quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

FILHOS E HERDEIROS


“Pois todos vós sois filhos mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 3.26).

Deus nos escolheu antes da fundação do mundo, conforme nos ensina a revelação da palavra de Deus, e em amor nos predestinou para sermos Seus filhos. Já não somos mais estrangeiros, antes fomos feitos participantes da família bendita de Deus. Podemos chamá-lo de Pai, Papai, ou Paizinho. Ele nos chamou para desfrutarmos dessa intimidade com Ele. Como Pai, Ele deseja que tenhamos livre acesso à presença dele, e liberdade para pedir-lhe qualquer coisa. O maior prazer de nosso Pai é cuidar de nós e fazer com que a nossa alegria seja completa (I Jo 1.4).

Precisamos amar a nossa filiação em Deus

Jacó, no Velho Testamento, é o exemplo de alguém que amou a sua filiação. Quando olhamos para a vida dos filhos de Isaque – Esaú e Jacó – um fato interessante se destaca. No caráter de Esaú, não há falhas aparentes: ele era trabalhador, caçava e preparava pessoalmente a comida para Isaque e, por isso era amado pelo pai. Quanto a Jacó, era um suplantador, exatamente como significava o próprio nome em hebraico. Ele agiu de má fé com Esaú, mentiu para o próprio pai e enganou o tio. 

Além de ter induzido o irmão a vender-lhe a primogenitura, Jacó ainda roubou-lhe a benção paterna. Ele era um mau-caráter... Mas espere um pouco; em Romanos 9.13, Deus diz algo muito interessante sobre ele: “Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú”. Por que será que Deus amou Jacó e se aborreceu de Esaú? A resposta é: Porque Jacó amou a primogenitura, ao passo que Esaú a desprezou: 

“Jacó deu a Esaú pão e o guisado de lentilhas. Ele comeu e bebeu, e então se levantou e saiu. Assim desprezou Esaú o seu direito de primogenitura” (Gn 25.34). 
Eis o porquê de tudo!

Amar a primogenitura é amar a própria filiação, ou seja: a relação de vida com o próprio pai. Esaú vendeu a sua primogenitura por um prato de lentilhas e, mais tarde, se arrependeu amargamente. Do mesmo modo, o mundo tenta impedir-nos de desfrutar a bênção que Deus tem preparado para nós, assediando-nos com os mais variados e tentadores pratos. 

Nossa carreira profissional, nossa vida familiar, os divertimentos do mundo, a falsa segurança das riquezas, a posição social e, até mesmo, a religião podem tornar-se pratos de lentilhas, que sutilmente nos afastam das bênçãos destinadas aos filhos de Deus. Precisamos amar a posição de filhos – a relação que temos com a vida e a natureza do Pai – e também a herança que desfrutaremos.

À semelhança de Jacó, também temos nossas próprias distorções de caráter; mas, uma vez que amamos a Deus e desfrutamos da posição de filhos, podemos ter a certeza de que o próprio Pai nos corrigirá com carinho e cuidado, até que sejamos completamente mudados em nossos hábitos. O importante é ter acesso à mesa do rei.

Isso me faz lembrar de Mafibosete, o filho de Jônatas. Em virtude de sua aliança com Jônatas, e após a morte deste, Davi convidou Mefibosete, cujos pés eram aleijados, para comer todos os dias à mesa do rei (II Samuel 9.1-7). Isso aponta para nós. Muitos cristãos ainda tem os pés defeituosos, ou seja, um caminhar falho diante de Deus. Mas, por causa da aliança de Deus com Cristo, somos convidados a comer na mesa do Rei e desfrutar a presença do Senhor. Este é um dos privilégios de sermos filhos de Deus: não precisamos marcar hora, nem pedir uma audiência para falar com Ele.

Conta-se que, certa vez, o rei da França fazia um passeio pelos jardins externos do Palácio. A guarda palaciana mantinha o povo à distância, para evitar que algum plebeu se aventurasse a aproximar-se do monarca. De repente, um menino correu em direção ao rei. Os soldados tentaram impedi-lo. Ele, porém, foi mais ágil, driblou-os e sentou-se no colo real. Tratava-se de um dos filhos do rei.

 Para todos, aquele homem era o rei; mas, para o menino, era apenas o pai. Assim também acontece conosco: para o mundo, Deus é Rei e Senhor; mas, para nós, Ele é o nosso Papai. Glória a Deus! Somos filhos de Deus.   

0 comentários:

Postar um comentário