segunda-feira, 19 de agosto de 2013

ESTAMOS NAS MÃOS DE DEUS

“...Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei  misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece” (Rm 9.15-16).

Estamos nas mãos de Deus, esperando saber o que Ele vai fazer. Se Deus assim desejar, Ele pode salvar toda a humanidade, ou se Ele quiser, Ele pode decidir não salvar ninguém. Se Deus desejar, Ele pode, na Sua misericórdia, salvar um homem e deixar outro para sofrer a punição pelo seu pecado. Não há injustiça alguma da parte de Deus se Ele assim fizer. É direito soberano de Deus fazer o que Lhe aprouver.

Este ensinamento faz com que muitos fiquem zangados, porém, a ira deles não muda o fato de que a verdade da soberania de Deus mantém-se firme como uma rocha. Deus não tem de explicar ao homem o que Ele faz. Ele faz o que quer, nos céus e na terra.

No entanto, a doutrina da soberania de Deus traz grande alegria aos que crêem n’Ele. Nós nos regozijamos no amor de Deus que nos escolheu para sermos Seus filhos. Deus deixa as pessoas que Ele não escolheu seguirem seus próprios caminhos e perecerem no final. Por outro lado, Ele teve misericórdia de nós porque assim quis, mesmo antes de nós começarmos a orar e procurá-Lo. Este propósito eletivo de Deus é precioso.

Diferentemente do mundo onde precisamos pleitear, até com os poderosos, antes que eles nos dêem alguma coisa. Não tivemos que implorar a Deus. Todas as coisas preciosas que Ele nos deu, foi “segundo a sua vontade”. Deus se apraz na misericórdia e em dar livremente. O nome de Deus é amor e a natureza de Deus é amor. Tão natural como o sol enviar sua luz e calor, é coisa natural Deus enviar a luz de Sua eterna graça.

Louvemos ao Senhor que nos amou quando estávamos mortos em nossas transgressões e pecados. Glorifiquemo-Lo pela Sua misericórdia livremente demonstrada a nós. Não merecíamos a misericórdia de Deus e alguns de nós resistimos a misericórdia de Deus por longo tempo. Vamos agradecer-Lhe pelas Suas misericórdias que duram para sempre. É maravilhoso perceber que, devido Deus assim o desejar, Ele teve compaixão de nós. O grande privilégio que Deus nos concedeu é que, através do poder divino do Espírito Santo,  nós nascemos de novo.

Nascemos de novo, regenerados pelo poder divino e nosso segundo nascimento é uma obra de Deus, tão grande quanto nosso primeiro nascimento, nossa criação natural. “Segundo a sua vontade” Deus nos deu uma nova vida, e nos fez novas criaturas. Acaso temos certeza de que nascemos de novo? Sabemos que somos novas criaturas em Cristo? Talvez  tenhamos dúvidas se somos nascidos de novo. Mas o homem que nasceu de novo sabe que há uma mudança nele. Sonde seu próprio coração e deixe que esta oração venha de seus lábios e coração: “Sonda-me, ó Deus, e prova-me”.

Devemos lembrar que viver uma vida boa e bem comportada não nos dará entrada para o Reino de Deus. “Necessário vos é nascer de novo” (João 3.7). Estas palavras estão no portal do Reino. Até mesmo as pessoas mais destacadas na Igreja ou na nação devem nascer de novo, para serem admitidas no Reino dos céus. Só entrará quem nascer de novo – o Espírito Santo deve operar esta transformação sobrenatural em cada um de nós. Esta mudança é o resultado do eterno propósito, poder e amor de Deus.

Aqueles que têm parte neste precioso privilégio são felizes. Embora estivessem mortos em transgressões e em pecado, agora eles estão vivos. Embora fossem carnais e terrenos, agora são espirituais. Eles estavam distanciados, mas foram trazidos para perto de Deus. Todos estes privilégios são exclusivamente devidos à soberana vontade de Deus. Se você nasceu de novo, agradeça a Deus de todo o coração e humilhe-se diante d’Ele.

A maneira que esta mudança foi operada em nossos corações é claramente expressa: “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade”  (Tiago 1.18). O que é essa Palavra de Deus que traz vida nova à pessoa? A palavra é a pregação da doutrina da cruz. Ninguém jamais nasceu de novo através da pregação da lei. A Bíblia diz: “...Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” (II Co 5.19). As pessoas não serão salvas se esta doutrina não for pregada.


Nós, crentes em Jesus, devemos olhar para trás com gratidão e esperança pelo que Deus fez. “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas”.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

APROUVE A DEUS!

“Mas quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho a mim...” (Gl 1.15).

Aqueles que tem seguido as mensagens deste Diários do Reino perceberam que estamos dedicando algumas páginas para analisar com seriedade a doutrina da salvação pregada pelos apóstolos e defendida, ao longo dos séculos, por homens corajosos e inspirados pelo Espírito Santo.

De acordo com o versículo acima, podemos perceber que o plano divino de salvação é formado com muita clareza. Ele começa, sem sombra de dúvida, na vontade e no beneplácito de Deus: “Quando aprouve a Deus”. O alicerce da salvação não é posto na vontade do homem. Não começa pela obediência do homem, prosseguindo dali em diante para o propósito de Deus; mas aqui está o começo, aqui estão as cabeceiras das quais fluem as águas vivas: “Aprouve a Deus”.

Depois da vontade soberana e do beneplácito de Deus vem o ato de separação, comumente conhecido pelo nome de eleição. O texto declara que este ato ocorreu já no ventre materno, o que nos ensina que se deu antes do nosso nascimento, quando ainda não poderíamos ter feito nada para obtê-lo ou merecê-lo. Deus nos separou desde a mais primitiva parte e desde o primeiríssimo tempo da nossa existência; e, na verdade, desde muito antes disso, quando os montes e os outeiros ainda não tinham sido erigidos, e os oceanos ainda não tinham sido formados por Seu poder criador, Ele, segundo o Seu propósito eterno, separou-nos para Si.

Só então, depois desse ato de separação, veio a vocação eficaz: “e me chamou pela sua graça”. A vocação não causa a eleição; mas a eleição, brotando do propósito divino, causa a vocação. A vocação vem como uma conseqüência do propósito divino e da separação divina, e vocês certamente notarão que a obediência segue a vocação.

Portanto, todo o processo corre assim – primeiro, o sacro e soberano propósito de Deus, depois a distinta e definida eleição ou separação, depois a vocação eficaz e irresistível, e a seguir, a obediência para a vida e os bons frutos do Espírito que dela brotam.

Erram aqueles que, ignorando as Escrituras, põem qualquer parte deste processo antes das demais, não concordando com a ordem das Escrituras. Aqueles que colocam a vontade humana em primeiro lugar, não sabem o que dizem, nem o que afirmam.

Creio que a doutrina da graça é hoje tão cheia de poder hoje quanto no passado. Ela dá coragem ao homem que a recebe. Paulo exorta a Timóteo que não deve envergonhar-se. Deus lhe deu graça em Cristo Jesus antes da fundação do mundo. A pessoa que crê que a salvação vem de Deus e não do homem jamais abandonará este ensinamento.

Se a salvação é por esforço humano, como pode você saber se seu esforço é suficiente? Se você tiver seus pés firmados nas doutrinas da graça não precisa ter medo de cair. Este fundamento é bem firme e o suportará. Apeguemo-nos firmemente à verdade do propósito eterno de Deus em Cristo Jesus antes do início dos tempos.

Nos tempos antigos, quando a igreja de Deus foi perseguida, os cristãos arriscavam suas vidas para ouvir esta verdade. Quando não era permitido que os cristãos se encontrassem em igrejas, eles se encontravam à noite em lugares secretos. Não tinham medo desde que pudessem ouvir a doutrina da graça de Deus. Eles correriam o risco de serem mortos se tão somente pudessem ser alimentados pela pregação desta doutrina, a qual amavam.


Quando essas verdades são escritas no coração do homem, elas farão com que ele busque a Deus. Ele saberá que Deus o salvou e passará a vida seguindo a Deus. Ele verá a mão de Deus em tudo. Ele adorará o Deus que já fez e continua a fazer tanto por ele.     

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

                               SALVAÇÃO SOMENTE PELA GRAÇA

“Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” (II Tim. 1.9).

Se quisermos influenciar pessoas intelectuais, devemos usar bons argumentos. O bom ensinamento deve ter uma base firme em verdades bíblicas. Se as doutrinas da Bíblia não são ensinadas ao homem, ele poderá facilmente se desviar para as falsas doutrinas. As pessoas bem instruídas na verdade bíblica não serão levadas por falsos ensinamentos. A maneira mais garantida de se levar pessoas à obediência e santidade é ensiná-las a verdade de Deus revelada.

Consideremos primeiramente a doutrina ensinada pelo apóstolo Paulo, no texto acima. Como esse ensinamento deve afetar nossas vidas? Queremos entender o significado do texto. Muitos podem não gostar da doutrina aqui exposta. Talvez possam até considerá-la uma heresia, porém não podemos pregar para agradar nossos ouvintes. A aprovação de Deus será suficiente para nós. Que toda a mente honesta esteja desejosa de receber a verdade da inspirada Palavra de Deus.

Paulo declara que Deus é o autor da salvação: “Quem nos salvou, e chamou”. O fato de que a salvação é inteiramente do Senhor é muito claro neste texto. A dádiva de Cristo, o unigênito do Pai, veio do coração compassivo de Deus, conforme João 3.16. 

Spurgeon afirma que: “Deus, o Pai, escolheu pessoas que seriam redimidas. Elas são chamadas ‘por Seu decreto’ (Rm 8.28). Portanto, o plano de salvação veio da sabedoria e graça de Deus, o Pai”.

O apóstolo não esquece da obra de Cristo, o Filho. Somos salvos através do Filho de Deus. Porventura Seu nome não é Jesus, que significa Salvador? O Filho de Deus nasceu no mundo como homem. Ele viveu uma vida perfeita. Por causa da morte cruel de Cristo na cruz o pecador pode ser limpo de seu pecado. O povo de Deus é aceito por meio da vida perfeita e da morte expiatória de Cristo Jesus. A Bíblia diz que, diante do trono eterno o povo de Deus irá cantar: “...Àquele que nos ama, e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados... a Ele glória e poder para todo o sempre” (Ap 1.5-6).

O apóstolo nos lembra  também da obra do Espírito Santo, a terceira pessoa na Trindade. Ele afirma que o Espírito Santo nos capacita a entender o evangelho. A mente humana por natureza não entende as coisas de Deus, por isso é que precisamos da ajuda e capacitação do Espírito para que essa verdade seja compreendida por nós. Em resumo: O Pai planeja, o Filho redime, o Espírito Santo aplica esta redenção aos nossos corações e nós nascemos de novo.

Não haveria necessidade alguma de um redentor se pudéssemos salvar a nós mesmos. Poderia o rebanho de Deus, o qual Cristo libertou das garras de Satanás, ter se libertado a si mesmo? Não, não podemos acreditar que Cristo veio para fazer o que os pecadores podiam fazer por si mesmos. Podem os mortos por si mesmos se fazerem vivos? Quem pode dizer que Lázaro, morto no túmulo, veio à vida por ele mesmo? Ainda que Lázaro pudesse ressuscitar a si mesmo dentre os mortos nem assim creríamos que os mortos em pecado pudessem se fazer vivos.

Pecadores salvos pela graça de Deus, se tornam novas criaturas em Cristo. Como poderia a criação ter feito a si mesma? Se temos uma nova criação, deve ter existido um criador. E, do ponto de vista espiritual, regeneração é obra exclusiva de Deus por meio do Espírito Santo. Ninguém ajuda o Espírito Santo na sua obra de regeneração. A renovação da alma é operação d’Ele. A Deus seja toda a glória!

O pregador Spurgeon diz que: “A salvação de um crente é unicamente pela graça de Deus. Deus é o autor dessa graça. Salvação tem que ser pela graça, pois não pode ser adquirida. A seqüência verdadeira é: Deus nos salvou antes de nos chamar. Essa ordem mostra que nossa santificação não é a causa, e sim o efeito, da nossa salvação”.

Em nosso texto base, o apóstolo diz: “não segundo as nossas obras”. A atitude do mundo é: “Faça o melhor que puder e Deus o abençoará”. No entanto, sabemos que somos pecadores perdidos e só merecemos ser condenados por Deus. Se haveremos de ser salvos, isso só será possível pela graça soberana de Deus. Ele tem de nos escolher e amar voluntariamente ou iremos para o inferno.

Nossas próprias obras jamais podem nos salvar. Se boas obras pudessem nos salvar, a salvação não seria pela graça e sim pelas obras. Deus afirmou, muitas vezes, em Sua Palavra” “Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.9). Por que Deus fez a salvação possível somente através da fé? A Bíblia nos diz: “Portanto é pela fé, para que seja segundo a graça” (Rm 4.16). Saiba, no entanto, que não há mérito nenhum na fé. Fé é um dom de Deus. 

Nossa salvação depende inteiramente da graça.  

A salvação é referida na Bíblia como uma dádiva . “Graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos”. Isto deveria nos manter humildes. Não devemos ser orgulhosos de algo que nos foi doado. O texto não nos diz: “a qual ele nos vendeu”, ou “nos propôs”, mas “a qual nos foi dada”. Portanto, nossa salvação é exclusivamente o dom da graça de Deus.


Você meu leitor, pode não gostar do ensino do texto, mas creio que dei o verdadeiro significado dele, Peço que aceite o que Deus diz. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

JACÓ E ESAÚ

Amei Jacó, e aborreci Esaú” (Rm 9.13)

Este tema é bastante polêmico, pois, muitos cristãos tem dificuldade em entender e mesmo em crer nos mistérios da predestinação de Deus. Spurgeon, considerado um dos maiores pregadores da Palavra de Deus diz a respeito deste tema:

Não sei por que Deus escolheu certas pessoas para serem Seu povo antes d’Ele ter formado o mundo. O homem que pensa que compreende o propósito da predestinação de Deus demonstra que conhece bem pouco a esse respeito”.

 O pregador tenta explicar o que a Bíblia ensina a respeito do fato de que Deus escolheu alguns para serem salvos e que Ele deixou outros para enfrentarem a punição de seus pecados, e, para isso, utiliza o texto “Amei Jacó, aborreci Esaú”. Ele considera que esse é um texto assustador, e reconhece que muitos cristãos não gostam da palavra “aborrecer” ou “odiar”, mas isso não tira o significado daquilo que a Bíblia diz; ela usa a palavra “odiei” e nós também usaremos.

Deus amava Jacó. Deus não amava Esaú. Deus abençoou Jacó. Ele não abençoou Esaú da mesma maneira. Deus escolheu Jacó e não escolheu Esaú. A misericórdia de Deus estava com Jacó, mas Deus permitiu que Esaú prosseguisse em seu caminho pecaminoso, e isso mostra que o texto “odiei Esaú” é verdadeiro.

Alguns alegam que Deus está se referindo aos filhos de Israel e aos filhos de Edom, no entanto, a Bíblia mostra que isso não é verdade. Romanos, capítulo 9, versículos 11-12 dizem: “Porque não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal, e para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme...disse: “o maior servirá o menor”. Estes versículos referem-se a Jacó e Esaú. Ele não se refere às nações de Israel e Edom.

Spurgeon enfatiza em sua pregação que: “Não devemos tentar alterar a Palavra de Deus. Não podemos reduzir a verdade de Deus até o nosso fraco entendimento. Devemos aceitá-la como ela é e pedir a Deus que nos dê graça para entendê-la. Devemos pedir a Deus que nos ajude a nos elevarmos mais e mais em nosso entendimento da verdade divina”.

O ensinamento é que Deus elegeu alguns e não elegeu a outros. Às pessoas não gostam desta doutrina da eleição, o pregador pergunta: “Acaso não é um fato que Deus tem elegido a alguns?” Devemos nos perguntar então, por que um homem é convertido e outro não é convertido? A resposta mais comum será que o Espírito Santo estava operando no coração do homem que se converteu. Portanto, até quem diz não gostar da doutrina da eleição admite que Deus trata com certos homens de maneira diferente do que Ele trata com os outros.  

Deus trata as pessoas de formas diferentes na vida diária. Ele faz um homem rico e o outro pobre. Ele faz um homem inteligente e o outro incapaz de ler um livro. Em matéria de religião, Deus dá a um homem a oportunidade de ouvir a Sua Palavra, e a outro Ele não dá essa oportunidade. Alguns ouvem a Palavra de Deus pregada poderosamente. Outros nem sequer ouvem a Palavra de Deus.

Dois homens podem ouvir a mesma pregação do Evangelho. Deus opera no coração de um deles, porém não opera no coração do outro. Essas coisas são fatos e temos de crer nos fatos. Uma verdade que não pode ser contestada deve ser acreditada. E o fato incontestável é que Deus trata diferenciadamente a uns e a outros.

Continua Spurgeon: “Não preciso pedir desculpas por Deus. Deus explicará Sua própria verdade e Seus caminhos. Mesmo se não gostarem do fato, é verdade inalterável que Deus amou Jacó e que não amou Esaú da mesma maneira”.

Por que Deus amou Jacó? Consultemos a Palavra de Deus para responder a pergunta. Não foi porque havia algo de bom em Jacó que Deus o amou, pelo contrário, Jacó era um enganador. A Bíblia nos diz em Romanos 9.11 que a razão de Deus ter amado Jacó foi a Sua graça soberana. Jacó não tinha nada em si que fizesse com que Deus o amasse.

Havia de tudo em Jacó que poderia fazer com que Deus o odiasse tanto quanto Ele odiou Esaú. Se estamos certos a respeito do tipo de pessoa que Jacó foi, nada justifica Deus tê-lo amado senão a graça de Deus. A única razão pela qual podemos ser salvos é somente através da graça soberana de Deus. Deus é misericordioso e Sua vontade é toda-poderosa; portanto podemos ter esperança de salvação. Segure firme este ensinamento e nunca o deixe escapar.   

Outra questão é: “Por que Deus odiou Esaú”? Spurgeon diz: “Observemos que tipo de homem era Esaú. Algumas pessoas perguntam se Esaú mereceu ser rejeitado. Sim, mereceu. O caráter de Esaú prova que ele mereceu a rejeição. Esaú perdeu seu direito de primogenitura. Ele o vendeu por um guisado de lentilhas. Ele fez uma barganha com Jacó. Ele fez isso por espontânea vontade. Escolheu assim fazer. Ninguém o influenciou. Todo homem que perde o reino dos céus, como Esaú perdeu sua primogenitura, abandona-o de livre vontade. A culpa está com o homem e não com Deus”.

Deus não recusa dar vida eterna ao homem. Pelo contrário, o homem é que não vai a Deus para que receba a vida eterna. Quando os homens são salvos, é Deus que os destina à salvação. Toda a glória pela salvação de qualquer homem pertence a Deus. Toda a culpa pela condenação de qualquer homem pertence àquele homem.

Por fim Spurgeon declara: “Tentei dar uma razão bíblia para o procedimento de Deus com os homens. Deus salva os homens através de Sua graça; se os homens perecerem é por sua própria falta”.


Concordamos que há muitas coisas na Palavra de Deus que são difíceis de se entender mas, mesmo se não possamos compreendê-las , ainda temos que crer nas coisas escritas na Palavra de Deus. Não se trata de ter fé mais do que entendimento. Deus não se contradiz; embora Ele ame alguns e outros não.   

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O CRISTIANISMO INSTANTÂNEO

O cristianismo instantâneo entrou em cena com a era da máquina. Os homens inventaram as máquinas com dois propósitos. Queriam obter trabalho importante com maior rapidez e facilidade do que se poderia conseguir manualmente, e queriam executar o trabalho de modo que pudessem dedicar tempo a objetivos mais de acordo com seus gostos, tais como o lazer ocioso e o gozo dos prazeres do mundo.

Ora, o cristianismo instantâneo serve aos mesmos propósitos, na religião. Dispensa o passado, garante o futuro e dá ao cristão a liberdade para seguir as mais refinadas inclinações da carne sem qualquer constrangimento e com um mínimo de restrição.

Com “cristianismo instantâneo” nos referimos ao tipo de cristianismo que se encontra em quase toda parte nos círculos evangélicos. Ele nasceu da noção equivocada de que podemos praticar um ou dois atos de fé e ficar aliviados de toda a ansiedade quanto à nossa condição espiritual. Somos santos por vocação, continuamos a ouvir as pregações da palavra, e daí inferimos que não há motivo para procurarmos ser santos pelo caráter. Essa é uma falsa conclusão, completamente fora do estilo da fé do Novo Testamento.

É verdade que a conversão a Cristo pode produzir alegria, principalmente quando percebemos que fomos perdoados dos pecados e agora somos filhos de Deus. Onde o fardo do pecado tem sido pesado, a percepção do perdão é normalmente clara e alegre. O verdadeiro cristão encontrou-se com Deus. Ele sabe que tem a vida eterna e provavelmente sabe onde e quando a recebeu. Também aqueles que foram cheios do Espírito Santo alegram-se pelo fato de sentir em seu coração a presença de Deus.

Mas o problema é que nós tendemos a pôr a nossa confiança em nossas experiências, e, em conseqüência, interpretamos mal todo o Novo Testamento. Não podemos esquecer de que há decisões a serem tomadas, questões a serem resolvidas imediatamente. Há decisões que podem e devem ser tomadas de uma vez para sempre. Há questões pessoais que deverão ser resolvidas por um determinado ato da vontade em resposta à fé alicerçada na Bíblia.

O cristianismo instantâneo tende a tornar a fé um ato terminal e assim abafa o desejo de progresso espiritual. Não entende a verdadeira natureza da vida cristã, que não é estática, mas dinâmica e tendente a expandir-se. Omite o fato de que o novo cristão é um organismo vivo, tal como um bebê, e precisa de nutrição e de exercício para crescer normalmente. Não leva em consideração que o ato de fé em Cristo ocasiona uma relação pessoal entre dois seres morais inteligentes, Deus e o homem reconciliado, e essa relação deve ser aprofundada pelo exercitar de uma amizade íntima entre eles.

Ao tentarem envolver tudo o que constitui a salvação numa só experiência, ou duas, os advogados do cristianismo instantâneo desprezam a lei de desenvolvimento vigente em toda a natureza. Ignoram os efeitos santificantes do sofrimento, de levar a cruz e da obediência prática. Passam de largo pela necessidade de treinamento espiritual, pela necessidade de formar hábitos religiosos corretos e pela necessidade de lutar contra o mundo, o diabo e a carne.

Uma exagerada preocupação com o ato inicial de crer tem criado em alguns uma sensação de contentamento, ou pelo menos de ausência de expectação. Isso infundiu certo desapontamento com a fé cristã. Deus parece estar demasiado longe, o mundo está perto demais, e a carne é poderosa demais para que se lhe possa resistir.

Outros se alegram ao aceitar a certeza de uma bem-aventurança automática. Esta sensação os exime da necessidade de vigiar, lutar e orar, e os deixa livres para gozarem este mundo enquanto esperam o mundo vindouro. O cristianismo instantâneo é uma ortodoxia do século vinte. Fico a indagar se o Senhor Jesus e seus discípulos reconheceriam tal cristianismo como aquele pelo qual morreram. Temo que não. 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A VONTADE E AS EMOÇÕES NA VIDA CRISTÃ

Emoção, diz o Dictionary of Psicology, de Drever, é um estado de excitação ou perturbação, caracterizado por um forte sentimento e, geralmente, por um impulso para uma definida forma de comportamento.

“Excitação, perturbação, sentimento”. São estados mentais com os quais todos estamos familiarizados. Num mundo violento e cheio de conflitos como é o nosso, esses estados mentais vêm e vão, resplandecem e fenecem no peito do homem comum cem vezes por dia. O homem e a mulher normais experimentam no transcurso de uns poucos meses, todos os graus de emoção, do êxtase, ou quase, ao desânimo ligeiro, sem que aparentemente melhore ou piore por isso. Naturalmente aqui só tenho em mente o homem e a mulher normais. A personalidade psicopática está fora do campo deste estudo.

As emoções não devem ser temidas nem desprezadas pois, em primeiro lugar, são uma parte normal de nós mesmos, como Deus nos fez. Na verdade, sem elas seria impossível a vida humana plena. A gente tende a afastar-se do homem a quem falta todo sentimento porque não sabemos se lidamos com alguém frio ou com um mero vegetal, como às vezes se acha nas enfermarias em nossos hospitais para doentes mentais.

Um sentimento de piedade nunca surgiria no coração humano se não fosse despertado por um quadro mental da aflição de outrem, e sem o golpe emocional para ativar a vontade, não haveria nenhum ato de misericórdia. O que estou dizendo aqui não é nada novo. Toda mãe, todo estadista, todo líder, todo pregador da Palavra de Deus sabe que é preciso apresentar um quadro mental ao ouvinte antes que se possa movê-lo a agir, mesmo quando a ação é em seu próprio benefício.

É da intenção de Deus que a verdade nos mova à ação moral. A mente recebe idéias, quadros mentais das coisas como elas são. As idéias ou quadros mentais provocam os sentimentos e, por sua vez, esses levam a vontade a agir de acordo com a verdade. Assim é que deveria ser, e seria, se o pecado não tivesse entrado. Por causa do pecado, a simples seqüência verdade-sentimento-ação pode romper-se em qualquer uma das suas três partes.

A mente, criada para receber a verdade, muitas vezes se inclina para a falsidade, e os sentimentos deste modo estimulados, podem incitar a vontade a uma ação má. A contemplação de um erro ou de uma coisa proibida só pode inflamar os sentimentos  levando-os a simpatizar com o mal.

Um lamentável exemplo disso é o de Davi a observar demoradamente a bela Bate-Seba a banhar-se. O rei foi movido pelo que viu e agiu de acordo, e as amargas e trágicas conseqüências o perseguiram até o fim dos seus dias. Ele viu, sentiu e agiu – para o mal. Note que, dependendo do olhar, podemos ter resultados diferentes. Davi olhou para uma mulher formosa; Jesus olhou para uma multidão sofredora. Um olhar levou ao pecado, o outro a um ato de misericórdia; mas ambos foram decorrentes da simples lei da sua estrutura interior.

Outro rompimento da seqüência verdade-sentimento-ato dá-se quando, por motivos egoísticos, o coração se endurece contra a Palavra de Deus. É este o estado de quantos amam as trevas mais do que a luz e, por essa razão, afastam-se de vez da luz ou, quando expostos à luz, recusam-se obstinadamente a lhe obedecer. O homem ganancioso vê a necessidade humana e duramente se recusa a deixar-se comover pelo que vê.

Render-se ao impulso da generosidade naturalmente despertada pela visão da pobreza exigiria que ele renunciasse a uma parte de seus amados bens, e isso ele não quer fazer. Assim a fonte da generosidade se congela em sua origem. O avarento conserva o seu tesouro, o pobre continua sofrendo em sua pobreza e todo o curso da natureza se transtorna. É de admirar que Deus odeie a cobiça?

O cristão que se demora contemplando os prazeres carnais deste mundo não pode fugir a um certo sentimento de simpatia por eles, e esse sentimento levará inevitavelmente a um comportamento mundano. Expor nossos corações à verdade e, persistentemente, recusar ou negligenciar obedecer aos impulsos por ela despertados é paralisar os movimentos da vida dentro de nós e, se continuarmos nisso, estaremos entristecendo e silenciando o Espírito Santo.


As escrituras e a nossa constituição humana concordam em ensinar-nos a amar a verdade e a obedecer aos amenos impulsos da justiça por ela despertados dentro de nós. Se amamos as nossas almas, não nos atreveremos a agir doutro modo.   

segunda-feira, 8 de julho de 2013

NOSSAS RIQUEZAS NÃO RECLAMADAS

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo”. (Ef. 1.3)

As bênçãos espirituais nos lugares celestiais, que em Cristo nos pertencem, podem ser divididas em três classes:

As bênçãos da primeira classe são as que nos vêm imediatamente depois de crermos para a salvação, tais como o perdão, a justificação, a regeneração, a filiação sob a paternidade de Deus e o batismo no Corpo de Cristo. Em Cristo possuímos estas bênçãos ainda antes de sabermos que são nossas, sendo que só ficamos sabendo disso depois, mediante o estudo das Escrituras Sagradas.

À segunda classe pertencem aquelas riquezas que temos por herança, mas não podemos desfrutar realmente enquanto o nosso Senhor não voltar. Estas incluem a perfeição mental e moral máximas, a glorificação dos nossos corpos, a consumação da imagem divina em nossas personalidades redimidas, e a admissão à própria presença de Deus para experimentarmos para sempre a Visão gloriosa.

Estes tesouros são tão seguramente nossos como se os possuíssemos agora, mas nos seria inútil orar pedindo-os enquanto peregrinamos na terra. Deus deixou bem claro que eles estão reservados para o tempo da manifestação dos filhos de Deus (Rom. 8.18-25).

A terceira classe de bênçãos consiste de tesouros que nos são dados graças ao sacrifício expiatório, mas que não virão a nós, a não ser que façamos algum esforço para possuí-los. São a nossa libertação dos pecados da carne, a vitória sobre o ego, o constante fluir do Espírito Santo através de nossas personalidades, a frutificação no serviço cristão, a consciência da presença de Deus, o crescimento na graça, uma crescente consciência da união com Deus e um ininterrupto espírito de adoração.

Estas bênçãos não nos vêm automaticamente, nem precisamos esperar o dia da vinda de Cristo para reclamá-las. São para nós o que a Terra Prometida foi para Israel: deverão ser tomadas por invasão quando a nossa fé e a nossa coragem estiverem prontas para isso. Para deixar as coisas mais claras, permita-me expor quatro condições para receber essa herança de alegria que Deus coloca diante de nós:

1.      Você nada conseguirá se não buscar. Deus não lhe imporá nada. Como Josué lutou em sua marcha para tomar posse da Terra prometida, você também terá de lutar em busca da perfeição, enfrentando a derrotando quaisquer inimigos que se levantem em seu caminho para questionar o seu direito de posse. A terra não virá a você; você terá de ir a ela e tomá-la pela abnegação e separação do mundo. “Os que viajam por esta estrada”, diz João da Cruz, “enfrentarão muitas ocasiões de alegrias e sofrimentos, esperanças e tristezas, algumas das quais resultantes do espírito de perfeição, outras de imperfeição.”  

2.    Você poderá ter, na medida em que insista em ter. “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé vo-lo tenho dado”, disse Deus a Josué, e este princípio percorre a Bíblia inteira. A história de Israel está pontilhada de exemplos de pessoas que reivindicaram ousadamente as suas possessões: como Calebe que, depois da conquista de Canaã, foi a Josué,  solicitou a montanha que Moisés lhe prometera, e a tomou. Outra vez, quando as filhas de Zelofaede se apresentaram a Moisés e pediram: “Dá-nos a possessão entre os irmãos de nosso pai” (Num 27.4), a sua petição foi deferida. Aquelas mulheres receberam a sua herança, não pela indulgência de Moisés, mas por ordem de Deus, cuja promessa estava envolvida. Quando nossos pedidos são de natureza que honrem a Deus, podemos fazê-los o tanto que quisermos. Quanto mais ousado for o pedido, maior glória será acrescentada a Deus quando vier a resposta.

3.    Você terá pouco, na medida em que se satisfaça com pouco. Deus dá a todos liberalmente, mas seria absurdo pensar que a liberalidade de Deus tornará o homem mais espiritual do que ele quer ser. Por exemplo, o homem que se satisfaz em viver uma vida derrotada, nunca será forçado a obter vitória. O homem que se contenta em seguir de longe a Cristo, jamais conhecerá a maravilha da Sua proximidade. O homem que se dispõe a acomodar-se a uma vida estéril e sombria, nunca experimentará a alegria do Espírito Santo, nem a profunda satisfação de um viver frutífero. É preocupante ver quantos cristãos que se contentam em acomodar-se ao mínimo, e não ao melhor. Pessoalmente tenho visto com tristeza os cristãos evangélicos que, nalgum ponto do seu passado desistiram dos anelos mais santos do seu coração e se rebaixaram a um tipo de cristianismo medíocre e morno, totalmente indigno deles mesmos e do Senhor que eles dizem que servem.


4.    Você tem agora o tanto que realmente quer ter. Todo homem acha-se tão perto de Deus quanto deseja achar-se; é tão santo e cheio do Espírito quanto deseja estar. Disse o Senhor: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mt 5.6). Se houvesse apenas um homem em qualquer ponto do globo que tivesse essa fome e não fosse saciado, a palavra de Cristo cairia por terra. Devemos, porém distinguir entre querer de fato e querer superficialmente. Querer de fato, de todo o coração, não é mero desejo superficial. Colocar Deus diante de Seus filhos redimidos um vasto mundo de tesouros espirituais, e eles o recusarem ou negligenciarem reclamá-lo, facilmente pode vir a ser a segunda maior tragédia da história da criação moral, sendo que a primeira foi a queda original.

segunda-feira, 24 de junho de 2013


A IGREJA NÃO PODE MORRER

Há uma idéia circulando por aí que o cristianismo está nas últimas, ou que possivelmente já está morto e sem forças até para cair estendido. Dá-se como principal prova da sua morte a sua incapacidade de oferecer direção ao mundo quando este necessita supremamente dela.

No entanto, exatamente como Jesus Cristo outrora foi enterrado, e seus inimigos tinham a expectativa de que tinham ficado livres d’Ele, assim a  Sua igreja foi posta a repousar vezes sem conta ao longo dos séculos; e como Ele desconcertou os Seus inimigos ressurgindo dentre os mortos, assim a igreja tem posto em confusão os seus inimigos, brotando de novo com vigorosa vida depois de realizado o seu sepultamento e terem sido derramadas sobre o seu túmulo lágrimas de crocodilo.

O fato que muitos terem descrito a igreja na terra como um exército vencedor, isso não representa a realidade. Sua verdadeira situação é melhor retratada quando a comparamos com um rebanho de ovelhas no meio de lobos, ou como uma agremiação de desprezados peregrinos lutando para chegar a casa, como uma nação peculiar, protegida pelo sangue do Cordeiro, à espera do soar da trombeta, ou como uma noiva aguardando a vinda do noivo.

O mundo está constantemente chicoteando a igreja porque ela não tem solução para os problemas da sociedade, e os líderes religiosos que não percebem o sentido disso, recuam debaixo do chicote, a ponto de alguns líderes proeminentes se penitenciarem, em público, dizendo: “Pecamos, o mundo esperava socorro e nós falhamos”.

Bem, sou inteiramente favorável ao arrependimento, se genuíno, e penso que a igreja tem falhado, não por negligenciar, mas por viver de modo parecido demais com o mundo. Os que consideram a igreja em falta com a humanidade presumem erroneamente que a igreja de Deus foi deixada na terra para propiciar boa esperança e alegria ao mundo de tal forma que o mundo pode ignorar Deus, rejeitar Cristo, glorificar a natureza humana, carnal e decaída, e perseguir em paz os seus fins egoísticos.    

O mundo deseja que a igreja acrescente um delicado toque espiritual aos seus esquemas carnais, e que esteja pronta a ajudá-lo a firmar-se nos pés e a colocá-lo no leito quando chega em casa embriagado de prazeres carnais. Em primeiro lugar, a igreja não recebeu do seu Senhor essa incumbência, e, em segundo lugar, o mundo nunca mostrou muita disposição para ouvir a igreja quando ela fala com sua voz verdadeiramente profética.

O dever do cristão não é “oferecer direção” á feira da Vaidade, mas conservar-se puro, incontaminado da sua corrupção e retirar-se dela o mais depressa possível. O cristianismo vai pelo caminho que o seu Fundador e Seus apóstolos disseram que iria. O seu desenvolvimento e a sua direção foram preditos há mais de dois mil anos, e isto já é um milagre.

Fosse Cristo menos que Deus, e Seus apóstolos menos que inspirados, não poderiam ter predito com tanta precisão o estado da igreja tão distante deles no tempo e nas circunstâncias. Nenhum mortal poderia ter previsto a vinda do grande sistema religioso-político que é Roma, ou a Idade das Trevas, ou o descobrimento do Novo Mundo, ou a Revolução Industrial, ou a era nuclear, e a aventura do homem no espaço.

Todas essas coisas teriam transtornado todo e qualquer esforço para predizer a situação religiosa destes últimos dias; mas as condições atuais foram de fato descritas com abundância de detalhes há mais de dois mil anos. Nada do que aconteceu ou está acontecendo era inesperado.

Temos real necessidade de uma reforma que produza avivamento nas igrejas, mas a igreja não está morta, nem morrendo. A igreja não pode morrer! Mesmo que algumas igrejas locais fechem suas portas por causa de várias circunstâncias e deixem de existir, essa situação, por mais deplorável que seja não deve desanimar-nos.

A igreja verdadeira é o repositório da vida de Deus entre os homens e, se num lugar esses frágeis vasos se quebram, a vida divina irromperá nalgum outro lugar. Disso podemos ter certeza. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013


A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA CERTA

Seria impossível exagerar na ênfase à importância da doutrina certa na vida do cristão. Pensar corretamente acerca de todas as questões espirituais é imperativo, se pretendemos viver corretamente. Como os homens não colhem uvas dos espinheiros, nem figos dos abrolhos, assim o bom caráter não se desenvolve do ensino errôneo.

A palavra doutrina significa simplesmente crenças sustentadas e ensinadas. A tarefa sagrada de todos os cristãos, tanto como crentes quanto como mestres de crenças religiosas, consiste em assegurar-se de que estas crenças correspondem exatamente à verdade. Uma perfeita harmonia entre as crenças e os fatos constitui a legitimidade da doutrina. Não podemos permitir-nos menos que isso.

Os apóstolos não somente ensinavam a verdade, mas também pelejavam por sua pureza contra toda e qualquer pessoa que a corrompesse. As epístolas paulinas resistem a todos os esforços dos falsos mestres para introduzirem excentricidades doutrinárias. As epístolas de João apresentam uma contundente condenação dos mestres que importunavam a igreja negando a encarnação e lançando dúvidas sobre a doutrina da Trindade; e Judas, em sua breve mas poderosa epístola, manifestou seu total desprezo aos maus mestres que queriam desviar os santos.

Cada geração de cristãos deve examinar suas crenças, pois ainda que a verdade seja imutável, as mentes dos homens são vasos porosos dos quais a verdade pode escoar-se e nas quais o erro pode infiltrar-se, diluindo a verdade que contêm. O coração humano é herético por natureza, e corre para o erro com a mesma naturalidade com que um jardim vira mato.

O jardim negligenciado logo será dominado pelas ervas daninhas; o coração que deixa de cultivar a verdade e de arrancar o erro, em pouco tempo será um deserto teológico; a igreja ou denominação que cresce descuidada no caminho da verdade, não demorará a ver-se perdida e atolada em alguma areia movediça da qual não há como fugir.

Quando as Sagradas Escrituras são rejeitadas como a autoridade final quanto à crença religiosa, alguma coisa será encontrada para tomar-lhe o lugar. Historicamente essa “alguma coisa” será a razão ou o sentimento; e se for o sentimento, o humanismo prevaleceu. Às vezes houve uma mistura dos dois, como se pode ver atualmente nas igrejas evangélicas.

Estas não renunciam inteiramente à Bíblia e tampouco creem nela completamente; o resultado é um obscuro corpo de crenças que lembra mais um nevoeiro, corpo nebuloso em que qualquer coisa pode ser verdadeira, mas não se deve confiar em alguma coisa como certamente verdadeira. De algumas fontes anteriormente inatacáveis estão vindo agora vagos pronunciamentos que consistem de uma mistura de Escritura, ciência e sentimento humano que não faz jus a nenhum dos seus ingredientes, porque cada qual se presta para anular os outros.

Alguns mestres conservadores estão reconsiderando o evolucionismo e reavaliando várias doutrinas bíblicas, ou até mesmo a inspiração divina. Pouco a pouco os cristãos conservadores estão sofrendo uma lavagem cerebral. A prova disso é que grupos cada vez maiores de cristãos vão ficando com vergonha de serem achados ao lado da verdade. Eles dizem que creem, mas as suas crenças foram diluídas a tal ponto que é impossível defini-las claramente.

As crenças bem definidas sempre foram acompanhadas de energia moral. Os grandes santos sempre foram dogmáticos. Precisamos voltar agora mesmo a um pacífico dogmatismo, capaz de sorrir ao mesmo tempo que se mantém inflexível e firme na Palavra de Deus que vive e permanece para sempre.  

segunda-feira, 10 de junho de 2013


A CRUZ ANTIGA E A NOVA

Totalmente sem aviso e desapercebida, uma nova cruz surgiu nos círculos populares evangélicos nos tempos modernos. Parece-se com a antiga cruz, mas é diferente: as semelhanças são superficiais; as diferenças, fundamentais.

Desta nova cruz brotou uma nova filosofia da vida cristã, e dessa nova filosofia proveio uma nova técnica evangélica – um novo tipo de reunião e uma nova espécie de pregação. Esta nova evangelização emprega a mesma linguagem antiga, mas o seu conteúdo não é o mesmo e a sua ênfase não é como antes.

A cruz antiga não fazia barganhas com o mundo. Para a carne de Adão, ela significava o fim da jornada. Punha em execução a sentença imposta pela lei do Sinai. A nova cruz não se opõe à raça humana; ao contrário, é uma companheira amigável e, se corretamente entendida, é fonte de oceanos de boa e limpa diversão e de inocente prazer. Ela deixa Adão viver sem interferência.

A motivação da sua vida não sofre mudança; o seu prazer continua sendo a razão do seu viver, só que agora ele se deleita em cantar hinos e ver filmes religiosos, no lugar das canções obscenas e das bebidas fortes de outrora. A tônica ainda está no prazer, embora a diversão esteja agora num superior plano moral, se não intelectual.

A nova cruz estimula uma abordagem evangelística nova e inteiramente diversa. O evangelista não exige renúncia da velha vida para que se possa receber a nova. Procura caminho para o interesse do público mostrando que o cristianismo não faz exigências desagradáveis; ao invés disso, oferece a mesma coisa que o mundo oferece, só que num nível mais alto. Seja o que for que o mundo enlouquecido pelo pecado reclame para si no momento, com freqüência se demonstra que é exatamente isso que o tal “evangelho” oferece, só que o produto religioso é melhor.

A mensagem cristã sofre torção na direção da moda em voga, para que se torne aceitável ao público. A filosofia que está por trás desse tipo de coisa pode ser sincera, mas a sua sinceridade não a faz menos falsa. É falsa porque é cega. Falta-lhe por completo todo o significado da cruz.

A antiga cruz é um símbolo da morte. Ela representa o abrupto e violento fim do seu humano. Na época dos romanos, o homem que tomava sua cruz e se punha a caminho já tinha dito adeus aos amigos. Não voltaria. Estava saindo para o término de tudo. A cruz não fazia acordo, não modificava nada e nada poupava; eliminava o homem, completamente e para sempre. Não procurava manter boas relações com a sua vítima. Feria rude e brutalmente, e quando tinha terminado seu trabalho, o homem já não existia.

A raça de Adão está sob sentença de morte. Não há comutação nem fuga. Deus não pode aprovar nenhum fruto do pecado, por mais inocente ou belo que pareça aos olhos dos homens. Deus salva o indivíduo liquidando-o e, depois, ressuscitando-o para uma vida nova.

A evangelização que traça paralelos amistosos entre os caminhos de Deus e os dos homens é falsa para a Bíblia e cruel para as almas dos ouvintes. A fé cristã não é paralela ao mundo; é antagônica. Quando alguém vem a Cristo, não está elevando a sua velha vida a um plano mais alto; está, sim, deixando-a aos pés da cruz. O grão de trigo tem de cair no solo e morrer.

É preciso que nós, que pregamos o Evangelho, não nos consideremos como agentes de relações públicas enviados para estabelecer boa vontade entre Cristo e o mundo. É preciso que não nos imaginemos comissionados para tornar Cristo aceitável ao grande comércio, à imprensa, ao mundo dos esportes ou à educação moderna. Não somos diplomatas, mas profetas, e a nossa mensagem não é um acordo, mas um ultimato.

Deus oferece vida, não, porém, uma velha vida melhorada. A vida que Ele oferece é vida que se mantém com os olhos postos na velha cruz. Quem quiser possuí-la terá de passar sob a vara. Terá de repudiar-se a si próprio e submeter-se à justa sentença do Deus que o condena. Simplesmente, é preciso que ele abandone seus pecados, é preciso que ele se arrependa e creia. Que não encubra nada. Que não procure fazer acordo com Deus. Basta que reconheça que merece morrer.

A qualquer que faça objeção a isso ou que considere bitolada essa visão da verdade, permita-me dizer que Deus fixou o Seu carimbo de aprovação nesta mensagem, desde os dias de Paulo até o presente. Essa é a mensagem que tem trazido vida e poder ao mundo através dos séculos.

Ousaremos nós, os herdeiros desse legado de poder, adulterar a verdade? Ousaremos deletar as linhas impressas ou alterar o modelo que nos foi mostrado no Monte? Não o permita Deus. Preguemos a velha cruz e conheceremos o antigo poder. 

segunda-feira, 3 de junho de 2013


A IRA DE DEUS

Raramente há algo de bom na ira humana. Quase sempre ela brota de sentimentos que nada têm de santos, e muitas vezes leva a maldições e violência. O homem de mau gênio é imprevisível e perigoso, e normalmente os homens de paz e de boa vontade o evitam.

Entre os mestres religiosos dos dias atuais há uma forte tendência para dissociar a ira do caráter divino e para defender Deus em suas explicações das passagens bíblicas que relacionam a ira com a Sua pessoa. Isto é compreensível, mas à luz da completa revelação de Deus, essa atitude é indesculpável.   

Em primeiro lugar, Deus não precisa de defesa. Os mestres que estão tentando fazer Deus à sua imagem poderiam ocupar-se melhor procurando fazer-se a si mesmos à imagem de Deus. Nas escrituras “Deus falou todas estas palavras”, e não existe um critério independente pelo qual julgar a revelação que Deus faz concernente a Si próprio.

A recusa de muitos, a aceitar a doutrina da ira de Deus, faz parte de um esquema maior de incredulidade que começa com a dúvida a respeito da veracidade das Escrituras Cristãs. Deixe que um homem questione a inspiração das Escrituras, e uma curiosa inversão, monstruosa mesmo, tem lugar: daí por diante ele julga a Palavra, em vez de deixar que a Palavra o julgue; ele determina o que a Palavra deve ensinar, em vez de permitir que ela determine o que ele deve crer; ela a revisa, emenda, corta, faz acréscimos a seu bel-prazer; mas sempre se põe acima da Palavra e a faz submissa a si, em vez de ajoelhar-se diante de Deus e fazer-se submisso à Palavra.

O intérprete demasiado sensível, que procura proteger Deus das implicações da Sua Palavra, está empenhado num esforço inútil e inconveniente, que só poderá ser completamente desperdiçado.

O cristão maduro e instruído na verdade sabe que a ira de Deus é uma realidade, que a Sua ira é tão santa como o Seu amor, e que entre o Seu amor e a Sua ira não há incompatibilidade. Ele sabe o que a ira de Deus é e o que não é. Para compreendermos a ira de Deus, precisamos examiná-la à luz da Sua santidade. Deus é santo e faz da santidade a condição moral necessária para a saúde do Seu universo.

A presença temporária do pecado no mundo só acentua isso. Tudo que é santo é saudável; o mal é uma doença moral que finalmente terá de acabar em morte. Desde que o primeiro interesse de Deus por Seu universo é sua saúde moral, isto é, a sua santidade, tudo quanto a contrarie estará necessariamente sob Seu eterno desagrado. Sempre que a santidade de Deus confronta o que não é santo, há conflito.

A atitude e a ação de Deus neste conflito são a Sua ira. Para preservar a Sua criação, Deus tem de destruir tudo o que ameaça destruí-la. Quando Ele se levanta para impor destruição e para salvar o mundo de um irreparável colapso moral, diz-se que Ele está irado. Todo julgamento de Deus na história do mundo, em Sua ira, é um santo ato de preservação.

A santidade de Deus, a ira de Deus e a saúde da criação são inseparavelmente unidas. Não só é direito de Deus mostrar ira contra o pecado, mas eu acho impossível entender como Ele poderia agir de outro modo. A ira de Deus é Sua total intolerância a tudo aquilo que é degradante e destrutivo. Ele odeia a iniqüidade como a mãe odeia a doença que ameaça seu filho.
Quando Deus adverte os homens da Sua ira iminente e os exorta a arrepender-se e evitá-la, Ele se expressa numa linguagem que a humanidade pode compreender, dizendo-lhes: “Fugi da ira vindoura”. Noutras palavras, diz Ele:

“A tua vida é má e, porque é má, és um inimigo da saúde moral da minha criação. Tenho de extirpar tudo que poderia destruir o mundo que eu amo. Arrepende-te do mal antes que Eu me levante irado contra ti. Eu te amo, mas odeio o pecado que tu amas. Aparta-te do mal, antes que eu envie o juízo contra ti”.