sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Considerações Sobre O Espírito do Crente

Os crentes são muito deficientes de conhecimento quanto à existência e operação do espírito humano. Muitos desconhecem que além da mente, emoção e vontade eles também têm um espírito.

Mesmo tendo ouvido falar sobre o espírito, muitos cristãos consideram sua mente, emoção e vontade como sendo o espírito, ou então confessam claramente não saber onde fica o espírito. Tal ignorância afeta grandemente a cooperação com Deus, o controle sobre o ego e a guerra contra Satanás, pois o desempenho delas, em todos os casos, requer a operação do espírito.

É imperativo que os crentes reconheçam que existe um espírito dentro deles; algo além do pensamento, conhecimento e imaginação da mente; algo além da sensação e prazer da emoção; algo suplementar ao desejo, decisão e ação da vontade. Este elemento é muito mais profundo do que estas faculdades.

Os filhos de Deus precisam saber que eles não apenas possuem um espírito; eles devem compreender também como funciona este órgão; sua sensibilidade, seu trabalho, seu poder, suas leis. Só deste modo eles poderão andar segundo seu espírito e não segundo a alma ou o corpo da sua carne.

Não ter consciência da exigência, movimento, suprimento, impressão e direção do espírito, naturalmente restringe a vida do espírito e permite que a vida natural da alma prossiga sem impedimento algum. É como se a vida da alma fosse o único modo de caminhar para o crente.

Tais pessoas, devido à sua ignorância com relação à operação do espírito, são enganadas ao valorizar as suas experiências da alma e desta forma tropeçam por se sentirem muito espirituais. A vida da alma neles é nutrida de forma desordenada. Eles chegam a declarar que sua experiência é inquestionavelmente espiritual. Consequentemente são impedidos de fazer qualquer progresso espiritual genuíno.

Por essa razão os filhos de Deus devem ser humildes diante d’Ele, buscando conhecer o ensinamento da Bíblia e o funcionamento do espírito através do Espírito Santo, a fim de poderem andar pelo espírito.

Por que um pecador deve nascer de novo? Por que deve ele nascer de cima? Por que deve haver uma regeneração do espírito? Porque o homem é um espírito caído. Um espírito caído precisa renascer para poder tornar-se um novo espírito. Assim como Satanás é um espírito caído, assim também é o homem; a única diferença é que o homem possui um corpo.

A queda de Satanás aconteceu antes da queda do homem, por isso podemos aprender a respeito do nosso estado decaído. Satanás foi criado como um espírito a fim de que pudesse ter comunhão direta com Deus. Porém ele caiu e tornou-se o cabeça dos poderes das trevas. Ele agora está separado de Deus e de toda virtude piedosa. Mas isso não significa que Satanás não existe. Sua queda apenas tirou seu relacionamento correto com Deus.

O homem, semelhantemente, em sua queda também afundou nas trevas e na separação de Deus. O espírito do homem ainda existe, mas está separado de Deus, sem poder para comungar com Ele e incapaz de governar. Espiritualmente falando, o espírito do homem está morto.

Nenhuma religião deste mundo, ética, cultura ou lei pode melhorar este espírito humano caído. Somente o Filho de Deus pode nos restaurar a Deus, pois Ele derramou seu sangue para purificar nossos pecados e nos dar uma nova vida. No momento em que o pecador crê no Senhor Jesus ele nasce de novo. Deus lhe concede Sua vida não criada a fim de que o espírito do pecador possa ser vivificado. A regeneração de um pecador ocorre em seu espírito.

Esta regeneração concede ao homem um novo espírito e vivifica também o seu antigo espírito. “Porei dentro de vós um novo espírito” (Ez. 36:26). Quando a vida de Deus (que pode igualmente ser chamada de “Seu espírito”) entra em nosso espírito humano, este é vivificado do seu estado de coma. Aquilo que estava “separado” da vida de Deus (Ef. 4:18) agora volta a viver novamente.

Por isso “o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça” (Rm. 8:10). O que ganhamos de Adão é um espírito morto; o que recebemos em Cristo na regeneração é tanto a vivificação de um espírito morto, como o novo espírito da vida de Deus: este último é algo que Adão nunca teve.

Na Bíblia a vida de Deus é sempre qualificada de “vida eterna”. A palavra “vida” aqui é Zoe no Grego, indicando uma vida superior ou a vida do espírito. É isso o que cada cristão recebe em sua regeneração. Qual é a função dessa vida? “E a vida eterna é esta”, Jesus orou ao Pai, “que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo aquele que tu enviaste” (Jo. 17:3). A vida eterna significa mais do que meramente bênçãos futuras a serem desfrutadas pelos crentes; ela é igualmente uma espécie de capacidade espiritual. Sem ela ninguém pode conhecer a Deus nem ao Senhor Jesus. Tal conhecimento intuitivo do Senhor só vem depois do recebimento da vida de Deus.

O propósito de Deus num homem regenerado é levá-lo por meio do seu espírito, a livrar-se de tudo o que pertence à velha criação, pois dentro do seu espírito regenerado jazem todas as obras de Deus para com ele.

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