Primeiro, Deus cumpriu a redenção por meio da morte de Seu Filho Jesus Cristo na cruz. Sua obra na cruz foi completa. Por que foi completa? Eu não sei por quê. Nem você sabe. Somente Deus sabe. Como pode o sangue do Senhor Jesus redimir-nos de nossos pecados? Por que a redenção do Senhor Jesus é eficaz? Não precisamos fazer essas perguntas. Essas questões são para Deus. 

A obra do Senhor na cruz foi cumprida e o coração de Deus está satisfeito.
Se Deus sente que algo é suficiente para Ele, nós também devemos sentir que é suficiente. Deus é justo. Se Ele diz que a obra do Senhor é capaz de redimir-nos do pecado, ela certamente é capaz de redimir-nos. É irrelevante você pensar se tal obra é suficiente ou não. O que importa é que Deus acha que tal obra é suficiente.

A obra do Senhor Jesus não é para satisfazer nosso coração. A obra do Senhor é primeiramente para satisfazer o coração de Deus.  Embora não entendamos como a cruz satisfez o coração de Deus, sabemos que Jesus de Nazaré foi morto e ressuscitado e o fato de o Senhor ter ressuscitado prova que Sua morte glorificou a Deus. Ele ressuscitou porque Sua obra foi aceita diante de Deus.


Qual seria a parte do homem nessa obra? Nenhuma! Devemos somente crer que somos salvos e redimidos pelo sangue de Jesus derramado naquela cruz do Calvário. Graças a Deus, pois Ele nos deu uma prova de que nossa dívida foi quitada; seu Filho pagou o débito por todos os nossos pecados na cruz, e por meio da Sua ressurreição, Deus sinalizou que a questão foi totalmente cumprida. Você crê  nisso? 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A VIDA ETERNA E O REINO SÃO COISAS DIFERENTES

Há uma coisa que precisa estar clara para nós. Ter vida eterna é diferente de entrar no reino dos céus. Todos os que não conseguem ver essa diferença, jamais terão clareza acerca do caminho da salvação e do caminho da preservação. Sim, existe diferença entre a vida eterna e o reino dos céus.

A primeira diferença entre ambos é em relação ao tempo. A vida eterna é para a eternidade, mas o reino não é. Quando o novo céu e a nova terra vierem, o reino dos céus passará. Isso porque o reino dos céus é o governo de Deus, a soberania de Deus sobre a terra. Esta soberania de Deus na terra e Seu governo sobre a terra serão manifestados por somente mil anos. 

Quando Jesus vier reger a terra, aquele será o tempo em que os céus governarão. Hoje, o que temos é a política e a autoridade mundial de Satanás. Hoje quem governa a terra é o diabo, Satanás. O Senhor Jesus somente irá reinar no período do reino dos céus. Mas o período no qual a autoridade dos céus será efetuada é muito curto.   

Em I Coríntios 15: 24 podemos ver: “E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder”. O reino será entregue a Deus Pai. Portanto, há um limite temporal para o reino. Contudo, a vida eterna é para sempre. Segundo o capitulo 15 de I Coríntios, sabemos que no início do novo céu e nova terra, isto é, na conclusão do milênio, o reino será entregue. Portanto, há uma diferença temporal entre a vida eterna e o reino dos céus.

A segunda diferença reside no método pelo qual o homem entra no reino dos céus e na maneira pela qual ele obtém a vida eterna. O recebimento da vida eterna é assunto de todo o Evangelho de João. A maneira de se obter a vida eterna é por meio do crer. Uma vez que o homem crê, ele obtém a vida eterna. “Quem crê no Filho tem a vida eterna” (Jo 3:36). Nunca lemos de outra forma.

Contudo, entrar no reino dos céus não é uma questão simples. Todo o Evangelho de Mateus menciona o reino dos céus trinta e duas vezes. Nenhuma vez é dito que o reino dos céus é recebido pela fé. Como, então, um homem ganha o reino dos céus? Mateus 7:21 diz: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos céus”. Pode-se ver que a entrada no reino dos céus é mais uma questão de fazer do que de crer. É uma questão de obras e não de fé.  

Jesus disse: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus”. Jesus não diz vida eterna, mas o reino dos céus. Para ter o reino dos céus, a pessoa precisa ser pobre no espírito. O Senhor também diz: “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus” (v. 10). Não é necessário ser perseguido para receber a vida eterna, mas o reino é para os que têm sido perseguidos por causa da justiça. Mesmo que alguém tenha recebido a vida eterna, se ele não tiver sido perseguido por causa da justiça hoje e não é pobre no espírito, ele ainda pode não ter parte no reino.

Há uma terceira diferença. É quanto à atitude que os cristãos devem ter acerca da vida eterna e do reino dos céus. Com relação à vida terna, Deus nunca nos disse para procurarmos obtê-la. Pelo contrário, toda vez que é mencionada, Ele nos mostra que já a temos. Entretanto, com relação ao reino, a palavra da Bíblia diz que devemos procurar obtê-lo e buscá-lo diligentemente. Hoje, em se tratando do reino, estamos no estágio de busca; ainda não o obtivemos. Ainda temos de empregar esforço para buscar e persistir em obter o reino.

“Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos céus é tomado por força, e os que usam de força se apoderam dele” (Mt 11:12).

A quarta diferença reside na maneira como Deus considera o reino e a vida eterna. Deus considera a vida eterna como um presente, ela é dada a nós (Rm 6:23). Não se vê uma pessoa indo ao Senhor para buscar vida eterna. Nunca houve tal coisa, pois a vida eterna é uma graça gratuita, ela é dada por meio do Senhor Jesus para todos aqueles que crêem Nele.

Contudo, o mesmo não ocorre com o reino. O criminoso que foi crucificado juntamente com o Senhor disse a Ele: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no Teu reino”, (Lucas 23:42). O Senhor Jesus ouviu essa petição? Sem dúvida que sim. Mas Ele não concedeu o seu pedido. O Senhor não lhe respondeu que ele estaria com Ele no reino. O que Jesus respondeu-lhe foi: “Hoje estarás Comigo no Paraíso”, (v. 43). Note que a promessa de Jesus ao ladrão na cruz foi em relação ao paraíso e não em relação ao reino.

Uma vez que O invoquemos, podemos ir ao paraíso. Contudo, não é tão simples ir ao reino, isso porque há uma grande diferença aqui. A atitude de Deus para com a vida eterna e o reino dos céus é diferente: um é o presente de Deus e o outro é a recompensa de Deus. Existem outras passagens sobre o assunto na Bíblia que são muito interessantes.

Temos ainda uma quinta diferença. Apocalipse 20 mostra-nos que os mártires recebem o reino, embora não diga que sejam os únicos a receberem o reino (v. 4). A Bíblia, entretanto, nunca nos mostra que o homem deva ser martirizado a fim de receber a vida eterna. Se fosse o caso, o cristianismo se tornaria uma religião de morte, posto que o homem deveria morrer para conquistar a sua salvação eterna. Contudo, não se vê coisa semelhante.

Entretanto, o reino é diferente. O reino requer esforço. Até mesmo requer o martírio para obtê-lo. Por exemplo, a pobreza é uma condição para o reino dos céus. Para obter o reino, a pessoa precisa perder suas riquezas. Não podemos dizer que nenhum rico possa ser salvo. Não podemos dizer que ninguém pode entrar na vida eterna se não quiser perder suas riquezas.

No entanto, você já ouviu dizer que por ser difícil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, da mesma forma é difícil um rico entrar no reino dos céus (Mt 19:24). Todavia você já ouviu dizer que por ser impossível um camelo passar pelo fundo de uma agulha, da mesma forma é impossível que um rico seja salvo e tenha a vida eterna? Não, graças a Deus por isso. O pobre pode herdar a vida eterna e o rico também pode. Contudo, entrar no reino dos céus é um problema para o rico e para o pobre também.    

Se alguém ponderar um pouco, perceberá que na Bíblia, o reino e a vida eterna são duas coisas absolutamente diferentes. A condição para a salvação é a fé no Senhor. Além da fé, não há outra condição, pois todos os requisitos já foram cumpridos pelo Filho de Deus. A morte de Seu Filho satisfez todas as exigências de Deus. Mas entrar no reino dos céus é outra questão: requer obras.


Portanto, pode-se ver que a questão da vida eterna é completamente baseada no Senhor Jesus. Contudo, a questão do reino está baseada nos obras do homem. Não estou dizendo que o reino é melhor que vida eterna, mas Deus tem um lugar tanto para um como para o outro. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A SALVAÇÃO DE DEUS NÃO É UMA RECOMPENSA

O homem não é salvo por obras. Ninguém pode argumentar contra isso. Mas o homem é muito petulante. Por ter o seu coração obscurecido e cheio de pecado, por ser a sua carne má e cheia da lei, embora ele reconheça a fé, ele pressupõe que deva também adicionar obras. Muitos não vêem que é depois de ser salvo pela fé que alguém tem as obras.

A salvação nada tem a ver com obras. Não estou dizendo que não precisamos das obras. Nós damos atenção à obra. Contudo, essa não é a condição para a salvação. A salvação é um problema totalmente diferente. Não devemos esquecer que a Bíblia diz que se dermos mesmo uma pequena atenção a obras, a graça de Deus é anulada. Gálatas 2.21 diz: “Não anulo a graça de Deus, pois se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu em vão”. Uma vez que é graça, ele deve provir somente da fé e não das obras.

Prosseguindo no tema, vamos ao que diz em Romanos 4.4-5: “Ora, àquele que faz qualquer obra, o salário não é considerado como favor, e sim, como dívida. Mas ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”. Agora está claro. Se um homem pode ser salvo por suas obras, então a salvação torna-se uma recompensa. Não é mais a graça, mas torna-se algo que a pessoa merece.

Se a salvação é algo que alguém merece, então não é mais gratuito. A palavra gratuitamente na Bíblia (Rm 3.24) significa, na língua original, sem motivo. Em outras palavras, não existe razão para isso. Somos como o filho pródigo. Após tomarmos nossa herança, desperdiçamo-la com más companhias. Hoje estamos de volta à casa do Pai. A veste que usamos, os anéis, sandálias e o novilho cevado que comemos não são o que merecemos. Já gastamos o que nos era nosso por direito. Não merecemos o anel, não merecemos a veste, não merecemos comer o novilho cevado, e não merecemos usar as sandálias.

Que é, então, graça? Quando os que não merecem ser salvos são salvos, isso é graça. Graça é o que aqueles que não deviam obter, obtiveram. Aquilo que o filho mais novo levou da primeira vez não era graça. Ele já o gastou. O que ele recebeu da segunda vez foi totalmente graça. Sua própria porção foi gasta há muito tempo. Quando ele desfruta outra comida em casa, que não é aquela que ele merecia ter, isso é graça do Pai.

Portanto, se alguém trabalhou, a questão salarial passa a existir, e não é mais graça. A graça entra em conflito com o que alguém merece. Como, então, opera a fé? Quando não é obra ou labor, mas somente a fé no Deus que justifica o pecador, essa fé é imputada como justiça. Esta é a relação entre fé e graça. Se é pelas obras, então não é graça. Se é pela graça, então existe somente a fé. Crer é aceitar o que Deus realizou e não o quanto eu tenha feito.

Portanto, não apenas devemos dizer que a salvação é proveniente da fé, mas dizer que a salvação é proveniente unicamente da fé. Romanos 3.23-24 diz: 

“Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”

O texto nos diz que o Senhor Jesus se tornou um lugar de propiciação e que Deus justificou os que crêem Nele.
Não há maneira de nos vangloriarmos. Não há possibilidade de nos gabarmos, isso porque o versículo 27 continua: “Das obras? Não, pelo contrário, pela lei da fé”. Como o homem pode ficar livre de se gabar e como a jactância pode ser removida? Pelo principio da fé. Se alguém estiver no principio da fé, então ele não estará no principio das obras.

Agradeçamos a Deus porque temos o principio da fé. Portanto, não podemos gabar-nos. Podemos somente louvar e agradecer.

  

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A QUESTÃO DA LEI VERSUS FÉ

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus” (Gálatas 2.16).

A carta aos Gálatas nos mostra que alguns na Galácia contendiam sobre não ser suficiente o homem ser justificado pela fé no Senhor Jesus; achavam que ele ainda devia guardar a lei. Eles não estavam dizendo que o homem não deveria crer. Eles certamente reconheciam que um homem é justificado em Cristo. Mas estavam também dizendo que ele ainda precisava guardar a lei.

Paulo estava dizendo uma palavra muito dura aqui. Ele estava dizendo que quem pensava assim estava dizendo que após termos crido no Senhor Jesus, nós ainda não fomos justificados, ainda somos pecadores, e ainda devemos guardar a lei para ser salvos. Era essa a questão que estava sendo discutida pelos cristãos da Galácia.

Paulo foi contundentemente contra esse argumento porque viu nele uma ameaça à doutrina da salvação pela graça. Em sua carta aos Romanos 3, Paulo fez outra afirmação clara. O versículo 28 diz: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”. Essa é uma afirmação conclusiva. Agora é uma questão de fé. Nada tem a ver com a lei, absolutamente. Graças ao Senhor! Jesus é suficiente. Para a Bíblia, dar atenção à fé é dar atenção à graça de Deus.

Isso nos mostra que tudo vem pelo receber. Alguns gostam de exaltar os homens em sua pregação do evangelho. Mas se conhecemos a Bíblia, veremos que fora de Deus o homem é totalmente desamparado. Lembre-se destas duas sentenças: o homem não é salvo pela lei, tampouco é salvo pela fé com a lei. Este é o primeiro e mais comum engano do homem. Ele misturou a fé com a lei.

Efésios 2.8 e 9 dizem: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. Aqui a Palavra nos diz que a salvação é absolutamente pela graça e mediante a fé. É como dizer que a luz elétrica brilha pela eletricidade e mediante o fio condutor. É também como dizer que a água da torneira vem do reservatório no departamento de águas e mediante os encanamentos. O homem é salvo pela graça, mas o canal mediante o qual a salvação vem a nós é a fé.

O canal não são as obras, mas a fé. É somente mediante a fé e nada tem a ver com as obras. É preciso saber que a fé e as obras são basicamente opostas entre si. A graça do Senhor Jesus é baseada no amor de Deus. Quando cremos, a graça e o amor fluem para dentro de nós. Como resultado, somos salvos, temos vida, e somos justificados. Nada disso é transmitido a nós por meio das obras. Graças ao Senhor que não é por causa das obras! Por que não deveria sê-lo? A resposta aqui é: para que ninguém possa vangloriar-se.

Em Isaías 42.8 Deus diz: “Eu sou o Senhor, este é o meu nome! A minha glória a outrem não a darei”.  No caso da salvação, a obra foi totalmente realizada por Deus em Sua soberania. Porque, então Ele iria dividir a glória com os homens? A glória só pode ir para aquele que realizou a obra. Seria um absurdo alguém trabalhar e outro receber a glória. Por que Deus fez toda a obra de nos salvar? É para que Ele tenha toda a glória. Ele não quer que trabalhemos pela salvação para que não nos vangloriemos.

Vangloriar-se é glorificar a si mesmo. Se fizermos qualquer coisa que mereça alguma glória, não iremos agradecer e nem louvar a Deus diante Dele. Imediatamente diremos: “Sem dúvida, a salvação é concedida a mim por Ti. É a Tua obra. Mas acrescentei a minha parte a ela. Se não tivesse acrescentado minha parte, não seria salvo como o sou hoje”. O homem gosta de superestimar seus próprios méritos. Ele gosta de superestimar suas próprias virtudes. Se Deus dissesse que cumpriria noventa e nove por cento da obra de salvação e que deixaria um por cento para nós, este um por cento silenciaria os céus.

Eles iriam se gabar da maravilha de sua própria obra e diriam: “Eu passei por aquilo desta maneira ou daquela maneira. Como você conseguiu passar? Qual foi a sua contribuição? Cada um estaria se gabando de sua própria obra e Deus não teria possibilidade de obter a glória que Lhe pertence.

Agradecemos e louvamos ao Senhor! Ele não deixou uma única coisa para fazermos. Quando alcançarmos o céu, teremos de dizer que ainda somos pessoas desamparadas. Somente pudemos chegar lá por causa da graça “gratuita”. Essa palavra “gratuita” calará no céu todas as vanglórias e o encherá com ações de graça e louvor. Tudo será ações de graça e louvor, porque tudo é realizado por Deus.

Devemos aceitar que esta é uma verdade da Bíblia. A obra do homem e a graça de Deus não podem ser misturadas. Se o homem fizer algo, por menor que seja, para a sua salvação, isso entrará em conflito com a glória. Deus quer toda a glória, pois Ele realizou toda a obra!