A SALVAÇÃO DE DEUS NÃO É UMA
RECOMPENSA
O homem não é salvo por obras.
Ninguém pode argumentar contra isso. Mas o homem é muito petulante. Por ter o
seu coração obscurecido e cheio de pecado, por ser a sua carne má e cheia da
lei, embora ele reconheça a fé, ele pressupõe que deva também adicionar obras. Muitos
não vêem que é depois de ser salvo pela fé que alguém tem as obras.
A salvação nada tem a ver com
obras. Não estou dizendo que não precisamos das obras. Nós damos atenção à
obra. Contudo, essa não é a condição para a salvação. A salvação é um problema
totalmente diferente. Não devemos esquecer que a Bíblia diz que se dermos mesmo
uma pequena atenção a obras, a graça de Deus é anulada. Gálatas 2.21 diz: “Não
anulo a graça de Deus, pois se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo
morreu em vão”. Uma vez que é graça, ele deve provir somente da fé e
não das obras.
Prosseguindo no tema, vamos ao
que diz em Romanos 4.4-5: “Ora, àquele que faz qualquer obra, o
salário não é considerado como favor, e sim, como dívida. Mas ao que não
trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é imputada
como justiça”. Agora está claro. Se um homem pode ser salvo por suas obras,
então a salvação torna-se uma recompensa. Não é mais a graça, mas torna-se algo
que a pessoa merece.
Se a salvação é algo que alguém
merece, então não é mais gratuito. A palavra gratuitamente na Bíblia (Rm 3.24) significa, na língua original, sem motivo. Em outras palavras, não
existe razão para isso. Somos como o filho pródigo. Após tomarmos nossa
herança, desperdiçamo-la com más companhias. Hoje estamos de volta à casa do
Pai. A veste que usamos, os anéis, sandálias e o novilho cevado que comemos não
são o que merecemos. Já gastamos o que nos era nosso por direito. Não merecemos
o anel, não merecemos a veste, não merecemos comer o novilho cevado, e não
merecemos usar as sandálias.
Que é, então, graça? Quando os
que não merecem ser salvos são salvos, isso é graça. Graça é o que aqueles que
não deviam obter, obtiveram. Aquilo que o filho mais novo levou da primeira vez
não era graça. Ele já o gastou. O que ele recebeu da segunda vez foi totalmente
graça. Sua própria porção foi gasta há muito tempo. Quando ele desfruta outra
comida em casa, que não é aquela que ele merecia ter, isso é graça do Pai.
Portanto, se alguém trabalhou,
a questão salarial passa a existir, e não é mais graça. A graça entra em
conflito com o que alguém merece. Como, então, opera a fé? Quando não é obra ou
labor, mas somente a fé no Deus que justifica o pecador, essa fé é imputada
como justiça. Esta é a relação entre fé e graça. Se é pelas obras, então não é
graça. Se é pela graça, então existe somente a fé. Crer é aceitar o que Deus
realizou e não o quanto eu tenha feito.
Portanto, não apenas devemos
dizer que a salvação é proveniente da fé, mas dizer que a salvação é
proveniente unicamente da fé. Romanos 3.23-24 diz:
“Pois todos pecaram e destituídos
estão da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela sua graça, pela
redenção que há em Cristo Jesus”.
O texto nos diz que o Senhor Jesus se
tornou um lugar de propiciação e que Deus justificou os que crêem Nele.
Não há maneira de nos vangloriarmos.
Não há possibilidade de nos gabarmos, isso porque o versículo 27 continua: “Das
obras? Não, pelo contrário, pela lei da fé”. Como o homem pode ficar
livre de se gabar e como a jactância pode ser removida? Pelo principio da fé.
Se alguém estiver no principio da fé, então ele não estará no principio das
obras.
Agradeçamos a Deus porque temos
o principio da fé. Portanto, não podemos gabar-nos. Podemos somente louvar e
agradecer.
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