segunda-feira, 14 de janeiro de 2013


A ORIENTAÇÃO DO CRISTÃO

Que Deus quer guiar o povo dele e é capaz de fazê-lo é um fato. Sabemos disso pelas Escrituras, por causa das promessas (por exemplo, Provérbios 3.6: “Ele endireitará as suas veredas”), dos mandamentos (por exemplo, Efésios 5.17: “Não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade do Senhor”) e das orações (por exemplo, Colossenses 4.12: “Como pessoas maduras e plenamente convictas, continuem firmes em toda a vontade de Deus”).

Porém, como descobrimos a vontade de Deus? Alguns cristãos dizem convictos: “O Senhor me disse para fazer isso” ou “o Senhor me chamou para fazer aquilo”, como se eles tivessem uma linha exclusiva com o céu e estivessem em direta e contínua comunicação telefônica com Deus. Acho difícil acreditar neles.

Outros pensam que vão obter uma orientação detalhada de Deus por meio das mais engraçadas interpretações das passagens da Bíblia que ignoram o sentido natural, violam o contexto e não têm base nem uma exegese segura nem no senso comum.

Se quisermos discernir a vontade de Deus para nós, devemos começar fazendo uma distinção importante entre a vontade “geral” e a vontade “particular” dele. A vontade “geral” de Deus é assim chamada porque é a vontade dele para o povo que lhe pertence, em todos os tempos, enquanto a vontade “particular” de Deus talvez seja assim chamada porque envolve uma vontade para um povo específico em épocas específicas.

A vontade geral de Deus para nós é que nos tornemos a imagem do Filho. A vontade particular de Deus, por sua vez, envolve certas questões, como a escolha de um trabalho e um parceiro e o uso de nosso tempo, do nosso dinheiro e de nossa vocação.

Uma vez feita essa distinção, estamos prontos para repetir a pergunta sobre como descobriremos a vontade de Deus. A vontade geral de Deus já foi revelada nas Escrituras. Não quer dizer que seja sempre fácil discernir a vontade dele nas complexas situações éticas da atualidade. Precisamos ter princípios seguros de interpretação bíblica. Precisamos estudar, discutir e orar. Ainda assim, é verdade, considerando a vontade geral de Deus, que a vontade de Deus para o povo dele está na Sua Palavra.

Porém, a vontade específica de Deus não é encontrada na Bíblia, pois esta não se contradiz, e está na essência da vontade particular de Deus que ela seja diferente para diferentes membros da família dele. Certamente encontraremos na Bíblia alguns princípios gerais para orientar nossas escolhas particulares. Não podemos negar, no entanto, que alguns cristãos ao longo dos anos receberam orientações bem detalhadas por meio das Escrituras. Ainda assim, reiteramos que essa não é a forma usual de Deus.

Como então, você poderá decidir sobre questões sérias como casamento, negócios, e outras? Existe apenas uma resposta possível, que é usar a mente e o senso comum que Deus lhe deu. Certamente você vai orar pela direção de Deus. Se você for sábio, pedirá conselhos a pessoas maduras que conhece bem. Porém, no final, você precisará decidir, confiando que Deus vai orientá-lo por meio de seu próprio processo mental.

O Salmo 32.8-9 nos fornece um ótimo exemplo do equilíbrio da Bíblia. O versículo 8 contém um apelo à orientação divina: “Eu o instruirei e o ensinarei no caminho que você deve seguir; eu o aconselharei e cuidarei de você”. Porém, o versículo 9 imediatamente completa: “Não sejam como o cavalo ou o burro, que não têm entendimento, mas precisam ser controlados com freios e rédeas, caso contrário não obedecem”.

 Em outras palavras, apesar das promessas de Deus de nos guiar, não devemos esperar que ele o faça da mesma forma como nós guiamos cavalos e mulas. Ele não usará freios nem rédeas conosco, pois não somos cavalos nem mulas, somos seres humanos. Temos entendimento – algo que os animais não têm. Então, é pelo nosso entendimento, esclarecido pela Bíblia, pela oração e pelo conselho de amigos que Deus vai nos levar ao conhecimento da vontade particular dele para nós.

É urgente nos atentarmos para essa advertência da Bíblia. Jamais devemos agir por impulso irracional ou emocional, em vez de usar a mente dada por Deus. Vale lembrar das palavras de Bernard Baruch: “Todas as falhas que encontrei, todos os erros que cometi, todas as tolices em que me meti, na vida pública ou particular, foram conseqüência de agir sem pensar”.

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