O
Evangelho segundo Mateus contém duas parábolas, no capítulo 25, que dizem
respeito aos cristãos: a parábola das dez virgens e a dos talentos. A parábola
das dez virgens retrata a vida que deveríamos ter, e a parábola dos talentos
retrata a obra que deveríamos fazer. São parábolas que nos alertam que a nossa
vida deve ser a de uma virgem prudente, e nossa obra deve ser a de um servo
fiel.
Na
parábola das dez virgens, vemos que precisamos ter uma vida vigilante, uma vida
que continuamente dá testemunho e sai do mundo para encontrar-se com o Senhor.
Essa parábola revela também que não somente precisamos ter o nosso espírito
iluminado pelo Espírito de Deus, mas que nossa vasilha, isto é, nossa alma,
deve ser transformada com uma porção extra do Espírito que dá vida.
A
parábola dos talentos revela que nossa obra deve ser a de um servo fiel, usando
os talentos dados pelo Senhor para negociar em benefício Dele e lucrar para Sua
economia. De acordo com o que é revelado na referidas parábolas em Mateus, essa
vida maravilhosa e essa obra fiel são ambas crucialmente necessárias para que
sejamos recompensados com o descanso sabático no reino milenar. Esse descanso no
reino milenar é diferente do descanso na salvação eterna, a qual é recebida
simplesmente pela fé no Senhor Jesus.
Os Talentos Dados Segundo a
Capacidade
Não
fomos regenerados apenas para termos a vida divina e sermos filhos de Deus, mas
também para obter talentos e para servir o Senhor como Seus servos. Na parábola
dos talentos, vemos que os talentos foram dados aos servos de acordo com a
capacidade de cada um:
“A um deu cinco
talentos, a outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua própria
capacidade” (Mt 25.15).
Todos nós temos alguma capacidade, e os talentos
dados a nós são segundo nossa capacidade. O apóstolo Paulo tinha muita
capacidade, e muitos talentos foram dados a ele. Contudo, toda nossa capacidade
natural tem de ser tratada, tem de ser mortificada com Cristo em Sua morte,
para ser útil a Deus em ressurreição. Isso porque, nossa capacidade natural
será sempre um impedimento à nossa utilidade nas mãos do Senhor. Na obra do
Senhor, somente a capacidade ressurreta, e não natural, pode satisfazer ao
Senhor da obra.
Cuidado Com a Negligência
Nenhum
salvo deve desculpar-se dizendo: “Eu não tenho muita capacidade e não me foram
dados muitos talentos, portanto não tenho muito que fazer”. Quer tenhamos recebido
cinco talentos, dois talentos ou um, o princípio é o mesmo: temos de ganhar
outros cinco, dois ou um para o Senhor. Se você ganhou um talento, não use isso
como desculpa para ser negligente.
Segundo a parábola, o perigo não está com os
de mais talentos, mas com os de um talento. O servo de um talento tentou
desculpar-se, mas recebeu uma repreensão e uma punição.
Muitos
mestres fundamentalistas da Bíblia, dizem que o servo de um talento era um
falso cristão. Esses mestres fundamentalistas, por serem calvinistas, foram
forçados a dizer isso porque não conseguiram conciliar tais porções da Palavra
com o ensinamento de que “uma vez salvos, salvos para sempre”.
Uma vez que não
podiam entender como um cristão poderia ser lançado nas trevas exteriores, eles
tinham de afirmar que o servo negligente, o de um talento, era um falso crente.
O calvinismo não considera a recompensa, que inclui tanto o prêmio como a
punição.
Contudo,
a revelação completa da Palavra de Deus nos mostra não só a salvação eterna
pela fé, como também nos revela a recompensa dispensacional (seja prêmio ou
punição) pelas obras.
O prêmio da recompensa dispensacional será o descanso do
sábado vindouro no reino milenar. Para que entremos nesse descanso, precisamos,
depois de ter sido salvos para sempre pela fé, ter uma vida vigilante como
virgens prudentes, e fazer uma obra fiel como servos fiéis. De outra maneira,
perderemos o descanso no reino milenar e sofreremos dura disciplina.
O servo negligente, de um talento, não apenas
perderá o desfrute de ser um co-rei juntamente com Cristo durante o reino
milenar, mas também terá algum sofrimento. Se não houvesse sofrimento, não
haveria menção de “choro e ranger de dentes” (Mt 25.30), que são sinais do
sofrimento por causa de uma punição. Aqui não se trata de perdição eterna; é a
disciplina do nosso Pai e criador. Tanto a era da igreja como a era do reino
são partes do período da realização de Deus para o cumprimento do Seu
propósito. Esse período não terminará até o fim do milênio. Portanto, o
tratamento de Deus para conosco, Sua disciplina sobre nós, pode não ser somente
na era da igreja, mas pode ser também na era vindoura do reino.
No
fim do milênio, o propósito eterno de Deus terá sido consumado, o novo céu e
nova terra com a Nova Jerusalém terão sido introduzidos e não haverá mais
tratamentos nem disciplina de Deus, isso já não será mais necessário. Precisamos
repetir isso, porque muitos cristãos têm o conceito errado de que, uma vez que
o Senhor volte, tudo estará bem e que todos os cristãos participarão do reinado
no reino milenar.
Se
reinaremos ou não com Cristo durante o milênio, depende de como estamos nos
conduzindo agora. Nosso Senhor é soberano, tendo a maneira de nos amadurecer:
se não amadurecermos nesta era, Ele providenciará que amadureçamos na era
vindoura.
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