segunda-feira, 8 de julho de 2013

NOSSAS RIQUEZAS NÃO RECLAMADAS

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo”. (Ef. 1.3)

As bênçãos espirituais nos lugares celestiais, que em Cristo nos pertencem, podem ser divididas em três classes:

As bênçãos da primeira classe são as que nos vêm imediatamente depois de crermos para a salvação, tais como o perdão, a justificação, a regeneração, a filiação sob a paternidade de Deus e o batismo no Corpo de Cristo. Em Cristo possuímos estas bênçãos ainda antes de sabermos que são nossas, sendo que só ficamos sabendo disso depois, mediante o estudo das Escrituras Sagradas.

À segunda classe pertencem aquelas riquezas que temos por herança, mas não podemos desfrutar realmente enquanto o nosso Senhor não voltar. Estas incluem a perfeição mental e moral máximas, a glorificação dos nossos corpos, a consumação da imagem divina em nossas personalidades redimidas, e a admissão à própria presença de Deus para experimentarmos para sempre a Visão gloriosa.

Estes tesouros são tão seguramente nossos como se os possuíssemos agora, mas nos seria inútil orar pedindo-os enquanto peregrinamos na terra. Deus deixou bem claro que eles estão reservados para o tempo da manifestação dos filhos de Deus (Rom. 8.18-25).

A terceira classe de bênçãos consiste de tesouros que nos são dados graças ao sacrifício expiatório, mas que não virão a nós, a não ser que façamos algum esforço para possuí-los. São a nossa libertação dos pecados da carne, a vitória sobre o ego, o constante fluir do Espírito Santo através de nossas personalidades, a frutificação no serviço cristão, a consciência da presença de Deus, o crescimento na graça, uma crescente consciência da união com Deus e um ininterrupto espírito de adoração.

Estas bênçãos não nos vêm automaticamente, nem precisamos esperar o dia da vinda de Cristo para reclamá-las. São para nós o que a Terra Prometida foi para Israel: deverão ser tomadas por invasão quando a nossa fé e a nossa coragem estiverem prontas para isso. Para deixar as coisas mais claras, permita-me expor quatro condições para receber essa herança de alegria que Deus coloca diante de nós:

1.      Você nada conseguirá se não buscar. Deus não lhe imporá nada. Como Josué lutou em sua marcha para tomar posse da Terra prometida, você também terá de lutar em busca da perfeição, enfrentando a derrotando quaisquer inimigos que se levantem em seu caminho para questionar o seu direito de posse. A terra não virá a você; você terá de ir a ela e tomá-la pela abnegação e separação do mundo. “Os que viajam por esta estrada”, diz João da Cruz, “enfrentarão muitas ocasiões de alegrias e sofrimentos, esperanças e tristezas, algumas das quais resultantes do espírito de perfeição, outras de imperfeição.”  

2.    Você poderá ter, na medida em que insista em ter. “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé vo-lo tenho dado”, disse Deus a Josué, e este princípio percorre a Bíblia inteira. A história de Israel está pontilhada de exemplos de pessoas que reivindicaram ousadamente as suas possessões: como Calebe que, depois da conquista de Canaã, foi a Josué,  solicitou a montanha que Moisés lhe prometera, e a tomou. Outra vez, quando as filhas de Zelofaede se apresentaram a Moisés e pediram: “Dá-nos a possessão entre os irmãos de nosso pai” (Num 27.4), a sua petição foi deferida. Aquelas mulheres receberam a sua herança, não pela indulgência de Moisés, mas por ordem de Deus, cuja promessa estava envolvida. Quando nossos pedidos são de natureza que honrem a Deus, podemos fazê-los o tanto que quisermos. Quanto mais ousado for o pedido, maior glória será acrescentada a Deus quando vier a resposta.

3.    Você terá pouco, na medida em que se satisfaça com pouco. Deus dá a todos liberalmente, mas seria absurdo pensar que a liberalidade de Deus tornará o homem mais espiritual do que ele quer ser. Por exemplo, o homem que se satisfaz em viver uma vida derrotada, nunca será forçado a obter vitória. O homem que se contenta em seguir de longe a Cristo, jamais conhecerá a maravilha da Sua proximidade. O homem que se dispõe a acomodar-se a uma vida estéril e sombria, nunca experimentará a alegria do Espírito Santo, nem a profunda satisfação de um viver frutífero. É preocupante ver quantos cristãos que se contentam em acomodar-se ao mínimo, e não ao melhor. Pessoalmente tenho visto com tristeza os cristãos evangélicos que, nalgum ponto do seu passado desistiram dos anelos mais santos do seu coração e se rebaixaram a um tipo de cristianismo medíocre e morno, totalmente indigno deles mesmos e do Senhor que eles dizem que servem.


4.    Você tem agora o tanto que realmente quer ter. Todo homem acha-se tão perto de Deus quanto deseja achar-se; é tão santo e cheio do Espírito quanto deseja estar. Disse o Senhor: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mt 5.6). Se houvesse apenas um homem em qualquer ponto do globo que tivesse essa fome e não fosse saciado, a palavra de Cristo cairia por terra. Devemos, porém distinguir entre querer de fato e querer superficialmente. Querer de fato, de todo o coração, não é mero desejo superficial. Colocar Deus diante de Seus filhos redimidos um vasto mundo de tesouros espirituais, e eles o recusarem ou negligenciarem reclamá-lo, facilmente pode vir a ser a segunda maior tragédia da história da criação moral, sendo que a primeira foi a queda original.

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