segunda-feira, 6 de maio de 2013


POR QUE ALGUNS ACHAM DIFÍCIL A BÍBLIA

Os que estão familiarizados com os fatos não negam que muitos acham a Bíblia difícil de entender. Testemunhos das dificuldades encontradas na leitura da Bíblia são muito numerosos e demasiadamente difundidos, para serem postos de lado ligeiramente.

Na experiência humana, para tudo existe um complexo de causas, e não apenas uma. Assim é com a dificuldade com que nos deparamos na Bíblia. À pergunta, por que é difícil entender a Bíblia? Não se pode dar resposta num abrir e fechar de olhos; a resposta pronta certamente será a resposta errada. O problema é múltiplo e, por essa razão, o esforço para encontrar uma solução única para ele será decepcionante.

Mesmo diante dessa dificuldade, aventuro-me a dar uma curta resposta à questão e, embora não seja a resposta completa, é uma resposta importante e provavelmente traz em seu bojo uma explicação interessante: Creio que achamos a Bíblia difícil porque tentamos lê-la como lemos qualquer outro livro, e a Bíblia não se assemelha a nenhum outro livro.

A Bíblia não se dirige a qualquer um. Sua mensagem é dirigida a uns poucos escolhidos. Se estes poucos são escolhidos por Deus num ato soberano de eleição, ou se são escolhidos porque preenchem certas condições que os qualificam, deixo a cada qual decidir como quiser, sabendo muito bem que a sua decisão será determinada por suas crenças básicas acerca de matérias como predestinação, livre-arbítrio, os decretos eternos e outras doutrinas correlatas.

Mas, seja o que for que tenha acontecido na eternidade, o que acontece no tempo é obvio: Uns crêem, outros não; uns são moralmente receptivos, outros não; uns têm capacidade espiritual, outros não. Aos que crêem, são escolhidos e têm o Espírito é que a Bíblia se dirige. A sua leitura será vã para os que não crêem, não são e não tem.

Neste ponto só posso esperar fortes objeções de alguns leitores, por razões não difíceis de entender. O cristianismo atual está centralizado no homem, não em Deus. Deus é posto a esperar pacientemente, até mesmo respeitosamente, pelos caprichos dos homens. A imagem que a maioria tem de Deus é a de um Pai inquieto a lutar desesperadamente para conseguir que as pessoas aceitem um Salvador do qual elas não sentem nenhuma necessidade e por quem elas têm pouquíssimo interesse.

Para persuadir estas almas auto-suficientes a responder afirmativamente às Suas generosas ofertas, Deus fará quase tudo, usando até os métodos de barganha e fazendo descer ao nível delas a Sua linguagem, da maneira mais camarada que se possa imaginar. Naturalmente, este modo de ver as coisas é uma espécie de romantismo religioso que arranja as coisas para fazer do homem o astro do espetáculo.

A noção de que a Bíblia é dirigida a toda gente tem produzido confusão dentro e fora da igreja. O esforço para aplicar o ensino das doutrinas principais às nações não regeneradas do mundo é um exemplo disto. Citar as palavras e os ensinos de Cristo a certas autoridades policiais, juízes, generais e governantes poderosos, sem a graça de Deus é, na maioria das vezes, “lançar pérolas aos porcos”.

As palavras de Cristo, repassadas de Sua graça, são para os filhos e filhas da graça, não para as nações pagãs. Deus não somente dirige as Suas palavras da verdade aos que têm competência para recebê-las; Ele de fato oculta o seu significado à multidão. O pregador usa suas historietas para tornar clara a verdade; o Senhor freqüentemente as usava para obscurecê-la. As parábolas de Cristo eram o oposto da moderna “ilustração”, cujo propósito é iluminar; as parábolas eram “dizeres obscuros” e Cristo afirmou que às vezes as utilizava de modo que os Seus discípulos as pudessem entender e Seus inimigos não.

O poder salvador da palavra está reservado para aqueles aos quais visa. O segredo do Senhor está com os que o temem. Pode-se compreender filosofia sem passar pelo arrependimento; pode-se compreender Platão sem crer numa só palavra dita por ele; mas o arrependimento e a humildade, juntamente com fé e obediência, são necessários para um reto entendimento das Escrituras.

O homem natural precisa conhecer para crer; o homem espiritual precisa crer para conhecer. A fé que salva não é fruto de uma conclusão deduzida de prova; é algo moral, uma coisa do Espírito, uma sobrenatural infusão de confiança em Jesus Cristo, um verdadeiro dom de Deus.

A fé que salva descansa na pessoa de Cristo; leva imediatamente a uma entrega do ser total a Cristo, ato impossível ao homem natural. Crer retamente é tão miraculoso como a saída de Lázaro da sepultura, por ordem de Cristo.

A Bíblia é um livro sobrenatural e só pode ser compreendido com auxílio sobrenatural.
   

0 comentários:

Postar um comentário