quinta-feira, 8 de março de 2012

A OBRA DO REINO


Jesus Cristo não é apenas o centro do evangelho, mas é todo o evangelho. Os quatro evangelistas nunca se concentram em outra personalidade. Personagens marginais permanecem na periferia, e não é permitido a mais ninguém tomar o centro do palco. Vários indivíduos são apresentados somente para interrogar, responder ou reagir a Jesus. Nicodemos, a mulher samaritana, Pedro, Tomé, Caifás, Pilatos e muitos outros são secundários em relação à pessoa de Jesus.

E é assim que deve ser, pois o Novo Testamento é uma visão da salvação. Quando baixar a última cortina, Jesus eclipsará todas as pessoas famosas, formosas e poderosas que já viveram. Cada homem e cada mulher serão considerados conforme a sua reação a Jesus. No homem Jesus há uma absoluta compatibilidade de propósitos em relação a Deus. No entanto, aqui está em questão mais do que conhecimento e ligação afetiva: Jesus vive para esclarecer o reino de Deus e a vida no reino de Deus.

“A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra” - João 4: 34.

“As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra” – João 14: 10.

“Pai, se queres, afasta de mim este cálice: contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua” – Lucas 22: 42.

E no templo, Jesus responde de forma lacônica à sua mãe: “Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?” (Lucas 2: 49). Outra passagem é ainda mais básica. Jesus estava ensinando, cercado por um grupo de ouvintes, quando alguém o tocou, dizendo: “Tua mãe, e teus irmãos estão lá fora e te procuram”. E ele, que sabia muito bem quem eram eles, retrucou com a mesma seriedade que marcou sua vida na terra: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” Jesus fez uma pausa, olhou os que estavam sentados ao seu redor e continuou: 

“Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Marcos 3: 31-35).

Não devemos permitir que essas palavras sejam interpretadas como alegoria. A vontade de Deus é uma realidade. É como um rio de vida partindo de Deus em direção a Jesus – uma circulação sangüínea da qual ele recebe vida de maneira mais profunda e poderosa do que a recebia de sua mãe. E quem  estiver pronto para fazer a vontade de Deus se torna parte dessa circulação sangüínea.

A mente de Jesus estava fixada no cumprimento da vontade divina por meio da proclamação do Reino de Deus. A intimidade de Jesus com Deus e a consciência da santidade de Deus o encheram de profunda sede das coisas divinas. Sua vida interior de confiança e rendição amorosa ganha uma expressão vital, especial, de presença no mundo a serviço dos interesses e dos propósitos do Reino do Pai.

Jesus Cristo planejou sua vida em torno de tal missão, renunciando aos confortos da estabilidade e da permanência: 

“As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça” (Lucas 9: 58). 

Ele nunca demorou muito num único lugar. Quando os discípulos o procuravam, ele respondia: “É necessário que eu pregue as boas novas do Reino de Deus noutras cidades também, porque para isso fui enviado” (Lucas 4: 43). Outros teriam ficado para trás, preocupados com segurança, prazer e poder, mas Jesus seguiu em frente, sem parar, sempre dirigido pela visão do Reino.

Nada deve interferir na proclamação das boas-novas da vida eterna e na ajuda às pessoas que tenham um estilo de vida que lhes permita crescer para a eternidade – um modo de vida em paz e justiça, com lugar para a dignidade humana ser reconhecida e para o amor florescer.
É difícil, porém, deixar de pensar na quantidade de casamentos errados, empregos errados, relações pessoais erradas e todo o sofrimento que seriam evitados se os cristãos submetessem o processo de tomada de decisão ao domínio de Jesus Cristo. 

Muitas vezes nos esquecemos de que temos o mesmo acesso a Deus desfrutado por Jesus. Jamais deveríamos nos esquecer de que o nosso Criador cuida de nós. Deus conhece cada um de nós pelo nome e está profundamente envolvido nos dramas de nossa existência pessoal. “Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados” (Lucas 12: 7).

Dentro desse clima de confiança, podemos tranqüilamente procurar discernir a vontade de Deus. É em tal atmosfera que todas as decisões se tornam claras e todas as ações florescem. Os sons da paz interior ressoam no coração afinado com Deus, enquanto o coração desafinado, iludido em cantar sua própria canção, pulsa com agitação, conflito, dissonância e contratempos. 

Em vez de sucumbir às distrações, podemos encontrar esperança seguindo o exemplo de Cristo em sua devoção sincera às coisas de Deus.





   
  

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