quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A Obra do Reino

            Jesus Cristo não é apenas o centro do evangelho do Reino, mas é todo o evangelho. Os quatro evangelistas nunca se concentraram em outra personalidade. No Senhor Jesus Cristo há absoluta compatibilidade de propósitos em relação a Deus. Não se trata apenas conhecimento e ligação afetiva com o Pai: Jesus vive para esclarecer o reino de Deus e a vida no reino de Deus.
“A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra” (João 4: 32).
“As palavras que eu lhes digo, não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra” (João 14: 10).
“Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22: 42).
No templo, Jesus respondeu de forma lacônica à sua mãe: “Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?” (Lucas 4: 29). Outra passagem é ainda mais básica. Jesus estava ensinando, cercado por um grupo de ouvintes. Alguém lhe disse: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram”. E ele, que sabia muito bem quem era sua mãe, retrucou com a mesma profundidade que marcou sua vida na terra: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”. Jesus fez uma pausa, olhou para os que estavam assentados ao seu redor e continuou: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Marcos 3: 31-35).
Não devemos permitir que essas palavras sejam interpretadas como alegoria. A vontade de Deus é uma realidade. É como um rio de vida partindo de Deus em direção a Jesus – uma circulação sanguínea da qual ele recebe vida de maneira mais profunda e poderosa do que a recebida de sua mãe. E quem estiver pronto para fazer a vontade de Deus se torna parte dessa circulação sanguínea.
O homem que faz a vontade divina estará unido à vida de Cristo Jesus de forma ainda mais verdadeira, mais profunda e mais forte do que Jesus esteve unido à sua mãe. Percebemos aqui que Jesus não agia movido pelo sentimentalismo. Os dois focos de seu ministério são Deus e o Reino dos céus. Insistimos que é assim que deve ser.
A mente de Jesus estava fixada no cumprimento da vontade divina por meio da proclamação do reino de Deus. A intimidade de Jesus com Deus e a consciência da santidade de Deus o encheram de profunda sede das coisas divinas. Havia um intenso desejo dentro de Jesus de apresentar seu Pai por meio do serviço aos pobres, aos cativos, aos cegos e a todos os necessitados.
Jesus era completamente consumido por essa missão. Foi esse imperativo que o impulsionou a pregar o reino da justiça, da paz e da graça de Deus. Jesus planejou sua vida em torno de tal missão, renunciando aos confortos da estabilidade e da permanência: “As raposas têm tocas e as aves do céu têm  seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lucas 9: 58).
Ele nunca se demorou muito num único lugar. Quando os discípulos o procuravam, ele respondia: “É necessário que eu pregue as boas novas do Reino de Deus noutras cidades também, porque para isso fui enviado” (Lc 4:43). Outros teriam ficado para trás, preocupados com segurança, prazer e poder, mas Jesus seguiu em frente, sem parar, sempre dirigido pela visão do Reino.
A relação de Jesus com seus discípulos só pode ser compreendida no contexto da missão de Jesus. Jesus não estava preocupado com as famílias de seus discípulos ou com as famílias de amigos e colegas. Quando um discípulo pediu um tempo para enterrar um familiar, Jesus respondeu: “Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus” (Lucas 9: 60).
Quando Jesus foi batizado por João, no rio Jordão, passou por uma experiência profunda. Os céus se abriram, o Espírito desceu na forma de uma pomba e Jesus ouviu a voz de seu Pai: “Tu és o meu filho amado; em ti me agrado” (Lucas 3: 22).
Essa clara e essencial experiência de identidade originou-se da profunda intimidade com seu Pai. Ele recebeu um sinal de aprovação e de amor por parte do Altíssimo. Devemos nós, como filhos de Deus, buscar essa intimidade e esse grau de comprometimento com o propósito de fazer sempre, não importando as circunstâncias, a vontade de Deus.
É isso que deve nos inflamar! 

0 comentários:

Postar um comentário