segunda-feira, 7 de abril de 2014

                                            “ASSENTAR”

“Peço que Deus abra a mente de vocês para que vejam a luz dele e conheçam a esperança para a qual ele os chamou. E também para que saibam como são maravilhosas as bênçãos que ele prometeu ao seu povo e como é grande o seu poder que age em nós, os que cremos nele... ” (Ef 1.18-19).

“Esse poder que age em nós é a mesma força poderosa que ele usou quando ressuscitou Cristo e fez com que ele se assentasse ao seu lado direito no mundo celestial. Cristo reina sobre todos os governos celestiais, autoridades, forças e poderes. Ele tem um título que está acima de todos os títulos das autoridades que existem neste mundo e no mundo que há de vir. Deus colocou todas as coisas debaixo da autoridade de Cristo e deu Cristo à igreja como único senhor de tudo”.  (v. 20-22).

“Por estarmos unidos com Cristo Jesus, Deus nos ressuscitou com ele para reinarmos com ele no mundo celestial” ( Ef 2.6).

Estas passagens revelam o segredo de uma vida celestial. Aqui vemos que a vida cristã começa com o assentar. A era cristã iniciou-se com Cristo. Sobre Cristo ficamos sabendo que depois de ter “feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas alturas” (Hb 1.3). Com a mesma dose de verdade podemos dizer que o crente inicia sua vida cristã “em Cristo”, isto é, quando pela fé ele se vê assentado ao lado de Cristo nas alturas.

A vida cristã é engraçada! Se logo de início tentarmos fazer alguma coisa, nada obteremos; se procurarmos atingir algo, perdemos tudo. É que o cristianismo não começa com um grande FAÇA, mas com um grandioso JÁ FOI FEITO. Assim é que a carta aos Efésios se inicia com a declaração de que Deus “nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (1.3) e somos convidados, logo de início, a assentar-nos e usufruir de tudo quanto Deus já fez por nós. Não devemos lançar-nos a tentar conseguir as coisas por nós mesmos.

Andar implica esforço, mas Deus nos diz que somos salvos não pelas obras, mas “pela graça... por meio da fé” (Ef 2.8). Estamos constantemente falando de “salvação pela fé”, mas que queremos dizer com isso? Queremos dizer o seguinte: Que fomos salvos quando repousamos em Cristo Jesus. Nada fizemos, absolutamente, para salvar-nos a nós mesmos; apenas depositamos no Senhor o fardo de nossas almas sobrecarregadas de pecado.

Iniciamos nossa vida cristã, não dependendo de nós mesmos, de algo que fizemos, mas na dependência do que Cristo já fez. Enquanto a pessoa não proceder assim, não é um cristão. Se alguém disser: “Nada posso fazer a fim de salvar-me; mas pela sua graça Deus já fez tudo para mim, em Cristo”, terá dado o primeiro passo na vida de fé.

A vida cristã, do início até o fim, baseia-se no princípio da nossa total dependência do Senhor Jesus. Não há limite para a graça que Deus deseja derramar sobre nós. Ele quer dar-nos tudo, mas nada poderemos receber, a não ser que descansemos nele. Assentar é uma atitude de descanso. Algo foi terminado; o trabalho é paralisado, e nós nos assentamos. É paradoxal, mas verdadeiro: nós só avançamos na vida cristã se aprendermos em primeiro lugar a assentar-nos.

Que significa de fato assentar-nos? Quando caminhamos ou ficamos de pé, suportamos em nossas pernas todo o peso de nosso corpo, mas quando nos assentamos, todo nosso peso descansa sobre a cadeira, ou o sofá em que nos sentamos. Nós ficamos cansados depois de caminhar, ou ficar muito tempo em pé, mas sentimo-nos repousados se nos sentamos durante algum tempo.

Caminhando ou ficando de pé, despendemos muita energia, mas quando nos sentamos, nós relaxamos completamente, visto que o peso não recai sobre nossos músculos e nervos, mas sobre algo fora de nós mesmos. Assim ocorre também no reino espiritual. Assentarmo-nos equivale a depositar nosso peso total – nossa pessoa, nosso futuro, nossas aflições, tudo – sobre o Senhor. Deixamos que Ele assuma a responsabilidade e descansamos; deixamos de carregar aquele fardo.

O cristianismo na verdade significa que Deus fez tudo em Cristo, e que nós apenas penetramos nessa realidade para usufruí-la mediante a fé. A palavra chave aqui, observando o contexto, é para que nos vejamos “assentados” em Cristo.

Paulo ora para que os olhos de nosso entendimento sejam iluminados (1.18), a fim de compreendermos tudo a respeito desse fato duplo: Que Deus, pelo seu infinito poder, primeiramente fez com que Cristo “assentasse à sua direita nos céus” (1.20) e, depois, pela sua graça, “nos fez assentar nas regiões celestiais, em Cristo Jesus” (2.6). A primeira lição que devemos aprender, portanto, é esta: Que o trabalho não é inicialmente nosso, mas do Senhor.

Não se trata de nós trabalharmos para Deus, mas de Deus trabalhar para nós. Deus nos dá essa posição de repouso. Ele nos traz a obra de seu Filho terminada e no-la apresenta, dizendo: “Por favor, sente-se”. Penso que a oferta de Deus a nós pode ser expressa de melhor forma nas palavras do convite para o grandioso banquete: “Vinde, pois tudo já está pronto” (Lc 14.17). Nossa vida cristã inicia-se com a descoberta das coisas que Deus já havia providenciado para nós.

Todas as novas experiências espirituais se iniciam com a aceitação, pela fé, da obra realizada por Deus. Este é um princípio da vida, algo que o próprio Deus determinou; e do princípio ao fim, cada estágio sucessivo da vida cristã obedece ao mesmo princípio estipulado por Deus.

Como posso eu receber o poder do Espírito para o serviço? Devo pôr-me a trabalhar e esforçar-me a fim de recebê-lo? Devo implorar a Deus que me conceda? Devo afligir minha alma com jejuns e auto-negações a fim de merecê-lo? Jamais! Não é esse o ensino das Escrituras. Pense um pouco: Como foi que recebemos o perdão dos nossos pecados? Diz-nos Paulo que foi “segundo as riquezas da sua graça” que Ele “nos deu gratuitamente no Amado” (EF 1.6-7). Nada fizemos para merecê-lo. Fomos redimidos pelo sangue de Cristo, ou seja, temos redenção pelo que o Senhor fez.

Qual é, então, o critério de Deus para o derramamento de seu Espírito? É a exaltação do Senhor Jesus (Atos 2.33). Porque Cristo morreu na cruz, meus pecados foram perdoados; porque Ele foi exaltado e colocado no trono, recebo poder do alto. Nem uma dessas dádivas dependem do que eu sou, nem do que eu faço. Jamais mereci o perdão, e jamais mereci o dom do Espírito. Recebo tudo, não mediante o andar, mas mediante o assentar, não pelo que eu faço, mas porque eu descanso no Senhor.

Daí se conclui que assim como não há necessidade de esperar pela experiência inicial da salvação, tampouco há necessidade de esperar o derramamento do Espírito. Posso lhe assegurar que você não precisa implorar a Deus essa dádiva, você não precisa agonizar, nem engajar-se em “reuniões demoradas de espera”. Essa dádiva lhe pertence não por causa de algo que você tenha feito, mas por causa da exaltação de Cristo, pois “tendo nele crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef 1.13). Este selo, tanto quanto o perdão de pecados, já vem embutido no “evangelho da vossa salvação”.

Nossa história foi escrita em Cristo antes que houvéssemos nascido. Você crê nesta realidade? É a verdade! Nossa crucificação com Cristo é um glorioso fato histórico. “Estamos mortos para o pecado”, “Fomos batizados na sua morte”. “Fomos sepultados com Ele”. Deus “nos ressuscitou juntamente com Cristo” (Rm 6.2-4; Ef 2.5). Todos esses acontecimentos estão descritos no passado. Por que? Porque o Senhor Jesus foi crucificado Há mais de 2.000 anos, e eu fui crucificado com Ele. Eis um grandioso fato histórico.

A experiência de Cristo tornou-se minha história espiritual, e Deus pode referir-se a mim como já tendo eu todas as coisas “Nele”. Tudo quanto tenho agora, eu o tenho “em Cristo” Nas escrituras nós nunca encontramos estes fatos descritos no futuro, e tampouco como sendo desejados no presente. São fatos históricos de Cristo, e nós, os que cremos, penetramos neles pela fé.

Quando este fato penetra em nossa consciência e nós repousamos nele (Rm 6.11), temos descoberto o segredo da vida santificada.

   

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