A ORIENTAÇÃO DO CRISTÃO
Que Deus quer guiar o povo dele
e é capaz de fazê-lo é um fato. Sabemos disso pelas Escrituras, por causa das
promessas (por exemplo, Provérbios 3.6: “Ele endireitará as suas veredas”), dos
mandamentos (por exemplo, Efésios 5.17: “Não sejam insensatos, mas procurem
compreender qual é a vontade do Senhor”) e das orações (por exemplo,
Colossenses 4.12: “Como pessoas maduras e plenamente convictas, continuem
firmes em toda a vontade de Deus”).
Porém, como descobrimos a
vontade de Deus? Alguns cristãos dizem convictos: “O Senhor me disse para fazer
isso” ou “o Senhor me chamou para fazer aquilo”, como se eles tivessem uma
linha exclusiva com o céu e estivessem em direta e contínua comunicação
telefônica com Deus. Acho difícil acreditar neles.
Outros pensam que vão obter uma
orientação detalhada de Deus por meio das mais engraçadas interpretações das
passagens da Bíblia que ignoram o sentido natural, violam o contexto e não têm
base nem uma exegese segura nem no senso comum.
Se quisermos discernir a
vontade de Deus para nós, devemos começar fazendo uma distinção importante
entre a vontade “geral” e a vontade “particular” dele. A vontade “geral” de
Deus é assim chamada porque é a vontade dele para o povo que lhe pertence, em
todos os tempos, enquanto a vontade “particular” de Deus talvez seja assim
chamada porque envolve uma vontade para um povo específico em épocas
específicas.
A vontade geral de Deus para
nós é que nos tornemos a imagem do Filho. A vontade particular de Deus, por sua
vez, envolve certas questões, como a escolha de um trabalho e um parceiro e o
uso de nosso tempo, do nosso dinheiro e de nossa vocação.
Uma vez feita essa distinção,
estamos prontos para repetir a pergunta sobre como descobriremos a vontade de
Deus. A vontade geral de Deus já foi revelada nas Escrituras. Não quer dizer
que seja sempre fácil discernir a vontade dele nas complexas situações éticas
da atualidade. Precisamos ter princípios seguros de interpretação bíblica.
Precisamos estudar, discutir e orar. Ainda assim, é verdade, considerando a
vontade geral de Deus, que a vontade de Deus para o povo dele está na Sua
Palavra.
Porém, a vontade específica de
Deus não é encontrada na Bíblia, pois esta não se contradiz, e está na essência
da vontade particular de Deus que ela seja diferente para diferentes membros da
família dele. Certamente encontraremos na Bíblia alguns princípios gerais para
orientar nossas escolhas particulares. Não podemos negar, no entanto, que
alguns cristãos ao longo dos anos receberam orientações bem detalhadas por meio
das Escrituras. Ainda assim, reiteramos que essa não é a forma usual de Deus.
Como então, você poderá decidir
sobre questões sérias como casamento, negócios, e outras? Existe apenas uma
resposta possível, que é usar a mente e o senso comum que Deus lhe deu.
Certamente você vai orar pela direção de Deus. Se você for sábio, pedirá
conselhos a pessoas maduras que conhece bem. Porém, no final, você precisará
decidir, confiando que Deus vai orientá-lo por meio de seu próprio processo
mental.
O Salmo 32.8-9 nos fornece um
ótimo exemplo do equilíbrio da Bíblia. O versículo 8 contém um apelo à orientação
divina: “Eu o instruirei e o ensinarei no caminho que você deve seguir; eu o
aconselharei e cuidarei de você”. Porém, o versículo 9 imediatamente
completa: “Não sejam como o cavalo ou o burro, que não têm entendimento, mas
precisam ser controlados com freios e rédeas, caso contrário não obedecem”.
Em outras palavras, apesar das promessas de
Deus de nos guiar, não devemos esperar que ele o faça da mesma forma como nós
guiamos cavalos e mulas. Ele não usará freios nem rédeas conosco, pois não
somos cavalos nem mulas, somos seres humanos. Temos entendimento – algo que os
animais não têm. Então, é pelo nosso entendimento, esclarecido pela Bíblia,
pela oração e pelo conselho de amigos que Deus vai nos levar ao conhecimento da
vontade particular dele para nós.
É urgente nos atentarmos para
essa advertência da Bíblia. Jamais devemos agir por impulso irracional ou
emocional, em vez de usar a mente dada por Deus. Vale lembrar das palavras de
Bernard Baruch: “Todas as falhas que encontrei, todos os erros que cometi, todas as
tolices em que me meti, na vida pública ou particular, foram conseqüência de
agir sem pensar”.
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