segunda-feira, 22 de outubro de 2012

AS SETENTA SEMANAS NA VISÃO DO PROFETA DANIEL


O livro de Daniel tem por tema central a revelação do destino do governo humano na economia de Deus. Desde Ninrode, em Gênesis, até o anticristo em Apocalipse, a história da humanidade relacionada com o povo de Israel, está relatada em Daniel.

O conteúdo das visões e revelações proféticas, contidas no livro do profeta Daniel, constituem uma fonte inesgotável de conhecimento da parte de Deus para o Seu povo. Não pretendemos enfocá-lo em sua totalidade, mas vamos nos ater ao capítulo 9. Daniel 9 contém o mistério das setenta semanas que revelam as coisas que haveriam de acontecer ao povo de Israel após a ordem da reedificação da cidade de Jerusalém.

A partir da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, Deus determinou “setenta semanas” sobre o povo de Israel:

 “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas” (Dn 9:24-25).  

A ordem para a reconstrução a que se refere a profecia foi dada por Artaxerxes I, e essa história é narrada no livro de Neemias. A partir dessa ordem haveria setenta semanas de sete anos, isto é, quatrocentos e noventa anos, determinados sobre Israel. A duração desde a ordem até o final da edificação de Jerusalém seria de sete semanas, ou seja, quarenta e nove anos. Esse período foi descrito assim: “As praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos” (v. 25b).

A palavra profética continua: “Depois das sessenta e duas semanas será morto o Ungido, e já não estará” (v. 26ª). A morte do Ungido é a crucificação do Senhor Jesus. Da conclusão da reedificação de Jerusalém até a crucificação de Cristo passaram-se sessenta e duas semanas de sete anos. Nesse ponto se interrompe a profecia sobre a história do povo de Israel. Portanto, das setenta semanas já se cumpriram até aqui sessenta e nove. A interrupção da profecia marca o momento em que a Igreja do Senhor começou a ser edificada. Esse período é a era da igreja, que já dura mais de dois mil anos. Essa “inserção” durará até um pouco antes da segunda vinda do Senhor, quando então se iniciará a contagem de tempo da última semana, que irá concluir a história de Israel.

O Pensamento Central

O pensamento central de Daniel é o Cristo glorioso, revelado no capítulo 10. Esse Cristo é o personagem central da economia de Deus: “Segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Ef 3:11). Na segunda vinda de Cristo, Ele destruirá a grande imagem e finalizará a história de Israel. Nesse livro Cristo é a centralidade e a universalidade da economia de Deus.
Cristo, como centro da economia de Deus, cumpriu, está cumprindo e cumprirá todas as etapas necessárias para que o propósito eterno de Deus seja concluído. Essas etapas são as principais:

a.     Por fim à Velha Criação

No final das sessenta semanas o Ungido foi morto. Na Sua morte na cruz Cristo pôs fim à velha criação: “Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos” (Rm 6:6).

b.     Gerar a Igreja

Mediante a Sua morte e ressurreição, Cristo gerou a igreja, fazendo germinar a nova criação: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (II Co 5:17). A era da Igreja durará até meados da última semana, quando então se dará a vinda do Senhor Jesus.

c.     Destruir o Governo Terreno

Na Sua segunda vinda, Cristo virá como a pedra que esmiuçará a grande imagem humana, a qual representa a totalidade de todo governo humano. Essa pedra, no entanto, não será Cristo somente, mas Cristo e os santos vencedores. Essa pedra se tornará uma grande montanha que encherá toda a terra, introduzindo assim o reino eterno de Deus: “Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos... O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser futuramente. Certo é o sonho e fiel a interpretação” (Dan 2: 44-45).

d.    Estabelecer o Reino Eterno de Deus

Quando Cristo voltar, estabelecerá o reino eterno de Deus. Apocalipse 11:15 diz: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do Seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.”

No capítulo 9, de 24 a 27 Daniel registrou uma das mais abrangentes profecias encontradas nas Escrituras. Esta revelação deve ser colocada ao lado de outras profecias, sobre os gentios, previamente delineadas em Daniel. A cronologia e a seqüência dos eventos no tempo dos “gentios”, como as 70 semanas, acham seu clímax na segunda vinda de Cristo, para estabelecer o Milênio sobre a terra.

Daniel foi informado sobre como Israel se relacionaria cronologicamente a esse mesmo período da cronologia gentílica. O anjo Gabriel declarou: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo (judeus) e sobre a tua santa cidade (Jerusalém), para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para fazer justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos” (v 24).

O anjo apresentou a profecia como um todo e falou de um período que ele denominou “70 semanas”. A maioria dos eruditos concorda que as unidades de tempo são anos; em outras palavras, 70 semanas perfazem 490 anos. Os eruditos conservadores geralmente concordam que o número sete está relacionado, com freqüência, a uma grande obra de Deus.

Outra decisão importante na interpretação desta passagem é a questão do início dos 490 anos. Isso é descrito em Daniel 9.25: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se edificarão, mas em tempos angustiosos”.

Se a ordem refere-se a um decreto político, quatro determinações diferentes são sugeridas:
1 – o decreto de Ciro que permitiu a reconstrução do templo em 538 a.C. (2 Cr 36.20-23; Ed 1.1-4; 6.1-5)
2 – o decreto de Dario que confirma o decreto de Ciro (Ed 6.6-12);
3 – o decreto de Artaxerxes (Ed 7.11-26); e
4 – o decreto de Artaxerxes, registrado em Neemias, que autoriza a reconstrução da cidade (Ne 2.1-8).

De qualquer maneira, a cidade e sua muralha não foram reconstruídas até o tempo de Neemias (445 ou 444 a.C). Os estudiosos diferem quanto à data exata do decreto: se é o último mês de 445 a.C. ou o primeiro de 444 a.C. Embora a diferença persista, a explicação mais plausível é a data de 444 a.C., porque proporciona um cumprimento preciso da profecia e coincide com a reconstrução real da cidade. Esta interpretação oferece a explicação mais literal, sem ignorar detalhes específicos da profecia.

Se 444 a.C. for aceito como o início dos 490 anos, os 483 anos culminariam em 33 d.C. , onde a erudição mais recente colocou a data provável da morte de Cristo. Ficam faltando a última semana (7 anos).      

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