“Pois todos vós sois filhos
mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 3.26).
Deus
nos escolheu antes da fundação do mundo, conforme nos ensina a revelação da
palavra de Deus, e em amor nos predestinou para sermos Seus filhos. Já não
somos mais estrangeiros, antes fomos feitos participantes da família bendita de
Deus. Podemos chamá-lo de Pai, Papai, ou Paizinho. Ele nos chamou para
desfrutarmos dessa intimidade com Ele. Como Pai, Ele deseja que tenhamos livre
acesso à presença dele, e liberdade para pedir-lhe qualquer coisa. O maior
prazer de nosso Pai é cuidar de nós e fazer com que a nossa alegria seja
completa (I Jo 1.4).
Precisamos amar a nossa
filiação em Deus
Jacó,
no Velho Testamento, é o exemplo de alguém que amou a sua filiação. Quando
olhamos para a vida dos filhos de Isaque – Esaú e Jacó – um fato interessante
se destaca. No caráter de Esaú, não há falhas aparentes: ele era trabalhador,
caçava e preparava pessoalmente a comida para Isaque e, por isso era amado pelo
pai. Quanto a Jacó, era um suplantador, exatamente como significava o próprio
nome em hebraico. Ele agiu de má fé com Esaú, mentiu para o próprio pai e
enganou o tio.
Além de ter induzido o irmão a vender-lhe a primogenitura, Jacó
ainda roubou-lhe a benção paterna. Ele era um mau-caráter... Mas espere um
pouco; em Romanos 9.13, Deus diz algo muito interessante sobre ele: “Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú”. Por
que será que Deus amou Jacó e se aborreceu de Esaú? A resposta é: Porque Jacó
amou a primogenitura, ao passo que Esaú a desprezou:
“Jacó deu a Esaú pão e o guisado de lentilhas. Ele comeu e bebeu, e
então se levantou e saiu. Assim desprezou Esaú o seu direito de primogenitura”
(Gn 25.34).
Eis o porquê de tudo!
Amar
a primogenitura é amar a própria filiação, ou seja: a relação de vida com o
próprio pai. Esaú vendeu a sua primogenitura por um prato de lentilhas e, mais
tarde, se arrependeu amargamente. Do mesmo modo, o mundo tenta impedir-nos de
desfrutar a bênção que Deus tem preparado para nós, assediando-nos com os mais
variados e tentadores pratos.
Nossa carreira profissional, nossa vida familiar,
os divertimentos do mundo, a falsa segurança das riquezas, a posição social e,
até mesmo, a religião podem tornar-se pratos de lentilhas, que sutilmente nos
afastam das bênçãos destinadas aos filhos de Deus. Precisamos amar a posição de
filhos – a relação que temos com a vida e a natureza do Pai – e também a
herança que desfrutaremos.
À
semelhança de Jacó, também temos nossas próprias distorções de caráter; mas,
uma vez que amamos a Deus e desfrutamos da posição de filhos, podemos ter a
certeza de que o próprio Pai nos corrigirá com carinho e cuidado, até que
sejamos completamente mudados em nossos hábitos. O importante é ter acesso à
mesa do rei.
Isso
me faz lembrar de Mafibosete, o filho de Jônatas. Em virtude de sua aliança com
Jônatas, e após a morte deste, Davi convidou Mefibosete, cujos pés eram
aleijados, para comer todos os dias à mesa do rei (II Samuel 9.1-7). Isso
aponta para nós. Muitos cristãos ainda tem os pés defeituosos, ou seja, um
caminhar falho diante de Deus. Mas, por causa da aliança de Deus com Cristo,
somos convidados a comer na mesa do Rei e desfrutar a presença do Senhor. Este
é um dos privilégios de sermos filhos de Deus: não precisamos marcar hora, nem
pedir uma audiência para falar com Ele.
Conta-se
que, certa vez, o rei da França fazia um passeio pelos jardins externos do
Palácio. A guarda palaciana mantinha o povo à distância, para evitar que algum
plebeu se aventurasse a aproximar-se do monarca. De repente, um menino correu
em direção ao rei. Os soldados tentaram impedi-lo. Ele, porém, foi mais ágil, driblou-os
e sentou-se no colo real. Tratava-se de um dos filhos do rei.
Para todos,
aquele homem era o rei; mas, para o menino, era apenas o pai. Assim também
acontece conosco: para o mundo, Deus é Rei e Senhor; mas, para nós, Ele é o
nosso Papai. Glória a Deus! Somos filhos de Deus.
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