Se atentarmos para o capítulo 2
da Carta aos Efésios veremos um manancial de graça: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que
nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com
Cristo – pela graça sois salvos” (vs. 4-5).
Graça é o amor de Deus em ação
para com aqueles que não o merecem. E esse amor é manifestado como graça,
oferecido a nós na vida e morte de Cristo. Por isso Deus não diz: “Eu te amo
porque... Eu te amo visto que; Eu te amo contanto que, ou, Eu te amarei se...;
Eu te amarei quando...; Eu te amarei depois de...; Eu te amarei uma vez que...;
Eu te amarei supondo que...”
Qualquer afirmação desse tipo
faria que o amor divino fosse condicional, significaria que o seu amor seria
causado por algo em nós: nossa atratividade, nossa bondade, nossa amabilidade.
O inverso significaria que poderia haver algo em nós que faria Deus parar de
nos amar.
O amor de Deus para conosco é
incondicional; não é um amor que algo bom em nós tenha suscitado em Deus. Ele
brota de Deus por causa da sua natureza. O amor divino é uma ação para conosco,
não uma reação a nós. O seu amor não depende do que somos, mas do que ele é.
Ele ama porque ele é amor.
Nós podemos rejeitar o amor de
Deus, mas não podemos fazer com que ele para de nos amar. Podemos rejeitá-lo e,
dessa forma, impedir que ele penetre em nós, mas não podemos fazer nada para
interromper o seu fluir de dentro de Deus. Graça é o amor incondicional de Deus
em Cristo, concedido livremente ao pecador, indigno e imperfeito.
Quero dar ênfase à palavra imperfeito para o bem dos cristãos
orientados pelo bom desempenho, que muitas vezes levantam uma importante
pergunta: “Mas o que acontecerá se eu fracassar? E se eu cair?”
Fazer a pergunta: “E se eu
fracassar ou cair?” é mais uma vez acorrentar o amor incondicional de Deus e
mudar a natureza da graça como favor imerecido e inconquistável. Se o nosso
fracasso pudesse impedir a graça, tal graça não existiria. Pois a base da graça
é a cruz de Cristo, e na cruz todos nós fomos julgados como fracasso total.
Não é uma questão de fracassos
eventuais aqui e ali. No que toca à nossa habilidade de transpor o abismo
moral, e conquistar a aprovação de um Deus santo, nós somos fracassos totais. Na
cruz todos nós fomos examinados e falhamos completamente!
É sobre isso que fala os
primeiros capítulos de Romanos. Quer sejamos fazedores do bem, os judeus, que
guardam todos os mandamentos, quer sejamos pecadores totais que os quebram a
todos, os gentios, não faz diferença. Pois Deus em seu amor providenciou uma
nova base para um reto (e justo) relacionamento com ele: o favor livre,
imerecido, não conquistável e impagável, graciosamente oferecido a nós. Isso é
graça.
E é nossa, se a recebemos. Isso
é fé. Portanto, nem se levanta a questão de nosso fracasso ou sucesso. A base
da salvação não é realizar, mas receber; não é desempenho perfeito, mas fé
confiante.
“E
se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça”
(Romanos 11.6).
0 comentários:
Postar um comentário