Jesus
Cristo não é apenas o centro do evangelho, mas é todo o evangelho. Os quatro
evangelistas nunca se concentram em outra personalidade. Personagens marginais
permanecem na periferia, e não é permitido a mais ninguém tomar o centro do
palco. Vários indivíduos são apresentados somente para interrogar, responder ou
reagir a Jesus. Nicodemos, a mulher samaritana, Pedro, Tomé, Caifás, Pilatos e
muitos outros são secundários em relação à pessoa de Jesus.
E
é assim que deve ser, pois o Novo Testamento é uma visão da salvação. Quando
baixar a última cortina, Jesus eclipsará todas as pessoas famosas, formosas e
poderosas que já viveram. Cada homem e cada mulher serão considerados conforme
a sua reação a Jesus. No homem Jesus há uma absoluta compatibilidade de
propósitos em relação a Deus. No entanto, aqui está em questão mais do que
conhecimento e ligação afetiva: Jesus vive para esclarecer o reino de Deus e a
vida no reino de Deus.
“A minha comida é fazer a
vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra” - João 4: 34.
“As palavras que eu lhes
digo não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que vive em mim, está
realizando a sua obra” –
João 14: 10.
“Pai, se queres, afasta de mim
este cálice: contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua” – Lucas 22: 42.
E
no templo, Jesus responde de forma lacônica à sua mãe: “Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na
casa de meu Pai?” (Lucas 2: 49). Outra passagem é ainda mais básica. Jesus
estava ensinando, cercado por um grupo de ouvintes, quando alguém o tocou,
dizendo: “Tua mãe, e teus irmãos estão lá fora e te procuram”. E ele, que sabia
muito bem quem eram eles, retrucou com a mesma seriedade que marcou sua vida na
terra: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” Jesus fez uma pausa, olhou
os que estavam sentados ao seu redor e continuou:
“Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Quem faz a vontade de Deus, este é
meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Marcos 3: 31-35).
Não
devemos permitir que essas palavras sejam interpretadas como alegoria. A
vontade de Deus é uma realidade. É como um rio de vida partindo de Deus em
direção a Jesus – uma circulação sangüínea da qual ele recebe vida de maneira
mais profunda e poderosa do que a recebia de sua mãe. E quem estiver pronto para fazer a vontade de Deus se
torna parte dessa circulação sangüínea.
A
mente de Jesus estava fixada no cumprimento da vontade divina por meio da
proclamação do Reino de Deus. A intimidade de Jesus com Deus e a consciência da
santidade de Deus o encheram de profunda sede das coisas divinas. Sua vida
interior de confiança e rendição amorosa ganha uma expressão vital, especial,
de presença no mundo a serviço dos interesses e dos propósitos do Reino do Pai.
Jesus
Cristo planejou sua vida em torno de tal missão, renunciando aos confortos da
estabilidade e da permanência:
“As
raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem
não tem onde repousar a cabeça” (Lucas 9: 58).
Ele nunca demorou muito num
único lugar. Quando os discípulos o procuravam, ele respondia: “É necessário
que eu pregue as boas novas do Reino de Deus noutras cidades também, porque
para isso fui enviado” (Lucas 4: 43). Outros teriam ficado para trás,
preocupados com segurança, prazer e poder, mas Jesus seguiu em frente, sem
parar, sempre dirigido pela visão do Reino.
Nada
deve interferir na proclamação das boas-novas da vida eterna e na ajuda às
pessoas que tenham um estilo de vida que lhes permita crescer para a eternidade
– um modo de vida em paz e justiça, com lugar para a dignidade humana ser
reconhecida e para o amor florescer.
É
difícil, porém, deixar de pensar na quantidade de casamentos errados, empregos
errados, relações pessoais erradas e todo o sofrimento que seriam evitados se
os cristãos submetessem o processo de tomada de decisão ao domínio de Jesus
Cristo.
Muitas vezes nos esquecemos de que temos o mesmo acesso a Deus
desfrutado por Jesus. Jamais deveríamos nos esquecer de que o nosso Criador
cuida de nós. Deus conhece cada um de nós pelo nome e está profundamente
envolvido nos dramas de nossa existência pessoal. “Até os cabelos da cabeça de
vocês estão todos contados” (Lucas 12: 7).
Dentro
desse clima de confiança, podemos tranqüilamente procurar discernir a vontade
de Deus. É em tal atmosfera que todas as decisões se tornam claras e todas as
ações florescem. Os sons da paz interior ressoam no coração afinado com Deus,
enquanto o coração desafinado, iludido em cantar sua própria canção, pulsa com
agitação, conflito, dissonância e contratempos.
Em vez de sucumbir às distrações,
podemos encontrar esperança seguindo o exemplo de Cristo em sua devoção sincera
às coisas de Deus.
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