segunda-feira, 27 de maio de 2013

HOMEM: HABITAÇÃO DE DEUS


No mais profundo de cada criatura humana há um lugar onde reside a misteriosa essência do seu ser. Esta realidade interior consiste de si própria e não pode ser comparada a nenhuma outra parte da complexa natureza humana. Constitui o “eu sou” do homem, dádiva do “Eu Sou” que o criou.

O grande Eu Sou que é Deus não deriva de nada e é auto-existente; o “eu sou” que é o homem é derivado de Deus e depende, em cada momento, do Seu Fiat criador para a continuidade da sua existência. Um é o Criador, elevado acima de tudo e de todos, ancião de dias, que habita a luz inacessível. O outro é uma criatura que, mesmo sendo mais privilegiado que todas as demais criaturas, é um dependente da generosidade de Deus e um suplicante diante do Seu trono.

Nas escrituras, a profunda entidade que estamos falando é denominada o espírito do homem. “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece senão o Espírito de Deus” (I Cor. 2.11). Como o auto-conhecimento de Deus está no Espírito eterno, assim o auto-conhecimento do homem é pelo seu espírito, e o seu conhecimento de Deus é impresso diretamente no espírito humano pelo Espírito de Deus.  

Não é possível ignorar a importância disso tudo quando pensamos, estudamos e oramos. Este fato revela a espiritualidade essencial da humanidade. Nega que o homem é uma criatura dotada de espírito e declara que ele é um espírito dotado de corpo. O que o torna ser humano não é o seu corpo, mas, sim, o seu espírito, no qual estava originalmente a imagem de Deus.

Uma das declarações mais libertadoras do Novo Testamento é esta: “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito, e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4.23-24). Aqui se demonstra que a natureza do culto é totalmente espiritual. A religião verdadeira trata do principal; da união do homem com o Espírito de Deus.

No íntimo e oculto centro do ser humano há uma sarça própria para ser a morada do Deus Triúno. Ali Deus planejou permanecer e arder em chamas morais e espirituais. Por seu pecado, o homem perdeu o direito a esse privilégio maravilhoso, e agora se vê forçado a viver ali sozinho. Pois o lugar é tão intimamente privado, que nenhuma criatura pode invadi-lo; ninguém senão Cristo pode entrar ali, e Ele só entrará se for convidado pela fé. “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo” (Ap. 3.20).

Pela misteriosa operação do espírito no novo nascimento, aquilo que Pedro chama de “natureza divina” penetra o âmago do coração daquele que crê e ali estabelece morada. “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”, pois “o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm. 8.9, 16). Estes são os verdadeiros cristãos, e somente estes.

O batismo, a declaração de fé, a participação nos memoriais, ser membro de igreja – estas coisas nada significam, a não ser que também seja realizado o ato supremo de Deus na regeneração. As práticas religiosas externas podem ter sentido para a alma habitada por Deus; para outras quaisquer elas não somente são inúteis, mas de fato podem ser verdadeiras armadilhas, levando as pessoas enganosamente a um falso e perigoso senso de segurança.

“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração” é mais que um sábio pronunciamento; é uma solene incumbência dada a nós por Aquele que tem o máximo cuidado de nós. A isto devemos dar a mais perfeita atenção, para que possamos viver uma vida perfeita com Deus.

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