quinta-feira, 18 de abril de 2013


A IRA DE DEUS

Raramente há algo de bom na ira humana. Quase sempre ela brota de sentimentos que nada têm de santos, e muitas vezes leva a maldições e violência. O homem de mau gênio é imprevisível e perigoso, e normalmente os homens de paz e de boa vontade o evitam.

Entre os mestres religiosos dos dias atuais há uma forte tendência para dissociar a ira do caráter divino e para defender Deus em suas explicações das passagens bíblicas que relacionam a ira com a Sua pessoa. Isto é compreensível, mas à luz da completa revelação de Deus, essa atitude é indesculpável.   

Em primeiro lugar, Deus não precisa de defesa. Os mestres que estão tentando fazer Deus à sua imagem poderiam ocupar-se melhor procurando fazer-se a si mesmos à imagem de Deus. Nas escrituras “Deus falou todas estas palavras”, e não existe um critério independente pelo qual julgar a revelação que Deus faz concernente a Si próprio.

A recusa de muitos, a aceitar a doutrina da ira de Deus, faz parte de um esquema maior de incredulidade que começa com a dúvida a respeito da veracidade das Escrituras Cristãs. Deixe que um homem questione a inspiração das Escrituras, e uma curiosa inversão, monstruosa mesmo, tem lugar: daí por diante ele julga a Palavra, em vez de deixar que a Palavra o julgue; ele determina o que a Palavra deve ensinar, em vez de permitir que ela determine o que ele deve crer; ela a revisa, emenda, corta, faz acréscimos a seu bel-prazer; mas sempre se põe acima da Palavra e a faz submissa a si, em vez de ajoelhar-se diante de Deus e fazer-se submisso à Palavra.

O intérprete demasiado sensível, que procura proteger Deus das implicações da Sua Palavra, está empenhado num esforço inútil e inconveniente, que só poderá ser completamente desperdiçado.

O cristão maduro e instruído na verdade sabe que a ira de Deus é uma realidade, que a Sua ira é tão santa como o Seu amor, e que entre o Seu amor e a Sua ira não há incompatibilidade. Ele sabe o que a ira de Deus é e o que não é. Para compreendermos a ira de Deus, precisamos examiná-la à luz da Sua santidade. Deus é santo e faz da santidade a condição moral necessária para a saúde do Seu universo.

A presença temporária do pecado no mundo só acentua isso. Tudo que é santo é saudável; o mal é uma doença moral que finalmente terá de acabar em morte. Desde que o primeiro interesse de Deus por Seu universo é sua saúde moral, isto é, a sua santidade, tudo quanto a contrarie estará necessariamente sob Seu eterno desagrado. Sempre que a santidade de Deus confronta o que não é santo, há conflito.

A atitude e a ação de Deus neste conflito são a Sua ira. Para preservar a Sua criação, Deus tem de destruir tudo o que ameaça destruí-la. Quando Ele se levanta para impor destruição e para salvar o mundo de um irreparável colapso moral, diz-se que Ele está irado. Todo julgamento de Deus na história do mundo, em Sua ira, é um santo ato de preservação.

A santidade de Deus, a ira de Deus e a saúde da criação são inseparavelmente unidas. Não só é direito de Deus mostrar ira contra o pecado, mas eu acho impossível entender como Ele poderia agir de outro modo. A ira de Deus é Sua total intolerância a tudo aquilo que é degradante e destrutivo. Ele odeia a iniqüidade como a mãe odeia a doença que ameaça seu filho.

Quando Deus adverte os homens da Sua ira iminente e os exorta a arrepender-se e evitá-la, Ele se expressa numa linguagem que a humanidade pode compreender, dizendo-lhes: “Fugi da ira vindoura”. Noutras palavras, diz Ele:

“A tua vida é má e, porque é má, és um inimigo da saúde moral da minha criação. Tenho de extirpar tudo que poderia destruir o mundo que eu amo. Arrepende-te do mal antes que Eu me levante irado contra ti. Eu te amo, mas odeio o pecado que tu amas. Aparta-te do mal, antes que eu envie o juízo contra ti”.


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