A IGREJA NÃO PODE MORRER
Há uma idéia circulando por aí
que o cristianismo está nas últimas, ou que possivelmente já está morto e sem
forças até para cair estendido. Dá-se como principal prova da sua morte a sua
incapacidade de oferecer direção ao mundo quando este necessita supremamente
dela.
No entanto, exatamente como
Jesus Cristo outrora foi enterrado, e seus inimigos tinham a expectativa de que
tinham ficado livres d’Ele, assim a Sua igreja
foi posta a repousar vezes sem conta ao longo dos séculos; e como Ele
desconcertou os Seus inimigos ressurgindo dentre os mortos, assim a igreja tem
posto em confusão os seus inimigos, brotando de novo com vigorosa vida depois de
realizado o seu sepultamento e terem sido derramadas sobre o seu túmulo
lágrimas de crocodilo.
O fato que muitos terem
descrito a igreja na terra como um exército vencedor, isso não representa a
realidade. Sua verdadeira situação é melhor retratada quando a comparamos com
um rebanho de ovelhas no meio de lobos, ou como uma agremiação de desprezados peregrinos
lutando para chegar a casa, como uma nação peculiar, protegida pelo sangue do
Cordeiro, à espera do soar da trombeta, ou como uma noiva aguardando a vinda do
noivo.
O mundo está constantemente
chicoteando a igreja porque ela não tem solução para os problemas da sociedade,
e os líderes religiosos que não percebem o sentido disso, recuam debaixo do
chicote, a ponto de alguns líderes proeminentes se penitenciarem, em público,
dizendo: “Pecamos, o mundo esperava socorro e nós falhamos”.
Bem, sou inteiramente favorável
ao arrependimento, se genuíno, e penso que a igreja tem falhado, não por
negligenciar, mas por viver de modo parecido demais com o mundo. Os que
consideram a igreja em falta com a humanidade presumem erroneamente que a
igreja de Deus foi deixada na terra para propiciar boa esperança e alegria ao
mundo de tal forma que o mundo pode ignorar Deus, rejeitar Cristo, glorificar a
natureza humana, carnal e decaída, e perseguir em paz os seus fins egoísticos.
O mundo deseja que a igreja
acrescente um delicado toque espiritual aos seus esquemas carnais, e que esteja
pronta a ajudá-lo a firmar-se nos pés e a colocá-lo no leito quando chega em casa
embriagado de prazeres carnais. Em primeiro lugar, a igreja não recebeu do seu
Senhor essa incumbência, e, em segundo lugar, o mundo nunca mostrou muita
disposição para ouvir a igreja quando ela fala com sua voz verdadeiramente
profética.
O dever do cristão não é
“oferecer direção” á feira da Vaidade, mas conservar-se puro, incontaminado da
sua corrupção e retirar-se dela o mais depressa possível. O cristianismo vai
pelo caminho que o seu Fundador e Seus apóstolos disseram que iria. O seu
desenvolvimento e a sua direção foram preditos há mais de dois mil anos, e isto
já é um milagre.
Fosse Cristo menos que Deus, e
Seus apóstolos menos que inspirados, não poderiam ter predito com tanta
precisão o estado da igreja tão distante deles no tempo e nas circunstâncias.
Nenhum mortal poderia ter previsto a vinda do grande sistema religioso-político
que é Roma, ou a Idade das Trevas, ou o descobrimento do Novo Mundo, ou a
Revolução Industrial, ou a era nuclear, e a aventura do homem no espaço.
Todas essas coisas teriam
transtornado todo e qualquer esforço para predizer a situação religiosa destes
últimos dias; mas as condições atuais foram de fato descritas com abundância de
detalhes há mais de dois mil anos. Nada do que aconteceu ou está acontecendo
era inesperado.
Temos real necessidade de uma
reforma que produza avivamento nas igrejas, mas a igreja não está morta, nem
morrendo. A igreja não pode morrer! Mesmo que algumas igrejas locais fechem
suas portas por causa de várias circunstâncias e deixem de existir, essa situação,
por mais deplorável que seja não deve desanimar-nos.
A igreja verdadeira é o
repositório da vida de Deus entre os homens e, se num lugar esses frágeis vasos
se quebram, a vida divina irromperá nalgum outro lugar. Disso podemos ter
certeza.