terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Viver na Carne ou Viver no Espírito?

“De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Pois se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificares as obras do corpo, vivereis, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”. (Rm. 8:12-14)
O velho homem corrompido, no crente, morreu, mas sua alma, que ele herdou de Adão, não pôde fugir da contaminação que ocorreu por causa da queda. Ela não é totalmente corrompida, porém é “natural” e completamente diferente da vida de Deus. A vida do ego ainda persiste, portanto mesmo o crente nascido de novo não escapa de ser um crente da alma.
Embora o velho homem tenha deixado de dirigir a alma, esta continua a ativar o caminhar diário do homem. Visto que a natureza de Deus tomou o lugar da sua natureza pecaminosa, todas as inclinações, intenções e desejos do homem são naturalmente bons, muito diferente do seu estado anterior, que era imundo. Isso não significa que devemos ignorar o fato de que seus novos desejos continuam a ser geridos pelo antigo poder da alma.
Depender da vida da alma para realizar o desejo do espírito é usar a força natural (ou humana) para efetuar a bondade sobrenatural (ou divina). Isto é simplesmente tentar cumprir a exigência de Deus com a própria força. O perigo para ele está no tentar agradar a Deus com seu próprio poder, ao invés de aprender a ser fortalecido com poder na vida do seu espírito, por meio do Espírito Santo, de maneira que possa seguir as inclinações de sua nova natureza.
Ele não compreende que não importa quão bons à vista humana, possam parecer seus esforços, eles nunca poderão agradar a Deus. Ele não percebe que agindo assim, ele mistura o que é de Deus com o que é do homem, expressando o desejo celestial por meio do poder terreno. Qual a conseqüência disso? Ele falha miseravelmente em ser espiritual e continua a habitar na alma.
O homem não sabe que a vida da alma é simplesmente o que costumamos chamar de “vida do ego”. O ego pode não ser necessariamente mau. Pelo contrário, às vezes pode ser muito honrado, útil e amável. Muitas vezes a procura do crescimento espiritual origina-se no ego natural, talvez só por que não possamos suportar a idéia de ficar para trás ou porque buscamos algum ganho pessoal.
Dito sem rodeios, o fazer o bem não é pecaminoso, mas a maneira, os métodos ou motivos no fazer coisas boas, podem estar cheios com o nosso ego. Sua fonte é a bondade natural do homem e não aquela bondade sobrenatural, dada pelo Espírito Santo através da regeneração.
Muitos são congenitamente misericordiosos, pacientes e ternos. Quando estes mostram misericórdia, paciência ou ternura, tais atitudes não são pecaminosas; mas, porque estas características “boas” pertencem à vida natural deles e são obras do ego, não podem ser aceitas por Deus como algo espiritual.
Estes atos são realizados, não por dependência completa do Espírito de Deus, mas pela confiança na própria força. À medida que progredirmos em nosso caminhar espiritual, nós descobriremos muitos outros exemplos de como o pecado pode estar ausente, mas o ego plenamente presente. Parece quase inevitável que o ego entre furtivamente no trabalho mais santo e no caminhar mais nobre.
Se você conhece apenas a libertação do pecado, mas não tem tido a experiência da autonegação ou a perda da vida da alma, você inevitavelmente acabará recorrendo à sua força natural da alma para realizar a vontade de Deus em seu caminhar. Acabará sem reconhecer que, além do pecado, dois outros poderes moram dentro de nós: o poder do espírito e o poder da alma.
O poder do espírito é o poder de Deus recebido espiritualmente na regeneração, enquanto que o poder da alma é seu próprio, concedido naturalmente por ocasião do seu nascimento. Se alguém será um homem espiritual ou não, dependerá grandemente de como ele trata estas duas forças dentro dele.
O método de Deus é claro: devemos renunciar a tudo que tenha origem em nós mesmos – o que somos, o que temos, o que podemos fazer – e mover-nos inteiramente por Ele, aprendendo diariamente a vida de Cristo por meio do Espírito Santo.
O cristão espiritual, portanto, é alguém cujo espírito é guiado pelo Espírito de Deus. Ele extrai o poder para o seu caminhar diário na vida dada pelo Espírito Santo, que habita em seu espírito. Ele não vive na terra buscando sua própria vontade, mas a vontade de Deus. Ele não confia em sua inteligência para planejar e realizar obras para Deus. A norma de seu caminhar é habitar sossegadamente no espírito, não mais influenciado ou controlado pelo homem exterior (o velho homem, o ego).
“E agora digo isto, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção”. (I Co. 15:50)
Recapitulando o que foi dito, o problema das duas naturezas foi resolvido, mas o problema das duas vidas continua sem solução. A vida do espírito e a vida da alma continuam a existir dentro de nós. Enquanto que a primeira é em si mesma excessivamente forte, a segunda procura controlar todo o ser, porque está profundamente arraigada no homem.
A menos que estejamos dispostos a negar nossa “vida da alma”, permitindo que a vida do espírito tome as rédeas, haverá pouca chance de desenvolver-se em nós a vida espiritual que agrada a Deus. Andar no Espírito Santo não é apenas deixar de cometer pecados, mas é principalmente não permitir que o ego prevaleça.
O Espírito Santo pode manifestar Seu poder somente naqueles que vivem por Ele. Qualquer pessoa que ande por sua força natural não pode esperar que as poderosas realidades do Espírito sejam manifestadas em sua vida. Se insistirmos em andar segundo a “raça criada”, estaremos rejeitando o governo do Espírito Santo em nossas vidas.
Como poderemos manifestar Seu poder, se somos libertos do pecado e ainda continuamos a pensar como “os homens” pensam, desejar como “os homens” desejam e viver e trabalhar como “os homens” o fazem? Não estamos dependendo inteiramente do Espírito Santo de Deus para operar em nós.
Se desejamos genuinamente Sua plenitude, devemos primeiro quebrar a influência que a alma exerce sobre nós.
“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois aquele que quiser salvar a sua vida (da alma) perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á” (Mt. 16:24-25).
Amém!

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