O CHAMAMENTO DE CRISTO
Ser chamado para seguir a
Cristo é uma elevada honra; na verdade, mais elevada que qualquer honra que os
homens possam dar uns aos outros.
Se todas as nações da terra se
unissem formando uma grande federação e chamassem um homem para chefiá-la, esse
homem teria honra superior a todo e qualquer homem que já viveu. Contudo, o
mais humilde homem que ouve o chamamento para seguir a Cristo tem honra
superior à daquele homem; pois as nações da terra só poderiam dar essa honra
dentro dos limites de seu potencial, ao passo que a honra de Cristo é
absolutamente suprema. Deus lhe deu um nome que está acima de todo nome.
Sendo esta a verdade, e sabendo
disso as pessoas familiarizadas com as coisas lá do alto, vemos que os métodos,
que muitas vezes são empregados, para convencer os homens a seguirem a Cristo
nos parecem extremamente ilógicos, se não francamente errados.
Há cristãos conservadores que
comumente oferecem Cristo à humanidade como uma panacéia para curar os seus
males, uma saída para os seus problemas, um meio fácil e rápido para a obtenção
dos seus objetivos pessoais. A mensagem é apresentada de maneira que deixa o
ouvinte com a impressão de que se lhe pede que renuncie muito para ganhar mais.
E isso não é bom, por melhor que seja a intenção.
O que fazem é precisamente o
que faz um bom vendedor quando apresenta a excelência da sua mercadoria
comparando-a com a do seu competidor mais combativo. O Freguês escolhe a melhor
das duas, pois quem não o faria? Mas existe um ponto que transparece em toda
técnica de venda: a idéia de lucro egoísta está presente na transação toda.
Jesus Cristo é um homem que
veio salvar homens. Nele a natureza divina uniu-se à nossa natureza humana, e
onde quer que exista natureza humana, ali está a matéria prima da qual Ele
produz seguidores e santos. Nosso senhor não discrimina classes sociais, altas
ou baixas, ricos ou pobres, velhos ou jovens, homem ou mulher: todos são seres
humanos, e todos são semelhantes a Ele. Seu convite dirige-se à humanidade
toda.
No tempo do Novo Testamento,
pessoas de muitos e diferentes níveis sociais ouviram Seu chamado e atenderam:
Pedro o pescador; Levi o funcionário público; Lucas o médico, Paulo o erudito;
Maria a possessa; Lídia a comerciante; Sérgio Paulo o estadista. Umas poucas personalidades
de vulto e muitas pessoas comuns vieram a Jesus. Vieram e o Senhor as recebeu
todas do mesmo modo e nos mesmos termos.
De qualquer profissão ou ocupação,
os homens e as mulheres podem vir, se quiserem. É simples a regra: Se a
ocupação é boa, continue nela, se desejar; se é má, abandone-a logo e procure
outra. Se o chamado inclui desligamento de todos os interesses comuns para
dedicação integral à obra do Evangelho, nenhuma ocupação ou profissão, seja boa
ou nobre quanto for, deverá impedir-nos de obedecer ao chamado.
Uma coisa é certa: a vocação de
Cristo é sempre uma promoção. Se Cristo chamasse um rei, para deixar seu trono
e pregar o Evangelho a alguma tribo de aborígines, esse rei seria elevado a uma
posição superior a tudo quanto conhecera. Qualquer movimento em direção a
Cristo é ascensão, e qualquer rumo que nos afaste dEle é ir para baixo.
Perante Deus e os anjos, é
grande honra seguir a Cristo, o que não o é perante os homens. O Cristo que
agora o mundo finge honrar, outrora foi rejeitado e crucificado pelo mesmo
mundo. O grande santo só recebe honra depois de sua morte. Raramente é
reconhecido como tal enquanto vive na terra. As homenagens e os aplausos do
mundo chegam tarde demais, quando ele já não pode ouvi-los; e talvez seja
melhor assim. Não muitos são bastante livres do egoísmo para suportar as honras
sem prejudicar suas almas.
Naqueles primeiros dias na
Galiléia, os seguidores de Cristo ouviram o Seu chamamento, abandonaram a
antiga vida, ligaram-se a Ele, começaram a obedecer Seus ensinamentos e se
juntaram ao Seu grupo de discípulos. Esta entrega total foi a confirmação de
sua fé. Nada menos que isso o seria.
E não é diferente hoje. Cristo
nos chama para deixarmos a velha vida e começar a nova. É preciso que não haja
vácuo nenhum, nenhum lugar neutro no qual o mundo possa identificar-nos. Pedro
a aquecer-se ao pé da fogueira do mundo e procurando parecer despreocupado é um
exemplo da espécie de discipulado pela metade com o qual muitos estão
satisfeitos.
O mártir, saltando para a arena
e exigindo que o lancem aos leões junto com os seus sofredores irmãos na fé, é
um exemplo da única espécie de dedicação que Deus aprova.
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