quinta-feira, 14 de julho de 2011

A POSIÇÃO DO CRENTE EM CRISTO

Para que a vida de um crente seja agradável a Deus, é preciso que esteja adequadamente ajustada ao Senhor, em todos os sentidos. As Escrituras afirmam com clareza que a alegria do Senhor está em “fazer convergir em Cristo todas as coisas... em quem também fomos feitos herança” (Efésios 1:9-11).

Peço a Deus que, nas páginas que se seguem, nossos olhos possam ser abertos de modo especial para que consigamos ver que só podemos perceber o propósito divino para nós quando colocarmos toda a ênfase Nele. Isto também está resumido em Efésios (1:12): “a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão, esperamos em Cristo”.

Dentre todas as cartas do Apóstolo Paulo, Efésios é aquela em que encontramos as mais elevadas verdades espirituais a respeito da vida cristã. A carta é rica em preciosas verdades e, ao mesmo tempo, é intensamente prática. A primeira revelação prática a respeito da vida em Cristo é que ela deve ser vivida em união com Ele nos mais elevados reinos celestiais. Hoje, abordaremos alguns princípios que estão fundamentados no coração da carta.

A revelação maravilhosa começa em Efésios 1:17-21: “para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação. Oro também para que sejam iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos... que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus, acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só nesse século, mas também no vindouro”.

É importante, para ajudar a compreensão desta verdade revelada, que leiamos também o que está em Efésios 2:6-9: “E nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez ASSENTAR nas regiões celestiais, em Cristo Jesus... pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé – e isso não vem de vós, é dom de Deus – não das obras, para que ninguém se glorie”. Como dissemos, estas passagens nos revelam o segredo de uma vida celestial. A vida cristã não começa com o andar; começa com o assentar.

A era cristã iniciou-se com Cristo. Sobre isso, ficamos sabendo que depois de Ele ter “feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas alturas” (Hb 1:3). Com a mesma dose de verdade podemos dizer que o crente inicia sua vida cristã “em Cristo”, isto é, quando pela fé ele se vê assentado ao lado de Cristo no céu.

A maioria dos crentes comete o erro de tentar agir e andar para, só então, sentir-se capaz de se assentar, o que contraria a verdadeira ordem. Nosso raciocínio natural nos leva a perguntar: se não andamos, de que modo vamos atingir o alvo? Que é que vamos conseguir sem esforço? Como chegaremos a qualquer destino se não nos movermos? Todavia, a vida cristã é engraçada! Se logo de início tentamos fazer alguma coisa, nada obtemos; se procuramos atingir algo, perdemos tudo. É que o cristianismo não começa com um grande FAÇA, mas com um grandioso JÁ FOI FEITO.

Assim é que Efésios se inicia; com a declaração de que Deus “nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (1:3), e somos convidados, logo de início, a assentar-nos e usufruir de tudo quanto Deus já fez por nós. Não devemos ser afoitos e tentar conseguir as coisas por nós mesmos. Andar implica esforço, mas Deus diz que somos salvos não pelos nossos esforços e obras, mas “PELA GRAÇA”... por meio da fé (2:8). Estamos constantemente declarando que a salvação é pela “fé”, mas que queremos dizer com isso? Queremos dizer o seguinte: Que somos salvos quando repousamos em Jesus Cristo. Nada fizemos, absolutamente, para salvar-nos a nós mesmos; apenas depositamos no Senhor o fardo de nossas almas sobrecarregadas de pecados. Iniciamos nossa vida cristã, não dependendo de nós mesmos, de algo que fazemos, mas na dependência do que Cristo já fez. Enquanto a pessoa não puder proceder assim, não é um cristão.

Se alguém disser: “Nada posso fazer a fim de salvar-me; mas pela Sua graça Deus já fez tudo para mim, em Cristo, terá dado o primeiro passo na vida de fé. A vida cristã, do início até o fim, baseia-se no princípio da nossa total dependência do Senhor Jesus. Não há limite para a graça que Deus deseja derramar sobre nós. Ele quer dar-nos tudo, mas nada poderemos receber, a não ser que descansemos Nele. Assentar é uma atitude de descanso. Algo foi terminado; o trabalho é paralisado, e nós nos assentamos. É paradoxal, mas verdadeiro: nós só avançamos na vida cristã se aprendermos, em primeiro lugar, a assentar-nos.

Assentarmo-nos equivale a depositar nosso peso total – a nossa pessoa, nosso futuro, nossas aflições, tudo – sobre o Senhor. Deixamos que Ele assuma a responsabilidade e descansamos; deixamos de carregar o fardo. Essa foi a norma de Deus, desde o início. Na criação, Deus trabalhou desde o primeiro dia até o sexto, e descansou no sétimo. O Senhor esteve muito ocupado durante aqueles primeiros seis dias. A seguir, tendo terminado a obra da criação, Ele parou de trabalhar. O sétimo dia tornou-se o dia de descanso do Senhor; foi o repouso do Senhor.

Mas que diremos de Adão? Qual teria sido sua posição em relação ao descanso de Deus? A Bíblia diz que Adão foi criado no sexto dia. Fica bem claro, então, que Adão nada teve que ver com o trabalho realizado por Deus, visto que ele só veio a existir no fim da obra. O sétimo dia de Deus foi, na verdade, o primeiro dia de Adão. Ele começou a sua vida com o descanso. Somente porque a obra de Deus na criação estava terminada é que a vida de Adão poderia iniciar-se com o repouso. E aqui temos o evangelho da graça: Deus caminhou um pouco mais e completou também a obra de redenção, e nós nada podemos (nem precisamos) fazer para merecê-la, mas podemos pela fé receber as bênçãos de Sua obra terminada.

A analogia que estamos traçando só é verdadeira, entretanto, por causa desse clamor de triunfo: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”, explicou o Senhor, durante o seu ministério. Só depois de ter pagado o preço da expiação, poderia Jesus dizer: “Está consumado”! O cristianismo na verdade significa que Deus fez tudo em Cristo, e que nós apenas penetramos nessa realidade para usufruí-la mediante a fé. A primeira lição que devemos aprender, portanto, é essa: Que o trabalho não é inicialmente nosso, mas do Senhor. Não se trata de nós trabalharmos para Deus, mas de Deus ter trabalhado por nós. Deus nos dá uma posição de repouso. Ele nos traz a obra terminada de Seu Filho e no-la apresenta, dizendo: “Por favor, sente-se”. Penso que a oferta de Deus a nós não pode ser expressa de melhor forma do que nas palavras do convite para o grandioso banquete: “Vinde, pois tudo já está pronto” (Lucas 14: 17). Nossa vida cristã inicia-se com a descoberta das coisas que Deus já havia providenciado para nós.

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