quinta-feira, 1 de setembro de 2011

CONSIDERAÇÕES SOBRE A CARTA AOS EFÉSIOS


“Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus” – Efésios 1:1

O traço peculiar que caracteriza a Epístola aos Efésios é que nela o apóstolo parece estar, como ele mesmo diz, nos “lugares celestiais”, e dessa posição privilegiada ele está contemplando o grandioso panorama da salvação e da redenção. O resultado é que nesta Epístola há muito pouca controvérsia; e isso porque o seu grande interesse foi dar aos Efésios, e a outros fiéis a quem a carta é dirigida, uma visão panorâmica desta maravilhosa e gloriosa obra de Deus em Jesus Cristo nosso Senhor.

A Bíblia é o livro de Deus, é uma revelação de Deus, e o nosso pensamento sempre deve começar com Deus. Grande parte do problema da Igreja hoje deve-se ao fato de que somos muito interessados em nós mesmos, muito egocêntricos. Esse é o erro peculiar ao presente século. Tendo-nos esquecido de Deus, e havendo-nos tornado tão interessados em nós mesmos, tornamo-nos miseráveis e infelizes, e passamos o tempo em “frivolidades e misérias”. Do princípio ao fim, a mensagem da Bíblia tem o propósito de levar-nos de volta a Deus, humilhar-nos diante de Deus e habilitar-nos a ver a nossa verdadeira relação com Ele.

Esse é o grande tema desta Epístola; ela nos põe face a face com Deus, com o que Deus é e com o que Deus fez e faz; toda ela salienta a glória e a grandeza de Deus – Deus, o Eterno, Deus sempiterno, Deus sobre todos – e a indescritível glória de Deus; Deus auto-suficiente em Si mesmo, de eternidade a eternidade, que não necessita de ajuda de ninguém. Deus vivo que habita em Sua glória duradoura, absoluta e eterna, é o grande tema desta Epístola. Não devemos examiná-la pensando em nós mesmos e nas nossas necessidades; devemos começar com Deus, e esquecer-nos de nós.

Os nossos antepassados deleitavam-se com essas expressões; estas eram as expressões dos reformadores protestantes, dos puritanos e dos pactuários. Eles tinham prazer em passar o tempo contemplando os atributos de Deus. Note que o Apóstolo Paulo enfatiza esse ponto, “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus” – não por sua própria vontade! Paulo não se chamou a si mesmo, e a igreja não o chamou; foi Deus quem o chamou. Ele é o apóstolo pela vontade de Deus. Ele expõe isso muito explicitamente na Epístola aos Gálatas, onde diz: “...quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou”. Há sempre ênfase à soberania de Deus.

Foi Deus que escolheu em Cristo todo aquele que é cristão; foi Deus que nos predestinou. Faz parte de Seu propósito que sejamos salvos. Jamais haveria salvação alguma, se Deus não a planejasse e não a pusesse em execução. Foi Deus que “amou o mundo de tal maneira”: foi Deus que “enviou seu filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”. É tudo de Deus e de acordo com o Seu propósito. É “segundo o conselho da sua vontade” que todas estas coisas aconteceram.

Vemos claramente que, nesta Epístola, o apóstolo nos revela que é Deus quem decide o tempo em que tudo deve acontecer, e assim nos ensina que Ele é quem determina o tempo para que as coisas todas aconteçam. Deus é sobre todos, dominando sobre todos, e marcando o tempo de cada acontecimento, em Sua infinita sabedoria. Numa época como esta, não sei de nenhuma outra coisa que seja mais consoladora e que dê mais segurança do que saber que o Senhor continua reinando, que Ele continua sendo o soberano Senhor do universo, e que, apesar de que “se amotinam as gentes, e os povos imaginam coisas vãs”, Ele estabeleceu o seu Filho sobre o Seu santo monte de Sião (Salmo 2). Virá o dia em que todos os Seus inimigos lamberão o pó, virão a ser o estrado dos Seus pés e serão humilhados diante dEle, e Cristo será “tudo em todos”.

Dessa maneira a soberania de Deus é ressaltada na introdução desta Epístola e repetida até o fim dela, porque é uma das doutrinas cardinais, sem a qual realmente não entenderemos a nossa fé cristã. Ao caminhar através da Epístola, veremos que não somente a salvação é inteiramente de Deus em geral; também é de Deus em particular. Vejam, por exemplo, o grande tema que Paulo desenvolve no capítulo 3. A tarefa especial que lhe foi confiada como apóstolo é: “demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou” (“por Jesus Cristo”). O mistério é que os gentios sejam co-herdeiros com Jesus. Foi esse o “mistério” que noutras eras não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, e agora é revelado aos Seus santos apóstolos e profetas pelo Espírito.

Haverá algo mais maravilhoso, mais encantador, mais glorioso para o cristão do que contemplar os mistérios de Deus? Espero que ao aproximarmos destes grandes temas, você esteja cheio de um sentimento de divina expectação, e aspire aprofundar-se mais e mais. Um dos aspectos mais maravilhosos da vida cristã é que nela você está sempre avançando. Você pensa que já conhece Deus em sua totalidade, e então dobra uma esquina e de repente vê algo que não conhecia, e vai adiante, sempre adiante...

1 comentários:

Thiago Diniz disse...

Parabéns pelos textos, e q Deus lhe abençoe cada vez mais!

Encontrei seu blog após buscar no google algo q havia ouvido daquele q conhece o pensamento de Deus, então achei as palavras q precisava em um post antigo. Desde então acompanho seu blog como fonte de estudo e alimento espiritual.

Seu irmão em Cristo,
Thiago Diniz

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