JACÓ E ESAÚ
“Amei Jacó, e aborreci Esaú”
(Rm 9.13)
Este tema é bastante polêmico,
pois, muitos cristãos tem dificuldade em entender e mesmo em crer nos mistérios
da predestinação de Deus. Spurgeon, considerado um dos maiores pregadores da
Palavra de Deus diz a respeito deste tema:
“Não sei por que Deus escolheu
certas pessoas para serem Seu povo antes d’Ele ter formado o mundo. O homem que
pensa que compreende o propósito da predestinação de Deus demonstra que conhece
bem pouco a esse respeito”.
O pregador tenta explicar o que
a Bíblia ensina a respeito do fato de que Deus escolheu alguns para serem
salvos e que Ele deixou outros para enfrentarem a punição de seus pecados, e,
para isso, utiliza o texto “Amei Jacó, aborreci Esaú”. Ele considera que esse é
um texto assustador, e reconhece que muitos cristãos não gostam da palavra
“aborrecer” ou “odiar”, mas isso não tira o significado daquilo que a Bíblia
diz; ela usa a palavra “odiei” e nós também usaremos.
Deus amava Jacó. Deus não amava
Esaú. Deus abençoou Jacó. Ele não abençoou Esaú da mesma maneira. Deus escolheu
Jacó e não escolheu Esaú. A misericórdia de Deus estava com Jacó, mas Deus
permitiu que Esaú prosseguisse em seu caminho pecaminoso, e isso mostra que o
texto “odiei Esaú” é verdadeiro.
Alguns alegam que Deus está se
referindo aos filhos de Israel e aos filhos de Edom, no entanto, a Bíblia
mostra que isso não é verdade. Romanos, capítulo 9, versículos 11-12 dizem:
“Porque não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal, e para que o
propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme...disse: “o maior servirá o
menor”. Estes versículos referem-se a Jacó e Esaú. Ele não se refere às nações
de Israel e Edom.
Spurgeon enfatiza em sua
pregação que: “Não devemos tentar alterar a Palavra de Deus. Não podemos reduzir a
verdade de Deus até o nosso fraco entendimento. Devemos aceitá-la como ela é e
pedir a Deus que nos dê graça para entendê-la. Devemos pedir a Deus que nos
ajude a nos elevarmos mais e mais em nosso entendimento da verdade divina”.
O ensinamento é que Deus elegeu
alguns e não elegeu a outros. Às pessoas não gostam desta doutrina da eleição,
o pregador pergunta: “Acaso não é um fato que Deus tem elegido a alguns?”
Devemos nos perguntar então, por que um homem é convertido e outro não é
convertido? A resposta mais comum será que o Espírito Santo estava operando no
coração do homem que se converteu. Portanto, até quem diz não gostar da
doutrina da eleição admite que Deus trata com certos homens de maneira
diferente do que Ele trata com os outros.
Deus trata as pessoas de formas
diferentes na vida diária. Ele faz um homem rico e o outro pobre. Ele faz um
homem inteligente e o outro incapaz de ler um livro. Em matéria de religião, Deus
dá a um homem a oportunidade de ouvir a Sua Palavra, e a outro Ele não dá essa
oportunidade. Alguns ouvem a Palavra de Deus pregada poderosamente. Outros nem
sequer ouvem a Palavra de Deus.
Dois homens podem ouvir a mesma
pregação do Evangelho. Deus opera no coração de um deles, porém não opera no
coração do outro. Essas coisas são fatos e temos de crer nos fatos. Uma verdade
que não pode ser contestada deve ser acreditada. E o fato incontestável é que
Deus trata diferenciadamente a uns e a outros.
Continua Spurgeon: “Não
preciso pedir desculpas por Deus. Deus explicará Sua própria verdade e Seus
caminhos. Mesmo se não gostarem do fato, é verdade inalterável que Deus amou
Jacó e que não amou Esaú da mesma maneira”.
Por que Deus amou Jacó?
Consultemos a Palavra de Deus para responder a pergunta. Não foi porque havia
algo de bom em Jacó que Deus o amou, pelo contrário, Jacó era um enganador. A
Bíblia nos diz em Romanos 9.11 que a razão de Deus ter amado Jacó foi a Sua
graça soberana. Jacó não tinha nada em si que fizesse com que Deus o amasse.
Havia de tudo em Jacó que
poderia fazer com que Deus o odiasse tanto quanto Ele odiou Esaú. Se estamos
certos a respeito do tipo de pessoa que Jacó foi, nada justifica Deus tê-lo
amado senão a graça de Deus. A única razão pela qual podemos ser salvos é
somente através da graça soberana de Deus. Deus é misericordioso e Sua vontade é
toda-poderosa; portanto podemos ter esperança de salvação. Segure firme este
ensinamento e nunca o deixe escapar.
Outra questão é: “Por que Deus
odiou Esaú”? Spurgeon diz: “Observemos que tipo de homem era Esaú. Algumas
pessoas perguntam se Esaú mereceu ser rejeitado. Sim, mereceu. O caráter de
Esaú prova que ele mereceu a rejeição. Esaú perdeu seu direito de
primogenitura. Ele o vendeu por um guisado de lentilhas. Ele fez uma barganha
com Jacó. Ele fez isso por espontânea vontade. Escolheu assim fazer. Ninguém o
influenciou. Todo homem que perde o reino dos céus, como Esaú perdeu sua
primogenitura, abandona-o de livre vontade. A culpa está com o homem e não com
Deus”.
Deus não recusa dar vida eterna
ao homem. Pelo contrário, o homem é que não vai a Deus para que receba a vida
eterna. Quando os homens são salvos, é Deus que os destina à salvação. Toda a
glória pela salvação de qualquer homem pertence a Deus. Toda a culpa pela
condenação de qualquer homem pertence àquele homem.
Por fim Spurgeon declara: “Tentei
dar uma razão bíblia para o procedimento de Deus com os homens. Deus salva os
homens através de Sua graça; se os homens perecerem é por sua própria falta”.
Concordamos que há muitas
coisas na Palavra de Deus que são difíceis de se entender mas, mesmo se não
possamos compreendê-las , ainda temos que crer nas coisas escritas na Palavra
de Deus. Não se trata de ter fé mais do que entendimento. Deus não se contradiz;
embora Ele ame alguns e outros não.