QUE
FAZER DO DIABO
A
natureza humana tende a excessos, por uma espécie de maligna atração magnética.
Instintivamente corremos de um extremo a outro, razão por que muitas vezes
estamos no erro.
Uma
prova desta propensão para os extremos se vê na atitude do cristão vulgar para
com o diabo. Tenho observado entre pessoas espirituais a tendência ou de
ignorá-lo totalmente ou de levá-lo demasiadamente em conta. Ambas as atitudes
são erradas.
Há
no mundo um inimigo que não nos atrevemos a ignorar. Vemo-lo primeiro no
capítulo três de Genesis e por fim no capítulo vinte de Apocalipse. Quer dizer
que ele estava presente no princípio da história humana e presente estará no
seu término terreno.
Este
inimigo não é criação da fantasia religiosa, nem simples personificação do mal
por conveniência, mas é um ser tão real como o próprio homem. A Bíblia lhe
atribui qualidades pessoais muito pormenorizadas para serem figuradas, e o
mostra falando e agindo em situações concretas e práticas, muito distantes da
imaginação poética.
As
Escrituras declaram que o diabo é inimigo de Deus e de todos os homens de bem.
É descrito como mentiroso, enganador e assassino, que procura atingir seus fins
mediante fraude e embuste. Como é um espírito, pode “rodear a terra, e passear
por ela”, a seu bel-prazer. Embora não seja onipresente (a onipresença é
atributo de Deus somente), é alguém que procura se movimentar na história, como
se o fosse, na tentativa de alcançar seus propósitos.
O
inimigo tem muitos nomes, dentre os quais os de dragão, serpente, diabo e
Satanás. Em acréscimo a este ser maligno, existem demônios, “principados”,
“potestades”, “dominadores deste mundo tenebroso”, “forças espirituais do mal,
nas regiões celestes”, que operam sob a sua direção. Quanto sucesso este bando
de foras-da-lei cósmicos tem tido está escrito na história humana com pena
mergulhada em sangue.
O
estrago feito por eles na terra é tão horrendo que excede todo o poder de
descrição. Todos os jornais e todos os noticiários do rádio e da TV são provas
da existência desse gênio mau chamado diabo e do seu bando de espíritos
corrompidos, dedicados à destruição.
Satanás
odeia a Deus e odeia tudo que é caro a Deus, pela simples razão de que Deus ama
isso. Porque o homem foi feito à imagem de Deus, o ódio com que Satanás o vê é
particularmente malévolo, e desde que o cristão é duplamente caro a Deus, é
odiado pelos poderes das trevas com redobrada fúria, provavelmente sem igual em
todo e qualquer ponto do universo moral.
Em
vista disso, não pode ser menos que loucura nós, cristãos, ficarmos desatentos
à realidade e à presença do inimigo. Viver num mundo em estado de sítio é viver
em constante perigo. Viver num mundo assim e estar totalmente inconsciente do perigo,
é aumentá-lo cem vezes e transformar o mundo num paraíso para loucos.
Da
mesma forma que não devemos subestimar a força do adversário, devemos ao mesmo
tempo ter o cuidado de não cair em seu fascínio e viver sempre com medo dele.
“Não lhe ignoramos os desígnios”. Se ele não conseguir nos fazer desacreditar
de sua existência, tentará nos fazer cientes dele, e assim lançará uma sombra
permanente sobre nossas vidas.
Apenas
uma linha fina como um fio de cabelo separa a verdade da superstição. Devemos
aprender a verdade sobre o inimigo, mas devemos evitar a superstição de que ele
é onipotente. A verdade nos fará livres, mas a superstição nos escravizará.
Conheço
cristãos que se acham tão absorvidos na luta contra os maus espíritos, que
vivem num estado de constante inquietação. Este patético esforço para manter o
diabo encurralado os deixa com esgotamento nervoso e físico, e eles pelejam
para continuar vivendo em frenética repreensão do diabo em nome de Cristo. Ficam
a cada dia mais sensíveis e desconfiados, sempre tentando localizar um mau
espírito como a causa que está por trás de tudo que os irrita.
O
mal disso tudo é que esse comportamento é contagioso e depressa torna uma
igreja alegre e fiel na adoração a Deus em uma multidão de gente alarmada e excitada,
gente nervosa e completamente infeliz.
O
modo bíblico de ver as coisas é colocar o Senhor sempre diante de nós. É pôr
Cristo no centro de nossa visão, e se Satanás estiver rondando e espionando, só
aparecerá na margem e será visto como uma sombra na margem do resplendor. É
sempre errado inverter isto – pôr Satanás no centro focal da nossa visão e
empurrar Deus para a margem. Nada senão tragédia pode provir de tal inversão.
O
melhor meio de manter o inimigo fora é manter Cristo dentro. As ovelhas não precisam
ser aterrorizadas pelo lobo; basta que fiquem perto do pastor. Não é a ovelha
em oração que Satanás teme, mas a presença do pastor que é Cristo. O cristão
instruído, cujas faculdades se desenvolveram mediante a Palavra e o Espírito,
não temerá o diabo. Se for preciso, ele se levantará contra os poderes das
trevas e os dominará pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho.
Reconhecerá
o perigo em que vive e saberá o que fazer a respeito, mas experimentará a
presença de Deus e nunca permitirá que Satanás tenha lugar em sua vida e em
seus pensamentos.
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