sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O Reino dos Céus é uma Questão do Nosso Espírito

Muitos cristãos não compreendem a que o Senhor Jesus estava se referindo quando falou de ser pobre em espírito. Além disso, eles não sabem que o Reino dos céus é uma questão do nosso espírito. Se não conhecemos a maneira como funciona o nosso espírito e também ignorarmos as suas funções, estamos em apuros, pois, não será possível para nós, entrar no Reino dos céus.

O Senhor Jesus conhecia muito bem a situação real da sua audiência, uma audiência composta de galileus. Eles eram pessoas cheias do conceito tradicional da religião. Até mesmo a mulher samaritana, que era alguém de vida promíscua, tinha vários conceitos religiosos. A conversa dela com o Senhor expôs esse fato. Se até mesmo uma mulher de baixo nível estava cheia de conceitos religiosos, certamente os pescadores galileus também estavam.

Os judeus, de maneira geral, estavam cheios dos conceitos tradicionais religiosos, do conhecimento espiritual e dos ensinamentos da lei. Eles sabiam tudo sobre a cidade santa, o templo santo, e sobre o sagrado sistema de serviço sacerdotal. Eles conheciam as ordenanças e os regulamentos, aos quais consideravam bênçãos exteriores.

O Senhor Jesus veio como o novo Rei para iniciar uma nova dispensação. Com a vinda do novo Rei, Deus iniciou uma nova economia. A nova dispensação de Deus estava totalmente comprometida com uma pessoa maravilhosa. Não considere o Reino dos céus como algo à parte de Cristo. Não, o Reino é o próprio Cristo. Sem o Rei não poderíamos ter o Reino. Não podemos ter o Reino dos céus sem Cristo.

Quando os fariseus interrogaram o Senhor Jesus sobre quando viria o Reino de Deus, Ele respondeu: "Porque eis que o Reino de Deus está entre vós". (Lc.17:21) A palavra do Senhor aos fariseus indica que Ele mesmo era o Reino. Onde Jesus está, aí está também o Reino. O Reino é simplesmente a Pessoa do Rei. Portanto, quando temos o Rei, temos também o Reino.

Quando Pedro, André, Tiago e João foram a Jerusalém para as festas, João Batista estava ministrando no deserto nas cercanias da cidade santa. Sem dúvida esses quatro foram atraídos ao Batista e foi nessa ocasião que eles acabaram se encontrando com o Senhor Jesus e foram salvos à margem do Jordão. Eles, sem dúvida, assistiram o batismo e a unção do Senhor Jesus.

Sabemos que logo após o batismo e a unção do Espírito, houve um período de quarenta dias quando Ele foi testado. Aqueles quarenta dias foram também um teste para esses quatro discípulos recém-salvos. O Senhor Jesus passou no teste, mas os discípulos fracassaram, pois, esqueceram da sua experiência de salvação à margem do Jordão e retornaram ao mar da Galiléia para obter o sustento.

Dois foram pescar e dois, remendar as redes. Esse fato mostra que, embora tenham sido salvos, retornaram à sua velha situação. Portanto, eles fracassaram. Foi preciso que o Senhor Jesus, após os quarenta dias em que obteve a vitória sobre satanás, retornasse ao mar da Galiléia. Qual não foi o espanto dos quatro pescadores quando viram chegar aquele que haviam conhecido como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Subitamente, Aquele com quem eles haviam se encontrado apareceu como uma grande luz resplandecendo sobre eles. Isso nos mostra que o fato de conhecer o Senhor Jesus como o Cordeiro de Deus não garante que possamos vê-lo também como o grande Rei do Reino dos céus.

Esse foi o principal problema que sempre afligiu a igreja. Crer em Jesus como o salvador, mas, não crer Nele como Rei. Aceitar a Sua salvação, porém não aceitar a Sua autoridade real. Quando o apêlo para aceitar Jesus como salvador é feito, na maioria das igrejas, muitos aceitam e manifestam alegria. Isto é muito bom. Porém, quando é feito apêlo para que aceitem a autoridade de Jesus, nota-se certo desconforto na platéia. Poucos são convencidos disso. A maioria dos crentes quer somente a salvação. Desejam o céu, mas não desejam o Reino dos céus e nem o governo de Deus.

Quando o Rei entra no espírito de alguém, significa que o Reino também entra em seu espírito. No ensinamento do cristianismo degradado de hoje, muito poucos enfatizam que o Cristo que entra em nosso espírito é o próprio Rei com o Reino. Quando Ele entrou em seu espírito, o Reino veio com Ele. Agora em nosso espírito não apenas temos o Salvador, temos também o Rei com o Seu Reino.
      
A partir daí, nossa atitude deve ser de submissão e obediência ao governo de Deus. É por isso que Jesus ensinou de forma incisiva dizendo: "Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando". (João 15:14). "...Esta palavra que ouvis não é minha, mas do meu Pai que me enviou" (Jo 15:23b). Submeter - nos ao governo de Deus é o grande desafio para a igreja do presente século como o foi para a igreja em todas as eras de sua história. Pense nisso e examine seu coração. Será que você está pobre em seu espírito de forma que Deus possa preencher tua vida? Você é capaz de ouvir a voz de Deus quando ele fala ao teu espírito? Lembre-se: O Reino dos céus é totalmente uma questão do nosso espírito!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Pobres em espírito para Receber o Reino dos Céus

Voltamos a estudar o Evangelho de Mateus e a constituição do Reino que foi revelada por Jesus nos capítulos 5, 6 e 7.
Em Mateus 5:3 diz: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”. Embora muitos falem sobre as bem-aventuranças desses versículos, não temos ouvido ninguém falar sobre o “espírito” no versículo 3, mas saiba que o reino dos céus está relacionado ao nosso espírito.
O espírito mencionado no verso 3 refere-se não ao Espírito de Deus, mas ao espírito humano, a parte mais profunda do nosso ser, o órgão para contatarmos Deus e percebermos as coisas espirituais. Ser pobre em espírito não significa ter um espírito pobre. Nosso espírito nunca deve ser pobre. Ter um espírito pobre seria lamentável.
Mas se somos pobres em nosso espírito, somos bem-aventurados. Ser pobre em espírito não é apenas ser humilde, mas é também estar esvaziado em nosso espírito, nas profundezas do nosso ser, não nos apegando às coisas antigas da velha dispensação, mas desembaraçados para receber coisas novas, as coisas do Reino dos céus.
Precisamos ser pobres, esvaziados e desembaraçados nessa parte do nosso ser para que possamos perceber e possuir o Reino dos céus. Isso indica que o Reino dos céus é uma questão espiritual, não material. Precisamos esvaziar nosso espírito de todas as coisas velhas que nos tem enchido.
Os mais enchidos em espírito são os muçulmanos. Não há absolutamente nenhum espaço vazio no espírito deles. Por isso, é muito difícil falar com eles sobre o Evangelho. O diabo encheu totalmente o espírito deles. Porque o espírito dos muçulmanos é tão ocupado pela religiosidade do Islã, é difícil a algum muçulmano crer no Senhor Jesus.
Os judeus também estão cheios em seu espírito com as coisas do judaísmo. O espírito deles está carregado com as coisas da sua religião. Eles são tão obstinados como os muçulmanos. Hoje muitos cristãos estão também enchidos em seu espírito. Se falar aos que estão nas denominações, descobrirá que o espírito deles está cheio. Quase todos os cristãos hoje estão cheios em seu espírito com algo além de Deus.
Quando o Senhor Jesus veio pregar: “Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus” (Mt 4:7), não muitos puderam receber Sua palavra porque o espírito deles estava cheio com outras coisas. A melhor bebida estava sendo oferecida, mas o recipiente deles já estava cheio. Por isso eles não tinham sede. Quando o nosso espírito está cheio, não temos capacidade em nosso recipiente, nem mesmo para a melhor bebida.
Portanto, quando o Senhor falou aos discípulos no monte, a palavra de abertura do Seu decreto era que devemos ser pobres em espírito, que o nosso espírito deve estar vazio de todas as coisas.
Quando pregamos aos crentes dizendo que eles não precisam de mais ensinamentos, pois já tem ensinamentos suficientes e que o que precisam é da vida e do espírito, minhas palavras são recebidas como ofensa. Tal reação comprova que eles não estão pobres em espírito. Antes, o espírito deles foi cheio com as assim chamadas “doutrinas”. O problema é que essas doutrinas são como galhos secos, bons apenas para o fogo.
Muitos cristãos estão ansiosos para ir aos céus, mas dificilmente alguém deseja estar no Reino dos céus. É um erro estar ansioso a cerca do céu. O coração de Deus não está nos céus; está no Reino dos céus.
O Reino dos céus é um termo específico usado por Mateus, indicando que o Reino dos céus difere do Reino de Deus, que é o termo usado nos outros três evangelhos. O Reino de Deus se refere ao domínio de Deus de uma maneira geral, da eternidade passada à eternidade futura. Abrange a eternidade sem princípio antes da fundação do mundo, o paraíso de Adão, os patriarcas escolhidos, a nação de Israel no Velho Testamento, a igreja no Novo Testamento, o reino milenial vindouro com seu governo celestial (a manifestação do Reino dos céus), e o novo céu e a nova terra com a Nova Jerusalém sem fim pela eternidade. O Reino dos céus é uma seção especial dentro do Reino de Deus, composta apenas da igreja hoje e da parte celestial do Reino milenial vindouro.
Se você quiser entender Mateus, você deve diferenciar o Reino dos céus do Reino de Deus. O Reino de Deus é simplesmente o governo divino. É o governo de Deus da eternidade passada à eternidade futura. O Reino dos céus é uma parte do reino de Deus, assim como São Paulo é uma parte do Brasil. Quando alguém viaja do exterior e vem para são Paulo, ela pode dizer que veio ao Brasil. Embora São Paulo possa ser chamado de Brasil, Brasil não pode ser chamado de São Paulo.
Da mesma maneira, embora o Reino dos céus possa ser chamado de Reino de Deus, o Reino de Deus não pode ser chamado de Reino dos céus. O que temos na igreja hoje é a realidade do Reino dos céus, não a manifestação. A manifestação só acontecerá durante o milênio.
Os pobres em espírito são bem-aventurados, porque deles é o Reino dos céus. Note que o Senhor Jesus não diz: “porque deles é o Reino de Deus”. Quando nos tornamos pobres em nosso espírito, estamos prontos para receber o Rei celestial. Quando Ele vem, Ele traz o Reino dos céus com Ele. Imediatamente após receber o Rei celestial, estamos na igreja, onde a realidade do Reino dos céus está.
Se formos vencedores, na Sua vinda o Senhor nos introduzirá na manifestação do Reino dos céus. Ter o Reino dos céus é principalmente participar na vida normal e adequada da igreja e, em segundo lugar, herdar a manifestação do Reino dos céus. Esse é o significado das palavras “porque deles é o Reino dos céus”.
Os cristãos desviados e os carnais perderão a realidade do Reino dos céus nesta era e a manifestação do Reino dos céus na era vindoura. Que benção é ser pobre em espírito! Se somos pobres em espírito, o Reino dos céus é nosso. Graças a Deus pela primeira bem-aventurança e pelo Reino dos céus! 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ecos de um passado de luta pelo Reino de Deus

“Irmãos, em todos os nossos corações há esta inimizade natural contra Deus e contra a soberania da Sua graça”.
“Sei de homens que mordem seus lábios e rangem os dentes de raiva quando prego a soberania de Deus... Os visionários e doutrinadores atuais admitem a existência de um Deus, porém Ele não deve ser Rei: quer dizer, eles preferem um deus que não é deus, e dão preferência ao servo e não Aquele que exerce governo sobre os homens”.                    (Palavras de Charles Haddon Spurgeon – 1834-1892)
Hoje estamos trazendo aos seguidores de “Diários do Reino” algumas palavras que estão lá no passado remoto da igreja. São palavras de um valente guerreiro que está esquecido, mas cuja vida e ministério estão até hoje influenciando e iluminando aqueles que dão valor à verdade.
Spurgeon dizia: “Penso eu que vocês perceberão que o plano divino de salvação é formado com muita clareza. Ele começa, vejam vocês, na vontade e no beneplácito de Deus: “Quando aprouve a Deus”. O alicerce da salvação não é posto na vontade do homem. Não começa pela obediência do homem, prosseguindo dali em diante para o propósito de Deus, mas aqui está o começo, aqui estão as cabeceiras das quais fluem as águas vivas: “Aprouve a Deus”.
Depois da vontade soberana e do beneplácito de Deus vem o ato de separação, comumente conhecido pelo nome de “eleição”. O texto declara que este ato ocorreu já no ventre materno, o que nos ensina que se deu antes do nosso nascimento, quando ainda não poderíamos ter feito nada para obtê-lo ou merecê-lo.
Deus nos separou desde a mais primitiva parte e desde o primeiríssimo tempo da nossa existência; e, na verdade, desde muito antes disso, quando os montes e os outeiros ainda não tinham sido erigidos, e os oceanos ainda não tinham sido formados por Seu poder criador, Ele, segundo seu propósito eterno, separou-nos para Si. E, então, depois desse ato de separação, veio a vocação eficaz: “e me chamou pela sua graça”.
“A vocação não causa a eleição, mas a eleição, brotando do propósito divino, causa a vocação. A vocação vem como uma conseqüência do propósito divino e da separação divina, e vocês, certamente notarão que a obediência segue a vocação. Portanto, todo o processo corre assim: primeiro, o sacro e soberano propósito de Deus, depois a distinta e definida eleição ou separação, depois a vocação eficaz e irresistível, e a seguir, a obediência para a vida e os doces frutos do Espírito que dela brotam”.
“Erram aqueles que, ignorando as Escrituras, põem qualquer parte deste processo antes das demais, não concordando com a ordem das Escrituras. Aqueles que colocam a vontade humana em primeiro lugar, não sabem o que dizem, nem o que afirmam”.
O nosso propósito em por em relevo esta particular doutrina no presente contexto é unicamente mostrar que Spurgeon considerava que a “doutrina da redenção” é uma das mais importantes doutrinas do sistema de fé. Ele considerava que um erro neste ponto levaria inevitavelmente a um erro em todo o sistema da nossa crença.
Esta foi sua convicção até o fim de sua vida de pregador da palavra. Ele dizia: “A graça de Deus não pode ser frustrada, e Jesus Cristo não morreu em vão. Penso que estes dois princípios estão na raiz de toda sã doutrina”. “Afinal de contas, a graça da Deus não pode ser frustrada. Seu propósito eterno será cumprido, Seu sacrifício e selo serão eficazes; os escolhidos pela graça serão conduzidos à glória”.
O redator dos Diários do Reino se alegra em ver que essa pregação feita no século XIX pode ser atual e chegar até os crentes do século XXI.
“Assim como bem sabeis de que modo vos exortávamos e consolávamos, como um pai aos seus filhos, para que andásseis de um modo digno de Deus, que vos chama para o Seu Reino e glória” (I Ts. 2:11-12)
“Mas como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento” (I Pe. 1:15).
“O seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e virtude” (II Pe.1:3).

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A Constituição do Reino

Uma das coisas mais difíceis para os crentes entenderem é o Reino dos céus. O Reino dos céus não corresponde a qualquer conceito natural ou religioso. Para entendermos o Reino dos céus devemos livrar-nos dos conceitos tradicionais recebidos do nosso passado no cristianismo. Estudamos esse assunto por muitos anos e continuamos a estudá-lo diariamente para termos a certeza de que o que temos visto na Bíblia a respeito do Reino está correto.
O Evangelho de Mateus é o Evangelho do Reino dos céus e por isso estamos gastando algum tempo para compreendermos bem o seu conteúdo. Os capítulos 5, 6 e 7 são chamados de “a constituição do Reino dos céus”. Cada nação tem uma constituição. Certamente que o Reino dos céus deve ter uma constituição e nesses três capítulos, as palavras faladas pelo Rei do Reino dos céus nos declaram aspectos importantes dessa constituição.
A constituição do Reino dos céus é composta de sete seções:
·                     A natureza do povo do Reino – Cap. 5:1-12.
·                     A influência do povo do Reino sobre o mundo – vs. 13-16.
·                     A lei do povo do Reino – vs. 17-48.
·                     Os feitos justos do povo do Reino – cap. 6:1-18.
·                     O tratamento do povo do Reino com as riquezas – vs. 19-34.
·                     Os princípios do povo do Reino ao tratar com os outros – cap. 7:1-12.
·                     A base do viver e obra do povo do Reino – vs. 13-29.
Mateus 5:1 diz: “Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e como se assentasse, aproximaram-se dele os seus discípulos”. O novo Rei chamou Seus seguidores no litoral, mas subiu ao monte para dar-lhes a constituição do Reino dos céus. Isso indica que precisamos ir mais alto com Jesus para ter a percepção do Reino dos céus.
É muito significativo que a constituição do Reino tenha sido decretada sobre um monte. O mar significa o mundo corrompido de Satanás. Quando fomos alcançados pelo Senhor, estávamos no mundo corrompido de Satanás esforçando-nos para ganhar a vida. Mas após o Senhor Jesus nos chamar, Ele nos levou a um alto monte que representa o Reino dos céus.
Na Bíblia, um monte algumas vezes representa o Reino. Por exemplo, de acordo com Daniel 2:34-35, a pedra cortada sem o auxílio de mãos quebrou a imagem em pedaços e tornou-se uma grande montanha que encheu toda a terra. Essa montanha representa o Reino, especialmente o Reino dos céus.
Se quisermos ouvir o decreto da constituição do Reino dos céus, não podemos estar numa planície, mas devemos subir num alto monte. Devemos estar num nível alto para ouvir e entender essa constituição. No litoral, o Senhor simplesmente disse: “Segue-me”. Mas para decretar a constituição do Reino dos céus Ele levou-os ao cume de um monte. Seguir o Senhor pode ser fácil, mas ouvir e obedecer à constituição do Reino requer que subamos ao cume de um alto monte.
Nos versículos 1 e 2 vemos que o Senhor ensinou os discípulos, não as multidões. As multidões que se ajuntaram ao redor d’Ele eram o círculo externo, mas Seus discípulos eram o círculo interno. Embora você possa estar no monte, deve também estar no círculo interno, porque a constituição não é para os do círculo externo, é para o círculo interno.
Vamos ver agora a seção da constituição que fala sobre a natureza do povo do Reino. Os versículos 3-12 descrevem nove aspectos da natureza do povo do Reino: * Eles são pobres em espírito, choram pela situação presente, são mansos ao sofrer oposição, têm fome e sede de justiça, exercem misericórdia para com os outros, são puros no coração, têm paz com todos os homens, sofrem perseguição por causa da justiça e sofrem por serem difamados e injuriados.
Cada aspecto começa com a palavra: “Bem-aventurados”. Nas próximas leituras iremos analisar cada uma das bem-aventuranças para aprender como deve ser a nossa nova natureza no Reino dos céus. 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Direito de Primogenitura

“Ninguém seja devasso, ou profano, como foi Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura” (Hb 12:16).
O primeiro filho de Jacó foi Rúbem. Rúbem devia ter ficado com a porção do primogênito que era o direito de primogenitura. A primogenitura incluía três elementos: a porção dobrada da terra, o sacerdócio e a realeza. Embora Rúbem fosse o primogênito ele perdeu a primogenitura por causa da sua profanação. Diz a Bíblia que Ele cometeu o ato de subir ao leito de Jacó e ter relação com a esposa dele: “Os filhos de Rúbem, o primogênito de Israel (era ele o primogênito, mas quando profanou a cama de seu pai, a sua primogenitura foi dada aos filhos de José, filho de Israel; de sorte que na genealogia não pôde ser contado como primogênito)” (I Cr 5:1).
Vemos aqui que a porção dobrada de terra foi para José que era o filho mais apegado ao pai e o que era mais de acordo com o coração do Pai (Gn 37:3). A porção relativa ao sacerdócio foi para Levi (Dt 38:8-10). Levi era verdadeiramente segundo o coração de Deus. Para cumprir o desejo de Deus, ele esqueceu seus pais, seus irmãos e seus filhos, e unicamente se importou com o desejo de Deus. Assim ele recebeu a porção da primogenitura do sacerdócio.
A realeza, outra porção da primogenitura, foi entregue a Judá (Gn 49:10). Ao lermos Gênesis, descobrimos a razão para isso. Quando José estava sofrendo sob a conspiração de seus irmãos, Judá cuidou dele. Ele cuidou também de Benjamim em tempos de sofrimento (Gn 37:26 e 43:8-9). Por essa razão, cremos, a realeza foi para Judá.
O que isso tem a ver com a igreja hoje? Hoje somos a “igreja dos primogênitos” (Hb 12:23). Nossa primogenitura também é composta de três elementos: A porção dobrada de Cristo, o sacerdócio e a realeza. Estamos em Cristo e podemos desfrutá-lo em porção dobrada. Somos também sacerdotes e reis de Deus. Entretanto, muitos cristãos perdem sua primogenitura. Se quisermos desfrutar a porção extra de Cristo, devemos conservar a nossa primogenitura.
Todos os cristãos renasceram como sacerdotes: “Àquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reino e sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele seja glória e poder para todo o sempre. Amém” (Ap 1:5-6).
Mas hoje muitos perderam o sacerdócio porque perderam a posição de interceder, para eles é difícil orar. Para conservarmos nosso sacerdócio, devemos cuidar dos interesses de Deus. O desejo de Deus deve estar em primeiro lugar. Se o desejo de Deus é prioridade em nosso coração, então estaremos próximos a Ele e o nosso sacerdócio estará seguro.
Todos os cristãos também são regenerados como reis: “Para o nosso Deus os fizeste reino e sacerdotes, e eles reinarão sobre a terra” (Ap 5:10). Mas muitos perderam sua realeza. Quando o Senhor Jesus retornar a terra para implantar o governo total de Deus, os santos vencedores estarão com Ele para serem sacerdotes e co-reis com Cristo “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição. Sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos” (Ap 20:6).
A Bíblia nos adverte a não perdermos nosso direito de primogenitura como Esaú. Todos nós precisamos estar alertas. Temos a posição e já possuímos a primogenitura, mas preservá-la depende de guardar-nos a nós mesmos e não sermos profanos ou corruptos. Precisamos nos conservar puros, separar-nos absolutamente para o Senhor e cuidarmos, de forma amorosa, em fazer a vontade do Pai acima de todas as coisas.   
Precisamos cuidar amorosamente dos nossos irmãos que estão em sofrimento. Se formos assim, certamente conservaremos nosso direito de primogenitura. A porção extra do desfrute de Cristo, o sacerdócio e a realeza serão nossos!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Aprendendo Com Jacó

“Abraão gerou a Isaque, Isaque gerou a Jacó” (Mateus 1: 2).
Isaque e Ismael eram irmãos por parte de pai, mas com mães diferentes. Jacó e Esaú eram mais próximos, eram gêmeos. Jacó significa suplantador. Ele suplanta os outros, elevando-se sobre eles. Quando ele e seu irmão mais velho Esaú estavam saindo do ventre, Jacó agarrou o calcanhar de Esaú. Jacó parecia dizer: “Esaú, não saia ainda! Espere por mim. Deixe-me sair primeiro! Jacó era um verdadeiro segurador de calcanhar.
O significado do nome Jacó é o segurador de calcanhar, o suplantador. Ele derrota outros. Ele os coloca sob seus pés por qualquer meio enganoso. Isso é Jacó.
Porque Deus já escolhera Jacó, todo empenho dele era desnecessário. Jacó precisava de uma visão. Ele não precisava suplantar outros, porque Deus o escolhera para ser o número um. Mesmo antes de os gêmeos nascerem, Deus tinha dito à mãe que o mais jovem seria o primeiro, e o mais velho seria o segundo. Está escrito: “Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú” (Ml 1: 2-3).
Infelizmente Jacó não percebeu isso. Se o tivesse percebido nunca teria tentado fazer nada. Antes, teria dito a Esaú: “Se quer sair primeiro pode ir. Não importa quanto você tente ser o primeiro, eu ainda serei o primeiro. Você nunca poderá vencer-me, porque Deus me elegeu”.
Jacó, entretanto, não sabia disso. Mesmo quando ele cresceu ainda não percebia isso. Assim, ele estava constantemente tentando suplantar. Onde quer que fosse ele suplantava. Ele suplantou seu irmão (Gn 25:29-33), e suplantou seu tio (Gn 30:37 e 31:1). Ele planejou e roubou seu tio Labão. Contudo, todo seu labor foi em vão. Deus poderia dizer-lhe: “Jacó, seu tolo. Não precisa fazer isso. Eu lhe darei mais do que você conseguiu obter por seus esforços humanos”.
Mas Jacó continuou lutando. Embora fosse um descendente de Abraão, suas atitudes eram as de um descendente do diabo. Você compreende isso? Posicionalmente falando, Jacó era um descendente de Abraão, mas disposicionalmente, ele era um filho do diabo.
Que precisava acontecer? Ele precisava do tratamento de Deus. Por isso Deus levantou seu irmão Esaú, e depois seu tio Labão, para tratar com ele. Deus levantou até mesmo quatro esposas e doze ajudantes varões. Havia muito sofrimento na vida de Jacó, mas esse sofrimento veio do seu próprio esforço, não da escolha de Deus. Quanto mais ele lutava, mais sofria. Podemos rir de Jacó, mas somos exatamente iguais a ele. Quanto mais tentamos fazer algo, mais problemas temos.
Em Cristo, precisamos primeiramente da vida de Abraão. Precisamos esquecer o que somos, viver por Cristo e confiar n’Ele. Em segundo lugar, em Cristo não temos necessidade de “Ismael”, nossos feitos; precisamos de “Israel”. Não precisamos do Jacó natural, mas do Israel transformado, o príncipe de Deus.
Você percebe que absolutamente não depende de você? Ao ler isso, você pode dizer: “Se não depende de mim, mas inteiramente de Deus, então pararei a minha busca”. Muito bom. Se você puder parar sua busca, parabéns! Se puder pará-la, ela deve ser parada. Asseguro-lhe que, quanto mais você parar, melhor. Quanto mais você parar, mais Ele se levantará. Tente. Diga ao Senhor: “Senhor, eu paro minha busca!” O Senhor dirá: “Isso é maravilhoso! Sua pausa abre a porta para que Eu faça algo”.
Todos fomos escolhidos. Em certo sentido não escolhemos esse caminho, mas aqui estamos. Que podemos fazer? Se lermos Romanos 9 descobriremos que depende d’Ele, não de nós. Ele era e ainda é a fonte. Louvado seja o Senhor que a Sua misericórdia chegou a nós! “Pois ele diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia” (Rm 9:15).
Foi por Sua misericórdia que fomos escolhidos para estar unidos a Cristo e participar d’Ele como a benção eterna de Deus!  A genealogia de Cristo é uma questão do direito de primogenitura, e o direito de primogenitura é principalmente a união com Cristo e a participação em Cristo.
O suplantar de Jacó não era justificável, mas sua busca pela primogenitura certamente foi honrada por Deus. Esaú desprezou a primogenitura e vendeu-a por um preço baixo (Gn 25:29-34). Ele a perdeu e não foi capaz de reavê-la, mesmo tendo chorado e lamentado por ela (Gn 27:34- 38). Ele perdeu a benção de participar de Cristo. Isso deve ser uma advertência para nós.
Jacó honrou e buscou o direito de primogenitura, e o alcançou. Ele herdou a benção prometida por Deus. A benção de Cristo: “A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás ao ocidente, ao oriente, ao norte e ao sul e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 28:14).

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Particularidades da Raça “CHAMADA”

A raça caída sempre gosta de estar fazendo e realizando as coisas por seus próprios esforços.
Os filhos de Deus, a raça chamada, costumam esquecer o passado. Desistem do que são e daquilo que têm, e põem a confiança em Cristo. Então, como herdeiros da promessa, costumam andar na presença de Deus pela fé. Por isso são considerados a descendência de Abraão. (Gl 3:29).
Andar na presença de Deus pela fé significa que não nos apegamos à coisa alguma, nem mesmo as coisas dadas por Deus. Os melhores dons, dados pelo próprio Senhor, devem ser devolvidos a Ele. Não retenha algo em que possa ser tentado a confiar, confie apenas e sempre no Senhor. Abraão fez isso. Viveu e andou na presença de Deus simplesmente pela fé.
É claro que isso não é fácil. O próprio Abraão precisou exercitar os comandos de Deus para que, por fim, pudesse ter atitudes corretas. O Evangelho de Mateus diz: “Abraão gerou a Isaque” (Mat 1: 2). Qual é o ponto importante aqui com respeito à Isaque? É que Isaque nasceu pela promessa (Gl 4:22-26). Ele era o único herdeiro: “e disse a Abraão: Deita fora esta escrava e seu filho, pois o filho desta escrava não herdará com meu filho Isaque” (Gn 21:10). Deus confirmou as palavras de Sara, e no tempo certo Isaque recebeu a promessa. (Gn 26: 3-4).
Deus prometeu a Abraão um filho. Sara, pretendendo ajudar Deus a cumprir Sua promessa, fez uma sugestão a Abraão. Ela deve ter argumentado assim: “Veja, Abraão, Deus prometeu dar-lhe um descendente para herdar essa boa terra. Mas olhe para você – que tem quase noventa anos! E olhe para mim – eu sou tão velha! É impossível que eu possa gerar uma criança, até porque eu sou estéril. Devemos fazer alguma coisa para ajudar Deus a cumprir o Seu propósito. Tenho uma boa serva chamada Hagar. Certamente você poderia ter um filho com ela” (Gn 16:1-2).
Muitas vezes o nosso conceito natural tem algumas sugestões para tirar-nos do espírito. Frequentemente nosso conceito natural diz: “Eis aqui uma boa maneira de fazer isso. Faça dessa maneira”. Se dermos ouvidos a tal proposta certamente nos afastaremos da promessa e do propósito de Deus.
Abraão aceitou a proposta de Sara e o resultado foi Ismael (Gn 16:15). Agir de acordo com a sugestão de Sara não ajudou Deus; antes, prejudicou Abraão em realizar o propósito de Deus. Essa é uma questão muito importante. A lição que extraímos daqui, é que, como raça chamada, tudo quanto fazemos com nossos próprios esforços resulta em um Ismael. O que quer que façamos por nós mesmos na vida da igreja, mesmo na pregação do evangelho, apenas produzirá um Ismael. Não produza “Ismaéis”! Dê um fim em você mesmo! Você já cruzou o grande rio. Não viva por si mesmo ou faça algo por si mesmo. Antes deve dizer: “Senhor, eu não sou nada. Sem ti, nada posso fazer. Senhor, se Tu não fizeres algo, então eu não farei também. Se Tu descansares, eu descansarei. Senhor, deposito minha confiança em Ti!”
Lembra-se o que é um Abraão: um Abraão é “um chamado” que nada faz por si mesmo. Veja o exemplo de Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma; ele só pode fazer o que vê o Pai fazendo, porque tudo o que o Pai faz, o filho o faz igualmente. Porque o Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que faz” (João 5: 19-20).
Abraão queria manter Ismael e confiar nele, mas Deus rejeitou Ismael (Gn 17:18-19). Também gostamos de preservar nossa própria obra e depender dela, mas Deus não a reconhece. Deus, finalmente, exigiu de Abraão que expulsasse Ismael e sua mãe (Gn 21:10-12). Foi difícil para Abraão obedecer à ordem de Deus. Mas ele tinha de aprender a lição de não viver por si mesmo, a lição de desistir de seu próprio esforço e não fazer nada por si mesmo. Ele tinha um filho, mas deveria desistir dele. Essa é a lição de Abraão.
Participar em Cristo, da raça chamada, requer que nunca confiemos em nossos próprios esforços nem em nada que somos capazes de fazer. Assim como Ismael era um impedimento para Isaque herdar a promessa de Deus, também nossos próprios esforços e obras sempre serão impedimentos para nossa participação em Cristo. Queremos ou não herdar o Reino?
Se queremos herdar, devemos abandonar tudo o que somos e tudo o que temos a fim de esperar na promessa de Deus, devemos renunciar tudo da nossa vida natural; caso contrário, não podemos desfrutar Cristo plenamente. Após nossa força natural ter-se esgotado, a promessa de Deus vem. Após Ismael ter sido expulso, Isaque tinha a posição correta para participar da benção da promessa de Deus.
O que é Isaque? Isaque é o resultado de viver e andar por fé. Isto é Cristo. Isaque era um tipo completo de Cristo herdando todas as riquezas do Pai. Todos nós devemos experienciar Cristo de tal maneira; não pelos nossos feitos, esforços ou diligência, mas simplesmente por confiar n’Ele. Nossa confiança n’Ele resultará em Isaque. Somente Isaque é o elemento verdadeiro da genealogia de Cristo. Nem todos os filhos da carne de Abraão são filhos de Deus; apenas em Isaque Deus terá seus filhos. 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Os antecedentes e a posição do Rei

Há uma diferença muito grande entre as duas genealogias apresentadas nos Evangelhos de Lucas e Mateus. A genealogia em Mateus começa com Abraão, mas a de Lucas retorna a Adão. Mateus não inclui Adão e seus descendentes, mas Lucas sim. Por que essa diferença?
Lucas é um livro da salvação de Deus, enquanto Mateus é um livro do reino. A salvação de Deus é para a raça criada e caída representada por Adão, mas o Reino dos céus é apenas para o povo escolhido de Deus, a raça chamada, representada por Abraão. Por isso Mateus começa com Abraão.
Nos primeiros dez capítulos e meio de Gênesis, Deus tentou trabalhar com a raça criada, mas não conseguiu. A raça criada falhou com Ele. O homem caiu a tal ponto que toda humanidade rebelou-se contra Deus ao extremo e edificou a torre e a cidade de Babel para expressar sua rebelião (Gn 11. 1-9). Então, Deus desistiu da raça criada e caída, e chamou uma pessoa, Abraão, para fora daquela raça a fim de ser o pai de outra raça.
De um lugar cheio de idolatria e rebelião, onde todos eram unidos com Satanás, Deus chamou Abraão. Deus desistiu da raça adâmica e investiu todo Seu interesse nessa nova raça, tendo Abraão como cabeça. Essa é a raça ‘chamada’, a raça transformada. Não é uma raça segundo a natureza, mas segundo a fé. O Reino de Deus é para essa raça.
Assim, Mateus, ao tratar do reino dos céus, começa com Abraão. Vale ressaltar que todos os que foram salvos pela fé em Cristo, deixaram de ser descendentes de Adão para serem chamados e transformados em descendentes de Abraão. “Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão”; “E, se sois de Cristo, então sois descendentes de Abraão, e herdeiros conforme a promessa” (Gálatas 3: 7 e 29).
Nosso antepassado é Abraão. Pertencemos à mesma categoria que ele. Se não fôssemos descendentes de Abraão, não teríamos participação na herança e no Reino. Hoje toda a raça humana está em Babel. Nós também estávamos lá, mas um dia Deus chamou-nos e colocou-nos em Cristo. Fomos chamados por Deus para “a comunhão” de Seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor (I Co 1:9).
A raça caída confia em sua própria capacidade, mas os ‘chamados’ confiam somente em seu Pai celestial. Não confiam em seus próprios esforços; confiam na obra da graça de Deus. Abraão e todos os verdadeiros crentes são iguais. “De modo que os da fé são abençoados como o crente Abraão” (Gl 3:9).
Abraão, não apenas foi justificado por fé, como também viveu por fé. O fato de Abraão viver e andar por fé significa que ele tinha de rejeitar a si mesmo, esquecer de si mesmo, pôr a si mesmo de lado, e viver por outra Pessoa. Tudo o que ele tinha por natureza devia ser posto de lado.
Que é um Abraão? Um Abraão é uma pessoa que foi chamada, que já não vive e anda por si mesmo, e que abandona e esquece tudo o que tem de natural. Que confia apenas em Deus e depende totalmente d’Ele. Abraão fez isso. Ele viveu e andou na presença de Deus simplesmente pela fé.
Se somos verdadeiros Abraãos, devemos crer no Senhor. Crer no Senhor é tornar-se unido a Ele. Abraão foi chamado para fora da raça caída e tornou-se unido ao Senhor. Todos os filhos de Abraão devem ser igualmente unidos a Cristo. “Se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão”. Em outras palavras, se somos descendência de Abraão, pertencemos a Cristo e estamos unidos a Ele. Se quisermos unir-nos a Cristo, devemos rejeitar a nós mesmos e tomar Cristo como nosso ‘tudo’. Isso é crer em Cristo, e esse crer é justiça aos olhos de Deus.
“Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça” (Romanos 4: 3).
A esses Deus diz: “Vocês são a raça chamada. Não tentem, não façam e não realizem nada mais! Esqueçam o seu passado. Esqueçam o que vocês foram anteriormente. Esqueçam tudo e ponham toda a sua confiança em Mim. Vivam em Mim e vivam por Mim”.
Esses são os que compõem a linhagem de Cristo. São estes que herdarão a promessa de Deus. São os participantes de Cristo, e com certeza irão participar de Seu Reino. 

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Um retrato vivo de Cristo

Nesta página queremos dizer uma palavra a respeito do Novo Testamento. O Novo Testamento é simplesmente um retrato vivo de uma pessoa. Essa pessoa é maravilhosa demais. Ele é tanto Deus quanto homem. Ele é o amalgamar de Deus com o homem, porque nele a natureza divina e a natureza humana estão mescladas. Ele é o Rei, e Ele é o escravo. Ele é maravilhoso!
Nenhum ser humano jamais falou como Ele palavras tão profundas, porém tão claras. Por exemplo, Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo” “Eu sou o pão da vida” (Jo 8: 12 e 6: 35). Platão e Confúcio foram dois grandes filósofos e as pessoas apreciavam o que eles diziam, mas nenhum deles poderia dizer: “Eu sou a luz do mundo”. Ninguém mais poderia dizer: “Eu sou a vida, ou “Eu sou o caminho”, ou “Eu sou a verdade”. Essas são palavras simples e sentenças curtas, mas são excelentes e profundas. Só Jesus pôde dizer essas coisas.
Ninguém pode esgotar em palavras o que Jesus é. Quem mais na história tem quatro biografias excepcionais? Embora o Novo Testamento seja um pequeno livro, ele começa com quatro biografias de uma pessoa, quatro livros narrando a vida de Cristo.
Por que temos quatro Evangelhos? Porque Cristo tem pelo menos quatro aspectos principais. Cristo é excelente! Ele é complexo e insondavelmente rico; por isso Ele precisa de varias biografias. Mateus, Marcos, Lucas e João apresentam aspectos diferentes de Cristo, porque cada escritor era um tipo diferente de pessoa. Mateus, por exemplo, era um coletar de impostos. Entre os judeus nos tempos antigos, um coletar de impostos era uma pessoa desprezada. Entretanto Mateus escreveu a primeira biografia de Cristo.
Marcos era um homem comum, e Lucas um médico e um gentio. No início, João era um pescador comum, mas finalmente tornou-se um apóstolo maduro e experimentado. Cada qual escreveu uma biografia diferente sobre o mesmo Cristo. Essa Pessoa viva só poderia ser descrita por meio de muitas biografias.
O livro de Atos registra a expansão dessa Pessoa maravilhosa. Nele vemos que Cristo expandiu-se de uma Pessoa para milhares e milhares de pessoas. Outrora Ele era o Cristo individual, mas em Atos tornou-se um Cristo corporativo. Após Atos, temos todas as Epístolas, que dão uma completa definição desse Homem maravilhoso, universal e vasto. Cristo é a Cabeça e a igreja é o Corpo: esse é o Homem Universal, Cristo e a igreja. Finalmente, temos o livro de Apocalipse como a consumação do Novo Testamento. Esse livro nos apresenta uma figura completa do Cristo-Corpo, o Cristo individual mesclado com todos os Seus membros para se tornar a Nova Jerusalém.
Voltemos aos quatro Evangelhos. Muitos começariam lendo o Novo testamento por João, porque João é maravilhoso. É um livro de vida. Depois leríamos Lucas porque Lucas é um livro do Salvador, falando-nos de muitos casos de salvação. Então, é claro, iríamos para Marcos porque Marcos é curto e simples. As pessoas lêem Mateus por último porque Mateus é muito difícil, muito misterioso. Entretanto, a sequência divina é melhor. Deus colocou Mateus primeiro.
O esboço geral de Mateus é: Cristo é Jeová Deus encarnado para ser o Salvador-Rei que veio para estabelecer o Reino dos céus (o governo celestial), salvando Seu povo do pecado (da rebelião) por meio da Sua morte e ressurreição.
Em cada livro da Bíblia também precisamos encontrar o pensamento central. O pensamento central de Mateus é:
Cristo, como Jesus (Jeová, o Salvador) e Emanuel (Deus conosco), é o Rei, o que batiza, a luz, o Mestre, o que cura, o que perdoa, o Noivo, o Pastor, o Amigo, a sabedoria, o descanso, o templo maior, o Davi verdadeiro, o Senhor do sábado, o Jonas maior, o Salomão maior, o Semeador, a Semente, o Alimentador, o pão, as migalhas sob a mesa, o Cristo, o Filho do Deus vivo, a rocha para a igreja, o Edificador da igreja, o Fundador do Reino, o Moisés atual, a principal pedra angular, o Senhor, o Ressurreto, Aquele com autoridade e o Sempiterno para Seu povo.
Quão rico Cristo é no livro de Mateus, até mesmo mais rico que em João. Como Jesus e Emanuel, Ele é ainda outros trinta e três itens para nós. Devemos desfrutá-lo e participar Dele. Precisamos experimentá-lo em todos os seus aspectos, em ressurreição, não no estado natural. Ele é o Sempiterno. Mateus começa com “Deus conosco” e finaliza com “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” Cristo é maravilhoso.
Falaremos mais sobre o Cristo de Mateus.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Co-Participantes na Tribulação, no Reino e na Perseverança em Jesus

Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança em Jesus...” (Apocalipse 1: 9).
O livro de Apocalipse é redigido de uma maneira maravilhosa. É muito importante notar que esse versículo vem logo após a menção da vinda do Senhor em 1:7. Isso indica que se quisermos ser aqueles que são vigilantes, aguardando a volta do Senhor, precisamos ser também os que são co-participantes, não na benção apenas, mas na tribulação, no reino e na perseverança em Jesus.
A frase “em Jesus” implica que as palavras tribulação, reino e perseverança, estão submetidas a ela, e precisamos dar-lhe muita atenção. Essa frase ocorre muito raramente no Novo Testamento. A frase “em Cristo” ou “em Jesus Cristo”, pelo contrário, é usada muitas vezes. No Novo Testamento, a verdade está principalmente em Cristo, mas no texto em foco a frase “em Jesus” é empregada.
Quando falamos sobre salvação, graça, bênçãos e todas as outras boas coisas, dizemos que estamos “em Cristo” por isso desfrutamos delas, pois essa frase refere-se a todas as coisas do lado positivo da salvação de Deus. Mas, dizer que somos co-participantes na tribulação, no reino e na perseverança em Jesus significa que estamos sofrendo.
Quando Jesus viveu na terra como um homem, Ele sofria constantemente. De acordo com os fatos de Sua vida, esse nome, Jesus, indica uma pessoa que sofre, um homem de dores (Is 53.3). Assim, quando dizemos que estamos em Cristo, isso significa que somos salvos, estamos desfrutando a graça de Deus, temos paz com Ele e estamos debaixo da Sua benção. Mas, quando dizemos que somos co-participantes na tribulação, no reino e na perseverança “em Jesus”, isso significa que estamos sofrendo e estamos sendo perseguidos enquanto seguimos Jesus, o Nazareno.
Enquanto Jesus estava na terra, Ele foi perseguido pela religião judaica (Jo 5:16; 15:20). Ele não foi perseguido pela religião pagã gentia, mas pela religião típica, formada de acordo com os oráculos de Deus. Podemos ver que a religião pode ser bastante utilizada pelo inimigo de Deus. A religião contrapõe-se a Cristo e Cristo contrapõe-se à religião.
João 5:16 revela que os judeus perseguiram Jesus porque Ele quebrou o sábado deles. As pessoas religiosas não podem tolerar a quebra dos seus regulamentos. A quebra de suas regras provocará perseguição contra os infratores. A religião judaica foi estabelecida sobre três colunas, uma das quais era o sábado. As outras duas são a circuncisão e os regulamentos alimentares. Quando Jesus quebrou o sábado, Ele demoliu uma das três colunas da religião judaica. Assim eles o perseguiram e até mesmo procuraram matá-lo.
Por fim a religião venceu e realmente matou o Senhor Jesus, sentenciando-o à morte de acordo com as suas Escrituras. Entretanto, sob a soberania de Deus, os judeus naquela época não tinham o direito de matar ninguém. Desse modo, eles entregaram Jesus ao governo romano, que, usando os seus métodos de execução de criminosos, crucificou o Senhor Jesus.
Assim como a religião perseguiu Jesus, ela também perseguirá os Seus seguidores: “Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu Senhor. Se eles me perseguiram, também vos perseguirão. Se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa” (João 15: 20). No livro de Atos vemos que a oposição não veio principalmente dos gentios, mas da religião judaica. Os judeus seguiam Paulo por onde quer que fosse, até mesmo cercando-o. Da mesma maneira, um grande número de mártires sofreram perseguição pela assim chamada Igreja Católica Romana, a qual, segundo Foxe em sua História dos Mártires, matou mais santos do que o Império Romano. A religião sempre persegue os genuínos seguidores de Jesus.
O diabo é sutil. O mundo secular não se opõe a nós tanto como as pessoas assim chamadas religiosas. Muitos cristãos pensam que as religiões são uma coisa boa, mas, na verdade podem ser algo usado pelo diabo. Se você ler o livro de Gálatas, verá quão intensamente Paulo perseguiu a igreja quando estava na religião judaica.
A perseguição que a igreja está sofrendo hoje, ao redor do mundo, é a perseguição “em Jesus”. Agora Ele está sofrendo perseguição com os Seus seguidores (Atos 9. 4-5). Enquanto estamos sofrendo hoje, Ele está sofrendo em nós e conosco. Saulo nunca pensou que estava perseguindo Jesus. Ele pensava que Jesus estava num túmulo e que estava perseguindo apenas os seguidores de Jesus. Mas, segundo ele ficou sabendo, na estrada de Damasco, ele estava perseguindo o próprio Jesus Cristo. Isso porque naquele tempo, como também hoje, Jesus estava em Estevão, em Pedro, João e todos os seus outros membros, e era um com eles.
Quando as pessoas religiosas perseguem alguém que prega a mensagem do Reino, na verdade elas estão perseguindo Jesus porque Jesus está em nós e é um conosco. Podemos ser consolados por podermos participar de Seus sofrimentos e experimentar a perseguição e a incompreensão dos homens.
“A nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação” (II Co 1:7).  

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Igreja, o mistério de Cristo

“Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Felipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas.
Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai que está nos céus” (Mt 16. 13-17).
Quando Pedro falou que Jesus era “o Cristo”, o Filho do Deus vivo, ele afirmou algo que só poderia ser conhecido por meio de uma revelação divina. É o próprio Deus quem revela o mistério de Deus. O mistério de Deus é Cristo. Mas, Cristo também tem um mistério, e é necessário que o próprio Cristo o revele. Por isso ele disse a Pedro: “Também eu te digo”. Isso significa que o Senhor também tinha algo para revelar.
Por isso, Ele próprio disse: “Tu és Pedro, e sobre essa rocha edificarei a Minha Igreja” (Mt 16. 18). Daí podemos deduzir que o mistério revelado por Cristo é a igreja. Essa foi a primeira vez que Jesus menciona a sua igreja. O Senhor disse que edificaria Sua igreja sobre “essa rocha”. Entendemos que a rocha era a própria revelação de Cristo, o Filho do Deus vivo. Paulo em sua primeira carta aos Coríntios também nos mostra quem era a rocha: “e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo” (I Co 10. 4). Paulo menciona também que: “Ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (I Co 3. 11). A edificação da igreja, portanto, se dá sobre esse fundamento, essa rocha que é Cristo.
No versículo 19, o Senhor continua: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus”. Mateus é o Evangelho do reino dos céus. No capítulo 16 o Senhor nos mostra como nós podemos entrar no reino. O Reino esta ligado diretamente à Igreja do Senhor Jesus, e as chaves do Reino são entregues a ela.
É através da Igreja que as portas do Reino dos céus são abertas. Sem ela não podemos abrir o Reino e nem podemos entrar nele. Quando entramos na vida da Igreja, temos a realidade do Reino. O viver da Igreja é o viver do povo do Reino. A Igreja tem as chaves para abrir o Reino por meio do evangelho.
Nós estamos na Igreja porque nascemos de novo (Jo 3. 3, 5) e fomos batizados no Espírito (I Co 12. 13). Assim nos tornamos Corpo de Cristo, a igreja (Ef 2. 22ª) O viver na Igreja é a realidade do viver no Reino dos céus. Como povo do reino, o nosso padrão deve ser mais elevado que os demais. Devemos viver em busca de aperfeiçoamento constante e procurar o livramento para os nossos pecados e fraquezas; somos cidadãos do Reino dos céus.
 Vimos que a Igreja foi revelada e as chaves do Reino dos céus entregues a ela. Depois disso, o Senhor nos mostra como viver a vida da Igreja. “Então disse Jesus a Seus discípulos: Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me” (V. 24). Uma vez gerada a Igreja, a vida da igreja é uma vida de seguir a Jesus, e segui-Lo de perto.
Para isso, devemos negar o próprio “eu”. Não devemos trazer à Igreja nossas próprias coisas, não devemos trazer a nossa opinião. Pedro tinha muitas opiniões, mas no Reino dos céus, na vida da Igreja, não há lugar para opiniões, pois são um empecilho para seguirmos ao Senhor de Perto.
O Senhor nos diz: “Tome a sua cruz”. Devemos tomar a cruz e seguir ao Senhor. Quando o “ego” se manifestar, devemos usar a cruz para matá-lo. Ao seguir ao Senhor, o que mais devemos temer é o nosso “eu”, o nosso ego. Ele sempre cria obstáculos para a edificação. Para andar nesse caminho devemos tomar a cruz e seguir ao Senhor.
Devemos praticar essa realidade! 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Reino Milenial e o Fim da era atual

A época atual deve ser considerada um período de transição para o Reino mediatório. Desde os tempos dos apóstolos havia uma expectativa constante por seu estabelecimento: “Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” (Atos 1. 6), mas os crentes tiveram dificuldade em harmonizar essa esperança com a cruz e o túmulo (Lc 24. 13-27). Foi o elemento tempo que os confundiu. No entanto, o ensino anterior de Cristo não foi de maneira alguma anulado.
Aos crentes foram dadas novas certezas após a ascenção de Cristo como confirmação adicional do ensino que receberam de Jesus. Os sinais e prodígios prometidos nas profecias do Antigo Testamento continuaram no período inicial da igreja. Houve o derramamento do Espírito no Pentecoste (At 2. 1-4), cura de enfermos, milagres físicos, visões miraculosas e ministério de anjos (At 5. 19).
Os apóstolos seguiram anunciando o evangelho do Reino e por isso houve crescente oposição judaica contra o ensino sobre o Rei e seu reino. Os fariseus estavam divididos quanto à sua atitude para com a nova seita (At 5. 33-39). Os apóstolos por fim foram forçados a pregar para os gentios a sua mensagem de Cristo e seu reino (At 13. 44-47). Conforme crescia a onda de oposição, a mensagem acerca do Reino foi gradualmente passando para segundo plano, e a mensagem acerca da igreja e da salvação tornou-se prioritária.
A glória do Reino e a expectativa de seu estabelecimento passaram, e a igreja tornou-se o foco de todos os esforços evangelísticos. Mas a mensagem do Reino não desapareceu por completo, pois o propósito de Deus é formar uma aristocracia para que reinem juntamente com Cristo (Hb 12. 28).
Em um certo sentido, o reino mediatório foi adiado ou posto em estado de suspensão durante o período que vai do Pentecoste à volta de Cristo. Isto quer dizer que ele não está sendo experimentado em seu sentido pleno, conforme é descrito nas profecias. Se assim fosse, a igreja estaria governando sobre a terra e não precisaríamos fazer a oração que o Senhor Jesus ordenou que orássemos: “Venha o teu reino” (Mt 6. 10).
A proclamação deste Reino deve ser pregada ainda, como fazia Paulo (At 20. 24-25). Isso faz parte do desígnio de Deus. Em um sentido limitado, os membros da igreja experimentam hoje o que é participar neste Reino. Pela conversão e regeneração, pessoas estão sendo transportadas para esse Reino (Cl 1. 13), quer dizer, estão tornando-se parte daquela parte do Reino que servirá como aristocracia e nobreza governante quando esse tiver sido completamente implantado na terra por ocasião da Segunda Vinda de Cristo. Isso significa que os crentes entram no Reino antes de seu estabelecimento material e visível na terra.  
O mal também se desenvolve por seus próprios caminhos durante a presente era. “Os filhos do maligno” (Mt 13. 38-39) crescerão até serem um vasto ajuntamento da humanidade que se organizará em um falso reino sob a liderança do Anti-cristo (Ap 13. 5-7). Sobre esse último reino mundial cairá, com poder esmagador, a pedra cortada da montanha sem auxílio de mãos, pulverizando-o (Dn 2. 34, 35, 44, 45).
Esta é a colheita do fim dos tempos (Ap 14. 14-20), uma colheita feita pelo Senhor Jesus Cristo, a Pedra, e os seus servos angélicos (Mt 13. 36-43 e 47-49). É essa sequência de eventos que introduzirá o Reino mediatório de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
O Reino mediatório então se cumprirá em todos os seus aspectos. Pouco se diz no NT das vastas mudanças que ocorrerão no âmbito do Reino Milenial. A descrição mais detalhada se encontra na profecia do AT, mas Cristo assegurou aos seus discípulos que ele haveria de cumprir a lei e os profetas.
Para isso será necessário exercer um governo severo e inflexível de justiça para controlar o pecado e perpetuar as virtudes do Reino (Ap 19. 15). Durante esse reinado, o ministério de Cristo será caracterizado por uma total submissão de todos os governantes das nações ao seu governo central. Quando essa missão for cumprida, Cristo então entregará voluntariamente o Reino nas mãos do Pai, e o reino mediatório se confundirá com o Reino Universal (I Co 15. 24-28). Assim será introduzido o “estado eterno” (Ap 21. 1-3). Então haverá um trono apenas, pelos séculos dos séculos . 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O Reino expresso na mensagem e no ministério de Cristo

De muitas maneiras a mensagem e ministério de Cristo exibem os vários aspectos do Reino conforme é apresentado na profecia do Antigo Testamento. Apesar do ensino tão claro de Cristo, o Rei e seu reino foram rejeitados.
Na época do primeiro anúncio do Reino, Jesus compreendeu que havia condições. O oferecimento do Reino era genuíno, mas era também condicionado ao homem. Jesus encontrou oposição desde o princípio de seu ministério público. Ele foi repudiado em Nazaré (Lc 4. 28, 29). Na segunda páscoa, procuravam matá-lo (Jo 5. 18, 43). Até mesmo sua popularidade diante do povo simples variava de ocasião em ocasião. Num dia queriam fazê-lo rei, mas no dia seguinte o desamparavam (Jo 6. 15, 60, 66).
A oposição cresceu sempre até atingir proporções de crise. Ele foi acusado de blasfêmia e de estar de acordo com o diabo (Mt 9. 3, 34). Seu ministério no sábado agravou a situação (Mt 12. 2). Isso culminou finalmente na morte de Cristo, na rejeição do Reino e sua suspensão temporária. Tendo rejeitado o Rei, a nação de Israel rejeitou o Reino que ele veio estabelecer. Porém, um pequeno rebanho acreditou na palavra de Cristo e segui-o de forma confiante e esperançosa. A estes disse o Senhor: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino” Lc 12. 32).
Compreendendo que sua rejeição e de seu reino seria inevitável, Cristo procurou preparar seus discípulos para esse evento. Em uma série de parábolas ele esquematiza a forma de expansão do reino durante o período de rejeição por Israel. Haveria uma semeadura em antecipação ao estabelecimento futuro do Reino (Mt 13. 3-9). Isto resultaria em um crescimento misterioso (Mc 4. 26-30).
Um remanescente fiel permaneceria no campo para ser redimido (Mt 13. 44), e uma pérola de grande valor, a igreja, também no campo, será redimida (Mt 13. 45, 46). No fim dos tempos haverá uma separação do que é bom e do que é mau (Mt 13. 47-50).
Nessa hora Cristo revela planos para uma mudança de direção em seu ministério para cumprir o propósito do Pai para a época de rejeição do Reino. Ele vai edificar a igreja, uma nova sociedade de crentes (Mt 16. 13-20). Ele começa a instruir seus discípulos mais claramente sobre a necessidade de sua morte e ressurreição (Mt 16. 21; 17. 22, 23; 20. 17-22). Mas ele também lhes assegura que voltará em glória para estabelecer seu reino.
Na transfiguração ele lhes dá uma antevisão da sua aparência gloriosa (Mt 17. 1-8) e promete que eles participarão desse reino (Mt 19. 27-28). Nenhum elemento importante de instrução foi omitido por Cristo ao preparar os seus para o que estava por vir. Ele deixou claro a respeito do tempo em que seria    estabelecido o Reino (Lc 21. 7-19). Finalmente, ele fez um discurso profético esquematizando o curso dos eventos que ocorreriam antes de sua volta para estabelecer o Reino (Mt 24. 3-44).
Veio então a noite da traição, seguida de julgamentos. Em tudo isso Cristo nunca mudou suas posições, mas continuou a afirmar ser o Rei mediatório da profecia do Antigo Testamento.
“Jesus, porém, guardou silêncio. E o sumo sacerdote lhe disse: Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mt 26. 63-64).
O Reino identificava-se de tal maneira com o Rei que rejeitá-lo era rejeitar o Reino. Os evangelhos dão uma explicação para a rejeição. Desde o princípio estava claro que os requisitos espirituais para a entrada no Reino eram elevados demais para serem aceitos facilmente (Mt 5. 20).
A veemência com que Jesus denunciou a religiosidade judaica, mostrando que era meramente externa, cerimonial, tradicional e carnal, irritou os judeus. O julgamento da liderança civil e religiosa de Israel perante o tribunal da verdade revelada constituiu razão para a rejeição.
Cristo e seu reino experimentaram uma rejeição completa por parte de Israel. Governantes, sacerdotes e povo uniram-se em uma totalidade como nação para rejeitar completamente o Rei e seu Reino.
Resta pensar: Será que essa geração atual de crentes irá aceitar e desejar o Reino dos céus?   

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

É preciso cuidado ao ler as escrituras

Ao estudar as Sagradas Escrituras devemos ter muito cuidado para não cometer alguns erros que são muito comuns entre o povo de Deus. Há um grupo de pessoas que acredita apenas na graça. Sempre que lêem alguma coisa sobre o reino na Bíblia, eles a aplicam aos judeus.
Se você os houve pregar ou lê os seus livros, perceberá que, invariavelmente, eles empurram para os judeus tudo o que se refere ao reino. Tudo o que se refere à graça é para a igreja, e todas as coisas terríveis são para os judeus. Isso é tolice.
A Palavra de Deus é para Seus filhos, quer sejam judeus quer sejam gentios, ela nos mostra questões de forma clara e definitiva. Devemos comer aquilo que Deus nos tem dado, quer seja doce quer seja amargo. Quando as pessoas ouvem sobre a graça, elas ficam alegres; quando ouvem sobre o Reino ficam tristes. A Palavra, porém, é equilibrada. Por um lado, vemos graça; por outro lado, vemos justiça.
 Se apenas pregarmos a graça sem pregar o Reino, a igreja sofrerá e os filhos de Deus sofrerão; e quando o Reino vier, haverá sofrimento ainda maior. Por isso é que devemos falar sobre o Reino de Deus. Como desejaria poder pregar algo que todos gostassem de ouvir. Porém, eu não sou Mateus, não sou Marcos, não sou Paulo. Não escrevi o livro de Hebreus, e não escrevi Apocalipse. Se eu fosse o escritor, poderia mudar as coisas. Mas essas coisas são a Palavra de Deus.
Deus as tem falado e determinado que elas sejam assim. Amigos, ao ler a Bíblia, vocês têm de ler aquilo que Deus disse. Não se preocupem com a opinião dos homens. A maior dificuldade hoje reside no preconceito que há na mente dos filhos de Deus. Eles têm aquilo que consideram como verdade e aquilo que consideram como heresia.
Eles acham que tudo o que combina com eles é verdade, e tudo o que não combina com eles e difere deles é heresia. Se alguém tem tal atitude, tal pessoa está em apuros. O que está em questão não é o que pensamos, mas sim aquilo que Deus disse.
Fico alegre em meu coração porque posso pregar a “heresia” da Palavra de Deus e posso opor-me à “verdade” do ensinamento do homem. Não podemos estar sob nenhuma outra autoridade que não seja a Palavra de Deus. Não conheço nenhuma outra autoridade.
Não sei o que é teologia; não sei o que é a palavra do homem; não sei o que é a tradição da igreja. Eu sei apenas o que a Bíblia diz, e somente o que ela diz é que nos interessa. Devemos sujeitar-nos somente a ela. Não podemos mudar a Palavra de Deus. Ela nos relata o destino de Seus filhos. Ela nos conta o que experimentaremos no Reino. Devemos prestar atenção a estas questões, pois cedo ou tarde nos depararemos com elas. Se dermos atenção a elas, seremos cuidadosos na maneira de viver na terra hoje.
A segunda coisa que devemos perceber é que somente os que compreendem a verdade podem opor-se à heresia. Uma heresia não pode opor-se a outra heresia. As heresias são a verdade acrescentada de um pequeno erro. Adicione um pouco do pensamento do homem ao pensamento de Deus e você terá uma heresia.
Portanto, se alguém disser que a doutrina do Reino dos céus é herética não dê ouvidos. Fique com a opinião de Jesus. Creia em tudo aquilo que ele ensinou durante os anos de seu ministério terreno. Dedique-se a estudar e a meditar sobre a Palavra do Reino e você terá a convicção de que, se esse assunto não fosse relevante Jesus não iria gastar tanto tempo ensinando-o.
Quando você estiver totalmente esclarecido então poderá praticar e exercitar-se até adquirir o caráter de um cidadão do Reino dos céus.