quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O amor é posto à prova

Os cristãos do século passado cantavam um hino que dizia: “Há tempo anseio saber algo que me dá temor: será que eu amo o Senhor?
Os que assim confessam sua ansiedade espiritual são homens e mulheres bem intencionados, sérios e sinceros, capazes de abrir o coração e questionar publicamente sua sinceridade diante de Deus. Uma evidência da superficialidade da mente religiosa nos tempos modernos é que nunca se houve cantar hinos assim nas igrejas.
A impressão que temos é de que os cristãos de hoje não tem dúvidas quanto ao amor por Deus e por Seu filho Jesus. Seria melhor que não fossemos tão presunçosos. A questão mais grave que cada um de nós tem de enfrentar é se de fato amamos o Senhor ou não. É uma indagação a que ninguém pode responder por outros. Nem mesmo a Bíblia pode dizer ao indivíduo que ele ama o Senhor; só pode lhe dizer como poderá saber se ama ou não.
A palavra de Deus pode nos dizer, e nos diz, como testar os nossos corações quanto ao amor; como o homem saberá se ama a Deus ou não? Temos de fazer o teste.
O Senhor Jesus disse aos Seus discípulos que o amor e a obediência estão unidos organicamente, que guardar as Suas palavras prova que O amamos e que falhar nisso ou recusar-nos a guardá-las prova que não O amamos. Esta é a verdadeira prova do amor, e seremos sábios se a levarmos a sério.
Os mandamentos de Cristo ocupam no Novo Testamento um lugar de importância que não ocupam no pensamento evangélico atual. A idéia de que a nossa relação com Cristo é revelada por nossa atitude para com os Seus mandamentos é considerada por muitos pregadores influentes como algo legalista. As palavras claras de Jesus são interpretadas de um modo que as faz concordar com as modernas teologias que tanto atraem as multidões.
Estamos correndo um grande risco se acharmos que podemos viver como filhos de Deus sem nenhum esforço. Fazer a vontade de Deus não é algo que acontece somente pelo fato de termos nascido de novo, infelizmente nós temos de resistir às concupiscências da carne, às atrações do mundo e às tentações do diabo. Essas coisas complicam nossa vida e exigem que muitas vezes tomemos decisões morais ao lado de Cristo e Seus mandamentos.
É a crise que nos obriga a tomar uma posição pró ou contra. É quando estamos diante de uma prova ou tribulação que temos de mostrar o nosso verdadeiro caráter. Assim é na vida cristã. O cristão não pode estar certo da realidade e intensidade do seu amor enquanto não se defrontar face a face com os mandamentos de Cristo e enquanto não for forçado a decidir-se sobre o que fazer com eles. Então saberá.
“Quem não me ama, não guarda as minhas palavras” disse o Senhor. “Aquele que tem os meus mandamentos e os obedece, esse é o que me ama” (João 14: 24,21).
Portanto, a prova final do amor é a obediência. Não doces emoções, não disposição para o sacrifício, não zelo fervoroso, mas obediência aos mandamentos de Cristo. O Senhor nosso traçou uma linha forte e simples para toda gente ver. Num lado Ele colocou os que obedecem a Seus mandamentos, e disse: “Estes me amam”. No outro lado Ele colocou os que não obedecem as Suas palavras, e disse: “Estes não me amam”.
O amor a Cristo é um amor que tem que ver com a vontade, bem como com o sentimento, e nos será psicologicamente impossível amá-Lo apropriadamente, se não quisermos obedecer às Suas palavras. Ao procurarmos saber se amamos verdadeiramente ao nosso Senhor, devemos ter o cuidado de aplicar o Seu teste. Testes falsos só podem levar a falsas conclusões, como falsos sinais de trânsito levam a destinos errados.
O Senhor deixou tudo bem claro, mas com o nosso talento para complicar as coisas, perdemos de vista os marcos. Penso que se deixássemos por algum tempo as especulações teológicas, e humildemente lêssemos o Novo Testamento com a intenção de obedecer ao que víssemos ali, facilmente nos encontraríamos a nós mesmos e saberíamos com toda a certeza a resposta à pergunta que inquietou nossos irmãos no passado e deve inquietar-nos também: será que amamos o Senhor ou não? 

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