sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Jesus Sabe Quem Ele É

As tentações no deserto desafiaram a autenticidade da experiência do Jordão. Todos os estratagemas de Satanás (“se és o filho de Deus...”) tiveram a intenção de enfatizar a mesma questão: Jesus era realmente o Filho-Servo amado? Ou a experiência no Jordão fora somente uma ilusão? Alguém mais ouviu a voz que Jesus ouviu?
Satanás atacou frontalmente a identidade messiânica de Jesus. Os evangelhos não descrevem a luta interna e o conflito feroz no coração humano de Jesus, mas essa era uma questão tumultuosa. O inimigo exigia que, assumindo riscos, ele demonstrasse a autenticidade da sua relação com o Pai. Na aridez do deserto, Jesus interpretou, em novo e decisivo nível, sua experiência e sua missão no mundo, emergindo do deserto com o sopro de Deus em sua face.
            A confiança de Jesus no Pai não se amparava em uma única decisão que o deixara certo de sua missão e imune ao tentador. A luta com o Diabo no deserto foi o primeiro de uma série de desafios à sua autoconsciência e identidade íntima como Filho-Servo-Amado do Pai.
Ele seria tentado, em seu ministério, a cumprir sua missão de modo contrário ao propósito de Deus. Ele poderia ter começado com uma demonstração espetacular, transformando pedras em pães, e terminar com uma exibição sensacional de poder, descendo da cruz para vingar-se dos inimigos de Deus. O fascínio pelo aumento de segurança, prazer e poder é o caminho mundano de Satanás. Jesus rejeitou isso totalmente.
Na loucura final do amor, Jesus aceita livremente a morte na cruz. É o seu último ato de confiança, o ápice de uma vida vivida em Deus. Jesus sabe quem ele é. Ele reafirma sua posição como Filho-Servo-Amado do Pai e, no nível mais profundo de sua existência, cumpre sua missão.
A autoconsciência de Jesus e o zelo incansável demonstrado em seu ministério são fruto de uma vida interior de crescente intimidade com o Pai. A primazia da missão e seu profundo zelo em proclamar o reino de Deus não são o fruto de reflexão teológica, desejo de edificar os outros, da espiritualidade da moda ou de um sentimento indefinido de boa vontade para com o mundo.
Sua fonte é a santidade de Deus e a comunhão que mantinha com o Pai. Várias vezes ele interrompia suas atividades principais com o propósito de se retirar e orar. A Bíblia indica que Jesus precisava desse tipo especial de contato íntimo com seu Pai. Seu próprio crescimento interior e o senso de missão e direção dependiam muito dos momentos de oração.
O coração de Deus é o esconderijo de Jesus, um forte e protetor espaço onde Deus estava próximo, onde a relação era renovada, onde a confiança, o amor e a segurança nunca morrem, mas são continuamente reacesos. Em tempos de oposição, rejeição, ódio e perigo, Jesus retira-se para aquele esconderijo onde é amado. Em tempos de fraqueza e temor nasce ali um vigor suave e uma perseverança poderosa. Em face ao aumento da incompreensão e da desconfiança, somente o Pai o compreende: “Ninguém sabe quem é o filho, a não ser o Pai...” (Lucas 10:22).   
Os fariseus conspiram em segredo para destruí-lo, os amigos dos bons tempos faltam com a lealdade, um discípulo o nega e outro o trai, mas nada pode separar Jesus do amor do Pai. Na reclusão, nos lugares isolados, ele encontra com El Shaddai, e o que esses momentos significaram para o Mestre dificilmente poderemos compreender.
É importante observar que Jesus encorajou os discípulos a adotarem a mesma prática da pausa e do descanso: “Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco”. Então eles se afastaram num barco para um lugar deserto. (Marcos 6:31-32).
É importante manter esses momentos de retiro no contexto e dentro do ritmo da vida muito ativa e atarefada de Jesus. As principais decisões de sua vida (por exemplo, a seleção dos doze que formariam seu círculo íntimo de amizade e compartilhariam sua missão) são sempre precedidas de uma noite sozinho no topo da montanha. Sem esquecer a noite de suplício no jardim do Getsêmani, passada em súplicas por forças para fazer a vontade do Pai.
É difícil, então, deixar de pensar na quantidade de casamentos errados, empregos errados, relações pessoais erradas e todo o sofrimento que poderiam ser evitados se os cristãos submetessem o processo de tomada de decisão ao domínio soberano do Pai e confiassem na direção do Senhor para suas vidas.
Muitas vezes nos esquecemos de que temos o mesmo acesso a Deus desfrutado por Jesus. Mas jamais deveríamos nos esquecer de que o nosso Pai cuida de nós. Deus conhece cada um de nós pelo nome e está profundamente envolvido nos problemas de nossa existência pessoal:
“Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados” (Lucas 12:7).   

1 comentários:

Luciano disse...

Só podemos dizer que conhecemos alguém,se andarmos com a pessoa, se relacionarmos intimamente com ela.O Reis dos reis Jesus aprendeu esse princípio, desde cedo.
Ele sabia que a fonte de tudo que precisava estava no seu Pai Celestial(coragem,força,alegria, confiança,etc.)O maravilhoso disso tudo é que esse acesso está disponível pra nós hoje.Que sigamos o modelo do nosso irmão mais velho Jesus Cristo; so assim conseguiremos cumprir nossa missão de permearmos esse mundo com o reino dos céus

Postar um comentário