quinta-feira, 28 de julho de 2011

REMINDO O TEMPO

Quanto ao assunto de nosso andar em Cristo, temos algo mais a acrescentar. Esse verbo “andar” tem, como pode parecer óbvio, outro sentido adicional. É palavra que significa primordialmente conduta, ou comportamento, mas também contém a idéia de progresso. “Andar” é prosseguir, “continuar seguindo”, pelo que gostaríamos de elaborar um pouco mais essa questão de nossa jornada na direção de um objetivo.

“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor” (Ef 5.15-17).

Você vai notar que nos versículos acima existe uma associação entre a idéia de tempo e a diferença entre sabedoria e insensatez. Isto é muito importante. Desejo trazer à sua memória duas outras passagens em que estas coisas são semelhantemente relacionadas entre si: “Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens... Cinco eram insensatas e cinco, prudentes. As insensatas, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo... Mas, à meia-noite ouviu-se um grito: Aí vem o noivo, saí ao seu encontro!” (Mt. 25.1-13).  

“Então olhei, e vi o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que traziam escrito na testa o seu nome e o nome de seu Pai... Esses são os que dentre os homens foram comprados para ser as primícias para Deus e para o Cordeiro. Na sua boca não se achou engano; são irrepreensíveis” (Ap. 14.1-5).

Há muitas passagens nas Escrituras que nos garantem que o que Deus iniciou Ele vai terminar. O nosso Salvador é o Salvador máximo. Nenhum crente se salvará “pela metade”. Deus vai aperfeiçoar todo e qualquer ser humano que nele depositou sua fé. É nisso que cremos, e temos que manter em mente. Cremos firmemente, juntamente com Paulo, que “Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Cristo Jesus” (Fp. 1.6). Não há limites para o poder de Deus. Ele é capaz e “poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória” (Jd. 24; II Tm. 1.12; Ef. 3.20).

Entretanto, é quando nos voltamos para o aspecto objetivo desta questão – para a sua realização prática em nossas vidas, aqui e agora, na terra – que nos defrontamos com a faceta do tempo. Em Apocalipse 14 há as primícias (v.4) e há a colheita (v. 15). Qual a diferença entre primícias e colheita? Certamente a diferença não está na qualidade, porque os frutos são da mesma época e mesmo local. A diferença está apenas no momento em que amadurecem no campo. Alguns frutos atingem a maturidade antes dos demais e por isso se tornam as “primícias”.

Cremos que todos os crentes atingirão a maturidade, de certa forma. Mas o Cordeiro de Deus procura as primícias. As moças “prudentes” da parábola não são as que se saíram melhor, mas são as que agiram bem, com antecedência, bem cedo. As demais também eram virgens, mas eram “insensatas”. Também tinham azeite em suas lâmpadas. Contudo, não imaginaram a demora do noivo. E agora suas lâmpadas estavam quase apagadas, não dispunham de reserva de azeite, e tampouco as demais moças podiam emprestar-lhes combustível. Diz a parábola que as cinco néscias chegaram à porta e disseram: “Senhor, senhor, abre-nos a porta!” Que porta? Certamente não é a porta da salvação. Se você estiver perdido, jamais poderá chegar à porta do céu e nela bater. Portanto, quando o Senhor diz: “Não vos conheço”, é certo que deve ser em razão de algo que Ele quer salientar.

Está claro que, no final das contas, todas as dez chegaram a ter azeite suficiente. A diferença, contudo, está em que as cinco prudentes tinham azeite suficiente a tempo, enquanto as insensatas, quando por fim arranjaram azeite bastante, haviam perdido o propósito para o qual o combustível era usado. A questão toda gira em torno do tempo. Esse é o ponto central do ensino do Senhor. A questão era que a luz deveria ser mantida, durante a longa espera, não importa quão longa seria a espera pela chegada do Noivo.

Permita-me repetir o conceito de que a insensatez ou a prudência giram em torno de um ponto: Se você é prudente, vai procurar a plenitude do Espírito bem depressa, o mais cedo possível. Mas se você é insensato, vai adiá-la indefinidamente. Esta parábola não nos responde a todas as nossas perguntas. Onde e como as virgens insensatas compram azeite? Não ficamos sabendo. Não nos é dito que outras providências Deus terá tomado para que todos os seus filhos finalmente fiquem amadurecidos. Esse assunto não é da nossa competência. Compete-nos aqui estudar as primícias. Somos admoestados a prosseguir; não somos admoestados a especular a respeito do que poderá acontecer se não prosseguirmos.

Você não pode, ao evitar esse assunto, impedir a chegada da maturidade, e tampouco deixar de pagar o preço. Todavia, a sabedoria está ligada ao passar do tempo. Os “prudentes” compram a tempo. A questão é sempre de tempo. Deus precisa dar um jeito em nós, depressa! O tempo passa rapidamente. Que o nosso coração possa ser iluminado de modo que saibamos “qual seja a esperança da sua vocação”, e a seguir, que possamos caminhar – na verdade, correr – como crentes que sabem “qual seja a vontade do Senhor”. O Senhor sempre se agradou de almas desesperadas.

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