segunda-feira, 22 de abril de 2013


A RELIGIÃO VERDADEIRA NÃO É EMOÇÃO, MAS VONTADE

Uma das questões enigmáticas que, mais cedo ou mais tarde, tendem a inquietar o cristão sincero é como pode ele cumprir o mandamento bíblico que exige que ame a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo.

O cristão zeloso pode experimentar um sentimento de frustração quando reconhece que nem sempre ele tem um sentimento emocional entusiasmado por seu Senhor ou por seus irmãos em Cristo. Deseja fazê-lo, mas não pode. As emoções positivas simplesmente não fluem.

Muitas pessoas sinceras ficam desanimadas com a ausência de emoção religiosa e acabam concluindo que, afinal, não são cristãs. Concluem que devem ter perdido rumo em algum ponto do caminho e que sua religião é pouco mais que uma crença vazia. Assim, por algum tempo, censuram-se por sua frieza e finalmente caem num estado de melancólico desalento, mal sabendo o que pensar.

Crêem em Deus; na verdade, confiam em Cristo como seu salvador, mas o amor que esperavam sentir, persistentemente se lhes escapa. Qual será o problema?
Não é um problema simples. Envolve uma dificuldade real, dificuldade que pode ser exposta em forma de pergunta: Como posso amar por mandamento? De todas as emoções de que é capaz a alma humana, o amor é, de longe, a mais livre, a mais irrazoável, a que tem menos probabilidade de surgir ao chamado do dever ou da obrigação, e certamente é a emoção que não se sujeitará à voz de comando de outrem.

Jamais se decretou lei capaz de compelir um ser moral a amar outro, pois, por sua própria natureza, o amor tem de ser voluntário. Ninguém pode ser levado a amar alguém por coação ou pelo medo. Não é dessa maneira que o amor vem. Daí, que havemos de fazer com o mandamento do Senhor que nos ordena amar a Deus e ao próximo?

Para responder a essa questão, é preciso saber que existem duas classes de amor: o amor do sentir e o amor do querer. O primeiro firma-se nas emoções, o segundo, na vontade. Temos pouco domínio sobre o primeiro. Ele vem e vai, levanta-se e cai, mostra-se deslumbrante e desaparece como lhe apraz, e passa de fervente a quente e a frio, e de novo quente, lembrando as variações do tempo.

Não era esse amor que estava na mente de Cristo quando Ele disse aos Seus que amassem a Deus e uns aos outros. Querer mandar que este caprichoso tipo de afeto visite nossos corações é o mesmo que mandar uma borboleta pousar em nosso ombro e ali ficar.

O amor que a Bíblia nos impõe não é o amor do sentir; é o amor do querer, a tendência voluntária do coração. Jamais foi da intenção de Deus que um ser como o homem fosse um joguete dos seus sentimentos. A vida emocional é uma parte válida e nobre da personalidade total, mas, por sua própria natureza, tem importância secundária. Como a retidão, a religião firma-se na vontade. A única bondade que Deus reconhece é a bondade exercida pela vontade; a única santidade válida é a santidade exercida pela vontade.

Para satisfazer as exigências do amor a Deus, a alma precisa simplesmente querer amar, e o milagre começa a florescer como a vara de Arão. A vontade é o piloto automático que mantém a alma na rota. Uma bendita verdade é que a vontade, não os sentimentos, determina a direção moral.

Para amar a Deus de todo o nosso coração precisamos, antes de tudo, querer fazê-lo. Devemos arrepender-nos da falta de amor e, deste momento em diante, determinar-nos a fazer de Deus o objeto da nossa devoção. Devemos ler as escrituras com devoção todo dia e lhes obedecer com espírito de oração, sempre querendo com firmeza amar a Deus de todo o nosso coração e ao próximo como a nós mesmos.

Se agirmos assim, podemos estar certos de que experimentaremos uma esplêndida mudança em toda a nossa vida interior. Nossa afeição religiosa começará a elevar-se sobre asas firmes e constantes, em vez de esvoaçar para cá e para lá ociosamente, sem propósito ou sem direção inteligente.
Mas a primeira coisa que temos de fazer é querer, pois a vontade é o fator decisivo que comanda o nosso coração.

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