quinta-feira, 7 de junho de 2012


REGRESSÃO

“Deus criou números inteiros, tudo o mais é obra humana”. Leopoldo Kronecker

Para compreender integridade, precisamos entender que há duas forças operando no mundo: (1) Deus está unindo as coisas e, (2) o pecado as está separando. Deus deseja unidade; Satanás quer divisão. O propósito de Deus é “fazer convergir em Cristo todas as coisas” (Ef 1.10), e Cristo não pode aceitar neutralidade: “Quem não é por mim, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha” (Lc 11.23).

O programa de Deus, afinal, será bem sucedido, e um dia o seu universo se tornará uma gloriosa unidade. Mas, até que isso aconteça, você e eu precisamos viver num mundo dividido e sofrer os problemas decorrentes dessa divisão.

A igreja é o principal instrumento que Deus tem neste mundo para unir as coisas; e, a fim de bem executar o seu trabalho, ela própria precisa possuir inteireza. Se há um lugar onde o povo desorientado de nossa sociedade fraturada deve procurar integridade, é na igreja local. Afinal nós, os cristãos, estamos reconciliados com Deus e unidos uns aos outros; portanto, as pessoas têm todo o direito de esperar ver integridade na igreja.

O que é integridade? Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, a palavra vem do latim “integritas” e quer dizer “inteireza física”, “inteireza moral”, “retidão”. A raiz da palavra é integer”, que significa “inteiro”, “completo”, “perfeito”. A integridade está para o caráter do indivíduo ou da empresa como a saúde está para o corpo ou como a visão perfeita está para os olhos.

Uma pessoa íntegra não é dividida (o que indica duplicidade) nem fingida (o que indica hipocrisia). É “inteira”; a vida é harmoniosa e todas as coisas operam em harmonia. Pessoas íntegras nada têm a esconder e nada temem. Suas vidas são livros abertos. São inteiras.
Eis como Jesus descreveu integridade:

“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões arrombam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem destroem e onde os ladrões não arrombam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. A lâmpada do corpo são os olhos. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. Se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, se a luz que há em ti são trevas, quão grandes são essas trevas! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou se devotará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mateus 6.19-24).

Jesus tornou claro que a integridade envolve toda a pessoa interior: o coração, a mente e a vontade. A pessoa íntegra possui um coração honesto. Não tenta amar a Deus e ao mundo ao mesmo tempo. Seu coração está no reino do céu, pois é lá que se encontra o seu tesouro. “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (I Jo 2.15). Uma pessoa íntegra leva a sério a seguinte ordem: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração” (Mt 23.37).

A pessoa íntegra também possui uma mente honesta, um ponto de vista honesto (“olhos”) que leva a vida para a direção certa. Afinal, o ponto de vista ajuda a determinar o resultado; “o homem de ânimo dobre (é) inconstante em todos os seus caminhos” (Tg 1.8). Ló foi um homem de ânimo dobre, o que ajuda a explicar a razão de ter ele escolhido ter uma casa em Sodoma em vez de uma tenda no acampamento de Abraão.

O que ajudou Abraão a se manter no caminho certo foi o seu ponto de vista honesto. Ele era estrangeiro e peregrino na terra, tendo os olhos da fé fixos em Deus e na cidade celestial (Hebreus 11.13-16).

Ninguém pode servir a dois senhores. Tentar tal coisa é tornar-se uma pessoa dividida, e uma pessoa dividida não pode ter integridade, pois seu coração, mente e vontade estão divididos. Jesus explicou que a “visão honesta” deixa entrar a luz, ao passo que a “visão dupla” – dois pontos de vista e dois senhores na vida – resulta em trevas. Preveniu então que a pessoa sem integridade realmente pensa que as trevas são luz!

O apóstolo João descreve esse processo alarmante de degeneração moral e espiritual: “E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e nele não há treva nenhuma. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade” (I Jo 1.5-6).

É este o primeiro passo na direção das trevas: hipocrisia, mentir aos outros sobre nossa comunhão com o Senhor. Há muitas maneiras de fazer tal coisa: pregar o que não praticamos, orar por coisas que não queremos, fingir que fazemos alguma coisa. Mas fingimento é apenas o começo, pois o problema torna-se pior. João continua a dizer: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos e não há verdade em nós” (I Jo 1.8).

Certamente a situação torna-se mais séria, pois agora estamos mentindo não somente aos outros, mas também a nós mesmos e acreditamos nessa mentira! A hipocrisia agora passou a ser duplicidade. Não mais apenas fingimos; a mentira agora é nosso modo de viver, e nada vemos de errado nele. A hipocrisia deu lugar à duplicidade.

Para onde nos leva esse estado de coisas?

Quando a hipocrisia (mentir a outros) e a duplicidade (mentir a nós mesmos) começam a assumir a direção, a integridade desgasta-se gradualmente até ser destruída. O resultado é sempre apostasia (afastamento de Deus). É desta que forma que, aos poucos, a luz transforma-se em trevas.

E tudo isso acontece enquanto a pessoa ou o ministério aparenta um relacionamento fiel com Deus. Quando o inesperado acontece, o povo fica surpreendido e chocado. A luz tornou-se trevas, daí por que não mais conseguem discernir o certo do errado.

Integridade significa que a luz está brilhando no interior porque a pessoa (ou o grupo) possui um coração honesto, uma mente honesta e uma vontade honesta. Hipocrisia significa que houve divisões e as trevas penetraram. Duplicidade significa que a luz tornou-se trevas, o errado tornou-se certo e o pecado tornou-se aceitável. É esse o tipo de pessoa que Jesus tinha em mente ao dizer:

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos dirão naquele dia: Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade!” (Mt 7.21-23).

Dizer as palavras certas, ter as credenciais certas, pregar sermões de textos certos, ajudar pessoas com problemas, e até mesmo fazer milagres, jamais pode tomar o lugar de fazer a vontade de Deus. A tragédia de hoje, porém, é que muitos não conhecem a diferença entre a realidade e o fingimento; o que a maioria chama de “benção” pode ser de fato julgamento de Deus!





   








   

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