COMPREENDA O CONCEITO DE
SENHORIO
Uma das palavras mais comuns
nas Escrituras é senhor. Esse termo não é utilizado em democracias, sociedades
socialistas ou repúblicas, exceto pelo vocábulo senhorio, em referência a
um proprietário de terras ou a um dono de imóveis. O senhorio é o único
remanescente dos reinos nos governos modernos e na sociedade ocidental. No
entanto, o conceito de senhor é um
dos princípios fundamentais de um reino.
Já vimos a respeito da
soberania de um rei – que ele é livre de controles externos e pode fazer o que
bem desejar, sem ter de prestar contas a ninguém. A soberania de um rei é
absoluta. Ele não é coroado por voto popular nem pode ser deposto pelo mesmo
processo; a soberania é um direito de nascimento. O mesmo se pode dizer do
senhorio de um rei. Todo rei é automaticamente senhor.
Portanto, qual a diferença
entre um rei e um senhor? O senhorio é apenas um dos aspectos da identidade e
do status geral de um rei, mas é um
dos mais importantes. Podemos afirmar que a idéia de rei está relacionada a domínio, enquanto que a de senhor tem a ver com território. O termo domínio refere-se à
autoridade do rei – seu poder; a palavra território
diz respeito à propriedade, à área geográfica sobre a qual a autoridade do rei
se estende. Um rei exerce autoridade (domínio) sobre uma área específica
(território) e nesta sua autoridade é absoluta.
Sem território não existe rei.
Ele precisa ter algo sobre o qual governar. De que adianta ter autoridade se
não podemos exercê-la em lugar nenhum? A menos que tenhamos um território
físico para governar, a autoridade
não passa de uma teoria. Se o termo senhor está relacionado com o território de
um rei, então o senhorio de um rei está ligado ao território. Em outras
palavras, se reinado diz respeito à autoridade, senhorio tem a ver com
propriedade. Esse é o princípio do senhorio.
Embora estejamos falando sobre
senhorio com base em reinos terrenos, tudo que dissemos se aplica com ainda
mais precisão ao Reino de Deus. Já vimos que o Altíssimo é o rei dos céus e da
terra por direito de criação. E pelo fato de todo rei ser automaticamente
senhor, o Rei de tudo também é senhor de todos. Ele possui tudo, porque criou
tudo que existe. Uma das palavras mais
comuns no hebraico usadas para referir-se ao Altíssimo, no Antigo Testamento, é
adonai, que significa literalmente proprietário. Geralmente, ela é
traduzida como senhor. O nome pessoal
de Deus, Javé ou Jeová, embora seja difícil de traduzir precisamente, carrega
esse mesmo conceito de dono, proprietário ou senhor.
Essa imagem bíblica do Todo-Poderoso
como Senhor é ampliada ainda mais pelo fato de que, na maioria das ocorrências
do nome pessoal de Deus, a palavra é substituída pelo vocábulo Senhor. Isso está de acordo com a antiga
tradição judaica. Os judeus respeitam e honram o nome do Criador de tal maneira
que nem sequer o pronunciam ou o lêem em voz alta para garantir que não violem
inadvertidamente o terceiro mandamento, que fala sobre não usar o nome de Deus
em vão. Em vez disso, substituem-no pela palavra adonai, ou Senhor.
Portanto, vez após vez, essa verdade
é reforçada. Deus é Senhor... Deus é Senhor... Deus é Senhor. Essa verdade é
reiterada mesmo na confissão de fé mais básica do judeu, recitada todas as
manhãs: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o
Senhor teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
poder (Dt 6.4,5).
Desse modo, os judeus
lembram-se, todos os dias, de que Deus é o proprietário de tudo, incluindo os
céus e a terra. Um antigo poeta hebreu expressou esse conceito da seguinte maneira:
Sede
benditos do Senhor, que fez os céus e a terra. Os céus são os céus do Senhor;
mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens (Sl 115.15,16).
Como Criador e dono do céu e
desta terra, o Altíssimo pode dar qualquer porção de sua criação a quem desejar.
Ele escolheu dar o mundo aos seres humanos, não para que fossem proprietários
dele, mas governantes ou mordomos. Os versículos a seguir confirmam o direito
de Deus como Senhor sobre este mundo:
Do
Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares e a
firmou sobre os rios (Sl 24.1,2).
Pois Deus é o Rei de toda a terra; cantai
louvores com inteligência. Deus reina sobre as nações; Deus se assenta sobre o
trono da sua santidade. Os príncipes dos povos se congregam para ser o povo do
Deus de Abraão; porque os escudos da terra são de Deus; ele está muito elevado! (Sl
47.7-9).
Da mesma maneira que o Antigo Testamento
descreve Deus como Rei, Todo-Poderoso e dono de tudo, o Novo Testamento
apresenta Jesus como Senhor e proprietário de todas as coisas. Em primeiro
lugar, Cristo apareceu anunciando a chegada e o estabelecimento do Reino dos
céus na terra, algo que apenas o próprio Rei poderia fazer. E pelo fato de um
rei ser automaticamente senhor, isso significa que Jesus também é Senhor.
O senhorio de Jesus advém por
direito de criação e é o resultado natural de sua participação na formação de
todas as coisas, visíveis e invisíveis. Em essência, não tornamos Jesus Senhor,
Ele é Senhor por direito de criação, quer o reconheçamos como tal ou não. Em
sua existência, antes de vir a este mundo, Cristo era identificado como o
Verbo. Nessa dimensão, Ele era a fonte da criação.
No
princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele
estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele
nada do que foi feito se fez. (João 1.1-3).
Pelo
que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o
nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e
na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o
Senhor, para a glória de Deus Pai. (Fl 2. 9-11).
Depois que compreendemos o
conceito de senhorio, do ponto de vista do Reino, a confissão mais importante
que podemos fazer na vida é: “Jesus Cristo é Senhor”