quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ALGUNS DITOS IMPORTANTES SOBRE O CRISTÃO

“O que o cristão costumava ser é a coisa menos importante a seu respeito. O que ele ainda está para ser é tudo o que lhe deve interessar”. Ocasionalmente ele pode, como acontecia às vezes com Paulo, lembrar para sua vergonha a vida que outrora viveu; mas isso deve ser feito apenas de relance, jamais numa contemplação demorada. O nosso longo e permanente olhar é para Deus e para a glória que há de ser revelada.

Esquecer é uma arte, e todo cristão deve tornar-se hábil nessa arte. Esquecer as coisas que ficaram atrás é uma necessidade positiva, se é que havemos de ser mais que simples bebês em Cristo. Se não podemos confiar que Deus tratou eficientemente do nosso passado, podemos também render-nos e dá-lo por liquidado. Cinqüenta anos de lamentação pelos nossos pecados não podem eliminar a nossa culpa por eles. Mas se Deus realmente nos perdoou e nos purificou, então podemos considerá-lo feito e não desperdiçar mais tempo com lamentações estéreis.

Vida nova, nova esperança, novas alegrias, novos interesses, novo trabalho com sentido e propósito e, melhor que tudo, um novo e satisfatório objeto ao qual dirigir a arrebatada contemplação da nossa alma. Deus agora ocupa o jardim recuperado, e sem temor podemos andar e comungar com Ele no frescor do dia.  

Justamente aqui é onde está a fraqueza de muito cristianismo dos dias correntes. Não aprendemos onde pôr a nossa ênfase. Particularmente, não compreendemos que somos salvos para conhecer a Deus, para estar na Sua presença assombrosa mediante o novo e único caminho, e permanecer nessa Presença para sempre. Somos chamados para uma eterna preocupação com Deus. O Deus Triuno, com todo o Seu mistério e majestade, é nosso, e nós somos Dele, e a eternidade não será bastante longa para experimentarmos tudo quanto Ele é de bondade, santidade e verdade.

Como seres revestidos de eternidade, não devemos descansar, dia e noite, de nosso serviço em adoração da Divindade. Professamos estar anelantes pela habitação celestial, a Nova Jerusalém; por isso começamos a servir a Deus na terra como o faremos na eternidade futura.

Sem contestação, o ensino do NT é que Deus habita a natureza dos Seus verdadeiros filhos. Como pode ser isso não sei, mas tampouco sei como a minha alma habita o meu corpo. Esta maravilha da habitação de Deus Paulo denominou rico mistério: “Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1:27). E se a doutrina envolvesse contradição ou mesmo impossibilidade, ainda teríamos de crer no que a boca do Senhor falou. “Seja Deus verdadeiro e mentiroso todo homem” (Rm 3:4). O que essa verdade significa para nós? Que tem ela a oferecer a um cristão sério forçado a viver num mundo trevoso e sem Deus? Como diria Paulo, “Muita, sob todos os aspectos” (Rm 3:2).

Deus não habita passivamente em Seus filhos; Ele exerce vontade e age neles (Fp 2:13); e lembremo-nos, onde quer que Ele esteja, Deus sempre age como Ele próprio. Ele fará em nós o que quer que a Sua natureza O mova a fazer; e, exceto se for impedido por nossa resistência, Ele agirá em nós precisamente como age no céu. Só O pode impedir uma vontade humana não santificada.

Sem dúvida, fazemos muito impedimento a Deus com nossa obstinação e com nossa incredulidade. Deixamos de cooperar com os santos impulsos do Espírito em nós; vamos contra a Sua vontade como vem revelada nas Escrituras, seja por não dedicarmos tempo para descobrir o que a Bíblia ensina, seja porque não o aprovamos quando o fazemos. Esta contenda entre a Divindade em nós e as nossas propensões decaídas ocupa largo espaço na teologia do Novo Testamento.

Mas não é preciso que o conflito continue indefinidamente. Cristo fez plena provisão para que fiquemos livres da escravidão da carne. Uma franca e realista apresentação da matéria toda é feita em Romanos seis e sete, e se revela uma triunfante solução no capítulo oito: Em resumo, trata-se de uma crucificação com Cristo, seguida pela ressurreição e por uma infusão do Espírito Santo.

Uma vez livre o coração dos seus impulsos contrários, Cristo nele se torna um maravilhoso fato experiencial.

Certo dia, quando lia Efésios 2:6, que diz: “E, juntamente com Ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”, comecei a entender. No momento em que um cristão ressuscita com Cristo, ele também se assenta nos lugares celestiais com Cristo. Isso não acontece por causa de sua virtude pessoal ou por causa de sua oração, mas pelo fato de ter sido levado aos lugares celestiais no instante em que o próprio Cristo ascendeu aos céus. Cristo está nos lugares celestiais, e, por conseguinte, eu também estou nos lugares celestiais.

Todas as experiências espirituais começam quando cremos no que Cristo consumou e terminam quando obedecemos ao que o Espírito Santo nos ordena fazer. O que Cristo realizou nos dá a posição, e o que o Espírito ordena faz com que a experimentemos. O que Cristo consumou é fato que deve ser recebido, e o que o Espírito nos dirige é princípio que requer obediência. De acordo com o princípio da Bíblia, a ordem é: Primeiro a realidade de Cristo; depois, a direção do Espírito Santo. O resultado é a produção de muitos frutos. Que Deus nos capacite a obedecer-Lhe e servir-lhe mais em Seu caminho!     

“Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor.” A partir desse texto podemos concluir que a nossa salvação ocorre em três períodos. O primeiro período é o passado, no qual Deus nos salvou do castigo do pecado, que é a morte. O segundo período é o presente, no qual Deus está salvando-nos do poder do pecado. O terceiro período é o futuro, no qual Deus nos salvará da presença do pecado, e entraremos no Reino a fim de reinar com Cristo. Vamos ilustrar cada um desses períodos com um versículo pertinente:

“...que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (II Tm 1:9). Essa é a experiência passada que todo aquele que crê recebeu.

“Por isso, também pode salvar totalmente os que por meio dele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25). Essa é a salvação que está ocorrendo no tempo presente, a qual podemos receber hoje.

“Assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que O aguardam para a salvação” (Hb 9:28). Essa é a salvação futura e completa.

“Portanto, é evidente que a Escritura Sagrada refere-se aos três períodos da salvação. Todos os cristãos podem ter a salvação passada (em seu espírito), mas é possível que não tenham a salvação (da alma), no presente e a futura. Alguns podem ter a salvação passada e a presente e estar à procura da salvação futura. Uma pessoa pode ser salva do castigo do inferno mesmo que ainda peque com freqüência. Uma pessoa pode ser salva do castigo do inferno, mas pode ser que não reine com Cristo na era futura.

Para as pessoas que ainda não foram salvas, devemos dizer que creiam que podem ser remidas do castigo do inferno. Mas, para nós, que fomos libertos do inferno, precisamos ser salvos do poder do pecado e procurar a glória do Reino vindouro. Desenvolvamos, assim, nossa salvação com temor e tremor.

Palavras importantes de um pregador usado por Deus no final do século XVIII – Charles Haddon Spurgeon:

As igrejas têm verões, como nossos jardins, quando todas as coisas estão em sua plenitude; mas depois vêm os seus invernos e, infelizmente, que esvaziamentos se vêem! Acaso não temos visto, todos nós, a enchente que ocorre quando a maré alta invade a praia, e não temos observado a maré vazante, quando cada onda fica muito aquém da que a precedeu? Tais fluxos e refluxos existem na história do reino de Cristo. Um dia “se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele” (Mt 11:12); noutra ocasião os homens parecem envergonhar-se da fé cristã, e saem vagando em busca de mil ilusões, e a igreja é depreciada e rebaixada por heresias, pelo mundanismo, pela indiferença e por toda espécie de males.

Palavras ditas em 19 de fevereiro de 1887.

Faz muito tempo que eu deixei de contar cabeças. Geralmente, a verdade está em minoria neste mundo. Quanto a mim, tenho fé no Senhor Jesus Cristo, uma fé que me queima por dentro como que com ferro em brasa. Graças a Deus, o que creio crerei, mesmo que somente eu o creia. – Proferida em 16 de outubro de 1887. 

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