segunda-feira, 5 de março de 2012

AS CONSEQÜÊNCIAS DA BUSCA DO PRAZER


Uma vez fechadas as janelas, trancadas as portas e apertadas as porcas e parafusos em nossas engrenagens mentais, começamos a nos sentir seguros. Mas o tédio e o desespero silenciosos de nossa existência hermeticamente fechada nos levam a buscar compensações e satisfações através de todos os tipos de experiências agradáveis.

Quando as formas de prazer, lazer e recreação reanimam a mente e o corpo e revitalizam o espírito, elas proporcionam uma sensação de equilíbrio, tranqüilidade e completude. Mas, buscadas em si mesmas, elas nos enviam a um passeio na montanha-russa, durante o qual cada sensação deve ser maior que a anterior para que a emoção continue.

O sexo pode ser a forma de prazer mais procurada, seguido pelo efeito embriagador do álcool ou pela energia impulsionadora das drogas. Para alguns, o prazer é encontrado no conforto da comida. Para outros, é a vida por meio da música ou do cinema que dá acesso à vida emocional, profundamente enterrada. Quão facilmente a busca de prazer se transforma em obsessão, e a obsessão em um tipo de morte da alma:

“Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja; mas quem vive de acordo com o Espírito, tem a mente voltada para o que o Espírito deseja. A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz; a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à Lei de Deus, nem pode fazê-lo. Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus”.  Romanos 8:5-8.

O homem carnal está ostensivamente ligado à carne, segundo a qual vive e anda. No entanto, muitos cristãos praticam uma “prudência da carne” ambivalente, a qual aspira a um tipo de mediocridade dourada: o “eu” é cuidadosamente distribuído entre carne e espírito, mantendo um olho atento em ambos.

Paulo chama a isso “visão espiritual imperfeita”. É a visão dos que receberam o Espírito, mas permanecem espiritualmente imaturos porque não se sujeitam por completo ao domínio do Espírito. Eles se rendem às suas paixões, permitindo, assim, que seus impulsos os limitem a uma espiritualidade infantil. Paulo os compara a bebês incapazes de receber alimento sólido (I Co 3.2). O cristão perfeito é aquele que normalmente não se rende às exigências da carne, e que normalmente é submisso aos impulsos do Espírito.

Uma das formas mais intrigantes de auto-indulgência é a obsessão narcisista com o próprio corpo. Partindo do interesse válido e útil de manter a saúde, gastamos uma quantidade inacreditável de tempo e energia para conquistar ou manter uma boa aparência. O planejamento estratégico de Napoleão para a invasão da Rússia foi um esforço militar amador, se comparado à engenhosidade, habilidade e precisão logística do cuidado corporal.

Não há lanches rápidos casuais, nem exercícios não planejados, nem carboidrato ou caloria que não seja contabilizado. Procura-se orientação profissional, consultam-se livros e periódicos, procuram-se spas, avaliam-se cirurgias plásticas e debatem-se os méritos da dieta da moda na televisão. O que é uma rica vida espiritual comparada à primorosa sensação de se parecer com uma celebridade?

Logicamente, a preocupação com a aparência física não mantém nenhuma relação com a mente de Jesus Cristo. O Senhor sente apenas tristeza e compaixão pela nossa patética perseguição da sensação física. Os esforços para se encontrar excitação e deflagrar uma paixão não terminam com o físico. Os cristãos são tão propensos a dependência química, romances, amizades interesseiras e comportamentos de risco quanto aqueles que não possuem Cristo no coração. Querem e buscam meios de preencher as lacunas abertas na vida. No entanto, saem dessas experiências com pouco mais do que uma sensação temporária de plenitude.

Pense como as religiões têm explorado e aproveitado da carência para substituir o entorpecimento em nossa vida por uma paixão por algo mais, qualquer coisa. Criamos a adoração na qual a música serve para mexer com as emoções, mas a alma permanece impassível, em que palavras ditas são pouco mais do que manipulações do coração. Criamos experiências catárticas cheias de choro e “dança no Espírito”, que nos deixam com a sensação de que Deus nos tocou.

Não é de se surpreender que as experiências espirituais estejam crescendo rapidamente por todos os lados e se tornando artigos comerciais altamente procurados. Multidões correm para lugares e pessoas que prometem intensas experiências de comunhão, emoções catárticas de alegria, doçura e sensações libertadoras de arrebatamento e êxtase. Em nossa desesperada necessidade de plenitude e incessante busca pela experiência da intimidade divina, somos todos propensos a construir nossos próprios eventos “espirituais”.

A falta de experiência com o amor divino fica dolorosamente evidente. Quer busquemos preencher o vazio com atividades ostensivamente carnais, como sexo ilícito, álcool ou drogas; quer nos enganemos acreditando que nossa necessidade de prazer é baseada em uma preferência espiritual, o nome do jogo é o mesmo.  


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