O EVANGELHO DO REINO DE DEUS
“Este Evangelho do Reino será
pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim”.
Mt 24.14.
Acredito piamente que estamos
vivendo um momento de restauração para a Igreja de Jesus Cristo. A hora da
festa das bodas está chegando, quando o Senhor virá buscar sua noiva, a Igreja,
para com ela estabelecer uma relação eterna. Enquanto esperamos este grande
acontecimento, temos a tarefa de pregar um Evangelho capaz de produzir
transformações significativas na vida das pessoas.
Para tanto, é preciso restaurar
a natureza da nossa pregação. Ao invés de anunciar um evangelho diluído,
anunciar o Evangelho do Reino. Proclamar que o governo de Deus está acontecendo
em nossos dias, é tarefa prioritária da Igreja.
O Reino de Deus se manifesta de
3 formas: Geográfica, política e
espiritualmente. Entendemos por manifestação geográfica, a extensão
territorial do governo de Deus. “E o Senhor será rei sobre toda a Terra;
naquele dia, um será o Senhor, e um será o seu nome” (Zc. 14.9). Naquele dia
não haverá um milímetro de terra que não esteja sob o controle absoluto do
Senhor. Até mesmo aqueles recantos mais obscuros do planeta e lugares até então
inexpugnáveis, experimentarão o governo do verdadeiro Leão.
Chamamos de manifestação
política, a instalação da teocracia como forma de governo para todas as nações
da Terra. “Acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte do Senhor, será
estabelecido como o mais alto dos montes e se elevará por cima dos outeiros; e
concorrerão a Ele todas as nações” (Is. 2.2). Os governantes da terra serão
escolhidos pelo próprio Deus e não pelo povo, como tem sido até agora.
Essas manifestações futuras do
governo de Deus são esperadas já há muito tempo pelos pais e pelos profetas do
Velho Testamento. É a chamada esperança
messiânica. Esta esperança ainda queima no coração dos judeus ortodoxos.
Talvez seja por isso que ainda não tenham percebido que o seu Messias já veio,
pois esperavam por um governo literal e físico, que não aconteceu quando Jesus
apareceu neste planeta. Isso não ocorreu porque ainda não era o tempo. O
governo de Deus ainda está por vir. O Reino futuro do Messias, sobre todos os
lugares e sobre todas as pessoas, é uma esperança que compartilhamos com o povo
israelita.
Como cristãos cremos, porém, em uma
manifestação presente do Reino de Deus. Foi o próprio Senhor quem disse: “O
tempo está cumprido, e é chegado o Reino de Deus” (Mc,1.15). A manifestação tão
esperada do Reino aconteceu em Jesus. Pode ser que no seu coração aconteça a
mesma dúvida que passava nas mentes dos fariseus que, apesar de estarem face a
face com o seu Rei insistiam em indagar quando seria instalado o Reino, já que
não havia qualquer manifestação geográfica ou política do mesmo.
A estes Jesus respondeu que: “O
Reino de Deus não vem com aparência exterior; nem dirão: Hei-lo aqui!” A
manifestação presente do Reino divino se faz nos corações daqueles que se
rendem diante do senhorio de Jesus.
Por conta de uma interpretação
dispensacionalista, temos fragmentado a Escritura, repartindo-a em épocas e
povos. Isso tem causado confusão na mente das pessoas despreparadas, que não
conseguem discernir o que estão lendo. Esta teologia prega dois Evangelhos: O Evangelho da Graça e o Evangelho do Reino.
Alegam que o Evangelho da Graça é para hoje, enquanto que o Evangelho do Reino
é para um tempo futuro.
Sinceramente, desconheço esta
dupla definição do Evangelho nas Escrituras. Sei, no entanto, que é bem mais
fácil conseguir adeptos quando se prega o Evangelho da Graça. Afinal de contas,
quem não quer uma graça, não é mesmo? A graça tem a ver com o receber, enquanto
que o Reino estabelece o domínio de Deus sobre minha vida e requer compromissos
de minha parte para com o Rei. Muitos fazem com o Evangelho o mesmo que muitos
de nós fazemos com um sanduíche: come-se o recheio e joga-se o pão fora.
Queremos as bênçãos, mas não estamos dispostos a assumir nossos deveres de
súditos. Gostamos muitíssimo de ler o
salmo 23 e nos deleitamos com a ideia de que temos um pastor divino que nunca
deixará que nos falte coisíssima alguma. Ficamos a imaginar os pastos
verdejantes, as águas tranquilas, a mesa farta e o cálice que transborda. Tudo
isso, porém, só será possível se o Senhor
for o nosso pastor. Antes de tê-lo como
pastor, devo tê-lo como Senhor. Somente assim é que podemos ter acesso a
tudo aquilo que o salmo do pastor nos oferece.