quinta-feira, 21 de julho de 2011

LEVANTA-TE E ANDA

Procuramos deixar bem claro que a vida cristã não se inicia com o andar, mas com o assentar. Todas as vezes que invertemos a ordem, os resultados são desastrosos. O Senhor Jesus fez tudo por nós, e nossa necessidade agora é de descanso confiante Nele. O Senhor está assentado em seu trono, e somos conduzidos pelo seu poder. Toda experiência espiritual verdadeira, santificadora, começa nesse descanso.

Todavia, a vida cristã não termina aqui. Embora a vida cristã comesse no processo de assentar, esse assentar sempre é seguido do andar. Só depois de havermos assentado de verdade, e havermos descoberto nossa força no ato de descansar no Senhor, é que de fato podemos começar a andar. O assentar representa nossa posição em Cristo, nas regiões celestiais. O andar em Cristo representa nosso desempenho dessa posição divina aqui na terra. Sendo nós um povo celestial, Deus exige de nós que exibamos o selo dessa habitação celestial em nossa conduta terrena, e isso levanta novos aspectos.

Devemos, portanto, perguntar-nos: Que é que Efésios tem a dizer a respeito de nosso andar? Descobriremos que essa carta nos exorta a fazer muitas coisas. Trataremos agora da primeira delas.

Portanto, como prisioneiro do Senhor, rogo-vos que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor... (4:1 e 2).  

Portanto digo isto... que não andeis mais como andam os gentios, na vaidade do seu pensamento... e vos renoveis no espírito do vosso entendimento (4:17 e 23).

Andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós (5:2).

Andai como filhos da luz... descobrindo o que é agradável ao Senhor (5:8 e 10).

A palavra “andar” é usada oito vezes em Efésios, sendo empregada de modo figurado por Paulo para significar “transportar-se a si próprio”. Tal sentido traz imediatamente diante de nós o assunto da conduta cristã, de que a segunda parte da carta trata com profundidade. O apóstolo nos desafia no campo de nossos relacionamentos, a cuidar do modo como vivemos nossos relacionamentos domésticos e públicos, quando os crentes se relacionam com vizinhos, os maridos com suas esposas, quando nos relacionamos com pais e filhos, com patrões e empregados – tudo isso da forma mais real possível.

É verdade que somos um povo celestial, mas de nada adianta falar muito do céu distante. Se não trouxermos o céu ao nosso lar e ao nosso local de trabalho, à nossa loja e à nossa cozinha, e ali o praticarmos, o céu não terá o menor sentido. Sugerimos que quem é pai ou mãe, e quem é filho, que procure no Novo Testamento e verifique como os pais devem ser, e como os filhos devem agir. Talvez nos surpreendamos, pois receio que muitos de nós, que dizemos estar assentados no céu, em Cristo, demonstramos um comportamento bastante questionável em nosso ambiente. O certo é termos uma vida espiritual diante de Deus, e não apenas na teoria, mas na prática também. Não devemos tentar transformar em mera teoria algo que é tão prático.

Veja, no campo dos relacionamentos cristãos, como os mandamentos de Deus são diretos e objetivos. “Rogo-vos que andeis... com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor.” “Deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo.” “Irai-vos e não pequeis.” “Aquele que furtava, não furte mais.” “Toda amargura... e toda malícia sejam tiradas de entre vós.” “Sede uns para com os outros benignos... perdoando-vos uns aos outros.” “Não provoqueis à ira.” Nada poderia ser mais objetivo do que esta lista de imperativos.

Fomos chamados para sermos “perfeitos” em amor, demonstrando a graça do Pai. Por isso é que Paulo escreve: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados e andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós” (Ef 5:1-2). O problema é que nós não conseguimos encontrar em nós mesmos, por natureza, os meios de atender esse padrão – o andar “como convém a santos”. Onde, está a resposta para o nosso problema, o das exigências de Deus?

Nas palavras de Paulo descobrimos o segredo: “[Deus] é poderoso para fazer muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” (Ef 3:20). Numa passagem paralela (Cl 1:29), Paulo diz: “Para isso também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia que opera em mim poderosamente”. Qual o segredo que move a vida cristã? De onde vem esse poder? Deixe-me dar-lhe a resposta em uma sentença: o segredo do cristão está em ele descansar em Cristo. O poder do cristão vem da posição que Deus lhe deu. Todos quantos se assentarem poderão andar.

Nós nos assentamos para sempre com Cristo para que possamos andar continuamente diante dos homens. Se abandonarmos por um instante nosso lugar de descanso em Cristo, caímos imediatamente e prejudicamos nosso testemunho perante o mundo. Mas enquanto habitarmos em Cristo, nossa posição no Senhor nos assegura o poder andar dignamente aqui. Lembre-se de que nossa conduta e comportamento dependem fundamentalmente de nosso descanso íntimo em Cristo.

Isto explica a linguagem de Paulo aos Efésios. Ele aprendeu a assentar-se. Encontrou um lugar de descanso em Cristo. O resultado é que Paulo andava, não baseado em seus próprios esforços, mas na operação poderosa de Deus dentro dele. Ali estava o segredo de seu poder. Paulo viu-se a si mesmo assentado em Cristo. Por isso, seu comportamento (seu andar) diante dos homens assumiu o caráter do Cristo que nele habitava. Não é de admirar, pois, que ele ore assim pelos Efésios: “Cristo habite pela fé nos vossos corações” (3:17). Deus nos deu Cristo. Agora nada mais há para nós recebermos; basta-nos Cristo. O Espírito Santo foi enviado a fim de produzir em nós o que Cristo é; o Espírito não produzirá uma coisa alheia a Cristo, nem algo fora de Cristo. Se crermos nisto, poderemos ter qualquer coisa de que precisarmos, e poderemos ter certeza de que Deus é quem o promete, pois, mediante o Espírito Santo dentro de nós, o próprio Senhor Jesus está também em nosso espírito (nosso homem interior) a fim de dar-nos qualquer coisa de que necessitamos. Diante dessa realidade verdadeira, fale a Deus desta forma: “Senhor, ficou claro para mim, finalmente, que por mim mesmo eu não conseguirei amar aqueles que me ofendem e perseguem; mas agora que eu sei que existe uma vida dentro de mim, a vida de Teu Filho, e sei que a lei dessa vida é o amor, por isso eu creio que conseguirei”.    

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