segunda-feira, 31 de outubro de 2011

AS SETENTA SEMANAS NA VISÃO DO PROFETA DANIEL

O livro de Daniel tem por tema central a revelação do destino do governo humano na economia de Deus. Desde Ninrode, em Gênesis, até o anticristo em Apocalipse, a história da humanidade relacionada com o povo de Israel, está relatada em Daniel.

O conteúdo das visões e revelações proféticas, contidas no livro do profeta Daniel, constituem uma fonte inesgotável de conhecimento da parte de Deus para o Seu povo. Não pretendemos enfocá-lo em sua totalidade, mas vamos nos ater ao capítulo 9. Daniel 9 contém o mistério das setenta semanas que revelam as coisas que haveriam de acontecer ao povo de Israel após a ordem da reedificação da cidade de Jerusalém.

A partir da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, Deus determinou “setenta semanas” sobre o povo de Israel:

 “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas” (Dn 9:24-25).  

A ordem para a reconstrução a que se refere a profecia foi dada por Artaxerxes I, e essa história é narrada no livro de Neemias. A partir dessa ordem haveria setenta semanas de sete anos, isto é, quatrocentos e noventa anos, determinados sobre Israel. A duração desde a ordem até o final da edificação de Jerusalém seria de sete semanas, ou seja, quarenta e nove anos. Esse período foi descrito assim: “As praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos” (v. 25b).

A palavra profética continua: “Depois das sessenta e duas semanas será morto o Ungido, e já não estará” (v. 26ª). A morte do Ungido é a crucificação do Senhor Jesus. Da conclusão da reedificação de Jerusalém até a crucificação de Cristo passaram-se sessenta e duas semanas de sete anos. Nesse ponto se interrompe a profecia sobre a história do povo de Israel. Portanto, das setenta semanas já se cumpriram até aqui sessenta e nove. A interrupção da profecia marca o momento em que a Igreja do Senhor começou a ser edificada. 

Esse período é a era da igreja, que já dura mais de dois mil anos. Essa “inserção” durará até um pouco antes da segunda vinda do Senhor, quando então se iniciará a contagem de tempo da última semana, que irá concluir a história de Israel.

O Pensamento Central

O pensamento central de Daniel é o Cristo glorioso, revelado no capítulo 10. Esse Cristo é o personagem central da economia de Deus: “Segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Ef 3:11). Na segunda vinda de Cristo, Ele destruirá a grande imagem e finalizará a história de Israel. Nesse livro Cristo é a centralidade e a universalidade da economia de Deus.

Cristo, como centro da economia de Deus, cumpriu, está cumprindo e cumprirá todas as etapas necessárias para que o propósito eterno de Deus seja concluído. Essas etapas são as principais:  

    
P   Por fim à Velha Criação

No final das sessenta semanas o Ungido foi morto. Na Sua morte na cruz Cristo pôs fim à velha criação: “Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos” (Rm 6:6).

b.     Gerar a Igreja

Mediante a Sua morte e ressurreição, Cristo gerou a igreja, fazendo germinar a nova criação: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (II Co 5:17). A era da Igreja durará até o começo da última semana, quando então se dará a vinda do Senhor Jesus.

c.      Destruir o Governo Terreno

Na Sua segunda vinda, Cristo virá como a pedra que esmiuçará a grande imagem humana, a qual representa a totalidade de todo governo humano. Essa pedra, no entanto, não será Cristo somente, mas Cristo e os santos vencedores. Essa pedra se tornará uma grande montanha que encherá toda a terra, introduzindo assim o reino eterno de Deus: “Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos... O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser futuramente. Certo é o sonho e fiel a interpretação” (Dan 2: 44-45).
                                  
d.     Estabelecer o Reino Eterno de Deus

Quando Cristo voltar, estabelecerá o reino eterno de Deus. Apocalipse 11:15 diz: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do Seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.”

Eis o que foi revelado ao profeta Daniel. Cremos que; assim como a maior parte da profecia sobre as setenta semanas de anos já se cumpriu, a última semana está para se cumprir em breve. A Palavra de Deus é verdadeira e fiel e cremos que a Sua Palavra não irá passar ou falhar. Esperemos com fé esse tempo final da profecia e nos alegremos porque, finalmente, o Reino passará a ser do Senhor e do Seu Cristo!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ACORDE, IGREJA ADORMECIDA!

“Já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos” (Rm 13.11).

A mensagem que os cristãos do século XXI precisam ouvir é a mesma que Jesus transmitiu à igreja de Sardes: “Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus. Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti” (Ap 3.1-3).

Uma igreja adormecida nunca pode alcançar um mundo perdido.

A Bíblia declara que toda a humanidade se encontra morta espiritualmente, e que está se afogando em um oceano de pecado e impureza. Se as pessoas não ouvirem o evangelho do Reino nesta vida, estão destinadas a sofrer a punição eterna no inferno. Isso é trágico, porque o Senhor Jesus afirmou que esse castigo foi “preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 24.41), e não para as pessoas criadas à imagem e semelhança de Deus.

A única maneira de esses indivíduos ficarem sabendo que Jesus tem uma alternativa para escaparem desse destino terrível é se nós contarmos a eles! Muitos cristãos pensam que falar de Jesus aos perdidos é responsabilidade de outras pessoas. Eles apresentam inúmeras desculpas na tentativa de justificar sua inatividade e silenciar sua consciência, mas o Senhor conhece a verdade. A Bíblia claramente nos instrui: “Livra os que estão sendo levados para a morte e salva os que cambaleiam indo para serem mortos. Se disseres: Não o soubemos, não o perceberá aquele que pesa os corações? Não saberá aquele que atenta para a tua alma? E não pagará ele ao homem segundo as suas obras?” (Pv 24.11, 12).

O tempo é curto, e é um absurdo que os cristãos continuem brincando enquanto milhões de pessoas ao nosso redor estão morrendo e indo para a perdição eterna. Os crentes geralmente usam o texto em Apocalipse 3.20 como um convite para a salvação. Está escrito: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo”. Entretanto, se examinarmos mais detidamente essa passagem, perceberemos que Jesus não está batendo à porta do coração dos descrentes quando diz essas palavras. Ele estava batendo à porta da igreja de Laodicéia, que havia se afastado dos caminhos de Deus. Jesus estava do lado de fora, batendo e pedindo para o deixarem entrar! É triste constatar essa realidade, mas Cristo tem sido desprezado em muitas igrejas. Muitos crentes continuam agindo em sua religiosidade caduca, “tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder” (II Tm 3.5).

Acorde igreja! Arrependam-se! Deixem que o Senhor entre! Ele nos ama a todos, e, enquanto estivermos vivos, ainda há tempo para sermos usados para a glória de Deus. Um crente ou uma igreja espiritualmente apáticos darão um testemunho muito fraco a respeito do Jesus vivo e ressurreto. A igreja deve ser um centro de treinamento e de comando para a guerra espiritual, e não um clube social de divertimento e hipocrisia, onde as pessoas seguem a Cristo da boca para fora enquanto se recusam a obedecer suas ordenanças. Deus quer que você acorde, pois tem um trabalho para você realizar. Temos que passar a obedecer à Palavra de Deus. Precisamos começar a pôr em prática as Escrituras, em vez de apenas ouvi-las.

Tiago disse: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22). Quando damos ouvidos à Palavra de Deus, ficamos repletos de alimento espiritual. Isso é bom, mas ocorre com um propósito bem definido, para que possamos compartilhar esse alimento com os famintos, e assim eles também conhecerão a Jesus. Quando você passa adiante o que recebeu, o Espírito Santo lhe dá mais para que você possa compartilhar mais ainda. Isso é algo maravilhoso.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

DEUS COMO PAI E DEUS COMO DEUS

No dia da ressurreição, Jesus disse a Maria Madalena: “Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” (Jo 20.17). Nesse versículo o senhor Jesus nos diz que temos não só um Pai, mas também um Deus. A diferença entre Deus como o Pai e Deus como Deus demonstrada nas Escrituras é que Deus, como Pai indica Sua relação com indivíduos, ao passo que, como Deus, indica Sua relação com todo o universo. 

Deus como o Pai é questão de vida, mostrando que nosso relacionamento com Ele deve ser como o de um filho com o seu pai, ao passo que Deus como Deus é uma questão de posição, mostrando que Ele é o Criador.

Quando conhecemos a Deus como nosso Pai, ousamos lançar-nos em seus braços, e quando O conhecemos como Deus, precisamos inclinar-nos e adorá-lo. Somos Seus filhos, vivendo no Seu amor e alegremente desfrutando tudo o que Ele nos dá. Somos também o Seu povo, posicionados como homens, adorando-O e louvando-O. Visto que Ele é Deus, precisamos adorá-Lo na beleza da Sua santidade (Sl 29.2) e em temor (Sl 5.7). Qualquer pessoa que conheça Deus como Deus em todas as coisas não pode deixar de temê-Lo e de atentar para coisas tais como vestimenta e comportamento.

Qualquer pessoa que seja relaxada, descuidada, insolente, que pratica tudo o que sua carne quer e permite que o pecado permaneça, não conhece Deus como Deus. Sabemos que: “não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13). Você acha que Deus está dormindo? Deus é paciente e tolerante, esperando que você se arrependa. Você acha que pode zombar Dele? As Escrituras nos dizem: “de Deus não se zomba” (Gl 6.7). Irmãos, precisamos temê-Lo.

Os vinte e quatro anciãos de Apocalipse 4.4 são os anciãos de todo o universo. Eles são mostrados na visão de João como tendo coroas em sua cabeças e estão sentados em tronos. No entanto, visto que conhecem a Deus como o Deus da criação, eles O adoram e dizem: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap 4.11). Quando por fim esses anciãos chegarem à festa das bodas do Cordeiro, eles se inclinarão e adorarão a Deus, que se senta no trono (Ap 19.4). Outra cena importante da visão de João em Apocalipse se dá quando um anjo voa nos ares, pregando o evangelho eterno aos povos da terra. O anjo diz: “Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14.7). Isso significa que, todos aqueles que reconhecem ao Senhor como Deus e Criador, devem adorá-Lo. Isso é o que O glorifica!

O evangelho segundo João 4.23-24 é muito claro ao dizer que: Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. Isso significa que somente o elemento no homem que é o mesmo de Deus é que pode adorá-Lo. Somente o espírito pode adorar o Espírito. Somente a adoração que é do espírito é verdadeira. Esse tipo de adoração não é algo em que se usa a mente, nem as emoções e vontade. É em espírito e em realidade. O versículo 23 diz: “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores”. Isso é muito significativo. Quando lemos isso vemos que se um homem deseja adorar a Deus, precisa primeiro saber adorar o Pai. Se uma pessoa não tem relação de Pai e filho com Deus, ainda não tem vida, e seu espírito ainda está morto; não conseguirá adorar a Deus.

Quando alguém nasce de novo pelo Espírito de Deus, seu espírito é vivificado, ela se torna filho de Deus e pode ter comunhão com Ele. São esses que o Pai procura para adorá-Lo. Por isso, antes de ser o povo de Deus, precisamos primeiro nos tornar Seus filhos. Apocalipse 21.7 diz: “O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho”. Eis aqui uma preciosa revelação: na eternidade, no que diz respeito à relação de vida e à relação individual, seremos filhos para Deus, mas no tocante à posição divina e conhecimento Dele como Criador, Ele será nosso Deus. Isso é glorioso!

Por fim, precisamos reconhecer isso e dizer para nós mesmos as mesmas palavras proferidas ao apóstolo João: “Adora a Deus” (Ap 22.9).  

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O TRIBUNAL DE CRISTO

A Bíblia nos revela que a segunda vinda de Cristo ocorrerá em duas fases, sendo que, na primeira o Senhor não irá pisar na Terra, mas sim, virá ao encontro da Sua noiva, a Igreja, a qual será arrebatada e irá imediatamente para um lugar onde será realizado “o Tribunal de Cristo”. (Rm 14:10 ; II Co 5:10 ; Ap 22:12 ; I Pe 4:17).

Alguém poderá perguntar: Mas por que Jesus vem buscar a Sua Noiva e a primeira coisa que faz é levá-la ao tribunal? A resposta a essa pergunta é que temos um Deus justo e maravilhosamente bom. Este tribunal, ou este julgamento, não será para condenar ninguém, mas antes para galardoar aqueles que se envolveram na Obra de Deus.

O crente salvo já foi julgado como pecador em Cristo. Aconteceu no passado, no Calvário, quando Jesus morreu por nós. Quando Deus nos deu a salvação pela graça, Ele o fez baseado na justiça. Jesus foi julgado e condenado por todos nós pecadores e foi por isso que Deus pode dar perdão sem cometer injustiça.

O crente é julgado como filho durante sua vida física. Depois, no Tribunal de Cristo, o crente é julgado como servo, tendo em conta o serviço feito para Deus. Não é um julgamento para dar salvação a quem merece, mas dar galardão a quem trabalhou e fez a vontade de Deus na terra. Nossa salvação foi ganha pelo Senhor Jesus Cristo, mas Deus quer recompensar os Seus servos, pois Ele não ficará devendo coisa alguma àqueles que o servem.

Naturalmente que o nosso Deus é Santo e Justo. Justiça e santidade são componentes da essência e natureza de Deus. Por isso, a justiça será aplicada a todos os homens tanto aos maus como aos bons. A Bíblia nos conta uma parábola sobre talentos em Mateus 25: 14-19, por isso temos que fazer os talentos renderem para não sermos considerados como sevos maus e negligentes.

Jesus irá recompensar aqueles que se esforçaram na Sua obra, colocando os talentos para funcionar, contribuindo desta maneira para que outros possam conhecer a graça de Deus. A justiça começará pelos escolhidos de Deus, pelos salvos. Os galardões serão distribuídos antes dos cristãos entrarem nas Bodas do Cordeiro.

Fiquemos firmes, confiantes e envolvidos com a vontade de Deus no trabalho do Senhor, pois: “todos nós devemos comparecer ante o tribunal de Cristo” (II Co 5:10) e “cada um dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14:12).

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

AS PROMESSAS E OS FATOS DE DEUS

Na Palavra de Deus há algumas passagens que falam das responsabilidades que Deus exige do homem, e outras que falam da graça que lhe concede. Em outras palavras, há passagens que falam dos requisitos de Deus, e aquelas que falam da Sua graça. Por exemplo, há muitos mandamentos, leis e ensinamentos que são indicações de que Deus quer que o homem assuma responsabilidades. São os requisitos de Deus para o homem.

Por outro lado, há as bênçãos espirituais nos lugares celestiais: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1:3). E a herança que é incorruptível, incontaminada, que não se desvanece, reservada nos céus para nós (I Pe 1:4). Essas são as coisas que Deus tem prazer em nos dar e que Ele cumpriu para nós; é a graça que Deus nos outorgou.

A Palavra de Deus, no aspecto da graça, pode ser resumida em três categorias: 1) as promessas de Deus para nós; 2) os fatos que Deus realizou por nós; e 3) as alianças que Deus fez com o homem, e que Ele mesmo vai, definitivamente, cumprir.

AS PROMESSAS DE DEUS

Agora vejamos o que se entende por promessas de Deus. Uma promessa é diferente de um fato. Promessa está relacionada com o futuro, ao passo que o fato está relacionado com o passado. Promessa é algo a ser feito, enquanto fato é algo já realizado. Promessa significa que Deus fará algo para o homem, enquanto fato significa que Deus já fez algo por ele. Na promessa pode haver condições. Se acatarmos as condições, receberemos o que foi prometido. 

Fatos não exigem nossa súplica; somente precisamos ver que são fatos e crer neles como tais.
Alguns exemplos ajudarão a mostrar com maior clareza as diferenças entre promessa e fato. Lembremos do que Jesus disse aos seus discípulos: “Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” (Jo 16:7). Essa é uma promessa. Essa promessa tornou-se fato no dia da ressurreição do Senhor, quando Ele soprou nos discípulos e lhes disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20:19-22).

Novamente, o Senhor Jesus disse aos seus discípulos: “Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24:49). Essa é uma promessa! No dia de Pentecostes, o Espírito Santo veio sobre eles (At 2:1-4). Naquela época, a promessa tornou-se fato. Entretanto, era condicional: os discípulos tinham de permanecer na cidade.

Princípios acerca das Promessas de Deus

A Palavra de Deus nos mostra muitos princípios acerca de Suas promessas. Aqui estão alguns exemplos:

1)      “Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra” (Ef 6:2-3). Essa promessa é condicional. Se uma pessoa não cumprir a condição mencionada aqui, não receberá a benção prometida de bem-estar e vida longa.

2)     A promessa requer oração para ser cumprida: “Agora, pois, ó Senhor Deus, cumpra-se a tua promessa feita a Davi, meu pai” (II Cr 1:9). Isso significa que precisamos pedir a Deus que cumpra Sua promessa.

3)     Se um homem é infiel para com a promessa de Deus e não cumpre as condições que a seguem, ela poderá ser revogada. Por exemplo, de todos os filhos de Israel que saíram do Egito, somente Calebe e Josué entraram em Canaã. O restante pereceu no deserto (Nm 26:65).

4)     Se um homem age pela força da carne ou acrescenta algo à promessa de Deus, é possível que ela se torne de nenhum efeito (Rm 4:13-14).

5)     Precisamos perseverar até um determinado tempo, e então obteremos o que Deus prometeu: “Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis o que Deus prometeu” (Hb 10:36).

Como a Promessa de Deus É Cumprida em Nós

Toda vez que vemos uma promessa na Palavra de Deus, precisamos realmente orar. Precisamos orar até sentirmos profundamente que essa promessa é direcionada por Deus para nós. Se a promessa tiver certas condições, precisamos cumpri-las. Então chegaremos a Deus por meio de oração e Lhe pediremos que aja de acordo com a Sua fidelidade e justiça, e cumpra Sua promessa em nós. Quando tivermos orado a ponto de sentir a fé surgir em nosso coração, não precisamos mais orar. Pode começar a louvar e agradecer a Deus, pois logo veremos a promessa sendo cumprida em nossas vidas.

Por isso, acerca das promessas de Deus, precisamos louvá-Lo porque elas não irão desvanecer-se; cada palavra será cumprida. Embora os céus e a terra possam ser consumidos e as montanhas e montes caiam, aquele que crê no Senhor verá Suas palavras cumpridas.

OS FATOS DE DEUS

Embora não possamos encontrar a palavra “FATOS” nas Escrituras, ainda assim, na obra de Deus encontramos muitos fatos cumpridos. Em outras palavras, fatos são a obra de Deus que já foi cumprida. Deus jamais nos pedirá que façamos qualquer coisa a fim de obter Seus fatos. Tudo que Ele exige é que simplesmente creiamos. O que Deus realizou e o que já nos deu, em Cristo, jamais pode ser adiado para alguma época futura. Se houver demora, isso será uma contradição ao fato.

Considere este exemplo: Em Efésios 2:4-6, lemos: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos, e, juntamente com Cristo, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. As coisas mencionadas aqui são promessas ou fatos de Deus? 

A Palavra de Deus nos diz que tudo isso são fatos. Foi Deus quem nos deu vida, nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais com Cristo. Tudo isso são fatos cumpridos. Uma vez que isso é assim, devemos louvar e agradecer a Deus.

Nossa atitude deve indicar que já ressuscitamos, já nos assentamos nas regiões celestiais juntamente com Cristo. Tudo isso são fatos cumpridos. Não precisamos pedir, somente precisamos reivindicar. Esse fato glorioso que Cristo consumou, já nos foi dado por Deus em Cristo! Por isso, o que é necessário não é que peçamos a Deus que faça algo, mas creiamos no que Deus já fez. Esse grande princípio na vida espiritual precisa ser lembrado.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

PORQUE DEVEMOS OBEDECER

“De tudo o que se tem ouvido, a conclusão é: Teme a Deus e obedeça a seus mandamentos, pois isso é o dever do homem” (Eclesiastes 12: 13).

Deus é reconhecido pelas principais religiões como o Soberano Criador, principalmente pelo judaísmo e cristianismo. Por meio da revelação sabemos que o Senhor reina em seu trono de autoridade.

Davi, que reinou sobre Israel, reconhecia a superioridade da soberania de Deus e expressou isso em seus salmos:

“O Senhor estabeleceu o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo” (Salmo 103: 19).

Todos aqueles que admitem a existência de Deus devem reconhecer a sua autoridade e consequentemente adotar uma atitude de submissão a Ele. Nada mais justo. A obediência nos faz ter comunhão com Deus e possibilita um relacionamento harmonioso com Ele.

A obediência faz parte de um plano de restauração do propósito original de Deus quando criou o homem a Sua imagem e semelhança. Seu plano era expandir seu domínio ao mundo visível representado pela terra e exercer a sua autoridade por meio do homem. Por isso ele planejou dizendo:

“Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra” (Gênesis 1: 26).

No mundo físico o governo de Deus seria através do homem em comunhão com Ele. Foi por isso que Deus estabeleceu uma ordem no jardim; “Da árvore da ciência do bem e do mal dela não comerás”. Deus exerceu Sua autoridade como forma de provar a submissão do primeiro casal. 

Ao desobedecer, o homem provocou a quebra de confiança e da comunhão, e assim perdeu o reino e a autoridade delegada por Deus a ele. Isso frustrou momentaneamente o plano do Criador.

Séculos depois Deus retomou o Seu propósito de estabelecer seu reino sobre o mundo visível e enviou Seu Filho para restaurar o que se havia perdido. Jesus Cristo teria que submeter-se ao Pai em tudo e capacitar-se a gerar filhos espirituais com as características apropriadas.

Diferentemente de Adão que gerou filhos da desobediência, Jesus Cristo iria gerar, por meio do Espírito, filhos da obediência que vivessem em comunhão perfeita com o Pai. Assim o Reino de Deus seria finalmente estabelecido.

Essa é a obra de Cristo e essa foi a sua missão terrena: Aprender a obediência para ensinar a obediência:

“Embora sendo Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu e, tendo ele sido aperfeiçoado, veio a ser o autor da eterna salvação para todos os que lhe obedecem” (Hebreus 5: 8-9).

A obediência de Cristo

Os exemplos bíblicos da obediência de Cristo são os seguintes:

·                    Ele mostrou a sua obediência ao Pai por meio de seu nascimento, cumprindo o plano divino e deixando a glória celeste que sempre tivera na qualidade de ‘O Logos de Deus’ (João 1: 1-5).

·                    Em sua infância, Jesus obedeceu a Maria e a José, seu pai adotivo, mas principalmente o seu Pai celestial (Lucas 2: 49,51).

·                    O ministério público de Jesus fez parte de sua obediência ao Pai em favor da humanidade. Ele veio para cumprir toda a justiça (Mateus 3:15).

·                    Ele foi obediente à vontade do Pai no jardim do Getsêmani (Mateus 26:39).

·                    A morte de Cristo em Jerusalém, também ocorreu como um ato de obediência à vontade do Pai (Lucas 13: 33).

·                    Cristo obedeceu expressando os ensinamentos do Pai. Os ensinos eram do Pai e ele os transmitiu fielmente (João 7:16).

·                    Os feitos de Cristo eram os feitos do Pai, que o filho cumpria obedientemente (João 6: 38).

Como homem, ele aprendeu a obediência por meio das coisas que sofreu, e isso envolve uma importante questão teológica, no tocante à natureza de sua encarnação e missão. Ele deu o exemplo, como homem, de como os homens devem obedecer ao Pai.

Se Cristo teve de aprender a obedecer, quanto mais nós! A obediência foi a escola que Cristo freqüentou, e deve ser a nossa! 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A RECOMPENSA DO REINO

“Então disse Jesus a seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus” (Mt 19. 23-24).

A palavra do Senhor sobre ser mais fácil para um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus indica a impossibilidade de entrar no reino por meio da nossa vida natural.

I – Para Deus a impossibilidade torna-se possibilidade

O versículo 25 diz: “Ouvindo isto, os discípulos ficaram grandemente maravilhados, e disseram: Sendo assim, quem pode ser salvo?” Os discípulos, como a maioria dos cristãos contemporâneos, confundiam salvação com o reino dos céus. A palavra do Senhor ao jovem falava sobre entrar no reino dos céus, mas os discípulos pensaram que essa palavra referia-se à salvação. Eles tinham o conceito comum, natural, sobre ser salvo. Eles não entenderam a revelação do Senhor sobre entrar no reino dos céus.

No versículo 26, o Senhor lhes disse: “Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível.” Por nossa vida humana, é impossível entrar no reino dos céus, mas é possível pela vida divina, que é o próprio Cristo dentro de nós a fim de que possamos viver a vida do reino. Podemos cumprir as exigências do reino por meio de Cristo que nos fortalece e capacita-nos a fazer todas as coisas (Tudo posso naquele que me fortalece – Fp 4.13).

No versículo 27, Pedro disse ao Senhor: “Eis que nós tudo deixamos e te seguimos: que será, pois, de nós?” Pedro parecia estar dizendo: Não importa quão difícil seja entrar no reino. Uma vez que deixamos tudo e te seguimos, que será de nós? O pensamento de Pedro foi muito materializado. O Senhor, porém, lhe respondeu, como sempre, de modo claro e definido.

A – Receber Cem Vezes Mais Nesta Era

A recompensa do reino tem duas partes. A primeira parte é nesta era e a segunda, na era vindoura. A primeira parte da recompensa do reino é principalmente relacionada às coisas naturais e materiais. Se, para ganharmos o reino, e por amor ao Senhor, deixamos todas as coisas, o Senhor nos recompensará cem vezes mais. No versículo 29, o Senhor disse: “E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna”. Receber cem vezes mais casas, terras e familiares, é ser recompensado nesta era (Mc 10.30). Isso se refere ao desfrute dos irmãos e irmãs em Cristo com suas posses hoje. Posso testificar que deixei tudo para seguir o Senhor, incluindo meus parentes. Dificilmente tenho um amigo fora da esfera da igreja. Mas tenho centenas de irmãos, irmãs e mães. Na vida da igreja, todos nós temos muitas mães, irmãos e irmãs. De certo modo, os que estão na vida da igreja me amam mais que meus familiares. Isso é uma recompensa. Precisamos crer na promessa do Senhor de que, se deixamos todas as coisas para segui-Lo, receberemos uma recompensa, ainda nesta era.

B – Herdar a Vida Eterna na Era Vindoura

No versículo 29, o Senhor também fala sobre herdar a vida eterna. Herdar a vida eterna é ser recompensado na era vindoura: “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos, por causa do reino de Deus, que não receba, no presente, muitas vezes mais e, no mundo por vir, a vida eterna” (Lc 18.29-30). É o desfrutar da vida divina na manifestação do reino dos céus. Na manifestação visível do reino milenar, participaremos do gozo e das maravilhas da vida eterna com o Senhor Jesus. Este será maior do que o primeiro aspecto da recompensa do reino que recebermos nesta era.

C – Na Época da Restauração Seremos Co-Reis com Cristo

Em Mateus 19.28 o Senhor disse: “Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel”. A regeneração é a restauração de todas as coisas no planeta terra no período em que o Senhor irá reinar (At 3.21) após a sua segunda vinda. Segundo a Sua palavra verdadeira, no reino vindouro, os vencedores sentar-se-ão em tronos para reinar, juntamente com Cristo, sobre a terra (Ap 20.4). Os primeiros doze apóstolos, incluindo Pedro, julgarão as doze tribos de Israel, enquanto os demais vencedores regerão sobre as nações: “Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro” (Ap 2.26).

Esperamos que essa revelação produza em nós um modo novo de entender a recompensa do reino dos céus, nesta era e, principalmente, na era vindoura. 

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ALGUNS DITOS IMPORTANTES SOBRE O CRISTÃO

“O que o cristão costumava ser é a coisa menos importante a seu respeito. O que ele ainda está para ser é tudo o que lhe deve interessar”. Ocasionalmente ele pode, como acontecia às vezes com Paulo, lembrar para sua vergonha a vida que outrora viveu; mas isso deve ser feito apenas de relance, jamais numa contemplação demorada. O nosso longo e permanente olhar é para Deus e para a glória que há de ser revelada.

Esquecer é uma arte, e todo cristão deve tornar-se hábil nessa arte. Esquecer as coisas que ficaram atrás é uma necessidade positiva, se é que havemos de ser mais que simples bebês em Cristo. Se não podemos confiar que Deus tratou eficientemente do nosso passado, podemos também render-nos e dá-lo por liquidado. Cinqüenta anos de lamentação pelos nossos pecados não podem eliminar a nossa culpa por eles. Mas se Deus realmente nos perdoou e nos purificou, então podemos considerá-lo feito e não desperdiçar mais tempo com lamentações estéreis.

Vida nova, nova esperança, novas alegrias, novos interesses, novo trabalho com sentido e propósito e, melhor que tudo, um novo e satisfatório objeto ao qual dirigir a arrebatada contemplação da nossa alma. Deus agora ocupa o jardim recuperado, e sem temor podemos andar e comungar com Ele no frescor do dia.  

Justamente aqui é onde está a fraqueza de muito cristianismo dos dias correntes. Não aprendemos onde pôr a nossa ênfase. Particularmente, não compreendemos que somos salvos para conhecer a Deus, para estar na Sua presença assombrosa mediante o novo e único caminho, e permanecer nessa Presença para sempre. Somos chamados para uma eterna preocupação com Deus. O Deus Triuno, com todo o Seu mistério e majestade, é nosso, e nós somos Dele, e a eternidade não será bastante longa para experimentarmos tudo quanto Ele é de bondade, santidade e verdade.

Como seres revestidos de eternidade, não devemos descansar, dia e noite, de nosso serviço em adoração da Divindade. Professamos estar anelantes pela habitação celestial, a Nova Jerusalém; por isso começamos a servir a Deus na terra como o faremos na eternidade futura.

Sem contestação, o ensino do NT é que Deus habita a natureza dos Seus verdadeiros filhos. Como pode ser isso não sei, mas tampouco sei como a minha alma habita o meu corpo. Esta maravilha da habitação de Deus Paulo denominou rico mistério: “Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1:27). E se a doutrina envolvesse contradição ou mesmo impossibilidade, ainda teríamos de crer no que a boca do Senhor falou. “Seja Deus verdadeiro e mentiroso todo homem” (Rm 3:4). O que essa verdade significa para nós? Que tem ela a oferecer a um cristão sério forçado a viver num mundo trevoso e sem Deus? Como diria Paulo, “Muita, sob todos os aspectos” (Rm 3:2).

Deus não habita passivamente em Seus filhos; Ele exerce vontade e age neles (Fp 2:13); e lembremo-nos, onde quer que Ele esteja, Deus sempre age como Ele próprio. Ele fará em nós o que quer que a Sua natureza O mova a fazer; e, exceto se for impedido por nossa resistência, Ele agirá em nós precisamente como age no céu. Só O pode impedir uma vontade humana não santificada.

Sem dúvida, fazemos muito impedimento a Deus com nossa obstinação e com nossa incredulidade. Deixamos de cooperar com os santos impulsos do Espírito em nós; vamos contra a Sua vontade como vem revelada nas Escrituras, seja por não dedicarmos tempo para descobrir o que a Bíblia ensina, seja porque não o aprovamos quando o fazemos. Esta contenda entre a Divindade em nós e as nossas propensões decaídas ocupa largo espaço na teologia do Novo Testamento.

Mas não é preciso que o conflito continue indefinidamente. Cristo fez plena provisão para que fiquemos livres da escravidão da carne. Uma franca e realista apresentação da matéria toda é feita em Romanos seis e sete, e se revela uma triunfante solução no capítulo oito: Em resumo, trata-se de uma crucificação com Cristo, seguida pela ressurreição e por uma infusão do Espírito Santo.

Uma vez livre o coração dos seus impulsos contrários, Cristo nele se torna um maravilhoso fato experiencial.

Certo dia, quando lia Efésios 2:6, que diz: “E, juntamente com Ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”, comecei a entender. No momento em que um cristão ressuscita com Cristo, ele também se assenta nos lugares celestiais com Cristo. Isso não acontece por causa de sua virtude pessoal ou por causa de sua oração, mas pelo fato de ter sido levado aos lugares celestiais no instante em que o próprio Cristo ascendeu aos céus. Cristo está nos lugares celestiais, e, por conseguinte, eu também estou nos lugares celestiais.

Todas as experiências espirituais começam quando cremos no que Cristo consumou e terminam quando obedecemos ao que o Espírito Santo nos ordena fazer. O que Cristo realizou nos dá a posição, e o que o Espírito ordena faz com que a experimentemos. O que Cristo consumou é fato que deve ser recebido, e o que o Espírito nos dirige é princípio que requer obediência. De acordo com o princípio da Bíblia, a ordem é: Primeiro a realidade de Cristo; depois, a direção do Espírito Santo. O resultado é a produção de muitos frutos. Que Deus nos capacite a obedecer-Lhe e servir-lhe mais em Seu caminho!     

“Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor.” A partir desse texto podemos concluir que a nossa salvação ocorre em três períodos. O primeiro período é o passado, no qual Deus nos salvou do castigo do pecado, que é a morte. O segundo período é o presente, no qual Deus está salvando-nos do poder do pecado. O terceiro período é o futuro, no qual Deus nos salvará da presença do pecado, e entraremos no Reino a fim de reinar com Cristo. Vamos ilustrar cada um desses períodos com um versículo pertinente:

“...que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (II Tm 1:9). Essa é a experiência passada que todo aquele que crê recebeu.

“Por isso, também pode salvar totalmente os que por meio dele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25). Essa é a salvação que está ocorrendo no tempo presente, a qual podemos receber hoje.

“Assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que O aguardam para a salvação” (Hb 9:28). Essa é a salvação futura e completa.

“Portanto, é evidente que a Escritura Sagrada refere-se aos três períodos da salvação. Todos os cristãos podem ter a salvação passada (em seu espírito), mas é possível que não tenham a salvação (da alma), no presente e a futura. Alguns podem ter a salvação passada e a presente e estar à procura da salvação futura. Uma pessoa pode ser salva do castigo do inferno mesmo que ainda peque com freqüência. Uma pessoa pode ser salva do castigo do inferno, mas pode ser que não reine com Cristo na era futura.

Para as pessoas que ainda não foram salvas, devemos dizer que creiam que podem ser remidas do castigo do inferno. Mas, para nós, que fomos libertos do inferno, precisamos ser salvos do poder do pecado e procurar a glória do Reino vindouro. Desenvolvamos, assim, nossa salvação com temor e tremor.

Palavras importantes de um pregador usado por Deus no final do século XVIII – Charles Haddon Spurgeon:

As igrejas têm verões, como nossos jardins, quando todas as coisas estão em sua plenitude; mas depois vêm os seus invernos e, infelizmente, que esvaziamentos se vêem! Acaso não temos visto, todos nós, a enchente que ocorre quando a maré alta invade a praia, e não temos observado a maré vazante, quando cada onda fica muito aquém da que a precedeu? Tais fluxos e refluxos existem na história do reino de Cristo. Um dia “se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele” (Mt 11:12); noutra ocasião os homens parecem envergonhar-se da fé cristã, e saem vagando em busca de mil ilusões, e a igreja é depreciada e rebaixada por heresias, pelo mundanismo, pela indiferença e por toda espécie de males.

Palavras ditas em 19 de fevereiro de 1887.

Faz muito tempo que eu deixei de contar cabeças. Geralmente, a verdade está em minoria neste mundo. Quanto a mim, tenho fé no Senhor Jesus Cristo, uma fé que me queima por dentro como que com ferro em brasa. Graças a Deus, o que creio crerei, mesmo que somente eu o creia. – Proferida em 16 de outubro de 1887. 

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O GRANDE DEUS ENTRETENIMENTO

De A.W.Tozer – Tozer era pastor de uma igreja da Aliança Cristã e Missionária no Canadá, até seu falecimento nos anos 60. Ele é conhecido como um dos mais famosos pregadores deste século e como “um profeta” da nossa geração.

Há muitos anos um filósofo alemão disse alguma coisa no sentido de que, quanto mais um homem tem no coração, menos precisará de fora; a excessiva necessidade de apoio externo é prova de falência do homem interior.

Se isso é verdade (e eu creio que é), então o desordenado apego atual a toda forma de entretenimento é prova de que a vida interior do homem moderno está em sério declínio. O homem comum não tem nenhum núcleo central de segurança moral, nenhum manancial em seu peito, nenhuma força interior para colocá-lo acima da necessidade de repetidas injeções psicológicas para dar-lhe coragem para continuar vivendo. Tornou-se um parasita no mundo, extraindo vida do seu ambiente, incapaz de viver um só dia sem o estímulo que a sociedade lhe fornece.

Schleiermacher afirmava que o sentimento de dependência está na raiz de todo culto religioso, e que por mais alto que a vida espiritual possa subir, sempre tem que começar com um profundo senso de uma grande necessidade que somente Deus poderia satisfazer. Se este senso de necessidade e um sentimento de dependência estão na raiz da religião natural, não é difícil ver por que o grande deus Entretenimento é tão ardentemente cultuado por tanta gente. Pois há milhões que não podem viver sem diversão. A vida para eles é simplesmente intolerável. Buscam ansiosos o bendito alívio dado por entretenimentos profissionais e outras formas de narcóticos psicológicos como um viciado em drogas busca sua injeção diária de heroína. Sem essas coisas eles não poderiam reunir coragem para encarar a existência.

Ninguém que seja dotado de sentimentos humanos normais fará objeção aos prazeres simples da vida, nem às formas inofensivas de entretenimento que podem ajudar a relaxar os nervos e revigorar a mente exausta de fadiga. Essas coisas, se usadas com discrição, podem ser uma benção ao longo do caminho. Isso é uma coisa. A exagerada dedicação ao entretenimento como atividade da maior importância para a qual e pela qual os homens vivem, é definitivamente outra coisa, muito diferente.

O abuso numa coisa inofensiva é a essência do pecado. O incremento do aspecto das diversões da vida humana em tão fantásticas proporções é um mau presságio, uma ameaça às almas dos homens modernos. Estruturou-se, chegando a constituir um empreendimento comercial multimilionário com maior poder sobre as mentes humanas e sobre o caráter humano do que qualquer outra influência educacional na terra. E o que é ominoso é que o seu poder é quase exclusivamente mau, deteriorando a vida interior, expelindo os pensamentos de alcance eterno que encheriam a alma dos homens, se tão-somente fossem dignos de abrigá-los. E a coisa toda desenvolveu-se dando numa verdadeira religião que retém os seus devotos com estranho fascínio, e, incidentalmente, uma religião contra a qual agora é perigoso falar.

Por séculos a igreja se manteve solidamente contra toda forma de entretenimento mundano, reconhecendo-o pelo que era – um meio de desperdiçar o tempo, um refúgio contra a perturbadora voz da consciência, um esquema para desviar a atenção da responsabilidade moral. Por isso a igreja sofreu rotundos abusos dos filhos deste mundo. Mas ultimamente ela cansou dos abusos e parou de lutar. Parece ter decidido que, se ela não consegue vencer o grande deus entretenimento, pode muito bem juntar suas forças às dele e fazer o uso que puder dos poderes dele. Assim, hoje temos o espantoso espetáculo de milhões de reais derramados sobre o trabalho profano de providenciar entretenimento terreno para os filhos do Céu, assim  chamados. Em muitos lugares o entretenimento religioso está eliminando rapidamente as coisas sérias de Deus. Muitas igrejas nestes dias têm-se transformado em pouco mais que pobres teatros onde “produtores” de quinta classe mascateiam as suas mercadorias falsificadas com total aprovação de líderes evangélicos conservadores que podem até citar um texto sagrado em defesa da sua delinqüência. E raramente alguém ousa levantar a voz contra isso.

O grande deus entretenimento diverte os seus devotos principalmente lhes contando estórias. O gosto por estórias, característico da meninice, depressa tomou conta das mentes dos santos retardados dos nossos dias, tanto que não poucas pessoas pelejam para construir um confortável modo de vida contando lorotas, servindo-as com vários disfarces ao povo da igreja. O que é natural e bonito numa criança pode ser chocante quando persiste no adulto, e mais chocante quando aparece no santuário e procura passar por religião verdadeira.

Não é uma coisa esquisita e um espanto que, com a sombra da destruição atômica pendendo sobre o mundo e com a vinda de Cristo estando próxima, os seguidores professos do Senhor se entreguem a divertimentos religiosos? Que numa hora em que há tão desesperada necessidade de santos amadurecidos, numerosos crentes voltem para a criancice espiritual e clamem por brinquedos religiosos?

“Lembra-te, Senhor, do que nos tem sucedido; considera, e olha para o nosso opróbrio... Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós porque pecamos! Por isso caiu doente o nosso coração; por isso se escureceram os nossos olhos.” Amém. Amém.