segunda-feira, 15 de julho de 2013

A VONTADE E AS EMOÇÕES NA VIDA CRISTÃ

Emoção, diz o Dictionary of Psicology, de Drever, é um estado de excitação ou perturbação, caracterizado por um forte sentimento e, geralmente, por um impulso para uma definida forma de comportamento.

“Excitação, perturbação, sentimento”. São estados mentais com os quais todos estamos familiarizados. Num mundo violento e cheio de conflitos como é o nosso, esses estados mentais vêm e vão, resplandecem e fenecem no peito do homem comum cem vezes por dia. O homem e a mulher normais experimentam no transcurso de uns poucos meses, todos os graus de emoção, do êxtase, ou quase, ao desânimo ligeiro, sem que aparentemente melhore ou piore por isso. Naturalmente aqui só tenho em mente o homem e a mulher normais. A personalidade psicopática está fora do campo deste estudo.

As emoções não devem ser temidas nem desprezadas pois, em primeiro lugar, são uma parte normal de nós mesmos, como Deus nos fez. Na verdade, sem elas seria impossível a vida humana plena. A gente tende a afastar-se do homem a quem falta todo sentimento porque não sabemos se lidamos com alguém frio ou com um mero vegetal, como às vezes se acha nas enfermarias em nossos hospitais para doentes mentais.

Um sentimento de piedade nunca surgiria no coração humano se não fosse despertado por um quadro mental da aflição de outrem, e sem o golpe emocional para ativar a vontade, não haveria nenhum ato de misericórdia. O que estou dizendo aqui não é nada novo. Toda mãe, todo estadista, todo líder, todo pregador da Palavra de Deus sabe que é preciso apresentar um quadro mental ao ouvinte antes que se possa movê-lo a agir, mesmo quando a ação é em seu próprio benefício.

É da intenção de Deus que a verdade nos mova à ação moral. A mente recebe idéias, quadros mentais das coisas como elas são. As idéias ou quadros mentais provocam os sentimentos e, por sua vez, esses levam a vontade a agir de acordo com a verdade. Assim é que deveria ser, e seria, se o pecado não tivesse entrado. Por causa do pecado, a simples seqüência verdade-sentimento-ação pode romper-se em qualquer uma das suas três partes.

A mente, criada para receber a verdade, muitas vezes se inclina para a falsidade, e os sentimentos deste modo estimulados, podem incitar a vontade a uma ação má. A contemplação de um erro ou de uma coisa proibida só pode inflamar os sentimentos  levando-os a simpatizar com o mal.

Um lamentável exemplo disso é o de Davi a observar demoradamente a bela Bate-Seba a banhar-se. O rei foi movido pelo que viu e agiu de acordo, e as amargas e trágicas conseqüências o perseguiram até o fim dos seus dias. Ele viu, sentiu e agiu – para o mal. Note que, dependendo do olhar, podemos ter resultados diferentes. Davi olhou para uma mulher formosa; Jesus olhou para uma multidão sofredora. Um olhar levou ao pecado, o outro a um ato de misericórdia; mas ambos foram decorrentes da simples lei da sua estrutura interior.

Outro rompimento da seqüência verdade-sentimento-ato dá-se quando, por motivos egoísticos, o coração se endurece contra a Palavra de Deus. É este o estado de quantos amam as trevas mais do que a luz e, por essa razão, afastam-se de vez da luz ou, quando expostos à luz, recusam-se obstinadamente a lhe obedecer. O homem ganancioso vê a necessidade humana e duramente se recusa a deixar-se comover pelo que vê.

Render-se ao impulso da generosidade naturalmente despertada pela visão da pobreza exigiria que ele renunciasse a uma parte de seus amados bens, e isso ele não quer fazer. Assim a fonte da generosidade se congela em sua origem. O avarento conserva o seu tesouro, o pobre continua sofrendo em sua pobreza e todo o curso da natureza se transtorna. É de admirar que Deus odeie a cobiça?

O cristão que se demora contemplando os prazeres carnais deste mundo não pode fugir a um certo sentimento de simpatia por eles, e esse sentimento levará inevitavelmente a um comportamento mundano. Expor nossos corações à verdade e, persistentemente, recusar ou negligenciar obedecer aos impulsos por ela despertados é paralisar os movimentos da vida dentro de nós e, se continuarmos nisso, estaremos entristecendo e silenciando o Espírito Santo.


As escrituras e a nossa constituição humana concordam em ensinar-nos a amar a verdade e a obedecer aos amenos impulsos da justiça por ela despertados dentro de nós. Se amamos as nossas almas, não nos atreveremos a agir doutro modo.   

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