segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


ANDAR COMO COMEÇOU

Acredito que nossa caminhada cristã depende muitíssimo do modo como começamos a andar. “Assim como recebestes a Cristo Jesus, assim também andai nele” (Cl 2.6). Paulo parece estar tentando dizer que se começarmos mal, continuaremos mal; se começarmos bem, continuaremos bem. Se você recebeu Jesus da forma errada, continuará estabelecendo seu relacionamento com Ele em bases enganosas. Se você recebeu a Jesus como Senhor, então continuará se relacionando com Ele como tal.

O Evangelho da graça, inventou muitas formas diferentes de se receber a Jesus. A forma mais comum é recebê-lo como Salvador. Afinal, quem não precisa de um salvador? Um Deus que está sempre atrás de nós, pronto para salvar-nos sempre que passarmos por situações embaraçosas. Pois, é, se você começou assim com Ele, assim você vai andar nele.

Alguns chegam a tratar o Senhor como Aladim tratava com a sua lâmpada maravilhosa. Sempre que passava por alguma situação aflitiva, pegava sua lâmpada, esfregava, fazia o pedido ao gênio e recolhia a lâmpada até que precisasse dele novamente. É um tipo de Deus assim que a Igreja tem pregado durante séculos. Jesus salva, Jesus cura, Jesus atende nossas fraquezas, Jesus dá isso, aquilo e tudo o mais que você quiser.

Temos desenvolvido uma visão tão deformada de Jesus que alguns chegam mesmo a aceitá-lo como se estivessem fazendo-lhe um grande favor. É que alguns pregadores apresentam-no como um pobre coitado, sofrendo numa cruz maldita, cheio de pregos pelo corpo, agonizando em meio a zombarias e até mesmo impotente diante de seus poderosos inimigos. Chegam a dizer: “Dê uma chance para Jesus”.

Sei de pessoas que “aceitam a Jesus” por misericórdia do pregador. É que, depois de vê-lo fazer vinte minutos de apelo e entoar várias estrofes de um hino sem que qualquer pessoa venha à frente, resolvem dar uma força ao pregador e acabam indo à frente. Se começarmos uma igreja desta forma, é assim que ela irá andar.

Talvez seja por isso que é tão difícil levar o povo a realizar tarefas como evangelizar, visitar, construir, dar dízimos e ofertas ou coisas do gênero, pois, afinal, nós apresentamos um Jesus que salva e não um Jesus que manda. É preciso restaurar nossa mensagem e começar a pregar o Evangelho do Reino.

Quem escolheu primeiro

Creio mesmo que essa história de aceitar a Jesus está muito mal contada. Para início de conversa, precisamos saber quem precisa aceitar quem? “Vós não me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos designei para que vades e deis frutos” (Jo 15.16).
Chegamos desta forma à conclusão de que quem carece de misericórdia somos nós e não Deus. Ele é soberano e não podemos nos esquecer disto. É Ele mesmo que tem o direito de escolher com quem deseja conviver. Nossa salvação depende mais de Deus do que de nós. 

Não podemos esquecer que fomos eleitos antes mesmo da fundação do mundo (Ef 1.4). Minha salvação está baseada na morte expiatória do Senhor e não na minha decisão de aceitá-lo. A iniciativa foi toda dele; a minha parte é receber pela fé.

Outro detalhe que precisamos esclarecer é que Jesus torna-se Salvador de todos aqueles que o reconhecem como Senhor. “Se com tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”
Estamos vivendo dias em que esta mensagem, que leva as pessoas a se submeterem ao senhorio de Jesus, está sendo recuperada pela igreja. É hora de fazermos com que todos saibam que Jesus é o Senhor.

Interessante como o Senhor Jesus, ao chamar alguns de seus futuros discípulos, foi tão incisivo. Para Levi, diante da porta da coletoria Ele foi direto ao assunto: Segue-me! (Mc 2). Com Zaqueu, não usou de subterfúgios, mas disse: “Zaqueu, desce depressa” (Lc 19.1-10). A outros, simplesmente disse: “Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4.19). Jesus estabeleceu um início de relacionamento com seus seguidores mais chegados com base no fato de que Ele é quem mandaria dali para a frente.

O Senhor tem decretos estabelecidos para todas as áreas de nossa vida. No casamento, no trabalho, nos nossos relacionamentos, no uso da nossa língua, na forma como lidamos com nossos filhos e na forma como lidamos com nossos pais. Ele quer interferir em tudo. Ele ganhou esse direito na cruz, pois foi lá que pagou o preço da nossa submissão, (I Pe 1.18-19).

É para estes, que se submetem ao seu reinado, que Ele concede tudo o mais. Provavelmente esteja aqui o motivo de todas as orações não respondidas. Este evangelho festivo, mais disposto a pedir do que a comprometer-se, não é eficiente para produzir real transformação em nossas vidas.

As condições de nosso relacionamento com Deus são estabelecidas por Ele mesmo. Jesus quer dominar sua vida para enriquecê-la e dar a você um propósito definitivo. O processo de estabelecimento do trono de Deus nos corações humanos é um processo onde, passo a passo, Ele vai tomando conta de novas áreas, que antes eram inacessíveis em nosso interior. Tudo começa com uma disposição de nossa parte, disposição esta que vai tomando forma mais prática em nosso dia a dia.

Conhecer este Evangelho do Reino é conhecer a mensagem de Deus na sua forma mais pura. 

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