quinta-feira, 10 de março de 2011

PERDER A VIDA DO EGO POR CAUSA DA UNIDADE

Podemos falar sobre a unidade, mas temos de perceber que a genuína unidade é nada menos que o próprio Cristo como nossa vida de um modo prático. Cristo é a unidade, a união. Quando estou vivendo em Cristo, e não em mim mesmo, tenho a unidade e estou na unidade. Quando todos os crentes estão vivendo em Cristo, e o Senhor é expresso por todos, Ele se torna a unidade. Se essa é a nossa situação, então temos a realidade do Corpo e somos também equipados para o serviço.

Os cristãos estão divididos porque vivem em si mesmos. Se alguém quer viver a vida do Corpo de Cristo será necessário que desista de si, que perca a vida do ego. O ego é um problema, é a verdadeira divisão, a verdadeira facção. O ego divide, mas o espírito une. Se alguém puder se libertar do ego e viver em espírito, imediatamente estará na realidade do Corpo. Não é suficiente meramente conhecer a doutrina sobre libertar-se do ego; é necessário libertar-se de um modo prático, insistir até que a vida do ego se vá.

Nesse ponto, precisamos de mais oração. Devemos orar: “Senhor, sê misericordioso para comigo para que eu possa libertar-me do ego, para que eu possa deixar a vida da alma”.

Pedro diz em sua 1ª carta 2:5 que o Corpo é o edifício, a casa, e que nós, os salvos, somos pedras vivas: “Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”. Sem serem edificadas, as pedras vivas nada podem fazer e são inúteis. Pedras que não são edificadas para nada servem. As pedras precisam ser edificadas numa casa que seja útil a Deus. Essa utilidade é o serviço e essa casa é o sacerdócio.

A palavra grega traduzida para o português como sacerdócio no texto acima significa um corpo sacerdotal, um corpo de sacerdotes, portanto devemos entender que Pedro estava dizendo um corpo sacerdotal e não ofício sacerdotal. De acordo com a concordância de Strong, o significado dessa palavra grega é: uma classe sacerdotal. É necessário que um corpo sacerdotal, um grupo sacerdotal, ofereça sacrifícios espirituais. Se não somos edificados, não somos qualificados para servir a Deus. Para o serviço, precisamos do Corpo.

SER COORDENADOS JUNTOS

Vamos observar com mais atenção e ver com maiores detalhes essa questão. Esse aspecto que estamos analisando não é muito simples. Não é suficiente dizer que sabemos o que é o Corpo e que vivemos por meio de Cristo e que, por isso, temos a unidade e estamos em união com o Corpo. Devemos prestar atenção ao que Paulo diz em I Coríntios 12:24-25: “Mas os nossos membros nobres não têm necessidade disso. Contudo, Deus coordenou o corpo, concedendo mais honra àquilo que menos tinha, para que não haja divisão no Corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros”. Como aprecio a palavra “coordenou”! Deus coordenou o Corpo. Precisamos considerar a nós mesmos para ver se realmente temos sido coordenados juntos.

Ser coordenado significa mais do que ser ajuntado ou misturado. O Amplified New Testament usa diversas palavras para a tradução de coordenado nesse versículo – ajustado, mesclado, harmonizado, temperado, e as partes do todo engenhosamente dosadas. Na aplicação prática, ser coordenado significa, por exemplo, que uma pessoa rápida precisa ser colocada a trabalhar junto com uma lenta para que a rapidez de um seja temperada com a lentidão da outra. Assim no corpo não haverá nada mais rápido nem muito lento.

Na igreja, tanto o orgulho como a humildade precisam ser dosados até que reste apenas Cristo. Nestes dias em que estamos vivendo, temos a profunda impressão de que precisamos estar mais temperados com todos os santos. Todos nós precisamos ser temperados juntos. Deus não apenas estabeleceu os membros do Corpo; Ele coordenou o Corpo conjuntamente. Nossa necessidade hoje não é meramente sermos introduzidos e colocados na igreja, mas sermos coordenados juntamente com os outros, da escolha do Senhor, que possam ser diferentes de nós em sua disposição. Vez após vez, o Senhor nos coloca juntos exatamente com a pessoa certa para que sejamos coordenados no Corpo.

Hoje, o que temos visto nas igrejas denominacionais é uma grande mobilidade. Crentes à procura de uma igreja que seja como ele quer ou que se adapte à sua necessidade. Qualquer contrariedade é motivo para pedir transferência para outra ou mesmo para abandonar sumariamente o seu local de congregar. O pior acontece quando um grupo se rebela contra a coordenação e sai para “fundar” um “ministério próprio” ou uma nova denominação onde eles não terão de se submeter à coordenação de ninguém.

No Corpo, precisamos ter compaixão. No corpo precisamos ter bondade, humildade, mansidão, tolerância, obediência e perseverança. Embora possamos sentir que ficar junto a determinado grupo de irmãos é como morrer, não devemos tentar fugir dessa situação. O que o Senhor exige é que nossa vida natural seja exterminada. Precisamos permanecer onde estamos para que possamos suportar e até mesmo tolerar, para que possamos beber o cálice que nosso Pai nos deu. Pode parecer um cálice amargo, mas ele se tornará doce. Pode parecer um cálice de maldição, mas se transformará num cálice de benção. Dessa maneira é que viveremos a verdadeira vida do Corpo.

Não devemos pensar que é fácil para os seres humanos ficarem juntos. Não importa o quanto amamos uns aos outros; quanto mais ficamos juntos, tanto mais perceberemos que necessitamos não apenas de tolerância, mas também de perseverança e de perdão para a vida do Corpo. Vejamos o que nos diz o apóstolo Paulo: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor perdoou, assim também perdoai vós” (Cl 3:12-13). E ele continua a nos dizer nos versos 14 e 15: “Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos”. 

Essa é a verdadeira vida do Corpo de Cristo!

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