segunda-feira, 8 de abril de 2013


QUE FAZER DO DIABO

A natureza humana tende a excessos, por uma espécie de maligna atração magnética. Instintivamente corremos de um extremo a outro, razão por que muitas vezes estamos no erro.

Uma prova desta propensão para os extremos se vê na atitude do cristão vulgar para com o diabo. Tenho observado entre pessoas espirituais a tendência ou de ignorá-lo totalmente ou de levá-lo demasiadamente em conta. Ambas as atitudes são erradas.

Há no mundo um inimigo que não nos atrevemos a ignorar. Vemo-lo primeiro no capítulo três de Genesis e por fim no capítulo vinte de Apocalipse. Quer dizer que ele estava presente no princípio da história humana e presente estará no seu término terreno.

Este inimigo não é criação da fantasia religiosa, nem simples personificação do mal por conveniência, mas é um ser tão real como o próprio homem. A Bíblia lhe atribui qualidades pessoais muito pormenorizadas para serem figuradas, e o mostra falando e agindo em situações concretas e práticas, muito distantes da imaginação poética.

As Escrituras declaram que o diabo é inimigo de Deus e de todos os homens de bem. É descrito como mentiroso, enganador e assassino, que procura atingir seus fins mediante fraude e embuste. Como é um espírito, pode “rodear a terra, e passear por ela”, a seu bel-prazer. Embora não seja onipresente (a onipresença é atributo de Deus somente), é alguém que procura se movimentar na história, como se o fosse, na tentativa de alcançar seus propósitos.

O inimigo tem muitos nomes, dentre os quais os de dragão, serpente, diabo e Satanás. Em acréscimo a este ser maligno, existem demônios, “principados”, “potestades”, “dominadores deste mundo tenebroso”, “forças espirituais do mal, nas regiões celestes”, que operam sob a sua direção. Quanto sucesso este bando de foras-da-lei cósmicos tem tido está escrito na história humana com pena mergulhada em sangue.

O estrago feito por eles na terra é tão horrendo que excede todo o poder de descrição. Todos os jornais e todos os noticiários do rádio e da TV são provas da existência desse gênio mau chamado diabo e do seu bando de espíritos corrompidos, dedicados à destruição.
Satanás odeia a Deus e odeia tudo que é caro a Deus, pela simples razão de que Deus ama isso. Porque o homem foi feito à imagem de Deus, o ódio com que Satanás o vê é particularmente malévolo, e desde que o cristão é duplamente caro a Deus, é odiado pelos poderes das trevas com redobrada fúria, provavelmente sem igual em todo e qualquer ponto do universo moral.

Em vista disso, não pode ser menos que loucura nós, cristãos, ficarmos desatentos à realidade e à presença do inimigo. Viver num mundo em estado de sítio é viver em constante perigo. Viver num mundo assim e estar totalmente inconsciente do perigo, é aumentá-lo cem vezes e transformar o mundo num paraíso para loucos.

Da mesma forma que não devemos subestimar a força do adversário, devemos ao mesmo tempo ter o cuidado de não cair em seu fascínio e viver sempre com medo dele. “Não lhe ignoramos os desígnios”. Se ele não conseguir nos fazer desacreditar de sua existência, tentará nos fazer cientes dele, e assim lançará uma sombra permanente sobre nossas vidas.
Apenas uma linha fina como um fio de cabelo separa a verdade da superstição. Devemos aprender a verdade sobre o inimigo, mas devemos evitar a superstição de que ele é onipotente. A verdade nos fará livres, mas a superstição nos escravizará.

Conheço cristãos que se acham tão absorvidos na luta contra os maus espíritos, que vivem num estado de constante inquietação. Este patético esforço para manter o diabo encurralado os deixa com esgotamento nervoso e físico, e eles pelejam para continuar vivendo em frenética repreensão do diabo em nome de Cristo. Ficam a cada dia mais sensíveis e desconfiados, sempre tentando localizar um mau espírito como a causa que está por trás de tudo que os irrita.

O mal disso tudo é que esse comportamento é contagioso e depressa torna uma igreja alegre e fiel na adoração a Deus em uma multidão de gente alarmada e excitada, gente nervosa e completamente infeliz.

O modo bíblico de ver as coisas é colocar o Senhor sempre diante de nós. É pôr Cristo no centro de nossa visão, e se Satanás estiver rondando e espionando, só aparecerá na margem e será visto como uma sombra na margem do resplendor. É sempre errado inverter isto – pôr Satanás no centro focal da nossa visão e empurrar Deus para a margem. Nada senão tragédia pode provir de tal inversão.

O melhor meio de manter o inimigo fora é manter Cristo dentro. As ovelhas não precisam ser aterrorizadas pelo lobo; basta que fiquem perto do pastor. Não é a ovelha em oração que Satanás teme, mas a presença do pastor que é Cristo. O cristão instruído, cujas faculdades se desenvolveram mediante a Palavra e o Espírito, não temerá o diabo. Se for preciso, ele se levantará contra os poderes das trevas e os dominará pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho.

Reconhecerá o perigo em que vive e saberá o que fazer a respeito, mas experimentará a presença de Deus e nunca permitirá que Satanás tenha lugar em sua vida e em seus pensamentos.  

0 comentários:

Postar um comentário