segunda-feira, 3 de dezembro de 2012


PRECISAMOS DE INTERCESSORES COMO MOISÉS

A atual crise de integridade que oprime a igreja nos leva a reconhecer que é preciso haver intercessores que se apeguem a Deus e reivindiquem as suas bênçãos sobre ela. Uma das maiores necessidades da igreja é a oração intercessora. Precisamos de intercessores como Moisés!

Geralmente pensamos em Moisés como libertador e legislador, mas nos esquecemos de que ele também foi um grande guerreiro da oração. De fato, Moisés exemplifica bem o que é interceder em favor dos que pecaram. Encontramos esse exemplo nos capítulos 32 e 33 de Êxodo.

Moisés estivera a sós com Deus no monte Sinai, recebendo a lei que entregaria ao povo. Mas se ausentou por um período demasiadamente longo e Israel se inquietou, como ovelhas sem pastor. O povo de Deus tinha (e ainda tem) dificuldade em esperar e andar pela fé. Eles pediram a Arão que fizesse alguma coisa, de modo que ele fez um bezerro de ouro para representar Deus; e com grande alegria o povo declarou feriado. Finalmente algo estimulante estava acontecendo! Havia algo que podiam ver e fazer!

É claro, Deus viu tudo aquilo e avisou a seu servo Moisés: “Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu” (Ex 32.7). Parecia o fim da nação, mas Moisés orou e Deus desviou a sua ira. Quando Moisés chegou ao arraial, viu o povo numa orgia religiosa, dançando ao redor do bezerro de ouro e supostamente adorando ao Deus Jeová. Num ímpeto de ira sagrada, Moisés quebrou as duas tabuas de pedra, destruiu o bezerro e julgou o povo. Subiu depois ao monte Sinai e mais uma vez intercedeu por ele. O resultado foi que Deus puniu os infratores, poupou a nação e concordou em ir com Israel na sua jornada, tudo porque Moisés orou.

Vamos entender o que esse acontecimento significa para a igreja de hoje.
Interceder significa “implorar a alguém um benefício em favor de outra pessoa”. No vocabulário cristão, significa fazer súplicas a Deus em favor dos seus filhos necessitados. Nunca seremos mais parecidos com o Senhor Jesus Cristo do que quando intercedemos por outros, porque é isso que Ele está fazendo nos céus hoje (Hb 7.24-25).

A igreja sempre precisou de intercessores porque Deus opera através da oração. Se nos fossem revelados os mecanismos que movem o mundo, veríamos a quantidade de coisas que acontecem em resposta às orações dos filhos de Deus. Ele afirma com clareza que não podemos realizar nada sem a oração, não importa quão bem sucedidos aparentemente sejamos. “Gostem ou não”, disse Spurgeon, “pedir é a regra do reino”.  

A oração é vital, não somente porque Deus a ordenou, mas também porque Ele estabeleceu que através dela Seu povo deveria crescer em fé e dependência a fim de que somente Deus receba a glória. Os verdadeiros servos de Deus dependem da oração e não se envergonham de admiti-lo; mas as celebridades falam de oração a fim de impressionar os seus seguidores. 

A oração não é o poder que move determinados ministérios; é meramente uma pequena parte do seu equipamento religioso.
Por que precisamos de intercessores? Porque grande parte do povo de Deus está fazendo hoje o que Israel fez nos dias de Moisés: adora um bezerro de ouro. Um bezerro de ouro, não literal. Adoram o “grande deus das riquezas”. Entre outros exemplos menciono que se quisermos que determinados e famosos “cantores cristãos” se apresentem em nossos eventos é preciso que assinemos um contrato e concordemos em pagar uma quantia, geralmente alta, em dinheiro.

Concordamos com Jesus em que é impossível servir a Deus  e às riquezas (Mt 6.24), e nem mesmo tentamos. Antes, adoramos as riquezas no lugar de Deus e agradecemos a Ele por no-las ter dado! O estilo de vida extravagante de alguns cristãos e líderes é copiado em menor escala em muitos lares e igrejas. Estamos tão acostumados a isso que nem mesmo notamos.

O povo de Israel fez sacrifício de modo que pudessem desfrutar o bezerro de ouro. Doaram suas riquezas e madrugaram para comer, beber e divertir-se (Ex 32.6). Tenho conhecimento de crentes que se queixam de dízimos e ofertas (se sentem roubados), mas não pensam duas vezes antes de gastar fortunas com “férias cristãs” ou na compra de coisas desnecessárias. Pessoas que acham difícil levantar-se cedo para ir a uma aula bíblica não tem dificuldade alguma em fazê-lo quando se trata de divertimento. As pessoas sacrificam-se por coisas que realmente gostam.

Do mesmo modo que a idolatria e a imoralidade do bezerro de ouro, a conivência de Arão nos desgosta. Ele tentou fugir da responsabilidade pelo incidente do bezerro de ouro, mas Moisés sabia que seu irmão era culpado. Arão pode ser comparado aos líderes religiosos que dão às pessoas o que eles desejam e não o que precisam, dirigentes que estão mais preocupados em agradar o povo do que agradar a Deus.

A cooperação de Arão com o povo deve ter feito dele o homem mais popular do arraial (Ex 32.1-6). Por isso, tendo examinado a necessidade de haver intercessores, vemos em Moisés um exemplo do tipo de intercessores de que precisamos hoje!
  

segunda-feira, 26 de novembro de 2012


OS PROFETAS AINDA SÃO INDISPENSÁVEIS

“A pregação é indispensável ao Cristianismo. Sem a pregação, perde-se parte necessária de sua autenticidade. Pois o Cristianismo é, em sua essência, uma religião da Palavra de Deus” - John R. W. Stott.

O tipo errado de pregadores, compelido por motivos errados, criou o tipo errado de cristãos mediante a pregação da mensagem errada. Esse é o quadro da igreja atual. Diante disso, que tipo de pregadores precisamos hoje na igreja?

 A igreja de hoje precisa de pregadores como Jeremias e João Batista. É interessante notar o quanto esses dois homens têm em comum e quanto podemos aprender com eles. Nascidos para ser sacerdotes, ambos foram chamados para ser profetas. Se dependesse de mim, preferiria ser sacerdote a profeta. Afinal, o trabalho do sacerdote judaico era rotina.

Tinha apenas de estudar os livros de Moisés e seguir os regulamentos e programas ordenados por Deus. Havia poucas ocorrências inesperadas no altar e poucas possibilidades de entrar em atrito com o povo. Apenas fazia o que estava determinado e guiava-se pelos livros. Mas não era assim com o profeta! Ele nunca sabia qual seria o seu ministério de um dia para o outro. Não somente tinha de entender a Palavra de Deus, como também tinha de entender o povo e a época em que vivia.

Precisava saber como aplicar a Palavra imutável a tempos mutáveis. O sacerdote podia cumprir sua tarefa sem jamais prestar atenção às notícias do dia, mas não o profeta. Este tinha de saber o que estava acontecendo! O sacerdote possuía segurança; o profeta era vulnerável. O sacerdote podia calar-se; o profeta tinha de entregar a mensagem de Deus, quisesse o povo ouvi-la ou não.

É preciso coragem para ser profeta. Tanto Jeremias como João Batista, ao declararem a verdade de Deus, enfrentavam com ousadia homens poderosos e congregações hostis; e ambos foram mortos por terem sido fiéis a essa verdade. Do ponto de vista humano, foram um fracasso.

O ministério dos sacerdotes não era primariamente um ministério da Palavra, apesar de terem a obrigação de ensinar ao povo as leis de Deus. Os sacerdotes conduziam um ministério de “preceitos”. Tinham apenas de seguir os regulamentos escritos nos livros e tomar cuidado para que a cerimônia não se transformasse em ritual. Infelizmente, isso acontecia com demasiada freqüência!

Os sacerdotes do Antigo Testamento lidavam principalmente com a parte “exterior” da religião: os sacrifícios, as purificações, as dietas e os dias especiais. Mas os profetas tinham de lidar com a parte “interior”. Tinham de tentar mudar o coração humano pecaminoso, o que não é fácil. Havia muita religião popular nos dias de Jeremias e João Batista, mas ela não alcançava o coração do povo.

O profeta tinha de ser radical e atingir a raiz dos problemas. Foi por isso que João Batista clamou: “Já está posto o machado à raiz das árvores” (Mt 3.10); e foi por isso que Jeremias denunciou os falsos profetas que aplicavam bálsamo quando deveriam ter realizado uma cirurgia (Jr 6.13-14). Se Jeremias e João Batista tivessem sido sacerdotes e não profetas, é possível que os líderes os tivessem aceitado; mas, sendo os seus ministérios proféticos, os líderes se lhes opuseram e depois os eliminaram.

O principal dever do sacerdote era preservar o passado e proteger a situação do momento. Mas o dever do profeta era interpretar o presente à luz do passado e então dar uma orientação que ajudasse garantir o futuro. João Batista e Jeremias desafiaram a situação do momento. Ousaram anunciar que Deus estava produzindo abalos e preparava-se para fazer mudanças! As pessoas que desejavam uma religião confortável não reagem de bom grado a esse tipo de mensagem.

Ao ler a profecia de Jeremias do princípio ao fim, podemos listar algumas imagens do seu ministério, que nos ajudarão a melhor compreender o tipo de ministério de que a igreja precisa mas nem sempre deseja. Eis o que era Jeremias:

Um destruidor, um construtor e um plantador“Olha que hoje te constituo sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares, e também para edificares e para plantares” (Jr 1.10).

Uma cidade, uma coluna e um muro “Eis que hoje te ponho por cidade fortificada, por coluna de ferro, e por muros de bronze” (Jr 1.18).

Um sacrifício“Eu era como manso cordeiro, que é levado ao matadouro” (Jr 11.19).

Um pastor“Mas, se isto não ouvirdes, a minha alma chorará em segredo, por causa da vossa soberba; chorarão os meus olhos amargamente, e se desfarão em lágrimas, porquanto o rebanho do Senhor foi levado cativo” (Jr 13.17).

Um agitador“Ai de mim, minha mãe! Pois me deste à luz homem de rixa e homem de contendas para toda a terra!” (Jr 15.10).
João Batista podia dizer um forte “Amém!” a cada imagem de Jeremias , mas será que eu posso? Imagino quantos ministros da Palavra podem honestamente dizer que têm tido esse tipo de ministério? Se essas imagens descrevem um ministério profético verdadeiro, não há muitos profetas hoje. Realmente a igreja é uma organização sem profetas.

A maioria das pessoas não quer um profeta por perto porque ele faz com que se sintam desconfortáveis. O profeta chora quando os outros riem, ele usa um jugo que atrapalha o caminho dos outros e derruba enfeites caros das prateleiras. Enquanto os que estão satisfeitos com a situação controlam o conformismo religioso, o profeta arrasa para poder construir, desarraiga para poder plantar.

Enquanto os líderes populares se dobram com o vento, o profeta permanece firme como um muro, de modo a levar a nação para a frente.
 Igreja, clame por profetas!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012


O MINISTÉRIO EXIGE INTEGRIDADE

A Bíblia deixa claro que o ministério exige integridade e que não se deve separar o mensageiro da mensagem. Quando tal coisa acontece, tanto o mensageiro quanto a mensagem perdem a integridade.

Não é suficiente pregar a mensagem correta; precisamos pregar com os motivos certos. “Pois a nossa exortação não procede de... impureza” (1 Ts 2.3). Certa versão da Bíblia diz “de motivos impuros”. Paulo não se fez perito em agradar homens a fim de se tornar um pregador popular, nem explorou o povo a fim de se tornar um pregador rico. O motivo básico do seu ministério era agradar a Deus, e foi isso que lhe deu forças. Ele sabia que Deus testava o seu coração constantemente para ver se os seus motivos eram puros.

Henry David Thoreau escreveu: “Não há cheiro tão mau quanto o que exala da virtude corrompida”. E poucas coisas corrompem a virtude como a ganância, o desejo de ser popular e o sentimento que toma conta do nosso ser ao exercermos poder sobre pessoas que nos oferecem a sua adoração idólatra. Quando nossos motivos são errados, nosso ministério é errado; e as conseqüências são trágicas para nós, para aqueles que nos seguem e para a igreja toda.

Talvez seja impossível alguém sobre a terra ministrar com motivos absolutamente puros mas, pela graça de Deus, podemos tentar. Quando percebermos que estamos resistindo às críticas e cultivando os elogios, saberemos que algo está errado. Quando começamos a acreditar em todas as coisas agradáveis que dizem a nosso respeito, estamos em perigo. Se nosso coração está reto perante Deus, o elogio deve tornar-nos humildes e não vaidosos.

Nos últimos anos, a igreja tem tido celebridades demais e servos de menos, um número demasiado grande de pessoas com muitas medalhas, mas sem  cicatrizes. Observando suas vidas e ouvindo as suas mensagens, jamais saberíamos que o evangelho se refere a um humilde judeu que foi pobre, rejeitado e crucificado; nem tampouco suspeitaríamos que ele disse: “Bem-aventurados vós os pobres, porque vosso é o reino de Deus” (Lc 6.20), ou “Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação” (Lc 6.24).

A celebridade religiosa fabrica a mensagem que mais realce a sua popularidade e talvez aumente a sua renda. O servo verdadeiro se preocupa tanto com a sua integridade quanto com a da mensagem.

O apóstolo Paulo estava interessado, também, em que os métodos estivessem corretos. Não há lugar para a “fraude” no ministério do evangelho. A fraude não tem lugar na promoção do evangelho. A fraude e a fé não andam de mãos dadas. Tenho ouvido cristãos sinceros dizer: “Não me preocupo com os métodos, contanto que a mensagem seja correta!” Essas pessoas deviam considerar o fato fundamental de que a mensagem ajuda a determinar o método.

Alguns métodos do ministério evangélico são indignos do evangelho. No seu relacionamento com as pessoas, Paulo era franco e honesto. Não tentava seduzi-las com o evangelho. Se perguntarmos por que os pregadores do evangelho do êxito raramente pregam sobre pecado, arrependimento ou julgamento, provavelmente teremos a seguinte resposta: “Porque sabem que a maioria das pessoas não dá ouvidos a esse tipo de pregação”. Daí porque, eles seduzem as pessoas com seus sermões sobre o êxito, e depois uma equipe tenta fazer um trabalho nos bastidores para que o povo entenda o evangelho.

Não encontro esse tipo de evangelização em lugar algum no ministério de Jesus, no dos seus discípulos ou no da igreja primitiva. Às vezes Jesus usava paralelos interessantes para conseguir a atenção dos seus ouvintes, mas depois fazia com que enfrentassem seus pecados. Obteve a atenção da mulher junto ao poço falando sobre “água viva”, mas depois ela teve de encarar os seus pecados. Jesus estava longe de ser um pregador do êxito. Na realidade, algumas das suas mensagens foram tão condenatórias que os ouvintes desejavam matá-lo!

Sermões que adulam os pecadores jamais os salvam. A pregação do evangelho verdadeiro exalta Deus e condena o pecador; não estimula o seu orgulho. O ego pecaminoso do homem precisa ser esmagado perante um Deus santo; e é isso que a mensagem do evangelho faz. Antes de aceitarmos as boas-novas a respeito de Jesus, precisamos aceitar as más novas sobre nós mesmos.

Outro artifício é oferecer respostas simples a problemas complexos. O pregador que brada “Jesus é a resposta!” está fazendo uma afirmação válida. Mas está beneficiando as pessoas tanto quanto o médico que grita aos pacientes na sala de espera: “Cirurgia é a resposta!” É pura demagogia, mesmo tendo o apoio de um versículo bíblico. A natureza humana decaída deseja crer em mentiras, especialmente nas “mentiras religiosas”, o que facilita o êxito dos demagogos.

James Fenimore Cooper definiu demagogo como “o indivíduo que promove seus próprios interesses simulando uma dedicação profunda aos interesses dos outros”. De todos os demagogos, os religiosos são os mais desprezíveis. Eles sabem como seduzir.
Agimos de conformidade com o que cremos, e nosso comportamento e fé determinam o que viremos a ser. Se crermos na verdade, ela nos santificará (Jo 17.17) e nos libertará (Jo 8.31-32). 

Se crermos em mentiras, aos poucos nos tornaremos uma mentira à medida que perdemos a integridade e começamos a praticar a duplicidade.
É o princípio fundamental que nos tornaremos semelhantes ao deus que adoramos. Se o deus é falso, seremos falsos. “Tornem-se semelhantes a eles (deuses falsos) os que os fazem, e quantos neles confiam” (Salmo 115.8).
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5.21).


segunda-feira, 12 de novembro de 2012


O “EVANGELHO DO ÊXITO”.

O moderno “evangelho do êxito” ajusta-se bem a uma sociedade como a nossa que cultua a saúde, a riqueza e a felicidade. As pessoas que pregam esse evangelho mergulham vez por outra no Antigo Testamento para conseguir textos de prova, mas voluntariosamente rejeitam “todo o desígnio de Deus” (At 20.27).

O evangelho do êxito é uma mensagem barata destinada às pessoas que procuram uma “solução rápida” para as suas vidas, mas não mudança permanente no seu caráter. A.W. Tozer expressou melhor essa idéia: “Parece que muitos cristãos desejam desfrutar a sensação de sentir-se justos, mas não estão dispostos a agüentar a inconveniência de ser corretos”.

Por que estará Deus tão interessado em que preguemos a mensagem correta? Porque acredita na integridade, e um evangelho falso destrói a integridade. Para começar, a mensagem do evangelho está vitalmente relacionada à própria natureza divina. Jesus não apenas salva; ele é o Salvador. Quando mudamos a mensagem de Deus, mudamos o Deus da mensagem.

O Deus dos pregadores do “êxito” não é o da Bíblia ou da igreja primitiva. É um deus manufaturado, um ídolo. A.W. Tozer lembra-nos: “A essência da idolatria é a consideração de pensamentos a respeito de Deus que são indignos dele”. O evangelho popular do êxito tenta levar-nos a crer que o maior interesse divino é tornar-nos felizes, não fazer-nos santos, e que ele está mais preocupado com a parte física e material do que com a moral e espiritual.
O “deus do êxito” é um menino de recados celestial cuja única responsabilidade é atender a todos os nossos pedidos e assegurar que estamos desfrutando a vida.

À medida que ouço esses pregadores, algumas perguntas vêm-me à mente: Onde, na sua teologia, está o Deus de Abraão, que recebeu a ordem de sacrificar o seu único filho? Onde está o Deus de Isaque, que concordou em ser colocado no altar? Onde está o Deus de Jacó, cujos filhos lhe trouxeram pesar e vergonha? Onde está o Deus de Moisés, o qual ficou fora da Terra Prometida porque despojou a Deus de sua glória?

Onde está o Deus dos apóstolos, que foram presos, chicoteados e finalmente mortos por não se calarem a respeito de Jesus? Onde está o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, que sofreu como ninguém havia sofrido, “ferido de Deus, e oprimido”? (Isaías 53.4).

Não encontro esse Deus na pregação desses homens. Por que? Porque ele não se encaixa na mensagem deles. Eles têm um evangelho sem integridade, uma mensagem truncada, afastada do próprio Deus que dizem representar. Um evangelho parcial não é evangelho em absoluto, pois não pode haver boas-novas quando Deus é deixado de fora.

O evangelho do êxito não somente apresenta uma visão distorcida de Deus, mas também deturpa a doutrina bíblica da Pessoa e obra de Jesus Cristo. Deus tem todo o direito de julgar aqueles que pregam um falso evangelho, porque a mensagem do evangelho custou-lhe o seu Filho! Jesus derramou o seu sangue para cumprir a santa lei divina a fim de que os pecadores perdidos pudessem ser perdoados e reconciliados com Deus.

Jesus não morreu para tornar-nos saudáveis, ricos e felizes. Ele morreu para fazer-nos santos. Transformar o Calvário em cartão de crédito santificado que nos dê o privilégio de uma orgia de compras hedonista é depreciar a coisa de mais alto preço que Deus já fez.  
O objetivo de Deus para cada um de nós, para cada indivíduo, é que sejamos “conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29). Ele deseja tornar-nos semelhantes a Jesus e dá início a esse processo no instante em que nascemos em sua família. À medida que crescemos na vida cristã, “somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Co 3.18).

Mas os pregadores do êxito não vêem na semelhança de Cristo o objetivo da vida cristã. Certamente devem ficar perturbados quando têm de enfrentar o fato de que, de acordo com sua própria mensagem, Jesus não foi um êxito. Ele não foi rico, e passou a vida entre os pobres e os desprezados. Foi um “homem de dores e que sabe o que é padecer” (Is 53.3), e não uma celebridade com uma vida extravagante.

Posso estar enganado, mas acredito que, se Jesus estivesse hoje na Terra, ele condenaria a vida exagerada e ostensiva dos pregadores do êxito e seus discípulos. Em sua vida e ministério, em seus ensinamentos e especialmente em sua morte, Jesus Cristo repudia o evangelho do êxito.

Os pregadores do êxito dão-nos uma visão deturpada de Deus, do Salvador, da vida cristã e da igreja. Segundo eles, a igreja de Jesus Cristo é um ajuntamento de pessoas felizes que desfrutam a vida. Segundo a Bíblia, a igreja é um ajuntamento de pessoas sofridas que procuram tornar-se santas na presença de Deus e úteis em um mundo necessitado.

É claro que deve haver louvor e regozijo quando a igreja se reúne para o culto; mas também deve haver compartilhamento de fardos, lenitivo para as ofensas e cura de corações partidos. Mas, de conformidade com o evangelho do êxito, os cristãos não deviam estar sofrendo de modo nenhum!

A igreja é uma família que se reúne para encorajamento, nutrição espiritual e disciplina. É um exército que se agrupa a fim de se preparar para a batalha e a fim de ouvir as ordens de Deus. É um rebanho que procura a proteção de Deus em um mundo perigoso, uma noiva que expressa devoção ao noivo celestial, um grupo de servos que procuram conhecer a vontade do seu Mestre.

Reuni-mo-nos não para fugir da vida, mas para nos equipar e estimular mutuamente a fim de estarmos preparados para enfrentar a vida cotidiana com seus fardos e batalhas. É verdade que temos nossas horas de felicidade, mas não é esse o nosso alvo principal. Nossos objetivos são a santidade, a obediência e a prestação de serviço; a felicidade é apenas um subproduto.

  Quando a igreja prega a mensagem errada, provoca divisão e o ministério perde a integridade. Não podemos separar a mensagem daquilo que Deus é, do que Deus fez no Calvário, do que Deus está fazendo no mundo hoje e fará no futuro.
Quando uma pessoa fabrica o seu próprio evangelho, logo passa a praticá-lo, e então começa a perder a integridade!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


O Tempo Anterior À Segunda Vinda Comparado aos Dias de Noé

Mateus 24.36-42

Apesar de o tempo da vinda de Cristo ser reconhecido como prestes a acontecer, ele não é apresentado com tal clareza que alguém possa determinar o dia e a hora. Especulações desnecessárias a respeito da época da Sua vinda seriam evitadas se esse texto fosse considerado literalmente. Jesus disse:

“A respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai” (v. 36).

Jesus se refere ao fato de que nem Ele poderia cogitar em estabelecer uma data para tal evento. Ele apenas indica que o tempo anterior à segunda vinda é comparado aos dias que antecederam o Dilúvio. Em ambos os casos, existem vários sinais da chegada do fim.

Há de se notar que esses acontecimentos são em relação à segunda vinda de Cristo, no final da Grande Tribulação, não ao arrebatamento da igreja vencedora, o qual não tem sinais específicos e é sempre eminente até que ocorra.

Muitas profecias devem se cumprir antes da segunda vinda de Cristo para estabelecer o Milênio. À medida que a Grande tribulação se desenvolver e os que entendem as profecias do fim dos tempos perceberem que aproximadamente três anos e meio se passaram, eles indubitavelmente saberão e esperarão a vinda de Jesus, mesmo que as profecias não sejam especificamente detalhadas para lhes permitir saber o dia e a hora.
Jesus então comparou o período do Dilúvio, na época de Noé, ao tempo de sua segunda vinda. Ele afirmou:

“...e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem. Então, dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro; duas estarão trabalhando num moinho, uma será tomada, e deixada a outra. Portanto vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor” (Mt 24.39, 42).

Pelo fato desse evento ser semelhante ao Arrebatamento, em que alguns serão levados e outros deixados, os pós-tribulacionistas quase universalmente citam esse versículo como prova de que este acontecimento ocorrerá como parte da segunda vinda de Cristo, após a Grande Tribulação. No entanto, uma leitura cuidadosa da passagem produz exatamente o resultado oposto.

No rapto da Igreja, os arrebatados são os salvos vencedores; os que ficarem passarão pelo terrível período que inclui a Grande Tribulação. Na volta de Cristo, no final da mesma,  os que ficarem vivos serão separados como o pastor separa as suas ovelhas. Uns ficarão ao lado esquerdo e outros à Sua direita. O grupo da esquerda será lançado no lago de fogo e o grupo da direita entrará no Milênio. Uns serão deixados de fora e outros serão levados para dentro do reino milenar.

Os acontecimentos para os que estiverem vivos no momento da segunda vinda de Cristo para estabelecer o Milênio serão semelhantes aos dias de Noé:

“Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor” (Mt 24.42)

Apesar de a passagem referir-se ao retorno de Jesus e não ao período anterior ao Arrebatamento, obviamente, se os que estiverem vivos antes da manifestação gloriosa de Cristo e são capazes de ver os sinais da sua segunda vinda, indicando sua aproximação, deverão estar vigiando, quanto mais os que esperam o Arrebatamento, que não tem sinais deveriam viver na constante expectativa do retorno iminente de Jesus para sua igreja.





segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO


Os vencedores desfrutarão a “melhor ressurreição”. O versículo 6 de Apocalipse capítulo 20 fala:

“Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição. Sobre estes não tem poder a segunda morte”.  

A palavra grega traduzida como “primeira” é a mesma palavra traduzida como “melhor” em Lucas 15.22, ali, o pai falou quando o filho pródigo retornou: “trazei depressa a melhor roupa; vesti-o”. Consequentemente a primeira ressurreição no versículo 6 pode, na verdade, ser traduzida para “a melhor ressurreição”. Os vencedores desfrutarão essa ressurreição.

Essa será uma ressurreição comparável a um galardão, uma recompensa aos vencedores. Note que Apocalipse 20.6 diz:

“Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição”.

Aqui nota-se que essa é uma ressurreição especial, diferente que será desfrutada pelos vencedores, tais como o filho varão em 12.5 e os mártires tardios em 15.2, mas também os vivos arrebatados, tais como as primícias em 14.1-5.

A primeira ressurreição será a ressurreição do galardão. Lucas 14.14 diz:
“E serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberá na ressurreição dos justos”

Essa ressurreição é a ressurreição com um galardão.

Nem todos os santos mortos serão ressuscitados ao mesmo tempo. Pelo menos, as duas testemunhas no capítulo 11 serão ressuscitadas separadamente dos outros. Três dias e meio após sua morte, serão ressuscitadas (11.11). Além disso, o filho varão, que será arrebatado antes da quinta trombeta, será ressuscitado antes da maioria dos crentes, que serão ressuscitados na sétima trombeta.

Alguns interpretes da Bíblia costumam usar 1 Coríntios 15 e 1 Tessalonicenses 4 para afirmar que todos as crentes mortos serão ressuscitados quando o Senhor voltar. Esse é um ponto de vista pouco acurado. Alguns detalhes sobre o assunto merecem nossa atenção.

Por exemplo: o filho varão será ressuscitado antes da grande tribulação, mas a maioria dos santos mortos será ressuscitada próximo ao fim da grande tribulação. Outro fato merece estudo: A ressurreição dos vencedores tardios, os quais estarão em pé no “mar de vidro”, pode acontecer numa ocasião diferente. Certamente não serão ressuscitados com o filho varão, pois eles serão martirizados durante a grande tribulação.

É duvidoso afirmar que sejam ressuscitados juntamente com a maioria dos santos mortos. Haverá, portanto, três ou quatro diferentes ressurreições de crentes:
1)     A ressurreição do filho varão
2)   A ressurreição das duas testemunhas
3)   A ressurreição dos vencedores
4)   A ressurreição da maioria dos crentes mortos

Não devemos ficar contentes meramente em estar na ressurreição geral dos crentes; antes, devemos aspirar a estar na melhor ressurreição. Essa deve ser a mais elevada benção – herdar o reino manifestado na terra e até mesmo reis dentro dele.

Para sermos corretos e analisarmos o assunto ressurreição em todos os seus aspectos, precisamos admitir que não somente os crentes irão ressuscitar, a Bíblia diz que os incrédulos também serão ressuscitados. Vejamos o que diz João 5.29:

“Os que fizerem o bem sairão para a ressurreição da vida, e os que praticaram o mal, para a ressurreição do juízo”

A ressurreição da vida é a dos santos salvos, antes do Milênio, e a ressurreição do juízo é a dos não salvos que irá acontecer após o Milênio. Os crentes mortos serão ressuscitados para desfrutar a vida eterna por ocasião da volta do Senhor Jesus. Assim, a ressurreição deles é chamada de “a ressurreição da vida”. Entretanto, todos os incrédulos mortos serão ressuscitados depois dos mil anos, para serem julgados no grande trono branco (Ap 20.11-15). Portanto, sua ressurreição é chamada de “a ressurreição do juízo”.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

AS SETENTA SEMANAS NA VISÃO DO PROFETA DANIEL


O livro de Daniel tem por tema central a revelação do destino do governo humano na economia de Deus. Desde Ninrode, em Gênesis, até o anticristo em Apocalipse, a história da humanidade relacionada com o povo de Israel, está relatada em Daniel.

O conteúdo das visões e revelações proféticas, contidas no livro do profeta Daniel, constituem uma fonte inesgotável de conhecimento da parte de Deus para o Seu povo. Não pretendemos enfocá-lo em sua totalidade, mas vamos nos ater ao capítulo 9. Daniel 9 contém o mistério das setenta semanas que revelam as coisas que haveriam de acontecer ao povo de Israel após a ordem da reedificação da cidade de Jerusalém.

A partir da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, Deus determinou “setenta semanas” sobre o povo de Israel:

 “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas” (Dn 9:24-25).  

A ordem para a reconstrução a que se refere a profecia foi dada por Artaxerxes I, e essa história é narrada no livro de Neemias. A partir dessa ordem haveria setenta semanas de sete anos, isto é, quatrocentos e noventa anos, determinados sobre Israel. A duração desde a ordem até o final da edificação de Jerusalém seria de sete semanas, ou seja, quarenta e nove anos. Esse período foi descrito assim: “As praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos” (v. 25b).

A palavra profética continua: “Depois das sessenta e duas semanas será morto o Ungido, e já não estará” (v. 26ª). A morte do Ungido é a crucificação do Senhor Jesus. Da conclusão da reedificação de Jerusalém até a crucificação de Cristo passaram-se sessenta e duas semanas de sete anos. Nesse ponto se interrompe a profecia sobre a história do povo de Israel. Portanto, das setenta semanas já se cumpriram até aqui sessenta e nove. A interrupção da profecia marca o momento em que a Igreja do Senhor começou a ser edificada. Esse período é a era da igreja, que já dura mais de dois mil anos. Essa “inserção” durará até um pouco antes da segunda vinda do Senhor, quando então se iniciará a contagem de tempo da última semana, que irá concluir a história de Israel.

O Pensamento Central

O pensamento central de Daniel é o Cristo glorioso, revelado no capítulo 10. Esse Cristo é o personagem central da economia de Deus: “Segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Ef 3:11). Na segunda vinda de Cristo, Ele destruirá a grande imagem e finalizará a história de Israel. Nesse livro Cristo é a centralidade e a universalidade da economia de Deus.
Cristo, como centro da economia de Deus, cumpriu, está cumprindo e cumprirá todas as etapas necessárias para que o propósito eterno de Deus seja concluído. Essas etapas são as principais:

a.     Por fim à Velha Criação

No final das sessenta semanas o Ungido foi morto. Na Sua morte na cruz Cristo pôs fim à velha criação: “Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos” (Rm 6:6).

b.     Gerar a Igreja

Mediante a Sua morte e ressurreição, Cristo gerou a igreja, fazendo germinar a nova criação: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (II Co 5:17). A era da Igreja durará até meados da última semana, quando então se dará a vinda do Senhor Jesus.

c.     Destruir o Governo Terreno

Na Sua segunda vinda, Cristo virá como a pedra que esmiuçará a grande imagem humana, a qual representa a totalidade de todo governo humano. Essa pedra, no entanto, não será Cristo somente, mas Cristo e os santos vencedores. Essa pedra se tornará uma grande montanha que encherá toda a terra, introduzindo assim o reino eterno de Deus: “Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos... O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser futuramente. Certo é o sonho e fiel a interpretação” (Dan 2: 44-45).

d.    Estabelecer o Reino Eterno de Deus

Quando Cristo voltar, estabelecerá o reino eterno de Deus. Apocalipse 11:15 diz: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do Seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.”

No capítulo 9, de 24 a 27 Daniel registrou uma das mais abrangentes profecias encontradas nas Escrituras. Esta revelação deve ser colocada ao lado de outras profecias, sobre os gentios, previamente delineadas em Daniel. A cronologia e a seqüência dos eventos no tempo dos “gentios”, como as 70 semanas, acham seu clímax na segunda vinda de Cristo, para estabelecer o Milênio sobre a terra.

Daniel foi informado sobre como Israel se relacionaria cronologicamente a esse mesmo período da cronologia gentílica. O anjo Gabriel declarou: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo (judeus) e sobre a tua santa cidade (Jerusalém), para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para fazer justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos” (v 24).

O anjo apresentou a profecia como um todo e falou de um período que ele denominou “70 semanas”. A maioria dos eruditos concorda que as unidades de tempo são anos; em outras palavras, 70 semanas perfazem 490 anos. Os eruditos conservadores geralmente concordam que o número sete está relacionado, com freqüência, a uma grande obra de Deus.

Outra decisão importante na interpretação desta passagem é a questão do início dos 490 anos. Isso é descrito em Daniel 9.25: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se edificarão, mas em tempos angustiosos”.

Se a ordem refere-se a um decreto político, quatro determinações diferentes são sugeridas:
1 – o decreto de Ciro que permitiu a reconstrução do templo em 538 a.C. (2 Cr 36.20-23; Ed 1.1-4; 6.1-5)
2 – o decreto de Dario que confirma o decreto de Ciro (Ed 6.6-12);
3 – o decreto de Artaxerxes (Ed 7.11-26); e
4 – o decreto de Artaxerxes, registrado em Neemias, que autoriza a reconstrução da cidade (Ne 2.1-8).

De qualquer maneira, a cidade e sua muralha não foram reconstruídas até o tempo de Neemias (445 ou 444 a.C). Os estudiosos diferem quanto à data exata do decreto: se é o último mês de 445 a.C. ou o primeiro de 444 a.C. Embora a diferença persista, a explicação mais plausível é a data de 444 a.C., porque proporciona um cumprimento preciso da profecia e coincide com a reconstrução real da cidade. Esta interpretação oferece a explicação mais literal, sem ignorar detalhes específicos da profecia.

Se 444 a.C. for aceito como o início dos 490 anos, os 483 anos culminariam em 33 d.C. , onde a erudição mais recente colocou a data provável da morte de Cristo. Ficam faltando a última semana (7 anos).      

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O AMOR INCONDICIONAL DE DEUS


Se atentarmos para o capítulo 2 da Carta aos Efésios veremos um manancial de graça: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos” (vs. 4-5).

Graça é o amor de Deus em ação para com aqueles que não o merecem. E esse amor é manifestado como graça, oferecido a nós na vida e morte de Cristo. Por isso Deus não diz: “Eu te amo porque... Eu te amo visto que; Eu te amo contanto que, ou, Eu te amarei se...; Eu te amarei quando...; Eu te amarei depois de...; Eu te amarei uma vez que...; Eu te amarei supondo que...”

Qualquer afirmação desse tipo faria que o amor divino fosse condicional, significaria que o seu amor seria causado por algo em nós: nossa atratividade, nossa bondade, nossa amabilidade. O inverso significaria que poderia haver algo em nós que faria Deus parar de nos amar.

O amor de Deus para conosco é incondicional; não é um amor que algo bom em nós tenha suscitado em Deus. Ele brota de Deus por causa da sua natureza. O amor divino é uma ação para conosco, não uma reação a nós. O seu amor não depende do que somos, mas do que ele é. Ele ama porque ele é amor.

Nós podemos rejeitar o amor de Deus, mas não podemos fazer com que ele para de nos amar. Podemos rejeitá-lo e, dessa forma, impedir que ele penetre em nós, mas não podemos fazer nada para interromper o seu fluir de dentro de Deus. Graça é o amor incondicional de Deus em Cristo, concedido livremente ao pecador, indigno e imperfeito.

Quero dar ênfase à palavra imperfeito para o bem dos cristãos orientados pelo bom desempenho, que muitas vezes levantam uma importante pergunta: “Mas o que acontecerá se eu fracassar? E se eu cair?”
Fazer a pergunta: “E se eu fracassar ou cair?” é mais uma vez acorrentar o amor incondicional de Deus e mudar a natureza da graça como favor imerecido e inconquistável. Se o nosso fracasso pudesse impedir a graça, tal graça não existiria. Pois a base da graça é a cruz de Cristo, e na cruz todos nós fomos julgados como fracasso total.

Não é uma questão de fracassos eventuais aqui e ali. No que toca à nossa habilidade de transpor o abismo moral, e conquistar a aprovação de um Deus santo, nós somos fracassos totais. Na cruz todos nós fomos examinados e falhamos completamente!

É sobre isso que fala os primeiros capítulos de Romanos. Quer sejamos fazedores do bem, os judeus, que guardam todos os mandamentos, quer sejamos pecadores totais que os quebram a todos, os gentios, não faz diferença. Pois Deus em seu amor providenciou uma nova base para um reto (e justo) relacionamento com ele: o favor livre, imerecido, não conquistável e impagável, graciosamente oferecido a nós. Isso é graça.

E é nossa, se a recebemos. Isso é fé. Portanto, nem se levanta a questão de nosso fracasso ou sucesso. A base da salvação não é realizar, mas receber; não é desempenho perfeito, mas fé confiante.

“E se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Romanos 11.6). 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

FINALMENTE LIVRE


“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firme e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gálatas 5.1).

A liberdade é a descoberta da verdade sobre você. A verdade traz consigo a liberdade. A verdadeira liberdade o tornará livre para se tornar tudo que você foi criado para ser. Ela dá liberdade para você trabalhar dentro das leis da vida. Sob o jugo da escravidão você está debaixo de outra lei. Um chicote é usado para garantir aquela lei. Mas quando você entra em liberdade, você tem que obedecer às leis internas. A pressão está em você, para que você mesmo mantenha essas leis. A liberdade é disciplina auto-imposta.

Se você fosse um escravo no século XIX, haveria uma lista de dez coisas que você teria que fazer diariamente. Quando você se levantasse pela manhã você saberia exatamente o que fazer. Você nem mesmo teria de pensar em seu dia, ou planejá-lo. Todas as suas manhãs seriam cronometradas minuto a minuto – seu opressor faria o planejamento.

Se algum dia você fosse libertado, sua vida iria mudar radicalmente. A primeira mudança é que você não teria mais aquelas dez regras. De repente você seria empurrado a um mundo com milhares de alternativas, e teria de escolher quais seriam as melhores para você. Você teria que viver sem ninguém para assisti-lo. Essa é a verdade para se viver livre.

Você tem que escolher suas próprias leis para viver livremente, e tem que viver com as conseqüências de suas escolhas. A liberdade se responsabiliza por sua vida. Ela projeta seu próprio destino e decide suas próprias conseqüências. Na liberdade não há ninguém para se responsabilizar por suas vitórias ou enganos, a não ser você mesmo.
Em sua primeira carta a Timóteo Paulo escreve:

“Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para os transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina, segundo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual fui encarregado” (I Tm 1.8-11).

Paulo nos diz que leis sempre serão necessárias para aqueles que agem irresponsavelmente. Quanto menos responsável você é, de mais leis você precisa. Quanto mais responsável você se torna, menos leis são requeridas, porque leis visam empurrá-lo para longe das suas exigências, para a produtividade da liberdade pessoal. As leis de Deus, em última instância, foram prescritas para conduzir os homens à liberdade. Você pensa que Deus ama leis como “Não furtarás”, “Não darás falso testemunho” e “Não cometerás adultério”? Eu acredito que Ele odeia essas leis.

Contudo, teve de estabelecê-las, uma vez que Adão infringiu e roubou o fruto proibido da árvore proibida. A sociedade é hoje tão corrupta que não pode lidar com a liberdade de ter uma lata de atum na prateleira. Alguém a roubará, se ela permanecer desprotegida. Deixe um celular em sua mesa na praia, e alguém virá tirá-lo de você. Por que? Porque as pessoas, como uma regra geral, não conseguem lidar com a liberdade. Sendo assim, Deus impõe a lei.

Pessoas jovens, em nossos dias, são irresponsáveis. Este é o motivo pelo qual precisam de leis, não de negociação, discussão ou compromisso. Elas não lidam bem com a liberdade. Infelizmente, a nossa sociedade autorizou a falta de leis para elas, dando-lhes direito de serem livres da penalidade da lei, e até mesmo da disciplina de seus pais.

Deus está consciente de que nós humanos precisamos de um sinal de “Não ultrapasse”, para nos manter fora da prisão. E os cristãos não são imunes. Se você pensa que cristãos renascidos e cheios do Espírito não quebram alguma vez os Dez mandamentos você realmente desconhece o que está acontecendo diariamente no mundo cristão.

Você ficaria surpreso ao ver quantos cristãos são capazes de roubar um grampeador ou levar para casa um pouco de papel de impressora, simplesmente porque “todo mundo faz isso”. A taxa de divórcio na igreja hoje é tão alta quanto no mundo. Alguns cristãos praticam coisas que são muito semelhantes às praticadas pelos que não professam a fé em Jesus Cristo. Esses cristãos não passam no teste do deserto.

Deus quer que todos os homens vivam livremente, acima da lei, limitados pelo mais elevado conjunto de princípios. A razão disso é que Jesus veio para todos os homens – a fim de salvar a todos. A verdadeira liberdade requer lei, porque liberdade sem lei é anarquia. A verdadeira liberdade opera com leis interiores, baseadas nos princípios de Deus. Em essência, então, autocontrole e autodisciplina são atributos da verdadeira liberdade, porque disciplina é lei auto-imposta. Isso é liberdade.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A LIBERDADE REQUER MAIS RESPONSABILIDADE QUE A ESCRAVIDÃO


Deus sempre afirmou que Israel seria invencível. O povo de Israel sempre avançou confiado nessa certeza. Foi assim que os muros de Jericó vieram abaixo. Após essa vitória poderosa, o próximo objetivo militar era a pequena cidade de Ai. O que eles não sabiam é que dentro de seus arraiais havia um homem que desobedecera ao comando de Deus, conforme está registrado em Josué 6.18:

Tão somente guardai-vos das coisas condenadas, para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e assim torneis maldito o arraial de Israel e o confundais”

Jericó foi uma vitória surpreendente. Israel mandou sair os espiões para determinar o número de tropas que levariam para destruir Ai. Quando foram para o ataque, eles fugiram diante dos homens de Ai. Diz a Bíblia que os homens de Ai feriram uns trinta e seis israelitas (Js 7.45).

Deus garantiu a Israel no deserto que ganhariam toda guerra na Terra Prometida. Prometeu que estaria com eles e que conquistariam a terra. No entanto, agora, por causa de um homem por nome de Acã, a nação inteira teria que pagar o preço. Um homem quebrou a lei. Contudo, a Bíblia diz:

...Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zera, da tribo de Judá, tomou das coisas condenadas. A ira do Senhor se acendeu contra os filhos de Israel (Js 7.1).

Josué ficou completamente confuso sobre aquela situação, e caiu sobre o seu rosto diante de Deus. “O que está errado?” – perguntou. Deus lhe respondeu que alguém havia quebrado a sua lei da proibição de Jericó. Deus ordenou que Josué convocasse todos os israelitas à sua presença:

Aquele que for achado com a coisa condenada será queimado, ele e tudo quanto tiver, porquanto violou a aliança do Senhor e fez loucura em Israel” (Js 7.14-15).

Acã foi descoberto e ficou totalmente queimado, mas antes disso, trinta homens morreram por causa da sua atitude irresponsável. Josué disse a Acã: 

“Por que nos conturbaste? O Senhor hoje te conturbará. E todo o Israel o apedrejou; e, depois de apedrejá-lo, queimou-os a fogo (Js 7.25).  

Um homem chamado Acã roubou e escondeu o que Deus instruíra Israel a não tocar. E em razão de sua ação individual a nação inteira foi responsabilizada. Em liberdade, tudo o que você faz afeta outras pessoas. Se você negligencia a respeito do seu ministério, em seu compromisso, em sua promessa aos outros ou em seu negócio, isso deixa de ser uma coisa pessoal. Você pode dizer: “Não vou aparecer esta noite”; “Não vou poder cumprir o combinado”. Em questão de liberdade, quando você não aparece ou falha, alguém se machuca.

A verdadeira liberdade não presume o direito de agir sem consideração aos efeitos que decisões pessoais possam ter sobre a liberdade dos outros. A verdadeira liberdade protege a liberdade dos outros e age responsavelmente em prol dos outros.

Você sabe de alguém que está administrando pecaminosamente a sua vida, vá pessoalmente a ele. Assuma a responsabilidade. Diga-lhe: “Ouça uma coisa, por favor: Tenho estado preocupado com você. Você tem vivido mal, tem cometido erros e injustiças, e eu quero que pare com isso, porque está prejudicando sua família, a comunidade, a igreja e as pessoas”. É hora de começar a ser responsável. É hora de ser responsável!

Você é responsável por se levantar e trabalhar em liberdade. É sua responsabilidade permanecer no trabalho, uma vez que você chega lá. Tem que fazer seu próprio orçamento e optar por não gastar dinheiro em guloseimas, quando há coisas mais importantes para pagar.

Você é uma pessoa em liberdade que consegue se alimentar com moderação. Você não deseja que Deus controle sua dieta? Sim. Eu detesto bufês, porque eles realmente testam minha responsabilidade. Quando ando diante daquela quantidade de comida, não há ninguém para me parar, e meu estômago grita: “Galinha com arroz, torta de morango!” É então que a realidade da liberdade de apetite realmente pode ser exercitada. A vontade é comer muito, mas seu cérebro diz: “Pare!”

Você não gostaria que Deus lhe dissesse o que comer, e o fizesse parar quando fosse suficiente? “Pronto, meu filho. Tu não comerás mais!” Isso não seria ótimo? Você teria um corpinho admirável. No entanto, Deus espera que você exerça a sua liberdade de escolha.

Autocontrole é um atributo da verdadeira liberdade com responsabilidade. Não se deixe abater pelos fracassos: “Maior é aquele que está em você do que aquele que está no mundo”. Você pode fazer todas as coisas por Cristo que o fortalece. Chegue lá fora e lute – tome aquela terra!”