A VERDADE SE OPÕE À HERESIA
Ao estudarmos as doutrinas da
salvação eterna, da eleição, da predestinação, da disciplina e recompensa,
podemos ter a sensação de que algumas conclusões são heréticas. Essa sensação
nos leva a rejeitá-las de antemão. Nega-mo-nos a analisar os argumentos, pois já
julgamos e desprezamos os mesmos. Essa é uma atitude que precisamos evitar.
Por outro lado devemos saber
que somente os que compreendem a verdade podem opor-se à heresia. Uma heresia
não pode opor-se a outra heresia. No entanto, sabemos que todas as heresias não
são heresia pura; elas são a verdade acrescentada de um pequeno erro. Heresia é
acrescentar coisas erradas a coisas certas. Adicione um pouco do pensamento do
homem ao pensamento de Deus e você terá uma heresia.
Por exemplo: o catolicismo
prega a doutrina do purgatório. As pessoas que não conhecem as doutrinas
Bíblicas não são capazes de dizer se a doutrina do purgatório está certa ou
errada. Aqueles que tem estudado com seriedade a doutrina da disciplina e recompensa
poderão perceber que a doutrina do purgatório está absolutamente errada. Você
pode dizer que é uma heresia.
Na Bíblia vemos que a
disciplina de Deus sobre os cristãos ocorre no milênio, mas os católicos dizem
que há um purgar ocorrendo hoje. Eles dizem que se um cristão não viver à
altura do padrão na terra hoje, ele não será capaz de ir para o céu. Por
conseguinte, ele terá de ser purgado. Portanto, eles dizem que tão logo um
cristão morra, ele começa a ser purgado e é purgado até que a obra seja
completada. Entretanto, não existe absolutamente tal ensinamento na Bíblia.
A Bíblia nunca diz que assim
que um cristão morre, ele será purgado no Hades. A Bíblia nos mostra que haverá
a disciplina no reino futuro, mas não há o purgar no Hades hoje.
Os católicos são vítimas de
outro grave engano. Eles pensam que se assegurarem, para si mesmos,
indulgências enquanto estiverem vivos ou se após morrerem os padres orarem por
eles, eles serão aliviados de alguma purificação do purgatório. Contudo, a
Bíblia nunca diz algo semelhante a isso. A Bíblia diz somente que aquele que
tem misericórdia dos outros obterá misericórdia. A oração dos padres não fará
nada pelos mortos. A Bíblia nunca nos ensina a orar pelos mortos.
Outro engano terrível é
acreditar que um homem não será salvo até que tenha sido completamente
purificado no purgatório. Isso é uma completa reviravolta do ensino da Bíblia.
A Bíblia nos mostra que não há outro nome no céu ou na terra além do nome do
Senhor Jesus pelo qual devamos ser salvos (Atos 4.12). Somente Ele pode
salvar-nos. Fora do Senhor Jesus não há salvação.
Disciplina e punição não são
para salvação, mas para santificação. A questão da nossa salvação está
determinada bem antes de Deus disciplinar alguém, mas ainda há coisas em que
nós não combinamos com Ele. Ainda existem imperfeições e áreas que não estão à
altura do padrão. Portanto, existe disciplina nesta era e disciplina no Reino
vindouro.
Se conhecermos a verdade
bíblica, perceberemos que a doutrina do purgatório anula a graça. Agradeço a
Deus que, embora eu seja um pecador imundo, por meio do Senhor Jesus, eu agora
estou salvo. Quando eu morrer, não tenho de ser purgado, pois a salvação não
depende de mim, mas do Senhor Jesus. Certamente estou salvo. A disciplina é o
meio de Deus fazer-nos perfeitos como Ele é perfeito. Ele nos castiga a fim de
sermos como Ele, até mesmo para sermos o que Ele é. Deus nos corrige para
sermos “participantes da sua santidade”
(Hb 12.5-10). Isso nada tem a ver com
nossa salvação. É um assunto dentro de Sua família.
Finalmente, somente depois de
conhecermos isso seremos capazes de lidar com a heresia no protestantismo. Hoje,
entre os protestantes, estão sendo difundidos dois tipos de erros. Primeiro, um
grupo de teólogos protestantes propõe que desde que um homem é “salvo, salvo para sempre”, e pode fazer
qualquer coisa em sua conduta. Uma vez que um cristão é salvo eternamente, eles
dizem, ele pode ser mau até morrer e ainda estará no Reino. Ele, entretanto,
ocuparia uma posição bem inferior no Reino. Nesse caso, sua maior perda
consiste em ocupar uma posição mais baixa no reino.
Esse tipo de ensinamento fará
com que o homem seja desleixado e irresponsável. Então, que é graça para eles?
Para eles a graça é uma desculpa para desleixo e licenciosidade.
Há outro grupo de protestantes
que diz que depois que uma pessoa crê, ainda existe a possibilidade de ela
perder a sua salvação. Talvez ela esteja salva e não-salva três ou quatro vezes
ao dia. Se esse fosse o caso, o livro da vida seria, sem dúvida, muito confuso.
Se um homem é condenado tão logo peque e se vai para o inferno tão logo
transgrida, devemos questionar se a salvação é pela graça ou pelas obras. Ambos
os grupos são extremistas demais, muito embora ambos tenham certa base bíblica.
A Bíblia nos mostra claramente
que quando um homem é salvo, ele está eternamente salvo. A Bíblia também nos
revela com clareza que é possível um cristão ser “lançado na Geena” temporariamente. Mas o problema é que alguns
irmãos, por um lado, insistem que a salvação é eterna e não há tal coisa de
disciplina no Reino, enquanto outros irmãos, por outro lado, insistem que se
podemos ser “lançados na Geena”,
então a vida eterna é incerta e, portanto, podemos ir para a perdição eterna.
Contudo, se virmos a diferença
entre a era do Reino e a eternidade, e a diferença entre a punição temporária
do milênio e a punição eterna, estaremos esclarecidos de que um cristão pode
receber punição no futuro, mas ao mesmo tempo, saber que Deus tem dado a vida
eterna às Suas ovelhas, e elas jamais poderão perdê-la. Esse conhecimento
dá-nos a ousadia de dizer que uma vez que fomos salvos, estamos eternamente
salvos. Depois que uma pessoa é salva pela graça, ela jamais perecerá
novamente.
Dessa forma, nós não somente
resolvemos adequadamente o problema do purgatório do catolicismo, como também
fizemos uma distinção entre salvação eterna e disciplina. Que o Senhor nos
conceda a graça e nos mostre que a questão da salvação eterna está resolvida
devido à obra de Jesus de Nazaré, mas a situação de alguém no Reino dos Céus é
determinada pela própria pessoa.
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