segunda-feira, 10 de junho de 2013


A CRUZ ANTIGA E A NOVA

Totalmente sem aviso e desapercebida, uma nova cruz surgiu nos círculos populares evangélicos nos tempos modernos. Parece-se com a antiga cruz, mas é diferente: as semelhanças são superficiais; as diferenças, fundamentais.

Desta nova cruz brotou uma nova filosofia da vida cristã, e dessa nova filosofia proveio uma nova técnica evangélica – um novo tipo de reunião e uma nova espécie de pregação. Esta nova evangelização emprega a mesma linguagem antiga, mas o seu conteúdo não é o mesmo e a sua ênfase não é como antes.

A cruz antiga não fazia barganhas com o mundo. Para a carne de Adão, ela significava o fim da jornada. Punha em execução a sentença imposta pela lei do Sinai. A nova cruz não se opõe à raça humana; ao contrário, é uma companheira amigável e, se corretamente entendida, é fonte de oceanos de boa e limpa diversão e de inocente prazer. Ela deixa Adão viver sem interferência.

A motivação da sua vida não sofre mudança; o seu prazer continua sendo a razão do seu viver, só que agora ele se deleita em cantar hinos e ver filmes religiosos, no lugar das canções obscenas e das bebidas fortes de outrora. A tônica ainda está no prazer, embora a diversão esteja agora num superior plano moral, se não intelectual.

A nova cruz estimula uma abordagem evangelística nova e inteiramente diversa. O evangelista não exige renúncia da velha vida para que se possa receber a nova. Procura caminho para o interesse do público mostrando que o cristianismo não faz exigências desagradáveis; ao invés disso, oferece a mesma coisa que o mundo oferece, só que num nível mais alto. Seja o que for que o mundo enlouquecido pelo pecado reclame para si no momento, com freqüência se demonstra que é exatamente isso que o tal “evangelho” oferece, só que o produto religioso é melhor.

A mensagem cristã sofre torção na direção da moda em voga, para que se torne aceitável ao público. A filosofia que está por trás desse tipo de coisa pode ser sincera, mas a sua sinceridade não a faz menos falsa. É falsa porque é cega. Falta-lhe por completo todo o significado da cruz.

A antiga cruz é um símbolo da morte. Ela representa o abrupto e violento fim do seu humano. Na época dos romanos, o homem que tomava sua cruz e se punha a caminho já tinha dito adeus aos amigos. Não voltaria. Estava saindo para o término de tudo. A cruz não fazia acordo, não modificava nada e nada poupava; eliminava o homem, completamente e para sempre. Não procurava manter boas relações com a sua vítima. Feria rude e brutalmente, e quando tinha terminado seu trabalho, o homem já não existia.

A raça de Adão está sob sentença de morte. Não há comutação nem fuga. Deus não pode aprovar nenhum fruto do pecado, por mais inocente ou belo que pareça aos olhos dos homens. Deus salva o indivíduo liquidando-o e, depois, ressuscitando-o para uma vida nova.

A evangelização que traça paralelos amistosos entre os caminhos de Deus e os dos homens é falsa para a Bíblia e cruel para as almas dos ouvintes. A fé cristã não é paralela ao mundo; é antagônica. Quando alguém vem a Cristo, não está elevando a sua velha vida a um plano mais alto; está, sim, deixando-a aos pés da cruz. O grão de trigo tem de cair no solo e morrer.

É preciso que nós, que pregamos o Evangelho, não nos consideremos como agentes de relações públicas enviados para estabelecer boa vontade entre Cristo e o mundo. É preciso que não nos imaginemos comissionados para tornar Cristo aceitável ao grande comércio, à imprensa, ao mundo dos esportes ou à educação moderna. Não somos diplomatas, mas profetas, e a nossa mensagem não é um acordo, mas um ultimato.

Deus oferece vida, não, porém, uma velha vida melhorada. A vida que Ele oferece é vida que se mantém com os olhos postos na velha cruz. Quem quiser possuí-la terá de passar sob a vara. Terá de repudiar-se a si próprio e submeter-se à justa sentença do Deus que o condena. Simplesmente, é preciso que ele abandone seus pecados, é preciso que ele se arrependa e creia. Que não encubra nada. Que não procure fazer acordo com Deus. Basta que reconheça que merece morrer.

A qualquer que faça objeção a isso ou que considere bitolada essa visão da verdade, permita-me dizer que Deus fixou o Seu carimbo de aprovação nesta mensagem, desde os dias de Paulo até o presente. Essa é a mensagem que tem trazido vida e poder ao mundo através dos séculos.

Ousaremos nós, os herdeiros desse legado de poder, adulterar a verdade? Ousaremos deletar as linhas impressas ou alterar o modelo que nos foi mostrado no Monte? Não o permita Deus. Preguemos a velha cruz e conheceremos o antigo poder. 

0 comentários:

Postar um comentário