quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A SUBMISSÃO NO PROPÓSITO DE DEUS

Quando lemos a carta aos Romanos, capítulo 9, a partir do versículo 10, nossa mente fica um tanto incomodada com esta porção da Palavra de Deus. O nosso conceito natural de certo e errado, de bem e mal, é posto à prova. Isso acontece porque desde que Adão e Eva comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, foi transmitida à humanidade, a habilidade de julgar por nós mesmos o que é bom e o que é mau.

De forma independente e atrevida, analisamos a história de Esaú e Jacó, e não podemos compreender a soberania de Deus. Afinal, por que Deus permitiu que o mais velho fosse servo do mais novo? Por que Deus amou a Jacó e se aborreceu de Esaú, estando eles ainda no ventre da mãe, sem nem sequer terem praticado o bem ou o mal? Quando lemos essa história em Gênesis simpatizamo-nos com Esaú; ele era bom, amava o pai, era corajoso e bem disposto. Que havia de errado nele?

Jacó não era tão virtuoso assim, tinha atitudes estranhas e era suplantador. Quando Esaú estava faminto, por que Jacó não lhe deu logo a comida? Por que se aproveitou da ocasião para tomar a primogenitura de Esaú? Como alguém pode amar Jacó? Todos nós temos muitos argumentos e discernimos de acordo com o nosso padrão de certo e errado. Mas o padrão de Deus é muito mais elevado que o nosso, e Ele considera e age conforme o Seu padrão. Somos tentados a argumentar com Deus, discutir Suas preferências e atitudes, mas Ele nunca argumentará: Deus decidiu amar a Jacó, e que podemos fazer? Isso não está de acordo com o nosso ponto de vista nem com nossa preferência, mas está totalmente de acordo com o Deus que concede misericórdia. Por isso não há razões a serem discutidas, pois se Deus assim quis, a nós cabe dizer amém. A mais sábia atitude é o nosso coração reconhecer que o Senhor estará sempre com a razão.

Quando lemos Romanos 9.17 também ficamos embaraçados: parece-nos injusto sacrificar Faraó dessa maneira. O Faraó obedecia e Deus em seguida endurecia-lhe a cerviz. O Senhor fazia tudo isso e o culpado era Faraó? Cuidado! Tudo isso são os nossos argumentos. Deus diz que tem misericórdia de quem quer e endurece a quem quer. Como isso é possível? Não conseguimos aceitar tal situação porque, segundo a nossa maneira de julgar as coisas, isso não é justo. Todavia Deus nunca argumenta conosco, porque tem motivos muito superiores aos que podemos imaginar.

Às vezes certas situações nos sobrevêm e não conseguimos sujeitar-nos por não aceitá-las: “Por que Deus permite isso? Eu amo o Senhor, participo das reuniões, ajudo as pessoas e é assim que Deus me retribui?!” É difícil aprender a lição, porque estamos acostumados a discutir razões e a premiar o argumento mais forte. Enquanto não nos depararmos com a autoridade de Deus, não cessaremos de perguntar, de discutir, de arrazoar. O que nos falta é aprender tocar a autoridade de Deus para percebermos que Deus é soberano e que o melhor é não falarmos nada. O que nos resta é pedir perdão e entregar-nos totalmente à vontade de Deus.

Vejamos, como exemplo, a experiência do rei Saul. Ele era um jovem humilde de uma humilde tribo de Israel quando foi escolhido para reinar sobre o povo de Deus (I Sm 9.21). No princípio ele era muito obediente à Palavra de Deus, todavia, com o passar do tempo, ensoberbeceu-se, e a soberba fez com que se tornasse independente, até que no capítulo 15, Saul manifesta a sua desobediência. Deus, por intermédio do profeta Samuel, ordenou que Saul destruísse a cidade de Amaleque e nada poupasse. Deus tem as Suas razões, mas nem sempre as conhecemos no momento. A ordem de Deus foi eliminar tudo; no entanto Saul poupou o rei Agague, e o melhor das ovelhas e bois, destruindo somente o que, aos seus olhos, não prestava (I Sm 15.9), e ainda expôs o motivo de sua desobediência: os animais deveriam ser sacrificados a Deus (v. 15). Quando Deus ordena algo Ele simplesmente quer que os Seus obedeçam.

Então Samuel, enviado pelo Senhor, respondeu às justificativas de Saul: “Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros” (v. 22). A partir daí Deus rejeitou Saul como rei. Deus quer que você Lhe obedeça!  Levar gado para oferecer ao Senhor foi um ato bom de Saul, mas na verdade ele infringiu a autoridade, rejeitou a Deus. Rejeitar a Deus é não ouvir as Suas palavras e não agir de acordo com a Sua vontade.

Esse exemplo nos ensina uma coisa: devemos reconhecer e nos submeter à autoridade de Deus sem arrazoar. Na prática da vida da igreja é a mesma coisa: se o Senhor estabeleceu autoridades que O representam, só nos resta ser submissos. Não vamos perder tempo com argumentos que vão contra Deus: “Ah! Por que Deus estabeleceu este irmão como pastor, se eu tenho nível cultural melhor que o dele, além de ter sido salvo muito antes dele?” As nossas razões não contam, porque Deus faz o que lhe apraz, escolhe conforme Sua própria preferência e tem misericórdia de quem quer. Deus não escolheu os sábios deste mundo, mas escolheu os considerados néscios.

Se Deus parece estar errado ou correto não importa. O importante é se vejo a autoridade de Deus ou não. Quando vejo a autoridade, só cabe a mim render-me diante Dele. Às vezes um pastor erra, e ele é responsável diante do Senhor por seu erro; quanto a nós devemos submeter-nos e estar sob a autoridade representativa de Deus sem qualquer julgamento. Jamais devemos resistir à autoridade; pelo contrário, aprendamos a submissão, pois quem nunca se submete, nunca poderá ser estabelecido por Ele como autoridade.

Permanecer na posição que o Senhor nos colocou e reconhecer a ordem estabelecida por Ele, são as lições que todos nós precisamos aprender para podermos crescer na vida da igreja. Na vida da igreja quando alguém tem autoridade significa autoridade em vida, isto é, a que vem pelo crescimento de vida. Não deve ser a posição que concede autoridade, mas a vida de Deus. Assim para sermos autoridade é necessário que a vida de Deus cresça, e para a vida crescer, precisamos negar a vida da alma. A medida que negamos a vida da alma é o quanto a vida de Deus cresce em nós.

Deduzimos, então, que a autoridade vem do Espírito, e que a verdadeira submissão também vem do Espírito. Quando a autoridade e a submissão estão em harmonia vemos o verdadeiro amor. Na igreja quem tem autoridade precisa estar imerso no amor de Deus, e quem se submete deve também fazê-lo em amor. É dessa maneira, da perfeita harmonia entre a autoridade e submissão, que a vontade de Deus pode ser cumprida nesta terra.

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